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título: núbia
data de publicação: 13/10/2025
quadro: luz acesa
hashtag: #nubia
personagens: iris, carlos, tia núbia, dona salete, dona gema e dona beatriz

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]


Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para um Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história da Iris. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Iris ela conheceu aí um rapaz muito bacana — que a gente vai chamar aqui de “Carlos” — e Iris e Carlos eles começaram a namorar, esse namoro foi estreitando, até que Carlos pediu Iris em casamento. Iris queria casar com vestido de noiva, com festa, com tudo, e Carlos apoiava essa ideia, ele também queria ir a um casamento com tudo o que eles tinham direito. Acontece que Carlos ele tinha, assim, uma vida agora melhor até, mas a infância de Carlos tinha sido muito difícil… Seus pais tinham morrido numa tragédia, um deslizamento de terra. E a sorte é que ele não estava em casa, no dia da chuva ele estava na casa de uma tia — que a gente vai chamar aqui de “Tia Núbia” — e, infelizmente a casa caiu, caiu um monte de terra em cima e os pais de Carlos faleceram dessa maneira trágica. 

O tempo passou, Tia Núbia criou Carlos e o sonho da Tia Núbia sempre foi casar. Tia Núbia fez enxoval, costurou o próprio vestido de noiva — e ela era muito boa no que ela fazia, tudo era muito bonito, assim, tudo… Sabe prendada? Tia Núbia era prendada — e Carlos cresceu sempre vendo Tia Núbia esperando ali pelo homem ideal, pelo homem que fosse pedi—la em casamento, mas isso nunca aconteceu… Na verdade, Carlos nunca viu Tia Núbia com nenhum homem, assim, com ninguém… E, conforme ele foi crescendo, ele foi percebendo essa amargura, essa tristeza em Tia Núbia. — Que sempre comentava que ela tinha o vestido, que ela tinha enxoval, só que ela não tinha o noivo. — O tempo passou mais ainda, Carlos cresceu, começou a trabalhar e Carlos entrou na Marinha… — Era uma época que ele nem pensava em fazer faculdade, nada… — Serviu ali na Marinha, depois resolveu sair porque ele estava morando em outra cidade e ele queria ficar mais perto de Tia Núbia. E, nesse meio tempo, Tia Núbia também já vinha meio estranha de saúde.

Tia Núbia descobriu um problema no coração, foi ficando fraquinha e quando Carlos estava ali com seus 28 anos, Tia Núbia faleceu. Carlos agora estava sozinho, mas ele já tinha condição de bancar o aluguel ali — onde ele morava com a Tia Núbia —, então ele continuou na mesma casa, ele se desfez de algumas coisas da Tia Núbia, mas o enxoval e o vestido de noiva Carlos guardou. Três anos depois, Carlos conheceu Iris e amor a primeira vista, namoraram um tempo e Carlos resolveu pedir Iris em casamento. Iris aceitou na hora e, nesse tempo, a Iris já frequentava a casa do Carlos — porque o Carlos morava sozinho — e a intenção era que a Iris fosse morar lá com ele, ele já pagava aluguel lá, já tinha contrato, a Iris morava com os pais, então ia ser tudo muito mais fácil, né? Passado uns três anos aí do falecimento de tia Núbia, Carlos já estava ocupando o quarto da Tia Núbia, que era maior, já tinha colocado as caixas com o enxoval e com o vestido numa edícula, que tinha fora da casa… 

Iris ela nunca tinha tido contato com aquele material e quando se desenhou ali a possibilidade de uma festa de casamento, com tudo, Carlos lembrou do vestido que Tia Núbia tinha feito. — O vestido era muito bonito realmente. — Carlos falou: “Iris, eu quero te mostrar uma coisa… Minha tia que eu amei como minha mãe…”, porque como Carlos era muito pequeno quando os pais faleceram ele não tinha mais esse… Ele não tinha lembrança dos pais, então quem criou ele foi Tia Núbia. “Tia Núbia foi como minha mãe e tal, ela deixou um enxoval e um vestido, eu queria que você visse”. Carlos não pediu que Iris usasse aquele vestido, mas ele mostrou, eu acho que na intenção de que ela, sei lá, quisesse usar, né? Iris já ficou meio assim: “Ai, eu vou fazer a sonsa, se eu não gostar, vou olhar as coisas e falar que legal e tal, né?”. Quando ela pegou ali a caixa — fazia três anos que tinha Núbia tinha morrido, mas Tia Núbia cuidava daquilo, não deixava amarelar, então as coisas estavam praticamente intactas, gente — e ela viu ali umas toalhas lindas, ela tinha um enxoval lindo e ela falou: “Vamos usar esse enxoval”.

