título: puberdade precoce
data de publicação: 09/10/2025
quadro: alarme
hashtag: #puberdade
personagens: camila
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Atenção, Alarme. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais uma história do quadro Alarme. O quadro onde, além de contar histórias, a gente presta aí um serviço à comunidade. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é o Aché, promovendo a conscientização sobre o diagnóstico e o tratamento da puberdade precoce. O Aché é um laboratório farmacêutico brasileiro, fundado há quase 60 anos, com a missão de levar mais vida às pessoas, com mais de 350 marcas de medicamentos, mais de 150 classes terapêuticas e mais de 30 especialidades médicas. E o Aché me convidou para falar sobre os desafios e o tratamento da puberdade precoce.
A puberdade é uma fase natural da vida em que o corpo das crianças aí começa a se desenvolver e se transforma em um corpo adulto. Esse processo geralmente começa ali entre os 8 e 13 anos nas meninas e entre os 9 e 14 anos nos meninos. Quando esses sinais aparecem antes dos 8 anos nas meninas e antes dos 9 anos nos meninos, a gente chama de “puberdade precoce”. Os sinais da puberdade precoce podem incluir o desenvolvimento de seios, o aparecimento de pelos pubianos, pelos nas axilas, o crescimento acelerado, acne, odor corporal adulto… Em alguns casos, as crianças também podem ter mudanças de humor, de comportamento… Sem tratamento adequado, a puberdade precoce pode trazer riscos significativos à saúde da criança, como baixa estatura, problemas emocionais, comportamentais — sociais também —, além de impacto negativo na autoestima.
Esses sinais precoces podem fazer com que a criança se sinta diferente dos colegas da mesma idade, o que gera insegurança e dificuldades sociais. A puberdade precoce pode ser causada por diversos fatores como alterações hormonais, condições médicas e até mesmo fatores genéticos. O diagnóstico é feito considerando a história clínica de cada paciente, então têm exame físico, exames de sangue — para conferir a dosagem de hormônios, uma série de exames — e, em alguns casos, é necessário até exames de imagem. O tratamento para a puberdade precoce tem como objetivo interromper e, se possível, reverter o desenvolvimento sexual e retardar o amadurecimento ósseo. Esse tratamento está disponível gratuitamente no SUS — viva o SUS — em todo o Brasil. — SUS melhor em tudo… E esse tratamento garante que as crianças de todo o país tenham acesso a esse cuidado necessário, esse tratamento de graça. Tudo de graça. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Camila.
Para vocês terem uma ideia de como todo esse processo foi traumático para a nossa protagonista, ela pediu que os nomes fossem mudados e o depoimento dela vai ter a voz modificada. Geralmente, aqui no quadro Alarme, a gente trabalha com os nomes reais e com a fala sem nenhuma modificação de voz, mas a gente vai respeitar aqui esse pedido da Camila. Então, vamos lá, vamos de história.
[trilha]Camila nasceu ali no final dos anos 80, começo dos anos 90, e foi criada numa família, assim, bem tradicional, classe média, morando numa casa bem grande… Os avós maternos moravam juntos, então, assim, bem familhona unida. Camila teve uma infância normal, brincando muito na rua, criançada, todo mundo junto. Até os sete anos, a Camila teve uma infância cheia de brincadeira, cheia de coisa, bem rica… Quando a Camila tava ali com sete anos, um dia ela botou a mão no peito assim e sentiu um pouco inchadinho ali… Estranho. Ali, ela já se sentia um pouco incomodada… O que Camila não sabia é que ela já tava com uma protuberância dos brotos mamários. — Ela já tava começando a ter seios com sete anos de idade. — Camila sem saber o que tava acontecendo, mas se sentindo incomodada, começou a usar umas blusinhas mais largas pra que aquele volume do peito dela, que tava começando a nascer, não ficasse tão aparente. Ela notou uns pelinhos, uns pelinhos na axila e uns pelinhos na região genital…
Agora, Camila, com sete anos, uma criança muito brincalhona, cheia de amigos, começava a perceber, mas sem saber o que era, umas mudanças de humor. — Tem hora que ela estava triste, tem hora que ela estava feliz, tem hora que ela estava com raiva… — Foi começando até a ficar difícil ficar tão enturmada com as amigas de sete anos, porque estava todo mundo muito feliz, todo mundo muito brincando e tinha dia que ela estava com humor péssimo e ela não conseguia entender porquê, ela nem sabia o que era aquilo que estava acontecendo. — Camilinha, com sete anos, ali foi lidando com esses primeiros traços sozinha. O tempo foi passando, Camilinha fez oito anos… Um dia, Camilinha estava ali na sala de aula e sentiu uma vontade de ir ao banheiro, Camila foi para o banheiro e, a hora que ela tirou a calcinha para sentar ali no vaso, ela viu uma mancha de sangue. A hora que a Camila viu aquela mancha de sangue na calcinha, ela ficou desesperada… Uma sensação de terror tomou o corpo ali da Camilinha.
