Skip to main content

título: um lance
data de publicação: 28/06/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #lance
personagens: samanta e eduardo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e a história de hoje não é uma história pra criança, tá? Então se tiver alguma criança aí já tira da sala, ou ouça de fone, não é uma história [riso] pra criança. Eu vou contar pra vocês a história da Samanta e do Eduardo e quem escreve é a Samanta. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Samanta conheceu o Eduardo… — É uma história pré-pandemia, tá? Aconteceu antes pandemia — Eles se conheceram numa padaria, então a Samanta ia trabalhar e antes ela passava na padaria pra tomar café e o Eduardo fazia a mesma coisa e eles trabalhavam perto. E aí começou aquele clima legal de paquera, nã nã nã, e um olhando o outro, aí um pede um pão na chapa, o outro pede um cafezinho, aí ela pede um pão de queijo, ele pede uma coxinha… — Coxinha, não né? De manhã? Enfim, eu comeria se fosse de jaca, mas tudo bem. — E aí eles se olhando muito assim, teve um dia que o Eduardo chegou na Samanta e puxa papo, e aí eles começaram a tomar café juntos. — E nenhum sabia nada do outro assim, né? — O assunto foi evoluindo, aí ele falou que ele não estava namorando e ela também não estava namorando, os dois trabalhando, meio que perfeito, né? — Relacionamento perfeito. —

E aí eles ficaram nessa de tomar café juntos, um mês e pouco, e ninguém chamando ninguém pra sair, só ficavam ali tomando café, até que um dia ele chamou a Samanta pra sair e eles foram ao cinema, eles jantaram, foi um encontro muito legal e eles se beijaram, e assim, rolou uma super química e foi tudo bem. Aí passou um tempinho, né? Eles ficaram nessa… Eles saíam pouco, porque além de trabalhar, os dois faziam faculdade. — Na época. — E aí, né? Correria, eles só conseguiam se ver no final de semana, e era um namoro suave assim, ninguém ainda tinha tocado na questão sexo e o namoro foi ficando mais quente e tal, até que chegou um dia que Samanta percebeu que ia rolar. E Samanta dividia apartamento com uma moça que também fazia faculdade, só que a moça assim, ela estava fazendo só uns créditos na faculdade, então ela ficava muito pouco no apartamento, ela tinha aula parece que segunda e terça, na quarta ela já voltava pra cidade dela, ela só ocupava o apartamento dois dias e pra Samanta era perfeito, né? Porque ela ficava ali sozinha no apartamento e o clima estava esquentando com o Eduardo e ela convidou o Eduardo pra ir para o apartamento dela. 

E aí estão lá, estão assistindo um filminho, rolou uma pipoca e tal, aí os beijos foram ficando mais calientes, e aí eles foram para o quarto… — O quarto da Samanta. — E aí começaram lá, gente, rala e rola, rala e rola, um por cima, outro por cima, e aí a Samanta preferindo ficar por cima, ficou por cima, e ele lá deitado na cama, e aquela cavalgada, [risos] aquela coisa, de repente, no clímax do negócio a Samanta começou a sentir um cheiro, [risos] um cheiro, gente… E aí ela estava ali naquela empolgação, ela falou: “Bom, sei lá, né?”, e continuou, quando eles terminaram que ela saiu de cima dele e ela deitou assim do lado, né? Saiu de cima dele, já caiu deitada assim do lado, que ela olhou para o lençol, o cara tinha cagado na cama dela. [risos] Ela ficou aqueles primeiros segundos sem entender, sem entender, assim, porque conforme foi, ela foi pulando ali em cima dele, aquela merda foi espalhando assim, o cara estava todo sujo. — Ai, gente, ai, me deu até uma ânsia. —

E aí ela assim, passado o choque de segundos, ela falou pra ele: “Gente, que isso?” — Poxa, e é aquilo que eu já falei pra vocês, né? Todo mundo pode um dia dar uma cagadinha errada, isso é fato, e aí vai depender de como você vai encarar, né? Essa cagada que você fez. — E aí o cara virou pra ela e falou: “O que?” — Gente, como o quê? [risos] Fala “Escuta, amado, você cagou na minha cama, como o quê?”, ela falou: “Ô, Eduardo, olha isso, o que aconteceu?”, aí ele falou pra ela como se nada gente tivesse acontecido, “Ah, quando eu chego no clímax é assim mesmo”. — Oi? — ela falou: “O que?”, ele falou: “É, toda vez”… — Toda vez, toda vez. — “que eu tô chegando lá isso acontece, e faz parte… E eu gosto”, e ela olhou pra aquele lençol… — Porque assim, era caso, gente, de jogar o colchão fora, não tinha condição. — E aí ela falou pra ele: “Não, pelo amor de Deus, levanta, vai tomar um banho”, e ele agindo como assim, tipo, “Ai, nossa, você tá exagerando”, aí ele levantou todo cagado, porque assim, ela falou que chegou até a sujar as costas dele, não é que o cara deu uma freadinha, uma cagadinha no lençol, ele cagou, ele soltou ali tudo que ele tinha dentro dele, sabe? [risos] — Almoço e janta? [risos] Ai, meu Deus que ódio. [risos] —