Tia Núbia achava que bordar as iniciais só dela nas coisas — na toalha, tipo noiva com noivo, que faz aquela primeira letra — dava azar… Ela não bordou nenhum o “N” de Núbia — então ia dar certo deles usarem, porque ela falava: “Eu não posso bordar Núbia sem ter o nome do meu noivo, senão eu vou ficar sempre sozinha” — e ela morreu sem casar, sem completar esse desejo, né? Iris amou até mais do que ela achou que ela fosse amar. Na hora ela já pegou todas essas caixas, já falou: “Não, eu vou lavar as coisas de novo, vou pôr para uso” e quando ela pegou o vestido de noiva, ela sentiu uma coisa, ela falou: “Meu Deus do céu, é o meu vestido, é o meu número. Eu vou me casar com esse vestido” e Carlos começou a chorar emocionado, porque assim poxa, era o sonho da tia dele, que foi praticamente mãe dele se casar e usar aquele vestido e agora ela tinha falecido, então Iris poderia usar aquele vestido no lugar de tia Núbia. 

Iris levou o vestido numa costureira — que a gente vai chamar aqui de “Dona Salete” — pra fazer a barra… Precisava fazer uns ajustes, pequenos ajustes no vestido, né? E Dona Salete, quando pegou aquele vestido na mão, também achou muito lindo, falou: “Meu Deus, que lindo… Isso aqui é costura boa, de costureira boa” e tinha sido o Dona Núbia que tinha feito, né? E elas ficaram conversando e Dona Salete falou: “Vai lá, prova o vestido que eu já vou fazer as marcações, já ajusto para você e semana que vem já te entrego”, mesmo o casamento estando marcado ali pra mais tempo. E assim que Iris saiu do provador, Dona Salete tomou um susto, porque na primeira olhada que ela deu, ela não viu a Iris… Ela viu uma mulher de cabelo preto e ela assustou, assim, tanto que Iris achou que o vestido tinha alguma mancha, alguma coisa, né? Falou: “Ai meu Deus, será que não vai dar para usar?” e Dona Salete só pegou o vestido e falou: “Bom, vamos fazer uma prova antes de eu finalizar, vou alinhavar tudo e te chamo… Então você pode voltar aqui no sábado, que eu já vou ter alinhavado tudo e na outra terça eu já te entrego”.

Chegou no sábado e a Iris foi lá no ateliê de costura de Dona Salete pra fazer essa prova com o vestido já marcado e alinhavado. Quando ela chegou lá, a Dona Salete estava com uma cara muito preocupada e Dona Salete sempre foi uma senhorinha, sabe assim, animada, faz piada? E ela chegou e a Dona Salete estava assim, uma cara fechada, assim, preocupada… E aí a Iris falou: “Oi, Dona Salete, o que foi? Aconteceu alguma coisa? A senhora está com essa cara, alguma coisa com o meu vestido?” e Dona Salete falou: “Filha, senta aqui, você tem certeza que você vai querer casar com esse vestido?” e aí a Iris falou: “Mas por que, ele tem algum problema? Alguma coisa?”, ela falou: “Não, o vestido é lindo, ele é perfeito, eu alinhavei, mas eu preciso te contar uma coisa… Quando você vestiu o vestido aqui e saiu do provador, eu vi uma mulher de cabelo preto, branca, de olho verde. Não era você”. 

