título: abençoado
data de publicação: 09/10/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #abencoado
personagens: lucélia
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a minha amada, idolatrada, salve salve, Hidrabene. — A marca cor de rosinha que eu amo. — Sabe o que quase ninguém lembra quando o assunto é skincare? Eu duvido que você vai adivinhar, mas ó, vou te dizer… A gente lembra do rosto, de algumas partes do corpo, dos cabelos, mas as axilas ficam ali esquecidinhas, né? A gente acaba cuidando de tudo e nem lembra da coitada. Como parceira da Hidrabene, trago uma ótima notícia: a Hidrabene lançou um desodorante clareador que vai muito além de só proteger contra o suor e o mau odor.
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[trilha]Lucélia, que cresceu aí na igreja evangélica com pais assim, muito severos, evangélicos… E quando ela tinha ali 17 anos, a mãe falou: “Olha, você precisa casar”, Lucélia não queria casar, ela tinha acabado de terminar o ensino médio. — E, gente, essa história não é uma história tipo “Ah, muito, muitos anos”, sabe? Mas uma família muito conservadora. — Totalmente dependente dos pais, Lucélia tinha que ouvir todo dia que ela precisava casar. Se ela quisesse estudar, a barganha dos pais era essa: “Você arruma um marido que te deixa estudar e aí você estuda”. Paralelo a isso, Lucélia ia sempre ali na igreja e lá na igreja tinha um rapaz interessado por ela. Quem era esse rapaz? Este rapaz tinha ali seus 25, 26 anos, e era o filho ali do pastor da igreja. Este rapaz se autoapelidou de “Abençoado”. Todo mundo chamava ele de “Abençoado”.
Lucélia achava o abençoado bonitinho e, se tinha que ter compromisso sério com alguém, então por que não ser aí com o Abençoado? Filho de pastor, concorridíssimo, com uma vida financeira muito boa, decorrente ali do trabalho dele na igreja. — “Trabalho”. — E Lucélia: “Vamos ver, né? Se dá alguma coisa”. Começou ali um flerte que virou um namoro de igreja, que assim, não tinha praticamente contato nenhum. Depois foi formalizado ali um namoro com prazo para se casar em um ano. Na igreja que Lucélia fazia parte, os namoros precisavam ser curtos… — Depois você ficava mal vista, assim… Se não casasse em um ano e o rapaz te largasse, pronto, acabou a sua vida na igreja. E, gente, a gente não está falando de uma história de tanto tempo, tá? —
Lucélia e o Abençoado passaram esse período namorando já com a intenção de casar. — E onde eles iam morar? Porque não tinha onde morar. — O pastor, com o seu “trabalho”, tinha vários apartamentos e aí cedeu um apartamento para o filho morar com Lucélia. Lucélia não teve direito a escolher nada, quem mobiliou o apartamento foi a mulher do pastor, né? Mãe do cara. Lucélia não tinha direito a um pio, dar uma decisão, nada… Até a roupa que ela usou no casamento foi a família do pastor que decidiu. E a mãe e o pai da Lucélia achando excelente. — Ótimo… — Lá pela metade do namoro, quando Lucélia viu que ela não tinha como tomar nenhuma decisão, ela foi meio que querendo desistir, mas meio que não dava para desistir. Então, Lucélia: “Bom, eu gosto dele, ele gosta de mim, vamos casar”.
Casaram, passaram a lua de mel no litoral, ali pertinho, né? Lucélia era virgem e foi uma primeira vez péssima, péssima… Lucélia chegou com o seu agora marido e, de cara, ele pegou o celular e mostrou pra Lucélia um vídeo e era um vídeo pornô… Eles eram de uma igreja muito conservadora e ele queria que a Lucélia fizesse as coisas daquele pornô. — Lucélia, que teve zero educação sexual, nunca tinha passado das beijocas com o cara porque ela tinha muito medo de ficar falada, né? E agora o abençoado estava trazendo ali pra ela toda uma nova gama de possibilidades de coisas que ela não queria fazer. — Ali, na lua de mel, o cara falou: ‘Você vai fazer o que eu mandar, que eu sou seu marido”, meio agressivo até… Na voz apenas, né?