E aí ela chocada começou a tirar o lençol, mas vazou, né? — Merda é foda. [risos] — E aí ela já correu pra pegar uma sacola, porque tudo aquilo — Ai, me deu ânsia, ai que nojo… [risos] — Tudo aquilo ia pro lixo, lençol… — Ai… Peraí gente que eu tô com ânsia real, ai pera, deixa eu respirar. Me deu ânsia, sério, porque ela me contou detalhes que eu não vou contar aqui porque ninguém merece esses detalhes… Mas eu vou ter que contar os detalhes, porque ela falou que… Ai, calma… que tinha deixa… [risos] Eu não vou falar, não, deixa pra lá, deixa pra lá… Só sei que assim… — Estava tudo ali no lençol, sabe? E aí o cara foi para o banheiro lá dela, tomou banho, voltou, aquela mancha no colchão que ela não queria chegar perto, né? Porque ela tem que lavar aquilo, limpar, mas ela não estava conseguindo nada. Aí ele tomou banho, voltou e falou: “Vamos outra?” — Vamos outra? [risos] Não tem nem… Vou ter que, pô, estender um saco de lixo na cama, [risos] pra transar com o cara… [risos] Põe umas folhas de jornal na cama [risos] e aí ele caga no jornal… [gargalhando] Ai, tô chorando. [risos] —

Ela falou: “Que vamos outra, cara? Olha o que você fez no meu lençol, isso não é ok”, e aí ele falou: “Ai, nossa, você é exagerada”, e vestiu a roupa, aquele cheiro… Ela falou que o cheiro estava no quarto dela assim inteiro e ela um dia de frio, ela teve que abrir a janela. [risos] Resumo, o cara foi embora, ela teve que jogar toda aquela roupa de cama fora, ela tentou limpar o colchão, não deu, ela teve que jogar o colchão dela fora, colocar o colchão dela tipo na caçamba [risos] e o cara ainda queria namorar com ela. Assim, sei lá, ele não era um cara ruim, não era um cara… Mas a atitude que ele teve pós cagada foi ruim, ele tratou ela meio mal assim, sabe? Tipo “Ai, nossa, até parece que foi tudo isso”, pô, a mina perdeu o colchão. [gargalhando] Ai, meu Deus do céu… E aí ela estava puta, né? E aí eles tentaram conversar, mas pra ele era uma coisa que fazia parte do prazer dele. — Se cagar enquanto ejaculava, sabe? —

Tudo bem, né? Cada um tem aí suas coisinhas e tudo bem, mas não tem condição, né? Avisasse pra ela [risos] pôr um plástico embaixo… [risos] Poxa, porque eu achei falta de consideração, pô, meu lençol que eu pago em seis vezes, sabe? Percal 200 fios, vem um cara e me caga, me pega no lençol e vaza no colchão, você tem que jogar o colchão fora, vocês sabem quanto custa um colchão, gente? É caro. Tinha que fazer esse cara pagar o colchão, eu acho… E ele achou que “Ai, nossa, nada demais, é só um lance, meu”, pô, avisa, forra com jornal a cama, sabe? Aí fiquei pensando, como que esse cara faz a vida toda assim? Pra sair transando e cagando em tudo quanto é lugar? Não é um pombo? [risos] E aí não teve conversa assim, ela ficou puta e ele também já não queria, porque achou que ela exagerou, e eu não acho que foi exagero, gente, ela perdeu o colchão, sabe? E aí ela, nossa, mudou até de padaria, porque ela olhava pra ele e vinha aquela cena, a hora que ele levantou, do jeito que estava o lençol, que ela falou que ficou tudo no lençol e que, sei lá, parecia que ele tinha comido, [risos] — Palavras dela, tá? Eu vou falar, mas não deveria — parecia que ele tinha comido milho [risos] — Ai, meu Deus. —

E aí ela falou que ela ficava com aquela imagem, e aí ela não conseguia mais nem comer na padaria, pra você ver o nível que foi negócio e aí era um relacionamento que ela, sei lá, já tinha falado dele pra todo mundo, eles já tinham postado uma foto junto, aí ela apagou tudo e teve coragem de contar pra poucas amigas assim, não teve coragem de sair contando, porque é uma coisa que ela ficou bem traumatizada, sabe assim? Hoje ela ri, a gente riu muito e tal, porque ela me contou detalhes que pelo amor de Deus, eu não vou reproduzir aqui, mas gente, não é doido isso? Eu acho que o único erro dele foi não ter falado sobre isso, tipo: “Olha, eu tô afim de transar com você, mas tem um lance aí, que é o meu lance. Você topa?”, se ela topar forra com jornal ali, uma sacolinha, sabe? Um saco de lixo e vamos que vamos, sabe? Mas ele tinha que falar. Agora você caga desavisado na cama da pessoa? Ah, eu achei demais. Então, sei lá, chamasse ela pra transar no chuveiro, porque estava ali só dava uma mangueirada e já estava limpo, sabe? Eu achei falta de consideração dele, vocês não acharam? [risos] Então deixem seus recados lá pra Samanta no grupo, nosso grupo do Telegram. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, aqui é o Luiz de Portugal, a Samantha tá certa de seguir adiante, deixar esse cara pra trás. A gente sabe que existem fetiches de todos os tipos, só que quando você tá no relacionamento, os dois tem que topar alguma coisa, então se o cara gostava disso e achava isso normal, ele tinha que combinar com ela, qualquer coisa tem que ser sempre combinada com seu parceiro e quem tá fora não julga se os dois topam e os dois têm esse acordo. É isso. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, tudo bem? Eu sou a May, falo de Fortaleza, e primeiro quero pedir desculpas pra Samanta porque eu ri muito dessa história, porque realmente é absurda, mas ri com solidariedade, tá? Porque eu entendo que a autoestima do homem hétero é um negócio inexplicável, no sentido de que esse pombo, como disse a Déia, pensava que ia ser como? Que você ia gastar um colchão e um jogo de lençóis cada vez que fosse transar com ele? Amado, menos. É difícil a situação, ele deveria realmente ter sinalizado que tinha algo diferente e eu acho que normalmente esses caras que tem coisas estranhas envolvidas no quesito sexual eles demoram pra poder começar a transar, então fica aí o alerta amigas, fiquem atentas. Beijos. 

Déia Freitas: Um beijo e eu volto logo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.