A Iris é uma moça de cabelo loiro, mais ou menos até o ombro, assim, magra, olho azul.  — Essa é a íris. — “Você foi embora, deixou esse vestido aqui e esta mulher ficava passeando aqui pelo meu ateliê”… E como era o ateliê da Dona Salete? Ela pegou a sala, que tinha ali a sala e tipo um lavabo embaixo da escada, e transformou num ateliê e aí tinha uma porta que dava para a sala e cozinha, que ela transformou num ambiente só e a escada que subia para os quarto, então ela separou a sala de estar para virar ateliê dela com banheiro ali se alguém quisesse, pôs o provador, as máquinas de costura ali… Essa mulher ficava vagando pela casa e pelo ateliê, que era só um cômodo o ateliê ali e usando vestido… E ela pegou o vestido, deixou ali numa sacola no ateliê e, numa das vezes, depois que ela viu essa mulher vagando, o vestido estava na escada, lá no alto da escada, que era onde tinha os quartos da casa da Dona Salete. — Dona Salete era uma senhora, viúva, tinha filhos, mas os filhos já eram casados, não moravam ali, então ela morava sozinha e estava preocupada, assim… — Ela estava muito assustada? Não.

A mulher não parecia brava, nada, mas ela estava usando o vestido e ela chegou a ver essa mulher rodopiando com o vestido. — Dona Núbia era uma senhora de pele branca, cabelo preto, olho verde… Magra também. — De cara a Iris já sacou e falou: “É Dona Núbia, é Tia Núbia”. Na hora ela ligou para o Carlos porque o Carlos não ia acreditar nela e falou: “Carlos, você pode vir aqui no ateliê aqui da Dona Salete? Endereço tal” e ele falou: “Bom, tô indo aí e tal…”, ele já tinha visto o vestido, ele já conhecia o vestido, então não tinha aquilo de “ah, não ver o vestido antes”, ele só não ia ver o vestido na Iris, mas ele já conhecia aquele vestido, então não tinha muito problema. Ele foi e a Dona Salete repetiu tudo para ele e Carlos começou a chorar e falou: “É a minha tia, com certeza é minha tia”… E aí aqui temos Iris confusa, Dona Salete falando: “Não case com esse vestido” e Carlos — agora sim — pedindo para que Iris casasse com aquele vestido e realizasse o sonho de Tia Núbia. — Só que aqui pra mim fica meio bizarro, porque ela ia tá entrando de vestido de noiva no altar para casar com o próprio sobrinho… —

Carlos contou a história para Dona Salete e agora Dona Salete entendendo, falou: “Filha, você tem a oportunidade de realizar esse desejo da mãe do seu marido, do seu noivo, praticamente a sua sogra. Agora eu já tenho uma outra ideia… Eu acho que você devia fazer, mas depois você leva esse vestido para benzer, pro padre, enfim”. Aquele vestido nunca tinha saído da caixa, né? Ele nunca tinha visto a tia dele por lá de fantasma, nada… E aí Iris tomou a decisão que sim, que ela ia usar o vestido mesmo sabendo que talvez Tia Núbia estivesse junto com ela. — Durante a cerimônia. — Dona Salete — acho que querendo se livrar [risos] — falou “Olha, eu vou costurar ele hoje mesmo”, quando for final da tarde pode passar aqui e já levar o vestido eu já vou te entregar hoje mesmo”. — Não ia esperar nem até a outra terça. [risos] — E assim foi feito… Ela foi com o Carlos buscar o vestido e o Carlos estava muito mexido, muito emocionado, sabe? E ela entrou sozinha, provou o vestido… Ficou lindo. Dessa vez Dona Salete não viu Tia Núbia. — Ou se viu, não falou nada. — Iris pegou o vestido e foi embora para sua própria casa… O vestido não voltou ali para casa de Carlos. 