Lucélia ficou com medo e, assim, ela entendia também que “poxa, realmente é meu marido”. Lucélia cedeu e foi péssimo… Eles ficaram cinco dias na praia, os cinco dias foram péssimos. Quando ela voltou, ela pediu pra falar com o pastor que era ali, tipo, o padre dela pra se confessar, né? Ela acabou contando as coisas que o marido tinha obrigado ela a fazer e que ela não queria… O pastor falou pra ela: “ele que decide o que vocês vão fazer. Você tem que ser uma mulher pacata, uma serena. que ajuda o seu homem a evoluir. Se é isso que ele precisa pra evoluir, você tem que fazer”, ou seja, né? Dois canalhas, pai e filho… — Gente, isso já era o que? Só uma semana, tá? De casamento. Porque eles foram, sei lá, casaram no sábado, foram ficar uns dias na praia, voltaram, no culto do outro domingo, que ela foi falar com o pastor, o pastor já falou isso. Então, assim, uma semaninha de casamento já querendo anular, separar. Só que apoio zero, né? Apoio zero da família, apoio zero da igreja, apoio zero de todo mundo. —
Lucélia tinha recém—completado 18 anos, então assim, gente, muito, muito nova, né? No sexo, ela não tinha prazer nenhum, era tudo muito mecânico, automático, porque ele realmente era viciado em pornografia. Só que tinha uma coisa: o Abençoado só transava com a Lucélia de preservativo e ela tinha aprendido na igreja ali que pra ela engravidar, [risos] assim, ela tinha que ter filho… Se você casa, você tem que ter filho, mas ele não queria parar de usar o preservativo. Então, assim, ela não entendia bem… E lembrando que não era um namoro que você podia saber tudo do cara… Gente, namoro de igreja, tá? Muita gente não vai entender… Eu sou uma pessoa que, assim, eu entendo porque as pessoas me mandam o relato, mas eu jamais aceitaria… Mas entendo que essas coisas existem porque a gente recebe muito relato.
Com dois meses ali de casamento, ela acabou descobrindo pelo computador do cara que ele saía com prostitutas e ele pagava a mais para as prostitutas pra não usar preservativo… Ele fazia exames de rotina por conta disso. Ele era viciado em sair com prostituta e por isso que ele usava preservativo em casa. —Ttalvez pra não passar alguma coisa pelo menos, né? — Você pode pensar: “meu Deus do céu, agora o mundo da Lucélia caiu”, mas Lucélia estava feliz, até porque significava que, se ele saísse com mais prostitutas, era menos tempo que ele ia passar com ela, né? — Nessa questão de sexo. — A Lucélia fez um e—mail fake e ficava mandando pro e—mail dele propagandas de boates, casas de drinks com garotas, tudo naquele mesmo computador, hein? E o cara, que já era viciado, começou a sair mais com essas garotas de programa, e aí a Lucélia foi tendo uma paz. — A gente tá falando aqui de uma garota de 18 anos. — Lucélia queria muito trabalhar e ele não deixava, ele falava: “Eu sou o provedor e não vou deixar nunca você trabalhar.”
E aí, a Lucélia foi falar com o pastor… O pastor com muito medo de escândalo, porque Lucélia já estava numa vibe de “como assim? eu vou começar a falar com as pessoas, eu não posso fazer nada, eu tô me sentindo uma prisioneira e nã nã nã” e o pastor falou: “bom você quer trabalhar? Então você tem que trabalhar com a gente, trabalhar na igreja. Eu vou te passar umas coisas da área administrativa pra você fazer, umas coisas que o Fulano Abençoado já faz e você pode fazer no lugar dele, porque aí eu aproveito ele em outras coisas. Eu tô treinando ele para os sermões, aí você pode fazer essa parte”. E o que que era essa parte? O que que foi passado aí pra nossa amiga Lucélia? Ela fazia pagamentos e transferências, assim, gente, um dinheiro grosso, hein? — Da igreja… — Parte ia pra uma conta do marido dela, que era uma conta que ele não mexia, Outra parte ia pra conta do pastor, outra parte pra conta da sogra dela. — Outra parte, gente, até pra político, tá? — O tempo foi passando, a igreja foi cobrando que ela não tinha filhos, ela começou a cobrar o abençoado e ela achava, ela jurava, que era por causa das garotas de programa, né?
