título: banjo
data de publicação: 11/08/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #banjo
personagens: daniel, danilo e tiago
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — Quem está aqui comigo hoje é O Boticário, cheirosíssimo, maravilhoso… A marca está aí há 40 anos transformando presentes em demonstrações de amor e hoje eu estou aqui para falar com vocês sobre uma coisa muito legal do Boticário. Eu venho aqui falar dos benefícios que você tem ao se juntar aí para fazer parte do grupo de revendedoras da marca O Boticário. — Isso é muito importante porque a gente sempre vem falando aqui, né? Como é bom a mulher ter a sua própria renda ou qualquer pessoa, né? Ter a sua própria renda. — E você pode conciliar aí a venda de produtos do Boticário — que são incríveis e sensacionais — com o seu trabalho ou se dedicar 100% a isso. Seja pensando em ter o seu próprio negócio ou fazer parte dessa cadeia onde o produto chega até o cliente e você, como revendedora, tem uma oportunidade de complementar a sua renda, de ter uma independência financeira.
E a gente já falou tanto disso aqui, principalmente para você, um exemplo, sair de um relacionamento abusivo, você precisa ter o seu dinheiro. Uma ótima oportunidade de você ter a sua renda, de você complementar a sua renda, é ser um revendedor ou uma revendedora O Boticário. E você vai ter aí um dinheiro para você realizar as suas metas, você vai ter flexibilidade do horário, porque você trabalha do jeito que você quer, a hora que você quiser. Esses são alguns objetivos que você pode conquistar sendo uma revendedora ou um revendedor O Boticário. Se cadastra agora e vem ser uma revendedora, um revendedor, O Boticário. — Eu vou deixar o link certinho aqui na descrição do episódio. Gente, sério, os produtos não preciso nem dizer, né? Só coisa incrível e você pode fazer seu horário, você pode ter seus produtinhos aí pra vender no seu local de trabalho, na sua faculdade, enfim. — E hoje eu vou contar pra vocês a história do Daniel. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Quando o Daniel tinha ali seus 12 anos, ele já sabia que ele era gay, mas ele tinha ali pais muito conservadores. Daniel, vivendo a vida dele, né? De adolescente de 12 anos, os pais começaram a desconfiar, tipo: “Ê, cadê meu filho macho?”, sabe? Os pais chamaram o Daniel para conversar e falaram: “Olha, não sei o que está acontecendo com você, mas de antemão já estamos aqui dizendo para você, essa a coisa de gay aí é errado”. A mãe do Daniel falava: “Olha, essa coisa de gay é pecado, você vai para o inferno se isso acontecer” e o pai do Daniel falava: “Olha, aqui é só macho nessa casa. Aqui é Deus, pátria, família e hombridade. Se você não é homem, você não pode morar aqui”. Detalhe, uma criança de 12 anos, tá? “A gente não aceita, que isso é errado e nã nã nã”, enfim, falaram um monte ali pro Daniel, ele com 12 anos. Daniel, que era muito obediente aos pais, amava muito os pais, foi tentando lutar contra a sua própria natureza. E tentando não dar pinta, sabe? Não demonstrar nada.
Mais do que isso, tentando se esforçar para gostar de meninas. O Daniel foi crescendo e quando ele estava com 16 anos ali, ele tinha agora alguns amigos que a família acolheu e o garoto pôde dizer: “Olha, eu sou gay e tal”. — Famílias realmente boas, né? — E o pai do Daniel começou a pegar no pé dele de novo: “Olha, você não pode andar com esses seus amigos boiolas aí. Não, eu vou te proibir até de usar o computador, porque aqui nessa casa é só homem macho, só homem que vai constituir família, ter filho, casar com mulher”. Daniel, naquele conflito, porque assim, ele era realmente obediente aos pais e ficava naquela dúvida: “Será mesmo? Que, sei lá, não é pecado, não vou pro inferno?” e ele tentou, gente… Ele tentou ser aquele héterozinho, assim, top… Arrumou uma namorada pra tentar realmente agradar os pais ali. “Poxa, se é alguma coisa errada que tá acontecendo comigo, eu vou tentar corrigir”. — Olha que violência, gente… —
Depois de tentar com essa garota por quase dois anos — e, gente, ele tentou ser hétero, mas não existe isso —, Daniel viu que não ia mais dar para ele ficar mentindo, ser uma coisa que ele não era e ele resolveu se assumir para os pais ali, super homofóbicos e religiosos. — Eu não gosto nem de contar esse tipo de história, porque eu fico com ódio. — O pai já tinha aquele discurso: “Se você é gay, você não pode morar aqui” e isso o irmão do Daniel, que a gente pode chamar de “Danilo”, também estava se descobrindo gay. Vendo tudo que o Daniel passava, ele estava apavorado também. — Porque se Daniel agora estava sendo expulso porque se assumiu, daqui a pouco era o irmão. — Danilo, vendo tudo que Daniel estava passando, arrumou um jeito de ir morar em outro estado. Para fugir da opressão do pai, porque o pai já estava falando a mesma coisa para ele: “Que negócio é esse? Você está meio boiola… Que isso, que aquilo”.