Para o casamento faltava ainda uns cinco meses para que rolasse essa cerimônia e ela usasse esse vestido, o vestido ia ficar ali na caixa, ela ia começar a ver os complementos, o sapato, o véu… O vestido não tinha o véu, porque Tia Núbia também falava que não dava sorte você fazer o véu antes, né? Você tinha que fazer o véu depois você já tivesse o noivo. Então ela ia comprar um véu numa loja de noivas, ela não fez lá com a Dona Salete, porque Dona Salete acho que era só reparos, enfim… Então ela tinha ali uma sequência de coisas para fazer antes do casamento e o vestido ia ficar ali guardadinho numa caixa. — Ficaram as três ali, Iris, sua mãe Beatriz e sua avó Dona Gema, viram o vestido e acharam lindo… Iris botou na caixa de novo e Dona Gema falou assim para Iris: “Deixa o vestido lá no meu guarda-roupa”. — Iris estranhou porque ela ia deixar o vestido lá no quarto dela para de vez em quando ela dar uma olhada, sabe? Mas Dona Gema foi muito categórica, sabe? “Não, o vestido vai ficar no meu guarda-roupa, vai ficar guardado lá no meu quarto”. —

Iris botou o vestido lá e deu uma esquecida… Mais ou menos um mês depois que o vestido tinha chegado na casa de Iris, a Iris não tinha contado a história da Dona Salete — que tinha visto a Tia Núbia, mas a Iris tinha contado para dona Beatriz, sua mãe, e para Dona Gema, sua avó, que o vestido era da tia do Carlos, que foi a tia que criou o Carlos… Somente isso… Não contou nada da parte fantasmagórica. —, Dona Gema chamou a Iris ali na sala, estava só as duas e falou: “Então, eu preciso conversar com você sobre esse vestido… “Você disse que é da praticamente mãe do Carlos, o Carlos menino muito bonzinho, mas eu preciso te contar uma coisa… A tia do Carlos ela está aqui e ela tá com o vestido”, Dona Gema falando isso… “Eu venho nesse último mês, que o vestido está no meu quarto, conversando com Dona Núbia. Eu pedi para você deixar o vestido no meu guarda roupa, porque quando você chegou tinha essa mulher junto com você e eu não sabia quem ela era”… Naquele momento Iris estava descobrindo que Dona Gema era médium, já tinha até cuidado disso, né? Mas ela não sabia, Dona Gema nunca falou nada nesse sentido.

Ela falou que tinha conversado com Dona Núbia, que dona Núbia estava sem entender muito também por que ela estava ali, mas ela sentia uma necessidade de fechar isso, de usar o vestido. Dona Gema não sabia explicar muito bem, mas ela falou assim: “Olha, a gente tem dois caminhos e aí você que vai me dizer o que a gente vai fazer? Você pode casar com esse vestido e levar junto a mãe que é a tia, mas praticamente a mãe do Carlos até o altar que eu acho que daí ela vai embora, ou se você quiser, eu posso chamar mais duas amigas minhas que trabalham assim com essas questões espirituais e a gente pode encaminhar Dona Núbia antes que esse casamento aconteça, se você achar que isso vai te atrapalhar, mas eu tenho que te falar que se você usar esse vestido, ela vai caminhar com você até o altar. Provavelmente depois disso ela vai se libertar e vai embora”. Dona Gema não queria dar sua opinião, mas ela estava torcendo pra que Iris resolvesse levar Tia Núbia até o altar.  — Iris nunca tinha visto, hein? —

Assim que Iris disse que sim, que ela ia levar a Tia Núbia até o altar, Dona Gema começou a chorar, Iris começou a chorar e Dona Gema falou: “Ela tá aqui”, elas resolveram não contar para Dona Beatriz, que é a mãe da Iris. Aí a Iris sabendo agora que a Dona Gema conseguia falar com a Dona Núbia, ela falou: “Você não quer perguntar pra ela como que ela quer o buquê e o véu? Eu caso do jeito que ela quer”. — Eu achei um pouco aterrorizante isso, Iris, mas a Iris falou que tudo fazia muito sentido naquela hora… Ela não sabe se ela estava muito tocada por causa do Carlos também, né? — E aí ela contou tudo isso para o Carlos e o Carlos ficou muito animado, tipo: “meu Deus, minha tia vai realizar o sonho dela”. E aí a dona Gema falou assim pra Iris, falou: “Olha, ela não tem como me falar que véu ela quer, mas a gente pode levar o vestido na loja que você vai ver os véus e você pode ter uma intuição de que véu usar”. 