E ela pensou: “Meu Deus, eu tô morrendo. Eu tô com uma doença séria, tá saindo sangue de mim”. Até então, Camila não tinha tido nenhuma orientação ou nenhuma conversa com a mãe dela — que a gente pode chamar aqui de “Dona Terezinha” — sobre menstruação, sobre nada. Camila ali, olhando aquela calcinha com sangue, pensou: “É isso, tem alguma coisa errada comigo, eu vou morrer” e ela não teve coragem nem de chamar a professora, conversar com a professora, nada… Limpou ali do jeito que deu, voltou para aula, uma aula interminável, aquela sensação de terror… E ela voltou para casa. E, quando ela chegou em casa, contou para a Dona Terezinha, Dona Terezinha percebeu ali que sua filha, Camilinha, tinha menstruado pela primeira vez, aos oito anos. Dona Terezinha deu algumas orientações ali para Camila, falou: “Olha, isso é menstruação, esse período vai chegar todo mês… Eu vou te ensinar a colocar absorvente, a como trocar o absorvente”, mas a Camilinha, ela ouvia tudo aquilo e aquilo não entrava na cabeça dela, ela era uma criança. “O que é isso? O que é absorvente?
O que é isso? O que eu tenho que fazer? Esse sangue todo mês?”. Camila, com oito anos, mal sabia fazer a sua própria higiene pessoal e agora, tinha que lidar com isso, com absorvente, com período menstrual e a Dona Terezinha estava ali, explicando, né? A Dona Terezinha falou: “Eu vou marcar uma consulta no nosso pediatra lá pra ele te explicar mais, conversar, fazer um exame e tal, né?”. Ela estava sentindo umas dores também, que provavelmente eram cólicas… Foram lá, fizeram a consulta e, no final da consulta, o médico virou pra Dona Terezinha — na frente da Camila — e falou assim, em tom de brincadeira: “Ei, toma cuidado, hein? Agora ela pode engravidar, hein?”, olha só!… Ouvindo aquela conversa de adultos, ela ficou desesperada de novo. —
O que que entrou na cabeça da Camilinha, que não tinha tido nenhuma aula de educação sexual? Nenhuma… — A Camilinha começou a achar que, pelo fato dela sangrar todo mês, em algum momento, com certeza um bebê ia aparecer dentro da barriga dela. E ela pensava: ” Meu Deus, mas eu sou criança, como que vai aparecer um bebê na minha barriga?”, sem noção de absolutamente nada e apavorada que agora, além de sangrar todo mês, um bebê ia aparecer… Será que agora? Será que amanhã? Ai meu Deus, aqui o sangue… Ai, será que agora tem um bebê? Isso torturou a Camilinha por anos. Aquela criança que brincava com boneca agora estava com medo de que aparecesse um bebê dentro da barriga dela e ela pensava: “É assim então que os bebês chegam? A gente sangra e aí nasce um bebê na nossa barriga?”, foi desesperador para Camila, desesperador… Como se não bastassem todas as questões que a Camilinha tinha, na escola não tinha ninguém, nenhuma menina menstruada. Então começaram as piadas, porque a Camila, ela tinha uma bolsinha — a mãe dela fez uma nécessaire ali, né? — para levar os absorventes e trocar na escola, porque você fica um período muito grande na escola, tem que trocar.