E sabem o que o Abençoado falou pra ela? Que o pai — o pastor — tinha falado que, pelo menos até ela completar 25 anos, não era pra ele ter filho com ela, porque eles queriam saber se ela não era uma caça fortunas, se ela não era uma aproveitadora. — O pastor que pregava uma coisa na igreja e, pra proteger o seu patrimônio, falou para o filho: “você não vai ter filho com ela”. — Só que o pastor não sabia que ele fazia esses exames. — A gente não sabe, né? Porque Lucélia nunca chegou a falar isso para o pastor. — Porque a dedução da Lucélia foi essa: se todo mês ele faz vários exames, até de HIV, é porque ele está transando com essas garotas de programa, que tinham vários pagamentos, para várias garotas, sem preservativo. Foi essa a dedução de Lucélia. Então, o pai não queria que Lucélia engravidasse porque achava que talvez ela pudesse ser uma golpista, mas e se ele engravidasse uma dessas moças? Mas isso aí também não era um problema de Lucélia. Lucélia, nesse ponto, queria sair fora, gente… Não tinha um ano de casamento e a vida dela estava péssima.
Quando ela falava para os pais as coisas que aconteciam ali entre o casal, os pais fingiam que aquilo não era nada. Inclusive, para os pais, ela falou das prostitutas E eles falaram: “você tem que aguentar, é seu marido. Se você se divorciar, você vai para a rua porque para cá você não volta mais”, olha que pais incríveis… Lucélia não confiava mais no pastor porque o Abençoado tinha falado para ela que foi o pastor que falou para não ter filho até que ela completasse 25. Então, veja, ela tinha que passar pelo menos sete anos casada com esse cara para ter filho. E aí ela foi pensando também: “mas por que eu quero ter filho?”, pressão da igreja, que agora já estava começando a falar que a nora do pastor era seca por dentro, esse tipo de coisa… — Fazer terapia? Nem pensar, coisa do demônio. — Nesse trabalho que Lucélia fazia, ela ganhava um salário mínimo, às vezes o pastor dava um pouco mais. — Lembrando que ela também era quem manipulava aquele dinheiro vivo que entrava na igreja, de doações ali do pessoal, dízimo. E, ainda, assim, o salário dela era pouco, mas ela não tinha que fazer nada com o salário dela, ela podia guardar. Então, era um dinheirinho que ela estava guardando. —
E, assim, Lucélia foi vivendo… Agora, o marido dela, cada vez mais frio, assim como se ela não existisse… A parte sexual ela achava bom quando não tinha nada, porque quando tinha, ele se inspirava em filmes pornôs, então para ela, era péssimo. O tempo foi passando, um ano, dois… No terceiro ano, ela tinha acesso total ao computador, porque ela fazia todas essas questões bancárias e burocráticas do pastor da igreja, de tudo, ali… Nesse meio tempo, Lucélia conheceu um mundo novo de internet, de possibilidades, de coisas e uma vez ela se deparou ali com o programa da Pônei Casa, Pônei Vida. Era um apartamento de dois quartos, com um condomínio muito baixinho, se ela arrumasse qualquer trabalho que ganhasse um salário mínimo, ela ia conseguir minimamente viver sozinha… Só que como assim ela ia comprar um apartamento do Minha Casa, Minha Vida? Ela precisava da assinatura do marido, ela precisava de um monte de coisa, né?