E assim foi feito… Dona Gema, que foi acompanhar a Iris pra escolher o véu e o buquê e a Iris sentiu um lance, mas ela não viu nada e ela escolheu um véu e um buquê. Dona Gema olhou pra ele e fez que sim com a cabeça, tipo sei lá, Tia Núbia tá satisfeita, sabe? — Eu assim, apavorada… [risos] Mas eu achei muito nobre sim, o que a Iris resolveu fazer pelo próprio marido, pela tia Núbia, que ela nem conhecia, né? E que supostamente era um espírito que estava ali pedindo coisinhas de casamento. Então ela meio que fez tudo o que Tia Núbia quis, e aí agora a gente chegou no dia de casamento… — Dona Gema, Dona Beatriz ali ajudando a Iris nas coisas, Dona Gema sabendo de tudo e sabendo que tia Núbia estava presente e que ia não tava bem assim, né? Ela precisava disso para fechar ali, sei lá, o seu caminho na Terra e abrir um outro caminho, sei lá, no mundo espiritual. Foram se arrumando ali, a Iris foi ficando mais emocionada do que ela é, assim… A Iris falou pra mim: “Andréia, eu sou uma pessoa muito prática, tanto que depois que eu contei essa história para a minha mãe, depois que passou tudo, ela contou para a mãe… A dona Beatriz perguntou: “Mas você não queria escolher você mesma o véu? Você mesma o buquê?”.

A Iris falou: “Eu sempre quis fazer a festa de casamento, as coisas, mas isso eram detalhes assim que, pra mim, na minha praticidade, não me incomodava tanto. Então eu deixei realmente Tia Núbia escolher”. E a Iris é uma pessoa prática, assim, que não chora à toa, que não fica emocionada à toa… E nesse dia ela estava muito chorosa, muito emocionada e ela acha que já era influência da Tia Núbia, porque Dona Gema falou: “Ela está do seu lado, junto com você”. Então eu acho que sim, assim, de repente, ela pegou as emoções ali, né? De Tia Núbia. Bom, igreja cheia… [efeito sonoro de marcha nupcial]  Abre ali a porta da igreja e entra Iris, com seu pai — que a gente não deu o nome, mas pode dar aqui de última hora de “Seu João” — e assim que ela está na metade da igreja, na metade do caminho. Carlos, que nunca tinha visto depois da morte de tia Núbia, a tia Núbia, agora via Tia Núbia entrando vestida de noiva… — Ele não estava vendo a Íris, ele estava vendo a tia Núbia. — Só que isso foi um impacto, uma emoção tão grande para o Carlos assim, misturado com alegria, ele não estava assustado, que ele desmaiou…  — Então aquele casamento no meio da marcha nupcial foi interrompido, porque Carlos caiu no chão desmaiado. —

Iris correu até o altar para socorrer ali o noivo, todo mundo foi socorrer, o Carlos foi voltando a si e tal… — Ele caiu e não se machucou, ele meio que caiu em cima do padrinho dele, que estava do lado dele ali, o padrinho o segurou. — Quando ele recobrou os sentidos ali, o padre falou assim: “Bom, então agora que você já está aqui na frente Iris, a gente já pode abreviar, fazer o casamento…”. A Iris olhou para o Carlos e falou: “Não, eu vou voltar da metade da igreja e vou entrar”, e aí ela e aí ela olhou pro Carlos: “Você vai aguentar, que a gente precisa fazer isso por ela”, que era o quê? Fazer essa entrada inteira com a Tia Núbia e ninguém tava sabendo ali a não ser Dona Gema, a Iris e o Carlos… E a cerimonialista falou: “Não, gente… Se vai entrar, nós vamos entrar de novo, do começo, porque senão vai me atrapalhar a filmagem, vou perder o tempo da marcha nupcial… Vamos, volta tudo e começa de novo”. E aí a Iris entrou de novo, ela também não se importou que o Carlos não tava vendo ela, tava vendo a Tia Núbia e, sim, ele viu a Tia Núbia até chegar no altar. Quando ele pegou na mão da Iris, assim, que ele tava vendo a Tia Núbia, ela tava com o rosto muito bonito e ela sumiu…  E aí sim ele viu a Iris… 

