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título: vacina
data de publicação: 14/10/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #vacina
personagens: renata e márcia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei. A história de hoje é a história da Renata e da Márcia, quem me escreve é a Renata.

[trilha]

A Renata trabalha numa multinacional grandona junto com a Márcia, então, uma parte da empresa, uma boa parte da empresa foi colocada de home office, só que, assim, como que foi separada a empresa? Metade recebeu férias de trinta dias, do departamento da Renata e metade ficou em home office. Então, a Renata ficou na primeira metade das férias e a Márcia em home office, só que a Márcia, o trabalho que ela faz, ela precisa ir pelo menos uma vez na semana na empresa, e não só ela, né? Algumas outras pessoas. E a empresa decidiu dar um vale vacina pra todos os funcionários, vacina da gripe influenza, então eles fizeram um convênio lá com o laboratório, o laboratório de uns vouchers lá e eles distribuíram certinho um pra cada um. 

Então, assim, quem estava de férias ia receber o voucher pelo correio, só que a Márcia, como ela mora muito perto da Renata e elas são amigas, a Márcia falou: “Olha, pode deixar que eu levo”, o vale da Renata e assinou lá que ela retirou o vale vacina da Renata. — Então, tem lá uma comprovação que ela pegou o vale vacina da Renata. — E os vales, eles tinham número, todos numerados, só que não tinha nome, então a Márcia estava com dois, ela podia dar qualquer um dos dois pra Renata que estava valendo, o importante era não perder a data e vacinar. E a Márcia falou, avisou a Renata que ia pegar o voucher dela e levar, passar lá e deixar na caixinha do correio, por causa do isolamento, etc. Passou uma semana e nada da Márcia passar lá com o voucher, e a Renata cobrando, falou: “Ó, eu quero aproveitar minhas férias agora, eu vou, tomo essa vacina logo, se me der alguma reação eu tô em casa ainda”, e a Márcia: “Não, eu vou passar, vou passar, vou passar…”, e a Renata falou: “Você já tomou?”, ela falou: “Ah, já tomei, já fui lá e já tomei” e nada.

Aí a Márcia não atendia mais a Renata, respondia mensagem assim bem vaga, e aí a Renata falou: “Olha, eu vou passar aí na sua casa pra pegar esse voucher, eu preciso tomar essa vacina, todo mundo já tá comentando lá no grupo que todo mundo tomou e eu não tomei ainda”. — Aí, gente… — [risos] A Márcia falou que ela pegou o voucher da Renata e, como ela está cumprindo quarentena com o namorado dela, ela achou que seria interessante ele tomar vacina também, só que lá o laboratório ele não estava aberto para assim, pessoas físicas, eles só estão vacinando em empresas, estão recebendo lá pessoas de empresa. Então ela deu o voucher da Renata para o namoradinho dela vacinar… — Sério, simples assim. — E agora ela estava tentando achar um laboratório, a Márcia, estava tentando achar um laboratório pra Renata tomar vacina, ela não estava achando porque teria que ser com um valor mais baixo porque ela está cheia de dívida e ela não tá achando, e que “Ai, Renata, me desculpa, mas você não vai vacinar”. 

Renata ficou puta da vida e comentou com algumas colegas também lá da empresa, e uma delas falou: “Olha, só que tem uma coisa, eu voltei de férias ontem e a primeira coisa que me pediram foi a carteirinha de vacinação pra eu mostrar lá, porque eles querem todo mundo trabalhando, tem que voltar vacinado”. E aí, gente, [risos] a Renata ficou naquelas, né? Tomo ou não tomo, pago do meu bolso ou não pago, conto no RH? Só que assim, se ela contasse no RH, a empresa já tá tendo cortes, a Márcia provavelmente, sei lá, ia ser mandada embora, que foi uma leva mandada embora, e qualquer motivinho eles estavam mandando embora. E aí ela não contou, foi lá, gastou duzentos e oitenta reais e vacinou, voltou a trabalhar, Márcia saiu de férias com o namoradinho dela, Renata mostrou a carteirinha, teve que dar uma desculpa lá e falou que, ah, no dia do voucher não estava dando pra ela ir, aí ela vacinou em outro lugar e repassou o voucher.

