título: na igreja
data de publicação: 11/09/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #igreja
personagens: leia e wagner
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a amada Petlove. O bem—estar e a felicidade do seu pet é a prioridade da Petlove. Pra isso, a marca criou o Clube Petlove, um clube de benefícios onde você tem descontos exclusivos, frete grátis sem valor mínimo e os melhores brindes. É o melhor jeito de você economizar e cuidar do seu pet, participando aí do Clube Petlove. Sendo membro do Clube Petlove, você ganha 15% de desconto em rações, petiscos e itens de higiene, e 25% de desconto em medicamentos, acessórios e brinquedos. — Sua economia pode chegar até 300 reais todo mês. —
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[trilha]
Leia e o Wagner se conheceram no ensino médio, de cara eles já se gostaram, começaram a namorar, o namoro firmou e, daí pra frente, eles não desgrudaram mais. Terminaram ali o ensino médio juntos, fizeram vestibular juntos passaram pra mesma faculdade em cursos diferentes. — E, assim, grudados… — Todo mundo quando via a Leia perguntava do Wagner ou, quando via o Wagner, perguntava da Leia. Um casal excelente, cheio de amigos, família, enfim… Uma vida social bem bacana também. O tempo foi passando, esse namoro mais do que sólido e, tanto o Wagner quanto a Leia, eles não queriam morar juntos sem casar. — Eles queriam casar. — Leia queria botar um vestido de noiva, o Wagner queria botar um terno, enfim, eles queriam casar ali.
Família católica, não tão praticante, mas eles queriam uma cerimônia assim do casamento. E aí o Wagner falou: “Poxa, Leia, acho que já passamos da hora, né? Eu quero casar com você, quero ter filho, uma vida com você, enfim”, um casal bem, bem amoroso assim, um com o outro, né? E a Leia falou: “Demorou, vamos”. Então, assim, não teve um pedido formal, os dois queriam casar, os dois juntos já há muitos anos, mas assim, namorando, né? Wagner falou: “Olha, então vamos fazer o seguinte, a gente vai fazer aí um noivado só para os familiares e a gente já avisa que, dali um ano, a gente vai casar, né? E aí a gente tem esse um ano para preparar tudo: terno, essas coisas, uma casa, né? A gente tem que alugar uma casa, mobiliar. Então, a gente tem um ano para fazer tudo”. Fizeram um noivado só para a família mais próxima ali, né? Postaram nas redes sociais, todo mundo ficou feliz porque, assim, era inevitável que Leia e Wagner eles iam realmente se casar, né?
Wagner tinha um carro, ele falou: “Olha, eu vou vender esse carro para a gente comprar o grosso”, máquina de lavar, geladeira, fogão, todas essas coisas, né? Leia tinha um dinheiro guardado, falou: “Bom, a gente vai então fazendo as coisas assim”. E, gente, unidos demais… A ideia ainda não era financiar uma casa, nada, né? Isso era um plano deles bem mais para frente, então eles alugaram uma casa, começaram a mobiliar… — Eu entendo muito isso do Wagner. — E com medo de alguém entrar lá e roubar as coisas, o Wagner passou a morar lá. Então, o Wagner já foi morar sozinho nessa casa, né? Que eles iam casar ali e seria dos dois. Como a casa já estava montada, Leia falou: “Poxa nossos amigos e tal, né? Vamos chamar, faz um churrasquinho e tal”. Aí o pessoal já vê ali: “Ah, poxa tá faltando uma travessa, vou dar uma travessa já de casamento para vocês e tal” e, assim, gente a casa já era praticamente a casa deles só que a Leia não morava lá ainda
O tempo passou, Leia viu o vestido, Wagner viu o terno… Quando faltava ali uns seis meses para o casamento, eles começaram a distribuir os convites… Eram 150 pessoas. Eles foram na casa de todo mundo. E o que que tinha no convite? O que que estava certo, gente? Estava certo ali a igreja… E aí muita gente perguntava: “Ah, vai ter festa?” e eles eram sinceros: “Olha, a gente não sabe se vai ter festa, né? Porque, enfim, a gente tem muita coisa para pagar, não sei, mas a cerimônia tá lá… Gostaria que você fosse na igreja ver a gente e tal”. E eles distribuíram todos os convites, todo mundo já estava sabendo a data, o horário e o local, que era igreja, cerimônia religiosa. No convite não tinha nada escrito: “Os noivos se despedem na igreja”. O casamento foi se aproximando e foi dando uma loucura no Wagner: “Mano, eu quero fazer festa”, “A gente tem que ver, tá muito em cima da hora, não sei o que lá”, “Quero fazer festa, quero fazer festa” e ele pegou um primo lá e começou a caçar perto da igreja um salão, alguma coisa para ele poder alugar para fazer uma festa.
