título: futsal
data de publicação: 14/10/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #futsal
personagens: bianca e guilherme
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Voltei. E a história que eu vou contar pra vocês agora é a história da Bianca e do Guilherme.
[trilha]A Bianca e o Guilherme são casados há dois anos, e eles têm um bebezinho de oito meses. E eu quero focar numa primeira coisa que aconteceu, que eu acho que dali pra frente desandou. eles casaram, casaram no papel e na igreja, do jeito lá que eles queriam e a Bianca engravidou. E aí, assim, esse cara, esse Guilherme, ele nunca foi em um ultrassom dela, junto assim, acompanhar no pré-natal, nunca foi em nada, estava sempre trabalhando muito. Ele gosta muito de jogar futsal, então ou ele estava no futsal e tinha campeonato de sábado, que era o dia também que ela trabalhava que ela podia fazer pré-natal sem faltar no trabalho. E a coisa foi caminhando assim, ele nunca estava com ela nas coisas da maternidade, nunca acompanhava em nada.
Chegamos no dia do parto, a Bianca começou a sentir as dores, isso era umas dez horas da manhã e ele já estava lá, que era um domingo e era campeonato do futsal, então assim, eram vários times que jogavam no dia, uma coisa assim, eu sei que era um negócio que começou dez horas da manhã e ia até à noite. E ela ligou pra ele, ele não estava jogando ainda, não era o time dele e ela falou: “Olha, eu tô começando a sentir as dores, vem pra cá”, ele virou pra ela e falou assim: “Mas e se for um alarme falso? Não é melhor você ir indo pro hospital pra ver se realmente é? Se for, você me avisa. — Assim, gente, ele já devia voltar, né? Ela respirou com dor, o cara tem que voltar pra casa, né? —
Ela teve que pegar um táxi com a maletinha do bebê e ir pro hospital, chegou lá no hospital era trabalho de parto mesmo, aí ligou pra ele e falou: “Olha, já tô em trabalho de parto, a médica inclusive já tá vindo pra cá, vai nascer”, ele falou: “Ah, então, eu vou jogar, eu entro daqui vinte minutos pra jogar e aí depois eu vou” — Quer dizer, o cara ainda… [risos] — Ela falou: “Não, você não tá entendendo, você tem que vir pra cá”, aí ele falou: “Não, você que não tá entendendo, o campeonato só tem uma vez por ano e eu não vou desfalcar o meu time”. — Gente, “eu não vou desfalcar o meu time”? Seu filho tá nascendo, sua mulher tá sozinha no hospital… — Aí como a mãe dela mora em outro estado, ela ligou pra uma amiga, pra uma amiga ficar com ela lá durante o parto. E sabe que hora que esse Guilherme foi chegar no hospital? Dez e meia da noite. Ela já tinha até… O nenê já estava com ela, já tinha ido e voltado o nenê pro quarto e pro berçário e nada dele, nada dele.
Essa colega da Bianca ligou para o Guilherme um monte de vezes, xingou, aquela coisa, né? E ele só apareceu realmente depois do campeonato, com cheiro de churrasco. E aí o que ele disse? — Veja se tem cabimento, gente… — Que ele não foi para o parto do filho dele, cuja a mulher estava sozinha no hospital com medo, porque quando ele falou lá que ele ia ter filho, os caras fizeram ele ficar pra comemorar. — Isso era dez da manhã e ele ficou até dez da noite comemorando, doze horas? Ele ficou lá assistindo o campeonato, todos os jogos, e é isso, né? Tipo, não priorizou a própria esposa. — Então daí pra frente, pra mim, gente, se fosse eu no caso, nem na maternidade eu ia deixar ele entrar, ia deixar um aviso pra falar: “Olha, esse homem é um psicopata, não vai entrar, não vai ver criança, não vai ver nada e me largou sozinha pra ter o filho”. —