Então, os filhos que se descobriram ali, falaram: “não, não vou ficar no armário”, cada um foi viver a sua vida e o pai ali, de honra, pátria, família, Deus, ficou com a mãe religiosa. Só que depois de um tempo, esse paizão, pilar da família, traiu a mãe do Daniel. Olha, que coisa, ele arrumou outra mulher… E pediu a separação. Aquele casal, que era um casal, modelo top da família brasileira, rompeu. Se separaram. Dividiram algumas coisas da casa, porque supostamente o pai do Daniel ia morar com essa outra mulher, que ia, que não ia, o pai pegou as coisas dele… O pai sempre tocou banjo. — E banjo é um instrumento peculiar, né? — Separou, pegou o banjo dele e foi embora viver aí com outra mulher. Mãe do Daniel ficou mal, mas enfim, né? Antes de ser traída do que ter um filho gay? Será que é isso o pensamento dela? Eu não consigo ter a menor empatia com gente homofóbica. Perdão.
O tempo passou, pais agora separados, Daniel arrumou um namorado muito legal — que a gente vai chamar aqui de “Júlio” — e um namorou ótimo, incrível.. E o Júlio um dia chegou estranho. Sabe quando a pessoa está com uma angústia, ansioso? Nervoso com alguma coisa? O Daniel falou: “Júlio, por que você está angustiado desse jeito? O que aconteceu?” e ele falou: “Ai, Daniel, eu tenho um negócio para te contar, mas não sei” e o Júlio falou para o Daniel: “Olha, o Tiago me chamou para conversar, me contou uma história aí, porque ele não teve coragem de contar direto para você e ele contou para mim, então eu estou vindo aqui te contar o que está acontecendo”. Tiago vive nos aplicativos, né? De encontros e tal e ele estava ali vendo os caras — nesse aplicativo específico, geralmente as pessoas, os caras não botam o rosto, botam mais, sei lá, um peitoral, um corpíssimo, assim, né? Quase não tem rosto — e escolheu, viu um cara ali bonitão, assim, de corpo, né? E viu que o cara estava a cinco metros do Tiago.
O Tiago falou: “Nossa, o cara está no mesmo prédio que eu? O cara mora no mesmo prédio que eu? Que delícia”. E aí começou a conversar ali com aquele cara no aplicativo, eles trocaram nudes — trocaram fotos de rola —, sem mostrar o rosto. Só que ali, na foto que Tiago recebeu de rola, ele viu uma coisa que ele reconheceu, achou estranho e falou: “Gente, atrás desse pau, dessa rola, tem um banjo” e ele olhou direito… “Eu conheço esse banjo”, porque o banjo dele tinha um símbolo, vai, muito específico… “Eu conheço esse sofá”, na divisão, o pai do Daniel tinha ficado com o banjo e com o sofá… Tiago era um daqueles amigos que o pai proibiu que o Daniel tivesse contato… “Ué, o pai do Daniel tem uma cicatriz e esse cara, que é 50+, que tá aqui no aplicativo, a 5 metros de mim, é o pai do Daniel?”. O pai do Daniel tinha se separado e tinha ido morar no prédio do Tiago e o pai do Daniel, homofóbico, que botou ele pra fora, que fez um inferno na vida dele — e do Danilo, né? irmão do Daniel — tava catando o homem. — Catando o homem no aplicativo. —
E era por isso que o Júlio tava angustiado, porque ele tinha recebido essas notícias do Tiago e agora estava contando para o Daniel. O Daniel ficou em choque, sem reação. Porque não fazia sentido aquilo, gente… O pai, extremamente homofóbico, extremamente, extremamente… Ele não perdia a chance de fazer piadas desmerecendo gay e agressivo… Enfim, estava no aplicativo de pegação de gay? Daniel falou: “Não, gente, eu preciso falar com o Tiago, preciso ver isso e tal”. Tiago falou: “Olha, era seu pai, sim, tá aqui os prints e tal, mas eu bloqueei, porque, mano, seu pai… Homofóbico… Querendo, assim, ávido por homens”. Olha o cara, pátria, Deus, família, traiu a mulher com outra mulher, largou… No final não foi morar com a outra mulher e tava ali no aplicativo pegando caras. Ele quer saber se ele confronta o pai hipócrita, se ele conta para a mãe. Mas a mãe agora já está separada, né? Mas a mãe também fez um bom inferno na vida dele com essa coisa de religião, de Deus, né? Se ele conta para o Danilo… Gente, Daniel, para o Danilo você tem que pegar o telefone agora e contar para o seu irmão. Sério. Você tem que contar.