E aí, quando ela levantava para ir ao banheiro, com a nécessaire já começavam as piadas… Aí a Camila morria de vergonha. Além de se sentir estranha, né? Diferente de todo mundo, Camila ela se sentia culpada e castigada. Camila lembra de dias, assim, o dia que o sangue da menstruação manchou o uniforme dela da escola e as crianças viram e começaram a fazer piadas e ela virou motivo de chacota, ganhou apelidos. Hoje a Camila pensa que as crianças não fizeram por mal… — A maioria realmente não sabia o que era menstruação e tal, né? Ela bota isso na culpa da imaturidade das crianças também e dela, né? Ninguém sabia nada ali, ninguém tinha tido nenhuma orientação. — Os meses foram passando, Camilinha de 8 anos tinha esses rompantes de mudança de humor quando a menstruação estava chegando, então tinha hora que ela estava tensa, nervosa, triste… Era uma roda gigante de emoção para Camilinha. Já na casa da Camilinha, ela sentiu uma diferença muito grande no comportamento da mãe e da avó, porque a avó morava com eles, né? O fato dela ter virado mocinha significou ali para a Dona Terezinha e para a avó da Camila — que a gente pode chamar aqui de “Dona Consuelo — que a Camila, agora com 8 anos, teria que ter obrigações e responsabilidades.
Camila, que adorava fazer balé — amava, gente, fazer balé — foi tirada do balé, porque a dona Terezinha falou: “Balé é coisa de criança, agora você já é uma mocinha”. — Ela tinha 8 anos… — Para substituir o balé, ela ganhou vários afazeres domésticos. Então, a Dona Consuelo quis ensinar a Camilinha a costurar, Camilinha começou a fazer um monte de atividades em casa que não condiziam com a idade dela, que ela queria estar brincando e tal, né? A irmã dela, mais velha, que não tinha menstruado, nem o irmão mais novo, eles não faziam essas atividades. Ela fazia porque agora ela já era uma mocinha. Camilinha começou a aprender a cozinhar, a lavar roupa e, se o lençol dela ficasse manchado de sangue, ela que tinha que tirar o lençol, lavar o próprio lençol… Tudo era feito em família, mas essa questão era separada, ela que tinha que cuidar. Ela morava num bairro bem tranquilo, desses que as crianças ficam brincando assim na rua de bicicleta, pega—pega, queimada e ela tinha um grupo grande, bom de amigos, assim, né? Vizinhos. Camila sempre foi muito moleca, sempre muito brincalhona e, assim que a menstruação surgiu, a Dona Terezinha parou de deixar a Camilinha sair na rua pra brincar e tal.
E a Camila: “Meu Deus, mais um castigo”, todo mundo tava brincando na rua, e Camilinha tava olhando do muro, do portão ali, porque a Dona Terezinha não deixava ela ir. — Hoje a Camila pensa que a mãe, talvez com medo dos meninos mais velhos do grupo ali, tava tentando realmente preservar, proteger a Camilinha… E o corpo da Camilinha também já tava desenvolvido, então a Dona Terezinha tinha mais cuidados. — E com oito anos, gente, uma criança de oito anos — um bebê pra mim, oito anos é um bebezinho —, Camilinha começou a desenvolver ali formas mais arredondadas e tal, os seios começaram realmente a crescer bastante… Ela tinha oito anos, ela era uma criança com mentalidade de criança, com rosto de criança e com o corpo já mais de adolescente. E aí Camilinha começou a reparar em olhares maldosos de homens — marmanjos adultos em cima dela, que era só uma criança —, ela saía na rua e alguns homens comentavam, falavam coisas pra ela que ela não sabia nem o significado.