E aí ele chegou tarde lá no hospital, cheirando a churrasco e tal, ela chorou, né? Ficou magoada, e ele achou ainda que tipo, “Ah, mas deu tudo certo”, olha a frase: “Se eu tivesse aqui o que ia fazer de diferença? Eu não sou médico”. — Sério, sério, gente? — Então, daí pra frente a gente já podia saber que não vinha coisa boa, né, Bianca? Mas, ela continuou com ele, ele sempre dava essas mancadinhas e o bebezinho foi crescendo e tal. A Bianca tem asma, então agora ela tá super com medo, né? Porque tem um monte de gente com asma aí pegando Covid e morrendo, e aí ele aguentou duas semanas na quarentena, depois de duas semanas, gente, esse cara começou a sair como se nada tivesse acontecido e, detalhe: a turma dele do futebol tá se encontrando pra jogar escondido. Eu já falei pra ela: “Denuncia o dono da quadra”. — Denuncia o dono da quadra porque não pode, tá proibido esse tipo de coisa. —
Então, agora esse cara ele sai todo final de semana pra jogar, pra ficar com os amigos dele na clandestinidade, mas aglomeração, e ela tá morrendo de medo dela ser contaminada, do bebezinho ser contaminado e o cara não tá nem aí. Os medos dela, — E eu até entendo — ela quer sair de casa e ir pra casa da mãe dela, só que a mãe dela também é grupo de risco e se esse mau-caráter, esse cretino do marido dela já trouxe o Covid pra casa? E se ela tá contaminada assintomática e levar o vírus pra mãe dela? Então ela quer sair de casa, quer ir pra mãe dela, mas o jeito correto dela fazer isso, ela conversou com o pediatra da criança por telefone e o pediatra falou que a maneira correta seria: ela fazer o teste, ela dando negativo, ela fazer uma quarentena sem o marido de quatorze dias, sem o marido e sem a mãe, pra aí depois ela ir pra casa da mãe, e aí onde que ela vai fazer essa quarentena se o marido dela tá lá na casa?
Então eu falei pra ela, minha sugestão é: bota ele pra fora, “Ah, mas é que a família dele não mora no mesmo estado que a gente”, ué, problema dele, ele não tá trabalhando em casa? Tá trabalhando em casa, fazendo home office, ele pode fazer home office em qualquer lugar. “Ah, vai perder os amigos do futebol”, foda-se, não é problema seu, bota ele pra fora. E aí se, ah, você não quer botar pra fora definitivo pra ficar na casa, você quer ir pra sua mãe? Bota ele pra fora pelos quatorze dias. Ela falou que parece que tem laboratório que faz teste, mas tá tipo quinhentos reais, eu achei um absurdo esse preço, mas se ela pode pagar, faz o teste. Eu acho que você vai ter que fazer em você e no bebezinho, não sei como funciona isso. E aí você tem que botar ele pra fora, aí você vai e faz o teste, fica quatorze dias e vai pra casa da sua mãe, fala pra ele: “Daqui quatorze dias você pode voltar pra ficar na casa”, eu acho que a solução é essa, mas ela quer ouvir de vocês, o quê que vocês acham, o que vocês sugerem pra ela poder ir pra casa da mãe dela em segurança.
Não sei também, se ela for pra casa da mãe dela e ficar confinada no quarto lá com o bebezinho por quatorze dias, mas aí ela acha que a mãe dela não vai aceitar, que a mãe dela vai pegar o bebê e eu também acho que a mãe dela vai querer pegar o bebezinho no colo, não vai aguentar quatorze dias. Então, eu acho que a solução é pôr esse cara pra fora, eu não vejo outro jeito, e é isso, eu tô com ódio, com muito ódio desse cara. Então se vocês tiverem sugestões pra Bianca de como ela pode fazer pra ir pra mãe dela, porque é o que ela quer fazer. Depois da quarentena ela não sabe se ela vai ficar com ele ou se não vai. Eu, por mim, vocês já sabem, né? Ela não sabe, mas por enquanto ela não quer mais correr esse risco e ela tá certa, né?
E também tem que denunciar esse cara da quadra aí que tá deixando os caras irem jogar, tem que denunciar, eu acho. Eu falei pra ela, se ela me passar um dia o telefone eu mesma denuncio, porque, gente, não pode, não existe isso, sabe? Quantas pessoas devem estar fazendo isso então, clandestino… Eu fiquei sabendo também de um caso aí de uma academia que também estava clandestina e denunciaram, tem que denunciar, gente, tem que denunciar. Então deixem as mensagens pra Bianca lá no nosso grupo do Telegram, que é Não Inviabilize. E se você não tá no grupo joga na busca do Telegram que você vai achar, “Não Inviabilize”, e deixa lá seu comentário pra Bianca. Um beijo e até daqui a pouco.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]