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título: fofoca
data de publicação: 23/10/2020
quadro: amor nas redes – especial afetos
hashtag: #fofoca
personagens: carla e gisele

TRANSCRIÇÃO

Déia Freitas: Gente, hoje é sexta-feira, dia de história de amor em homenagem ao podcast Afetos e as minhas lindas Karina Vieira e Gabi Oliveira. A história de hoje é história “fofoca”. É uma história lá do canal do Telegram e que agora foi editada pra todo mundo poder acompanhar. E, se você ainda não é um assinante lá do nosso apoia-se, assina, tem umas cinquenta quase sessenta histórias inéditas lá que não estão ainda no Spotify e em nenhuma dessas plataformas. E aí eu consigo trazer mais histórias, editar mais histórias pra vocês. Tá bom? Um beijo, bom final de semana e semana que vem eu tô aí. 

[vinheta] Amor nas Redes, sua história contada aqui. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei e eu vou contar uma história fofinha. A história de hoje é a história Carla e da Gisele, e ela se passa aqui em São Paulo. Então vamos lá. Quem me escreve é a Carla, ela tem trinta e um anos, ela é fisioterapeuta. Ao longo da vida aí ela teve muitos namorados, ela estudou bastante para se formar fisioterapeuta e, desde ali do ensino médio tinha um namoradinho aqui, um namoradinho ali e sempre o pai e a mãe dela em cima, pra ela continuar estudando, não focar muito em namoro. Mas quando ela fez vinte anos, ela engravidou [som entrada nupcial] e casou com um cara aí que eu não vou dar nome, então vocês já sabem que eu não gosto dele. 

Ele era um cara abusivo, insuportável, tratava muito mal a Carla… E, depois que nasceu o bebezinho, o casamento durou ali mais um ano e pouco e acabou, eles se divorciaram. Eles tinham casado no papel, tudo certo e acabaram se divorciando. Aí a Carla conheceu um outro cara muito legal e, depois de um tempo eles foram morar juntos. Aí ela já estava estudando, já fazia faculdade, a mãe dela dava uma força, ficava com o bebezinho e tudo correu muito bem. Eles ficaram mais dois anos juntos, ela gostava muito do cara… Mas sabe quando não é aquilo? O cara era bacana… 

Eu não vou dar nome pra ele também porque não é importante na história, mas ele era um cara bacana e ela gostava dele, ele gostava dela, mas sei não, não era aquilo. A Carla não sabia explicar. Não era aquilo. Aí depois de dois anos com esse cara bacana a Carla falou: “bom, vou focar no meu filho, nos estudos e vou dar um tempo. Não sei… Não sei o que está acontecendo comigo, não tô mais a fim…” e sossegou. E ela foi fazendo as coisas dela, caminhando, fazendo o que tinha que fazer, do trabalho, da faculdade, os estágios… 

E em um dos estágios que ela foi fazer, ela já estava fazendo os lances lá de fisioterapia e ela foi lá fazer os trem de de fisioterapia nas pessoas e, uma hora lá ela foi fazer uma coisinha que eu tinha que fazer de choquinho, e tinha lá uma moça pra ela atender. E quando ela olhou aquela moça… [trilha romantica] Que esquisito… Como assim ela olhou para uma moça? E ela achou a moça interessante. E, assim, a Carla ela nunca tinha sentido nada por uma mulher. Até então ela só tinha se relacionado com garotos, nunca tinha parado para pensar nisso, mas ela olhou para aquela moça ali, que estava esperando levar pequenos choquinhos dela e ela tomou um choquinho. [risos]

Eu amei fazer essa piada, gente…. [risos] A Carla levou um choquinho… E eu ainda estou rindo do choquinho. [risos] Ai, ai… E, assim, foi uma coisa totalmente inusitada pra Carla, uma coisa que ela não sabia lidar, porque ela achou a moça bonita, mas não como a gente… Eu que sou hétero, passou uma moça aqui e “nossa, que moça bonita”. Ponto. Não, ela se sentiu atraída pela moça. E pra ela era uma coisa nova uma coisa que ela não estava conseguindo entender. E aí ela nem conseguia manusear a máquina de choquinho direito, e aí chamou ajuda e tal. E a moça ali na dela. 