Ele achou um salão que tinha já caixa de som, essas coisas, ele só teria que levar alguém para tocar, né? Sei lá… Esse primo dele, que a gente pode chamar aqui de “Nelsinho”, Nelsinho, quando jovem, foi DJ. Nelsinho falou: “Quer saber? Eu vou dar um jeito, eu vou parcelar esse salão aqui, eu vou te dar o salão e eu mesmo toco. Pensa aí se você quer”. Porque o Wagner ficou assustado, falou: ” Não, Nelsinho, imagina, eu me viro” e ele falou: “Não, eu não te dei presente nenhum de casamento ainda. Eu consigo parcelar aqui, consigo pagar. Então, você só me fala se você aceita ou não esse presente”. Quando o Nelsinho contou na casa, todo mundo ficou feliz e falou: “Ó, Nelsinho, faz o seguinte, a gente rateia entre a gente… Vamos dar esse salão pra ele”. Família da Leia falou: “O quê? Família do Wagner vai dar o salão? Pô, e o salgado? Vamos dar esse salgado”.
A família da Leia se juntou e comprou uns salgados… — E, assim, a gente tá falando de 150 pessoas, então você tem que comprar muito salgado, né? — Ficou ali pra eles o bolo, os doces e as bebidas. Leia falou: “Quer saber? Vamos fazer essa festa, vai ser muito legal”. O casal teve uma ideia — e a ideia partiu do Wagner — de só avisar da festa na igreja… Pra quem fosse na igreja. Wagner e Leia pediram ali sigilo pras pessoas que estavam financiando aquilo, pra que eles avisassem somente na igreja. E aí Leia contratou uns convites pra distribuir pra quem fosse na igreja conseguir entrar na festa. Na festa ia ter uma portaria, uma segurança que você só entrava com o convite. — Ou seja, só quem ia à igreja, no caso, estaria na festa. — Chegando o dia, na igreja foi muito lindo, teve coro, a Leia tava linda, o Wagner tava lindo, tudo perfeito… Só que na igreja foram 80, menos de 90 pessoas, ou seja, 60 pessoas que foram convidadas com o convite na casa, não foram no casamento, né?
Eles ficaram chateados? Sim, porque era todo mundo, assim, muito importante pra eles, né? Teve parente que não foi, enfim, mas uma galera, né? 80 e poucas ali foram. E essas 80 e poucas pessoas ficaram surpresas de receber um convite na saída da igreja pra festa. Você saía, você cumprimentava os noivos e já ganhava o seu convite pra festa. E a galera começou a postar os convites da festa e também, quando chegava no salão, que estava todo bem arrumado, o Nelsinho já foi pra lá correndo pra poder ser o DJ. — Então, assim, gente, foi uma festança… — O Nelsinho tinha conseguido uma iluminação tipo discoteca, gente, uma coisa assim muito legal, uma festa mesmo de casamento completa. — Só não tinha, assim, não foi um jantar, não tinha prato quente, mas tinha muito salgadinho, tinha bastante coisa. — Em determinado momento ali, os noivos foram dar uma olhada no celular e celular dos dois pipocando, celular da família, das pessoas que estavam lá porque tinha uma galera que não foi na igreja e queria ir pra festa. — Queria saber onde era. —
E a orientação do casal — que já sabia que isso podia acontecer — era: Só entra com convite. — Só recebia o convite quem foi na igreja. — Teve colega de trabalho de ambos que não foi, parente, amigos assim de longa data que não foram, e essas pessoas começaram a ficar chateadas e ressentidas e até comentar em fotos que não tinham sido convidadas. Só que, assim, elas foram convidadas, só que elas não foram na igreja, então elas não ficaram sabendo da festa. Doce, salgado, bolo, todas as pessoas que estavam na festa saíram com kitzinhos, pratinhos. A lembrancinha que eram chinelos — eles fizeram umas coisas bem legais, assim —, todo mundo ganhou lembrancinha em dobro. — Eles realmente fizeram uma festa com um pouco de sobra, porque pode ser que apareça alguém e foi praticamente metade… Então de 150, foi 80, você joga ali mais umas 20, 30 lembranças, coisa a mais, deu pra dar duas lembrancinhas pra cada um. —
A galera começou a apostar essa fartura, muita bebida, muita comida, lembrancinha e nã nã nã, muita festa, muita música… E a galera que não foi, ficou ressentida. A festa acabou, Wagner e Leia foram pra Lua de Mel, eles tinham uma viagem, então eles ficaram uma semana afastados e voltaram na outra semana já pro trabalho. A Leia trabalha num escritório com 22 pessoas… Ela convidou as 22 pessoas, dessas 22 pessoas, 6 foram no casamento dela: foi a chefe dela, foram as duas moças da limpeza, a menina da recepção e mais duas colegas dela do trabalho. As outras pessoas todas não foram, algumas estavam de cara feia… Uma outra menina lá que era muito próxima dela, teve a coragem de falar que estava chateada porque, assim, ela não foi na igreja, porque não era da mesma religião dela, mas na festa ela queria ir, que a Leia queria obrigar ela a ir na igreja. — Sendo que a Leia não obrigou ninguém, né? Você vai se você quer. — Que ela gostaria muito de ter ido na festa e que foi uma atitude mesquinha da Leia.
