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título: catfish
data de publicação: 05/10/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #catfish
personagens: vera e edson

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Hoje eu vou contar para vocês a história da Vera e do Edson, vamos de história.

[trilha]

A Vera e o Edson se conheceram na metade do ano passado, se conheceram no aplicativo e começaram a conversar, só virtualmente. Depois de um mês, mais ou menos, eles marcaram um encontro, a Vera marcou num lugar público, né? como se diz? Na praça de alimentação de um shopping, e aí de lá eles iriam pra algum restaurante e tal. Chegando lá ela estava sentada, esperando e chegou um cara totalmente diferente da foto do aplicativo, totalmente outra pessoa. E aí o cara se apresentou pra ela e era o Edson, e era um Catfish, né? Quer dizer, o cara usou a foto de uma outra pessoa, de um outro cara pra conseguir atrair mulheres e depois se apresentar pessoalmente como ele realmente é.

E assim, o cara não tinha nada a ver com o que ela curtiria num cara, vai, digamos assim… Só que o cara tinha muita lábia, mas muita lábia e, no final, ele até gostou de conversar com ele, eles foram jantar e começaram um relacionamento, mesmo ela sabendo que foi enganada por esse cara por um mês e pouco. E aí começaram a sair, a ficar, né, e o cara logo falou que queria um relacionamento sério com ela, tinha que ser sério. E ele falava que ele era dono de um bar, mas o bar não era ali na cidade deles, era um bar numa cidade que tinha uma faculdade, então assim, uma cidade universitária. Então ele ganhava muito dinheiro, mas ele deixava o bar pro irmão cuidar e um monte de historinha assim. 

Aí, isso foi no meio do ano, mais ou menos no meio do ano… Quando foi lá pra outubro, de repente, esse cara deu uma sumida de dois dias. Aí o que aconteceu? O que aconteceu, que que aconteceu? “Ah, meu irmão que cuidava do bar morreu”, “Gente, como assim?”. É, morreu… O irmão estava vindo dessa cidade pra cá e ele sofreu um acidente de carro e morreu, por isso que ele sumiu, porque ele teve que reconhecer o corpo, fazer o enterro. Estranho, né? Ele podia ter avisado ela, podia ter levado ela junto, mil coisas, mas ele fez tudo sozinho com a família dele. 

Aí agora não tinha mais quem cuidasse do bar, aí ele falou: “Ah, mas eu não quero ficar longe de você, então eu vou contratar uma pessoa pra cuidar do bar para não ficar longe de você. Se não vou ter que mudar pra essa cidade do interior.” E ela ficou toda felizinha, né? — Não entendi porque, né, Vera? Mas ficou. — Passou ali um pouquinho antes do Natal, mais uns — outubro, novembro, dezembro — dois meses, ele falou que o cara que ele contratou pra cuidar do bar deu um golpe nele, levou tudo que tinha dentro do bar, só deixou o salão lá que era alugado, né, pra ele devolver. E aí chorou, este homem chorou, este homem ficou mal, passou o Natal arrasado “O quê que eu vou fazer? O quê que eu vou fazer?”

Aí a Vera falou: “Bom, eu posso te ajudar um pouco”, e aí, gente, a Vera emprestou pra esse cara 20 mil reais. — Cara que ela conheceu no meio do ano, mas tudo bem, vai, criou um vínculo… — E esses 20 mil reais eram pra quê? Para que ele conseguisse acertar lá o aluguel do salão e mais umas coisinhas que ele devia por conta do bar e continuar levando as coisas dele, porque ele dizia que ele vivia de renda, da renda do bar, e aí ele não ia ter mais renda, né? E aí ela deu esses 20 mil… Quando chegou em janeiro, ele falou: “Ah, então eu paguei tudo, mas agora eu não consigo pagar o aluguel do meu apartamento.” E, detalhe: que era sempre na casa dela que eles iam, ela nunca foi na casa dele, ela não sabia nem onde ele morava, mas eles se viam todo dia, eles se falavam toda hora e aí ele falou que ele pagava 2 mil reais de aluguel, mais 1.300 de condomínio, então era mais 3.300. 

Aí a Vera que já tinha dado as economias dela pra ele, foi lá no banco dela e fez um empréstimo e deu pra ele pagar o aluguel, já avisando que no mês seguinte ela não teria como ajudar financeiramente e que ela precisaria começar a receber de volta o dinheiro dela, porque ia ter já a primeira parcela do empréstimo, e ele falou: “Não, tá bom, até o mês que vem eu já tô estabilizado, foi só esse bar, que eu tenho um investimento aí pra liberar no banco”, aquele assunto… Gente, mais quinze dias este homem sumiu. Sumiu e, detalhe: ele não deixava ela tirar foto com ele. Eles nunca tiravam fotos, eles ficavam juntos, ele era carinhosíssimo, um querido com ela, mas ela não tinha foto com ele.

E a única foto que ela tinha dele era aquele Catfish, aquela foto do aplicativo lá de relacionamento que eles tinham juntos, nem era juntos, né, que ele tinha colocado lá pra fingir que era ele. Esse cara depois de um tempo, o chip dele simplesmente não funcionava mais, ela chamava no WhatsApp, ele tinha dois números e nenhum respondia mais, nenhum respondia mais a Vera. E aí ela nunca mais achou esse cara e agora ela queria contratar um detetive, porque ela foi tentar fazer B.O. e ela foi desestimulada na delegacia, — Eu acho isso errado também… — mas eles falaram que precisavam pelo menos de mais uma pista, alguma coisa. 

Eu acho que, sei lá, né, não tinha pelo computador as conversas dele, sei lá, não dava pra saber, rastrear IP, essas coisas? Eu não sei como isso funciona, mas o escrivão lá, não sei quem que falou com ela na delegacia, falou que era muito pouco, que ela precisava pelo menos ter uma foto dele, alguma coisa. Então, nada foi feito, e aí ela queria agora gastar dinheiro para contratar um detetive pra ir atrás desse cara com algumas informações que ela tem que eu não vou revelar aqui pra, de repente, não atrapalhar uma investigação também, mas é isso então. Ela levou um prejuízo. Fora isso, ela pagava as coisas pra ele, aquela coisa que você não percebe quando você tem um cara muito sedutor e você vai pagando, fazendo as coisas e você só percebe depois… 

Então ela acha que entre o dinheiro que ela emprestou, o empréstimo que ela fez e as coisas que ela pagou, foi uns 30 mil que ela gastou com esse cara. E aí eu falei: “Mas pelo menos você não sabe nem o nome dele completo? Tipo, vocês não iam num motel, você nunca viu um RG dele? Ela falou que não, que eles ficavam muito na casa dela, ela mora sozinha, né? Falei: “Olha que perigo”. Que ele é um estelionatário… Um bandido ele é, mas ele não é um bandido violento. — Mas e se fosse? — E se fosse um bandido violento, que nem a gente vê lá naquele canal Investigação Discovery? Depois de tirar 30 mil e achar que ela vai causar problema, ele sufoca ela lá, pra achar é três, quatro dias… Perigo, né? 

Então ela quer saber de vocês se ela deve colocar um detetive atrás desse cara, ou se ela deve esquecer e aprender a lição aí. Eu não sei, eu não colocaria, gente, porque a gente não sabe até que ponto esse cara é um bandido sozinho, até que ponto isso é uma quadrilha. Eu não sei, eu amargaria o prejuízo e só. O que vocês acham? Mandem aí a opinião de vocês pra Vera. Eu, por mim, ela esquece isso aí, azeita e entuba esse sapo, esse prejuízo e já era. Então, beijo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.