Aí uma hora a moça viu que ela estava meio sem saber como fazer, aí a moça perguntou se ela era estagiária e nã nã nã… E aí a moça se apresentou. O nome da moça é Gisele. E aí elas conversaram um pouco, a moça fez o choquinho lá com a ajuda da fisioterapeuta formada, né? E a moça tinha dez sessões para fazer. A Gisele tinha dez sessões de fisioterapia para fazer nessa clínica que ela estava fazendo estágio, ou seja, ela ia encontrar essa moça mais nove vezes. 

Tá, então aqui algumas coisas que a Carla me falou… Número um, era a primeira vez que ela sentia atração por uma garota, então era uma coisa super nova, super estranha e que ela não sabia como lidar. Dois: ela não tinha ideia se a garota era hétero ou se a garota era lésbica, e como lidar com a situação. Três: era no estágio dela, que dizer, era no trabalho dela… Complicava mais. Então, ela acabou aquele dia totalmente com a cabeça virada, e o que mais deixou ela chocada mesmo foi que ela nunca pensou ou nunca parou pra pensar em mulheres desse jeito e, de repente, a Gisele acendeu nela uma coisa no coração dela que ela não sabe explicar assim… Sabe, tipo amor à primeira vista? Ela usou essa expressão. 

Falou que foi um amor à primeira vista assim o que ela sentiu. Então a Carla foi pra casa super assustada e apaixonada pela Gisele, o que é muito fofinho. E já pensando que dali dois dias ela veria a Gisele novamente, então era só aguardar, ir bem arrumada, né? [risos] Dar uma caprichada no visual e ver o que acontece, tentar se concentrar para fazer o trampo certo ali na hora de atender a Gisele e vamos que vamos. Só que, né? Nem tudo sai como a gente quer. Chegou no dia do atendimento da Gisele, a Carla olhou lá na agenda para ver o horário que ela vinha e ficou na expectativa. Mais ou menos no horário ela foi lá na recepção dar uma olhadinha e a Gisele estava lá conversando com um cara. [música triste] 

Ela estava acompanhada com o cara… Quer dizer, balde de água fria, né? E da outra vez ela nem se ligou, nem pensou nisso de dar uma olhada na recepção de com quem ela tinha vindo… Ela já recebeu a Gisele lá na sala de fazer o choquinho. Então ela não sabia também se da outra vez ela tinha vindo com alguém. Então aí já deu aquela “puts”, né? Já deu aquela murchada, já ficou meio murcha na hora de atender Gisele, e a Gisele toda falante… Falando: “ah, hoje você tá mais quietinha, não sei quê” e puxando assunto… E passou. Ela ficou bem desanimada porque a Gisele estava com o cara e pensou: “ah, quais as chances?” e resolveu dar uma desencanada. Mas não tirava Gisele da cabeça de jeito nenhum. 

Dali mais dois dias foi o final de semana. Na segunda feira Gisele estava lá de novo para mais uma sessão de fisioterapia. A Carla estava bem chateada, porque ela não sabe explicar, mas ela tinha gostado de verdade da Gisele. E quando ela viu a Gisele com o cara ela ficou super triste, então, naquela segunda vez ela tinha ido toda arrumadinha, bonitinha… Nessa terceira vez ela falou “ah, lógico que eu não tenho a menor chance, a menina tem namorado. O que eu tô pensando”, né? E aí ela foi… Sabe aqueles dias que a gente não penteia nem o cabelo? Pega aquele cabelo todo embaraçado, faz um coque disfarçado e sai? Então… Assim foi a Carla. 