E ela, com oito anos, já sabia identificar aquele olhar nojento de desejo masculino. — Ela já conseguia perceber isso. — Isso afetava a Camilinha em tudo, por exemplo, férias de família na praia… Ela já tá toda com o corpo mais desenvolvido, então ela tentava disfarçar as curvas ou ela tava menstruada, tinha ficado de roupa sentada lá na cadeira enquanto a galera tava no mar… — Porque aí ela não queria entrar no mar menstruada, né? — E ela tinha muita vergonha e ia se isolando, porque assim, na escola, piadas, galera da rua ela não podia brincar mais… Andava por aí, homens com olhares nojentos em cima dela… Tava lá nas férias com os primos também não se sentia confortável porque ficava incomodada com os olhares, enfim… Camilinha tinha um corpo de adolescente, uma mente totalmente infantil e ela se sentia muito castigada, culpada, humilhada. O tempo foi passando, as cólicas foram aumentando, as dores nos seios… — Além de tudo, tinha também essa questão física que ela ficava muito mal. E a Camila não culpa a mãe nem a avó pelos afazeres domésticos, por essa mudança da rotina da criança porque provavelmente elas foram criadas assim, elas só transmitiram aquilo para a Camilinha. —
Os anos foram passando, Camilinha foi virando pré-adolescente, depois adolescente e aí, sim ela já conseguiu acompanhar um pouco mais, porque as meninas também estavam mais desenvolvidas, né? — Mas imagina o período que essa criança passou, o trauma… Na época, ela perdeu tudo que ela gostava, foi tirada do balé, perdeu amizades, perdeu horas de lazer… Começou a fazer atividade doméstica. — Por consequência da puberdade precoce, ela acabou ficando mais baixinha que todas as suas amigas. Agora, adolescente, ela tinha que começar a lidar com isso e começar a aceitar, e ela começou a ter um pouco mais de consciência corporal. A vida seguiu e a gente chega a 2023… Camila, já adulta, casada com filhos e ela começou a trabalhar na área da saúde f foi só aí, adulta, casada, com filhos, que a Camila descobriu o que ela teve. — Que por volta dos sete anos, ela desenvolveu uma puberdade precoce. Na época tinha tratamento? Não tinha. A Camila não sabia, a mãe dela não sabia, o médico não falou nada. Só falou aquilo: “cuidado para não engravidar”, isso foi o conselho do. Só que hoje, gente, ainda bem, tem tratamento. —
Hoje tem profissionais que tratam essa condição nas crianças e a maioria que desenvolve a puberdade precoce são meninas, mas também tem meninos. E uma coisa que foi bom a Camila ter aprendido o que ela teve, foi que quando a filha dela estava com sete anos, ela começou a identificar os mesmos sinais na filha e correu para o endocrinologista. — Uma endocrinologista pediátrica. — A médica falou: “Não, vamos avaliar” e constatou que sim, que a filha da Camila também estava entrando na puberdade precoce. E aí, a médica já conversou muito com elas, falou: “A gente vai começar um bloqueio hormonal e a gente vai fazer todos os tratamentos para você continuar criança”. Hoje, a Clarinha está com dez anos, faz tratamento, retira a medicação no SUS, 100% gratuita. Faz esse acompanhamento, esse bloqueio. No SUS, tem o tratamento completo com todas as apresentações dessa medicação. — Então, assim, não importa o estágio, enfim, o SUS te fornece o tratamento. completo — O alívio da vida dela é saber que ela conseguiu identificar na filha dela a mesma condição que ela desenvolveu, a puberdade precoce e conseguiu achar um tratamento, medicar e hoje a Clarinha continua criança.
Milhares de crianças não vão passar pelo que ela passou, vão ser poupadas de tudo que ela passou, tudo que ela ouviu, de tudo que aconteceu com ela: o assédio, as piadas, os olhares, a rotina, a perda da infância, a culpa, a vergonha, o castigo, as dores físicas, as dores emocionais…. As crianças não precisam passar por isso. Tem tratamento e o tratamento é fornecido no SUS, gratuitamente, 100% do tratamento. — Então, a família tem que ficar de olho nas crianças, e se notar qualquer aparecimento, sei lá, de pelo, ou ah, o corpinho tá mudando? Sete anos não é pra ter. Então, já procura e já vai orientado, sabendo que se for puberdade precoce, tem tratamento, 100% eficaz no SUS. — E agora a gente vai ouvir a Camila contando da sua história — de como foi ser uma criança com puberdade precoce — e, na sequência, a gente vai ouvir a médica Isabela Mazzei, pediatra e gerente médica do Laboratório Aché.
[trilha]Camila: Oi, a história que vocês acabaram de ouvir é a minha história. Esse fato marcou a minha infância de inúmeras maneiras, afetou minha saúde física, minha saúde mental, como vocês puderam ouvir… Trouxe situações vexatórias, embaraçosas, de muita vergonha, onde eu me sentia culpada e, muitas vezes, até castigada. Com o passar dos anos, eu aprendi a lidar com a situação e entendi que a minha família e os meus pais, na época, fizeram o que estava ao alcance deles e dentro do conservadorismo que os regia. Eu não os culpo. Hoje, depois de adulta, com acesso à informação, eu entendo que a puberdade precoce é uma condição que afeta milhares de crianças, principalmente, meninas. Por isso, é tão importante a observação dos pais e o diagnóstico precoce.