Ele só viu a Iris quando ele tava voltando do desmaio e que ela tava falando com ele, mas as duas vezes que ela entrou na igreja ele não viu a Iris entrar na igreja… Ele só viu a Iris depois na filmagem, nas fotos, que ainda bem, Tia Núbia não apareceu, mas ele não viu… E aí a gente fala: Era o espirito de Tia Núbia? Era, sei lá, o Carlos muito impressionado? Mas o fato é que ele só viu a Iris depois que ele pegou nas mãos de Tia Núbia, e aí Tia Núbia sumiu e, dali pra frente, no vestido de noiva, ele só viu a Iris. Foram pra festa de casamento, Dona Gema ali já falou que não estava mais vendo Tia Núbia, já era só Iris. A festa passou, Iris foi pra lua de mel, voltou, nunca mais viu a Tia Núbia… Mas quando ela voltou da lua de mel, que ela voltou a trabalhar, ela tinha chamado ali alguns colegas de trabalho e tal pro casamento, e um dos colegas de trabalho dela, que era um cara meio doidão, assim, alegre, festeiro e que, poxa, não usava drogas, nem bebia e ele chamou a Iris e falou: “Iris, cara, eu não uso drogas, eu não bebo, mas quando você tava entrando na igreja eu não conseguia ver você, eu via uma mulher de cabelo preto, branca, mais velha, eu não sei o que aconteceu comigo, cara”, e aí a Iris deu risada ali, não contou pro amigo… — Porque senão aquilo ia espalhar na firma, né? —

E falou pra ele: “Nossa, que doideira…” e depois mais frente algumas pessoas tiveram o mesmo relato assim, “ah, que engraçado, eu olhava pra você e não conseguia ver você, eu via uma outra mulher no vestido”, não é louco isso, gente? Então algumas pessoas que, certamente, segundo a Dona Gema, tinham ali um certo grau de mediunidade conseguiram enxergar Tia Núbia. E Tia Núbia depois que ela chegou naquele altar, que ela pisou naquele altar, ela foi embora… Iris não jogou o seu buquê e eu achei isso muito bonito… Ela levou o buquê e colocou no túmulo da Tia Núbia.  O que vocês acham?

[trilha]

Assinante 1: Olá, nãoinviabilizers, aqui é o Eric de Piracicaba e eu fiquei realmente encantado com essa história. Apesar de, no começo, eu estar o tempo todo esperando em que momento isso ia virar uma Luz Acesa do mal, isso não aconteceu. E aqui me chama a atenção a personalidade da Iris, uma pessoa totalmente altruísta, que permitiu que, no momento que ela esperou a vida dela toda, ela compartilhasse esse momento com a Tia Núbia, sem pestanejar, a compaixão da avó da Iris, de entender o quanto Tia Núbia precisava disso e a própria lucidez da Tia Núbia, de saber que quando ela chegou até o altar a parte dela estava realizada e agora ela precisava deixar que Íris tivesse o seu próprio casamento. Então, Uris, obrigado por nos trazer essa história maravilhosa. Amei.

Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Mirela, de Fortaleza. Iris, que história emocionante… E que forma de fazer a média com a sogrona, hein? [risos] Mas falando sério, fico muito feliz que deu tudo certo, né? E que a Núbia pode ver em você uma realidade de realizar esse sonho, ela com certeza enxergou todo o amor que você tem pelo filho dela, né? E que pôde ser possível os três ficarem muito bem, ficarem muito felizes com essa realização e após também… Achei muito desapegada você, eu não conseguira abrir mão da decisão do véu, abrir mão do meu buquê… Por exemplo, eternizei meu buquê, tenho ele pra sempre… E que ela mesma, Núbia, conseguiu lhe ceder o vestido, né? Achei isso muito incrível, muito emocionante. Obrigada por compartilhar com a gente.

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis aí com Iris e Carlos. Um beijo — Deus me livre, porque por mais que a história seja bonita, eu prefiro não ver nenhum tipo de espírito — e eu volto em breve.

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]