Com qualquer roupa, aquele tênis que não é branco mais, aquele coque que se você por um pente ali não sai… E eu faço muito isso… Se você me ver na rua de coque assim, meu Deus, se você passar a escova, não sai mais a escova… [risos] E ela tá lá, daquele jeito… E quem está sozinha na recepção? Sozinha? Gisele. Aí ela: “puts, eu toda mulambenta, toda desarrumada…” e a Gisele sozinha. Aí elas conversaram um pouco mais e, num determinado momento lá ela perguntou pra Carla: “ah, você sabe me dizer aqui onde passa ônibus para tal lugar?” A Carla explicou e ela falou: “porque hoje o meu irmão não veio comigo”. Vitória. Na hora a Carla pensou “vitória”. Era o irmão dela. 

Era o irmão dela… Tá vendo como a gente não pode já ir antecipando as coisas? Era o irmão dela… Naquele dia o irmão não levou e ela ia ter que voltar de ônibus. Elas conversaram um pouco mais e ali a Carla já estava pensando que agora ela sabia pelo menos o bairro que a Gisele morava, porque ela tinha perguntado do ônibus, como fazia para chegar, nã nã nã. Depois de mais algumas sessões, a Carla teve a impressão de que Gisele estava dando uma abertura, mas ela não sabia se a Gisele era muito assim meiga e uma pessoa fofinha ou se ela realmente estava interessada. 

Até que faltando duas sessões para terminar a fisioterapia da Gisele, a Gisele convidou Carla para ir ao cinema. Gente, sério… Quais as chances de você nunca ter gostado de menina, você bate o olho, se apaixona por uma menina e essa menina, que você não sabe se é hetéro ou se é lésbica te convida para ir ao cinema? A Carla estava nas nuvens, mas até aí ela também não sabia se a Gisele estava convidando para ir ao cinema tipo amigas ou se mais que amigas. Mas já era alguma coisa, não vamos reclamar aqui. 

Gente, o dia do cinema chegou… E a Carla ansiosa, a Carla não sabia até então se Gisele era uma garota hétero, bi ou lésbica. Para ela seria importante se fosse bi ou lésbica que aí ia ter jogo. Se fosse uma amiga hétero aí elas iam, sei lá, ver um filminho, comer uma pipoca, sei lá, um lanche depois e cada uma pra sua casa… 

A Carla e a Gisele marcaram de se encontrar ali na porta do cinema mesmo, na bilheteria. E a Carla chegou antes, ali toda tensa, esperando, olhando uma piscina de bolinhas pra criança que tinha ali do lado. [som de crianças] Aí uma hora olha ela olha pra trás e a Gisele vem vindo. Só que a Gisele ela não está sozinha, ela está com uma outra moça… Puts, sabe quem é a outra moça? A namorada da Gisele. Sim, a Gisele chamou a Carla para ir ao cinema [falado e rindo ao mesmo tempo] com a namorada. Quem faz isso? Quem faz isso, gente? 

Bom, mais pra frente vocês vão saber porque é que isso aconteceu, mas agora, ali na hora a Carla teve que azeitar e entubar… [risos] Engolir aí um filminho com a Gisele e a sua namorada… Mas eu vejo ponto positivo em tudo, pelo menos agora a gente sabe das preferências da Gisele, né? Porque a Carla tinha essa dúvida, então agora ela sabe. Carla saiu do cinema arrasada, né? Porque, assim, não é só o fato também de saber que Gisele também curte mulher, mas saber que ela tem uma namorada e como disse a Carla para mim, geralmente, relacionamento de duas mulheres assim duram bastante. [risos]. 

Então, ela via esperança… [risos] Ai, ai… Ela não via esperanças de romper logo, ela falou “ai, meu Deus, vou ter que esperar uns dez anos pra sair com a Gisele”, mas pode ser que não… Pode ser que ela saia antes… Daí a Gisele teve a sua última sessão lá de fisioterapia. A Carla até mudou os horários para não encontrar mais, mas, assim, elas continuaram conversando um pouco no WhatsApp. Pouca coisa. Porque também agora a Carla desistiu do amor. [risos] A Carla naquele ponto tinha desistido do amor, então nem com homens, nem com mulheres… Ela ia ficar aí sem ninguém pra sempre, porque a Carla é um pouco dramática, eu adoro. [risos]. 