Algumas pessoas falando: “Ah, se você não tinha dinheiro pra fazer festa pra todo mundo…”. — Só que a festa foi pra todo mundo, só que você tinha que ter ido na igreja pra receber o convite da festa. — Leia também notou que algumas amigas tiraram ela de grupos, sabe assim? De WhatsApp, de amizades. Uma amiga tinha bloqueado ela, a outra tinha mandado textão que ficou muito chateada porque tinha dado presente de casamento e não foi convidada. A Leia falou: “Como que você não foi convidada? Eu fui na sua casa, eu levei o convite… Você não foi no meu casamento”, “É, mas eu não fui porque eu não sabia que ia ter festa”, ou seja, a pessoa falou na cara da Leia que só ia no casamento se tivesse festa. Briga entre os parentes do Wagner porque uma parte foi, outra parte não foi… — Mas todo mundo foi convidado, a parte que não foi, não foi porque ah, não sabia que ia ter festa. — Se tivesse ido na igreja, saberia, né?
Wagner chegou no trabalho dele, o próprio chefe dele não tinha ido, ele também convidou todas as pessoas do setor dele… Ele trabalhando numa empresa muito grande, não dava pra chamar todo mundo, mas do setor dele ali, umas 10 pessoas, ele chamou todo mundo do setor. — Foi um amigo dele só, um parça lá do trabalho. — O chefe dele não foi e estava bravo: “Poxa, por que você não me falou que ia ter uma festa daquela?”, aí ele ia, sabe? Então, uma atitude que eles tomaram não por maldade, mas assim, realmente eles queriam que fosse na festa quem fosse ver a cerimônia, quem fosse na igreja, né? E aí essa atitude deles acabou repercutindo e trazendo aí uma série de transtornos. Amizades da Leia rompidas, o Wagner, depois de um tempo, pediu pra trocar de setor… — Porque o chefe dele ficou insuportável depois de não ter sido convidado pra festa. — E muita gente reclamando que não foi convidado pra festa, que a Leia e o Wagner eles teriam que ter feito esse adendo pra 150 pessoas: “Olha, vai ter festa sim, vai ser em tal lugar” em vez de fazer isso na igreja.
Eu acho que eles não erraram em nada, eu concordo com o casal. Quem foi até a igreja prestigiar esse momento feliz do casal, pôde participar da festa. Quem não foi na igreja, que já não ia no casamento mesmo, não foi convidado pra festa. Erraram? Eu acho que não. Eles não pensaram que ia ter essa repercussão negativa, é tipo, ah sei lá, você não foi na igreja, paciência, perdeu a festa, sabe? Mas muita gente ficou chateado real. A menina lá da “minha religião não permite ir na igreja”, na festa você queria, meu anjo? Ah, gente, olha… Eu acho que Wagner e Leia eles não erraram em nada. A festa de casamento, a cerimônia, tudo, tudo do casamento é o casal que decide. Se eles por bem acharam que só quem fosse na igreja e assistisse à cerimônia poderia participar, não acho errado, não. Zero errado. Porque tem gente que tem a cara de pau de não ir na igreja e ir direto pra festa. Já vi, viu? Já vi acontecer… O que vocês acham?
[trilha]
Assinante 1: Oi, nãoinviabilizes, aqui é Bianca, de São Luís do Maranhão. E essa história foi incrível, porque, de alguma forma, o casamento serviu para filtrar quem era amigo de verdade, tinha consideração e queria estar com o casal pelo casamento e quem só estava interessado em ter uma noite de festa. Então, eu acho que foi sensacional a escolha que eles fizeram. Além deles terem começado uma nova etapa cercados de pessoas que realmente se importaram com eles, separaram o joio do trigo das pessoas que não se importaram. Sejam felizes e que o casamento de vocês seja muito abençoado.
Assinante 2: Oi, nãoinviabilizes, eu sou o Nicolas de São Paulo. Eu discordo do que o casal fez, eu acho que foi uma atitude um pouco mesquinha, sim, especialmente com as pessoas que de fato já tinham mandado presente. Eu acho que eles poderiam ter sido avisados de que ia haver uma festa, porque se a pessoa gastou o dinheiro dela para comprar um presente para você, é porque ela te apoia, porque ela está feliz por você. Às vezes, ela só não quer assistir à missa e ela não tem a obrigação de querer assistir à missa, sabe? Com as pessoas que não quiseram assistir e não mandaram presente, também problema é delas, que se danem, mas as pessoas que mandaram presente, claramente elas apoiam vocês e não mereciam também não ter sido avisadas da festa. Eu acho que isso foi meio mesquinho da parte do casal. Agora, as pessoas ficarem bravas porque não foram avisadas? Também sinto muito, né? Se quisessem aparecessem, mas eu só discordo do que o casal fez porque eu acho que não custava nada ter avisado. Eu acho que as pessoas, de fato, vão para a igreja já na esperança de ter uma festa e não vão para a igreja só para assistir à missa porque tem muita gente que não gosta, que não quer assistir, que não liga, entendeu? O casamento é mais importante para os noivos e para a família dos noivos do que para os amigos e essas pessoas terceiras.
[trilha]
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[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