Era um apartamento popular, gente, popular mesmo assim, mas para quem não tinha nada… Só que como ela ia comprovar a renda? Ela trabalhava ali, mais ou menos, com o pastor… Só que Lucélia ficou obcecada em ter o seu próprio imóvel. [risos] Ela tinha dinheiro? Não, só que o marido dela tinha dinheiro. — Casaram ali em comunhão parcial de bens. — Todo mês entrava bastante dinheiro para ele da igreja, inclusive uma parte em espécie para o Abençoado. Até então, ela não tinha esse entendimento que aquele dinheiro era deles, ela achava que o dinheiro era só do marido, mas ela falou: “Bom, é o único jeito que eu tenho” e Lucélia começou a desviar dinheiro do marido para ela, que entrava em espécie. O marido tinha um lugar que ele guardava lá, nem tudo ele depositava no banco, e ela foi pegando: mil, dois mil, três mil da conta que ele não mexia, que ela tinha acesso. — Ela fazia todos os pagamentos, todas as coisas. —
Ela abriu uma continha na Pônei Econômica e foi transferindo do marido para ela, com medo de no futuro ele alegar qualquer coisa, — lembrando que ela tinha acesso ao computador dele, que era o único computador da casa —, ela entrava no e—mail dele, mandava e—mails para ela mesma dizendo: “Amor, toma aqui mais um dinheirinho para você” e apagava o e—mail que mandou da conta dele. [risos] — Totalmente errado… [risos] — E assim Lucélia foi fazendo ali um dinheirinho para ela, só que ela entendeu, quando ela já estava com dinheiro, que se ela fosse comprar qualquer coisa, ela precisaria da assinatura do marido e ele teria que ir pessoalmente assinar… E isso foi um banho de água fria. Um banho de água fria, porque ela pensou que ela ia poder fazer tudo sozinha quando ela estivesse com o apartamento comprado, o que também não sei como ela ia fazer, porque, assim, teria que dividir com ele, apesar de que o Minha Casa, Minha Vida tem umas regras ali que o apartamento pode ficar com a mulher, mas eu não sei se é só em caso de ter filhos e ela não tinha filhos, enfim…
Como ela ia fazer pra comprar esse apartamento pra depois pedir o divórcio e meter o pé da igreja? Não queria saber de igreja mais, de nada… — Porque um mundo novo na internet tinha sido aberto aí pra Lucélia. — Lucélia já tinha mandado da conta do marido pra conta dela, mas ali o que ela pegava, que era tudo do marido, tá? Ela nunca pegou nada da igreja, nem do pastor, só do marido dela. — Então, se é do marido dela, é dela. Não estamos aqui falando de crimes. Ah, pode ser uma [risos] ética mais fluida? Pode né? Mas… — Entre um dinheiro vivo e um caraminguazinho que ela passou pra conta dela, trezentos e poucos paus, trezentos e poucos mil reais, já dá pra comprar um apartamentinho, né? E aí a Lucélia: “bom, quer saber? eu vou pedir o divórcio, vou arrumar um advogado”. Ela não sabia onde procurar advogado porque ela só lidava com o pessoal ali da igreja, mas ela conhecia umas pessoas na internet, conheceu uma moça que vendia sabonetes e essa moça indicou pra ela uma advogada.