Eu, assim, é que ele tá em outro estado, né? Tinha que ser pessoalmente, pra um olhar na cara do outro e falar: “Chocadas. [risos] Chocada… Nosso pai, no aplicativo de pegação gay, catando geral, mandando foto de rola, com banjo”. [risos] Ou o Daniel ele não confronta o pai, não conta pra mãe e segue a vida dele, deixa isso pra lá? Ó, pro Danilo, você tem que contar… Pro seu irmão você tem que contar, sério. Tem que contar pro seu irmão. Agora, não sei… Ah, eu sei, eu acho que eu mandaria sim os prints os pro pai, falar: “Nossa, hein? Olha… Olha ela”, eu mandaria os prints. Para a mãe, não sei, porque ela já sofreu tanto com a separação porque achou que o casamento dela era fortalecido em Deus e nã nã nã. Não sei se eu mandaria para a mãe, mas confrontar o pai e falar: “Olha, que coisa, hein? Sem vergonha”. Eu ia falar: “O senhor é um sem-vergonha”, mas não sei se vale a pena… Vale essa vingança? O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, nãoinviabilizers, meu nome é Gustavo e eu falo de Santo André. Cara, durante a minha vida, eu já saí com alguns homens que tinham esposas, que tinham filhos, que eram militares, evangélicos, pastores, conservadores e a maioria deles me confidenciava o desejo sexual por outros homens e como eles saíam com outros homens no sigilo, mantendo as aparências de uma vida heteronormativa, por terem sofrido pressão dos pais, da sociedade, da religião, etc., ao longo das vidas deles e por não terem coragem de serem honestos com eles mesmos. Caso você acredite que expor seu pai para familiares e amigos deles possa te dar a paz necessária para te ajudar a se livrar do trauma de ter tido uma infância e adolescência na qual você era hostilizado em casa, né? Sofria homofobia, sem o apoio da família e constantemente oprimido por ser quem é, eu desejo que você assim o faça. Que essa homofobia sofrida pelas palavras de quem deveria somente demonstrar amor incondicional não te defina. Sucesso em sua trajetória, Daniel. Um abraço.
Assinante 2: Olá, nãoinviabilizers, aqui é o Felipe, falo de Caieira, São Paulo. Daniel, primeiramente, não é uma decisão que você tem que tomar sozinho, e sim com seu irmão… Isso envolve a história dele também, a opinião dele. Então, veja com ele e tomem essa decisão juntos. E se vocês decidirem contar, primeiro, saibam se vocês podem realmente provar isso com esses prints ou se ele pode contestar de alguma forma. Por exemplo, ele dizer que usaram essas fotos de um aplicativo hétero e fizeram um perfil fake no aplicativo gay pra incriminar ele. Incriminar, entre aspas, né? Então, vê se vocês podem provar essas acusações, né? E, em segundo lugar, assumam as consequências disso, né? Porque quando você contar, podem vir reações violentas, reações que podem trazer mais tristeza ainda para a vida de vocês. Então, considera, dependendo da personalidade dos pais de vocês, acolhê-los também nesse momento, né? Mas, de qualquer forma, eu contaria para o irmão. Um abraço.
[trilha]Déia Freitas: Sua independência financeira pode ser conquistada junto com O Boticário. Uma empresa com mais de 40 anos de história e que te ajudará aí a ter a sua própria renda com flexibilidade e autonomia. Faça seu cadastro agora mesmo no link que eu deixei certinho aqui na descrição do episódio. — Gente, sério, O Boticário uniu o melhor dos mundos, né? Os produtos deles que são maravilhosos, de qualidade e você podendo vender aí para suas amigas, no seu ambiente de trabalho, na sua faculdade, olha… Só coisa boa. — Então, se cadastra agora, vai ter sua renda, garota. Vai ter sua renda… — Valeu, Boticário, eu amo vocês. — Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]