A empresa não falou nada, ficou por isso mesmo. — E agora, gente, agora que vem a graça. — Agora que a Renata voltou na empresa, ela ficou sabendo que oito pessoas que é só ali do departamento dela, incluindo a bonita da Márcia, junto com o voucher da vacina, ganhou um voucher de um mercado aí que é parceiro da multinacional, de seiscentos reais em compras, e cadê o voucher da Renata? Porque foi essa equipe que faturou, não sei o que a mais, a Márcia assinou lá que também retirou esse voucher da Renata e aí ela pegou o telefone puta da vida e ligou pra Márcia, e a Márcia começou a chorar que está passando dificuldades. Só que assim, a Renata falou que elas ganham super bem, e que ela já se recusou a pagar a vacina, e agora falou que gastou o voucher.

Então, a Renata gostaria de saber, porque assim, se ela contar no RH, a Márcia vai ser mandada embora mesmo. E ela até deu opção pra Márcia de pagar parcelado, falou: “Então você vai me devolver isso parcelado”, e a Márcia ficou falando que: “Ah, eu vou ver o que eu vou fazer”, mas tá enrolando e elas ganham bem. Só que a Renata não sabe se, de repente, ela tá com algum problema financeiro, mas, mano, ela pegou, tipo, somando tudo vai: duzentos reais da vacina, mais seiscentos do vale compra aí que esse mercado deu pra equipe, poxa vida. E não falou nada, porque como era um negócio que ia ficar só entre a equipe ali, porque eles não estão numa fase de comemorar, ninguém tá, né, gente? Tipo, pandemia…

A Márcia, de repente, achou que a Renata não fosse ficar sabendo, mas lógico que ela ia voltar, ela ia ver o que ela assinou, o que ela não assinou, o que tinha de recibo na mesa dela, o que não tinha. E, agora, uma vez por semana ela vai na empresa, a Renata, e aí ela queria saber de vocês, gente, se ela conta no RH ou não. Assim, me deu muita raiva quando eu soube da história, mas é aquela coisa, se ela contar no RH ela vai ser meio que responsável pela demissão da Márcia, apesar da Márcia ter cavado a própria cova, né? Mas, será que não tem um outro jeito dela resolver isso com a Márcia? A Márcia só enrola. E ela falou: “Meu, não posso também ir lá na casa dela e fazer um escândalo na porta, e não tem cabimento, né?”, então o quê que ela pode fazer, uma das opções é ir no RH e falar: “Olha, eu não autorizei que ela recebesse por mim, eu não sei daqui de dentro quem autorizou”, que aí vai sobrar pra quem autorizou, porque a Márcia se prontificou a levar, então, não sei, né? Vai dar um rolo isso aí.

E aí eu até falei isso pra Renata, falei: “De repente, Renata, no final, isso acaba te prejudicando também, né? Porque vai envolver, sei lá, quem entregou o voucher na mão da Márcia, né? Aí vai rolar demissão, quer dizer, você já fica mais visada. Eu acho que agora é o momento de ficar o mais camuflado possível pra não ser mandado embora, né?”. Então, gente, o que vocês acham assim? Poxa, uma coisa séria, pegar um voucher de seiscentos pau e gastar. Então é isso, né? Ela quer receber a vacina e ela quer receber esse voucher aí que provavelmente a Márcia gastou com o namorado. Pô, juntando dela e o da Renata, mil e duzentos pau de mercado. Só valia pra compra de mercado mesmo, tipo, supermercado, não podia pegar televisão, essas coisas, nada, tinha que pegar compra de mercado. 

Então, poxa, ela gastou, como que ela gastou dois vouchers, né? E mesmo se gastou, gente, sabe, não era dela. Então, gente, fala lá no nosso grupo do Telegram, é só jogar na busca “Não Inviabilize”. Então é isso, gente, deixem seus recados lá pra Renata, pensando assim, que é uma coisa séria, né? Não é filme, não adianta dar solução mirabolante, ela precisa de uma solução que funcione agora, ou ela, sei lá, deixa quieto e vai cobrando a Márcia, ou conta no RH, ou alguma outra coisa aí que vocês sugiram, mas, né? Vamos tentar focar em coisas possíveis, [risos] que às vezes o pessoal dá uma viajada lá no grupo e acaba não ajudando de fato a pessoa que tá pedindo conselho, então vamos dar um conselho aí com pé no chão. É isso, um beijo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.