Ela falou: “Eu quero me divorciar, meu marido é, assim, abusivo, assim e tal”, e aí a moça falou: “tá bom”, vamos dar um nome pra essa advogada? “Doutora Inês”. Doutora Inês falou: “Tudo bem, vamos então entrar com o pedido de divórcio. Vamos levantar os bens, as coisas e tal” e ela tinha já esse dinheiro, duzentinho na conta e um cenzão de dinheiro que ela foi pegando… Todo mês pegando do bolo ali do marido. Ela falou com a Doutora Inês desse dinheiro que ela tinha vivo e ela falou: “Você sabe… Esse dinheiro vivo é todo seu, tem mais? Como é que é?” e ela falou: “Olha, não… Ele deve ter mais uns trezentos vivos” e ela falou: “Então você vai lá e pega mais cem vivo, [risos] que a gente vai fazer o levantamento das contas”. — E isso tudo sem o cara saber de divórcio, de nada, né? — De repente, a Doutora Inês mandou uma notificação… Este cara ficou maluco e o pastor também. “Onde já se viu? Vai divorciar? Que não sei o que, você vai ficar falada, impura”, enfim, mil coisas…
E ela falou: “Eu quero divorciar, eu quero divorciar… E se vocês começarem a me maltratar, eu tenho todas as provas de que seu filho sai com prostitutas e que ele é viciado em pornografia. Então, veja o que você quer pra sua igreja”. Então, temos aí desvio de verbas, mas é de marido. [risos] Temos aí um pouquinho de chantagem? Um pouquinho… O pastor ficou horrorizado, mas falou: “Então veja aí o que vocês vão fazer, não sei o que”, e aí quando levantou, este rapaz tinha na conta — depois que aconteceu o casamento — 600 pau em outras contas… Daqueles 200 que ela pegou e guardou, na hora ali ninguém falou nada… Ela estava com aqueles 200, ninguém falou nada de dinheiro vivo. Os 200 que ela tinha na conta dela ficaram para ela, o rapaz ficou chocado que ela tinha 200 mil na conta dela, mas ele não falou nada… Desses 600, ele teve que passar 200 pra ela. — A pessoa que não tinha nada, está boneca agora. [risos] —
Uma briga, porque assim, o cara estava muito nervoso e ela falou: “Bom, você que sabe, se você não quiser assinar as coisas, eu vou lá pra aquele púlpito da igreja e a gente resolve tudo lá”, ele assinou… Do dinheiro vivo, nada foi falado, então ela estava com a parte dela, ele tinha a parte dele lá guardada, que ele nem mexia… Quando ela foi arrumar as malas, ela falou: “Quer saber, esse dinheiro aqui? Por que que tá esse dinheiro aqui?” e pegou o dinheiro vivo [risos] do marido e só comunicou à advogada dela… A advogada falou: “Meu Deus do céu, e agora? Esse dinheiro então tem que entrar como doação, você tem que pagar imposto desse dinheiro”, “tudo bem, eu pago, mas ele vai assinar a doação?” e a advogada deu o papel pra ela dar pra ele assinar, ele tinha outras coisas que ele tinha que assinar, ele estava muito bravo, mas ela ficou falando na cabeça dele até que ele assinou as coisas sem ler, sem ver muita coisa e o papel foi no meio… Ele só notou que o dinheiro não estava lá uns três meses depois, quando ele foi mexer pra alguma coisa e o dinheiro não estava mais lá.
Os pais romperam com ela, o pai dela chegou até a falar: ‘Se você precisar, se for pedir esmola, não venha pedir esmola aqui na porta”, só que eles não sabiam que ela estava boneca, né? [risos] Tinha saído com a grana boa… Oitocentos pila saiu. Comprou um apartamento, comprou um carrinho… Nesse ponto, ela já dirigia o carro do pastor. A única coisa que eles fizeram por ela foi isso, né? Ajudar ela a tirar a carteira de motorista. Então, ela comprou um apartamento, comprou um carrinho, saiu da igreja, foi considerada golpista… — Deu o golpe? [risos] Sim… [risos] Eu não considero golpe, pra mim, isso foi uma indenização, gente, num casamento horrível que durou uns anos. — Ela saiu da igreja muito falada, assim, odiada… Ele se tornou o Abençoado, queridinho da comunidade. Ele faz cultos, essas coisas, assim, mas pra jovens, né? A Lucélia queria muito ser mãe, ela começou a namorar outro rapaz e falou pra ele que queria ser mãe e o rapaz ficou assustado, né? Porque tava começando agora esse namorou.