Hoje, a minha filha faz acompanhamento com um profissional especializado que acompanha bem de perto, nos orienta, conversa sobre planos de tratamento, informações, solicita exames com regularidade, e hoje eu tenho a certeza que a minha filha está protegida e não vai precisar passar pelo que eu passei. O tratamento dela é feito 100% pelo SUS, onde a gente consegue retirar a medicação de forma gratuita nas farmácias de alto custo. Todas as famílias devem e podem observar suas crianças e, se necessário, ter acesso a esse tratamento. Eu espero que a minha história possa ajudar algumas famílias a não precisarem passar pelo que eu passei. Saibam que a puberdade precoce tem tratamento, é gratuito e está ao alcance de todos.
Isabela Mazzei: Olá, meu nome é Isabela Mazzei, eu sou pediatra, sou gerente médica do Laboratório Aché. Puberdade precoce é uma patologia que vem aumentando sua incidência, e ela se manifesta em meninas antes dos 8 anos de idade e nos meninos antes dos 9 anos. Quando a menina apresenta surgimento da mama antes dos 8 anos, aí sim vai ter uma suspeita de puberdade precoce. Essa condição ela é muito mais comum em meninas do que em meninos… Tudo que a gente está conversando aqui sobre puberdade precoce se refere a um tipo específico de puberdade, que a gente chama de “puberdade precoce central”. Quando essa criança começa a produzir o hormônio sexual antes do tempo, por um estímulo de uma região no cérebro chamada hipotálamo, a puberdade precoce é identificada pelo pediatra, por isso que é fundamental o acompanhamento regular e o exame físico para identificar os sinais o mais precocemente possível.
Quando há suspeita, essa criança é encaminhada a um endocrinologista infantil para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. A investigação vai se basear no exame físico, dosagens hormonais feitas através de exame de sangue, a avaliação da estatura, do crescimento dessa criança também é importante, a avaliação da idade óssea por um raio X e, algumas vezes, há uma necessidade de complementar essa investigação com uma ressonância magnética. Uma vez que é confirmado o diagnóstico, esse tratamento então é iniciado, é avaliado se há indicação de tratamento e, se sim, esse tratamento é iniciado. Possíveis medicações são disponíveis no SUS e o tratamento é feito com medicações injetáveis, né? Então, essa criança vai receber medicações injetáveis dependendo do esquema que foi definido pelo médico junto com a família, e esse tratamento é feito até a idade em que essa criança deveria realmente entrar na puberdade.
Quando a gente suspende a medicação, a puberdade acontece normalmente. O tratamento é muito importante, porque a puberdade pode levar a uma estatura final mais baixa do que essa criança poderia ter, além de impactos emocionais e psicológicos, já que essa criança está passando por um processo em que os colegas da mesma idade não estão passando. Além disso, a gente sabe que pacientes que tiveram puberdade precoce têm uma possibilidade maior de ter câncer de mama quando adultos, então é superimportante esse tratamento. E a gente tem percebido, principalmente depois da pandemia, um aumento importante nos casos e isso pode estar relacionado a vários fatores, mas um dos principais é a obesidade. A gente sabe que tem um risco aumentado de puberdade precoce em crianças obesas, por isso é importante o acompanhamento médico regular para a identificação mais precocemente possível e o tratamento no momento certo dessas crianças. Obrigada e um abraço.
[trilha]Déia Freitas: O Aché está comprometido em levar informação de qualidade para conscientizar a população sobre puberdade precoce, incentivando o cuidado e a atenção aos sinais para facilitar o diagnóstico e, assim, aumentar o acesso ao tratamento. É importante que as famílias fiquem atentas e conversem com um médico endocrinologista caso percebam mudanças nas suas crianças. Quanto mais cedo a puberdade precoce for identificada e tratada, maiores são as chances de garantir que a criança cresça de forma saudável, tanto fisicamente quanto emocionalmente. O diagnóstico e o tratamento estão disponíveis no SUS — de maneira gratuita em todo o Brasil — e é um tratamento essencial para garantir o desenvolvimento das crianças no tempo certo. O Aché desenvolveu um guia em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria, especialmente para ajudar a identificar e tratar a puberdade precoce. O guia está disponível gratuitamente no site: cuidadospelavida.com.br. — Eu vou deixar o link certinho aqui para o guia na descrição do episódio, tá? — Valeu, Aché, por trazer aí mais um assunto importante aqui no nosso quadro Alarme. Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Alarme é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]