Mas aí ela engravidou e falou: “Olha, vou ser mãe solo, eu tenho minha renda”, [risos] agora ela já estava trabalhando e já tinha seu apartamentinho, seu carrinho, suas coisinhas, seu dinheirinho guardado… O rapaz não é tão legal assim com a criança, às vezes some, paga ali seus 200 reais pensão e Lucélia ama o filhinho. Lucélia falou: “Minha vida está completa, não preciso de um marido… Tenho meu filho, tenho minha casa, pago a escola do meu filho, tenho meu dinheirinho guardado, meu carrinho, trabalho, tô boneca… Se eu, com 17 anos, encurralada, obrigada a casar praticamente, dissesse que, sei lá, em 10 anos eu estaria como eu tô hoje, assim, com a minha casa, com o meu carro, com meu filho e levando a minha vida, eu não acreditaria, assim…”. Porque a vida dela foi péssima, péssima, péssima, até que ela falou: “opa, esse dinheiro aqui? Não é nosso? Eu acho que é nosso…”.
Ai, é errado? Não é errado, nesse caso tô com a Lucélia aí… Não errou, não. Se errou, Lucélia, foi tentando acertar… Foi uma questão de sobrevivência. E o dinheiro ali, lembrando, ela não mexeu no dinheiro da igreja, ela não mexeu no dinheiro do pastor, aquele dinheiro ali que entrava era, sei lá, o que era a parte do filho, né? Porque a igreja parece que dá mais dinheiro que firma, né? Ó, o dinheirão… O que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, eu sou a Ana Flávia, falo do Rio de Janeiro. Lucélia, eu queria muito poder dizer que no começo da sua história e até no meio eu fiquei: “não, eu nunca aturaria isso, eu jamais passaria por isso… Isso é uma coisa que eu jamais aguentaria”, mas não, eu fiquei completamente chocada… Eu fiquei impactada com a sua história e eu fiquei pensando em mim mesma com 18 anos e eu não teria feito a metade das coisas que você fez. Você brilhou na sua própria história, tomou decisões e você fez coisas e, se você errou um dia, você errou querendo acertar. Eu amei o seu relato. Muitas meninas que estão dentro da religiosidade elas acabam entendendo que isso pode ser um lugar, um mundo que elas estão completamente seguras, mas não é muito isso que acontece, não. Infelizmente, você me desculpa, mas eu fiquei muito no final esperando você dar uma voltinha de carrão na frente da casa dos seus. Beijo.
Assinante 2: Olá, nãoinviabilizers, aqui quem fala é Andressa, de Medianeira, Paraná. Foi reparação histórica porque, em outros contextos, esse homem ia se divorciar dela e iria levar tudo… Ia dar um jeitinho ali e ela iria ficar sem nada. Então, além de você estar num relacionamento, num casamento que era horrível, você tinha que lidar, além disso, com o julgamento das pessoas, com o julgamento da família… Foi um livramento. Agora, você tá bem de vida, teve seu filho, tem ali toda a sua estrutura. É triste também que a família e o pessoal da igreja viraram as costas, mas pensa que isso não fez falta, né? Você só evoluiu. Que bom, Lucélia… Um abraço.
Déia Freitas: Usa o desodorante clareador e Hidrabene que você vai sentir a diferença. — Sério, você vai sentir… — Mais do que sentir, você vai comprovar com um antes e depois. — Depois você me conta, tá? — Compre o desodorante clareador Hidrabene, aí o que você faz? Você tira uma foto das suas axilas antes, usa por 30 dias e depois desse tempo você tira outra foto, você vai ver… — Depois, você me conta, tá? — Cuidar das axilas também é um autocuidado e, usando o nosso cupom: “PONEIBENE10” — tudo junto, maiúsculo, 10 em numeral, tudo sem acento —, você ganha 10 de desconto em todas as compras no site, inclusive no desodorante clareador Hidrabene. — Sério, você tem que usar, faça o antes e depois… E depois a gente conversa, tá? — O cupom não é válido para os kits. Hidrabene, eu te amo muito, você é minha queridinha… Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]