E aí elas conversavam vez ou outra, o tempo foi passando… A Gisele não tinha mais porque fazer fisioterapia então não se encontravam mais, mas até que um dia, a Carla resolveu dar uma alfinetadinha sobre aquela vez do cinema. No meio de um assunto lá qualquer, a Carla virou pra Gisele, virou é modo de falar, né? Porque elas tão no WhatsApp. [barulhos do Whatsapp] E falou pra ela: “também você me chama pra ir ao cinema e leva uma acompanhante, né? Desse jeito…” e colocou três pontinhos em um “kkk” ali para dar uma suavizada. 

E a Gisele parou de responder. Parou completamente de responder. Mas a Carla falou de um jeito que deixou claro que ela estava realmente interessada e que ela achou que no cinema ia rolar alguma coisa. E a Gisele passou ali umas duas horas sem responder nada. Gisele voltou dali duas horas no Whatsapp com um textão. Textão de Facebook assim… Enorme. Falando o quanto ela gostava da Carla, que assim que ela viu a Carla ela se apaixonou, mas ela achava que não tinha chance, porque a Carla tinha um filho e ela deduziu que a Carla fosse hétero. Então ela queria só amizade e nã nã nã, mas que ela era apaixonada, não sei o que lá… E depois dessa, lógico que elas marcaram um encontro, que a Carla ainda frisou: “você vai sozinha”. [risos] 

E aí ela se encontraram… [música romântica] Gente, Carla e Gisele começaram a namorar. Não é fofinho? E, assim, uma muito apaixonada pela outra, as duas muito se amando, muito companheiras, só que nem tudo era flores, né? Sempre tem o outro lado. E aí é que agora a história não fica muito boa. [música de suspense] 

A moça que foi ao cinema com a Gisele daquela vez e era namorada dela, trabalha junto com a Gisele. Elas trabalham no mesmo prédio. Não é nem na mesma empresa, mas é um prédio comercial e as duas trabalham no mesmo prédio. Então a Gisele vê essa ex todo dia e, assim, elas terminaram, mas não terminaram brigadas, elas continuaram amigas. E isso era um pontinho que incomodava um pouco a Carla, porque a Gisele e essa moça que não vamos dar nome, elas tinham uma intimidade, agora elas eram só amigas, mas elas eram amigas bem próximas. Isso incomodava um pouco a Carla, às vezes a Carla até tocava no assunto, mas nada assim de fazer cena de ciúme, nada, ela só estava atenta. 

Carla estava atenta e tinha alguma coisa na moça lá que incomodava. A Gisele muito gente boa e, assim, não querendo mesmo criar nenhum clima entre as duas, entre a ex dela e a Carla, falou: “não, a gente tem que tirar isso da sua frente, Carla, tem que confiar em mim. Nem que para isso você tenha que se aproximar também dessa minha ex e ver que não tem nada a ver”. Então, o que é que a Gisele fez? Ela começou a introduzir essa ex nos passeios, ali na vivência… Porque aí agora a Carla conheceu as amigas da Gisele, então ela pode saber assim um pouco mais do mundo que não era dela, do mundo aí LGBT+ e ela estava muito feliz com isso, de conhecer pessoas novas, outros nichos, outras vivências. E ela foi ficando amiga da ex da Gisele… 

Então, assim, Carla e Gisele namorando e a ex sempre ali orbitando em volta. Eu acho que a palavra é essa, ela estava ali orbitando em volta das duas, se tinha um rolezinho ali, um passeio ela ia, se tinha um barzinho ela ia… Aí agora as famílias já estavam ok com tudo, então a Carla apresentou a Gisele em casa, a Gisele já conhecia o filhinho da Carla… Aí a ex da Gisele também foi apresentada lá na casa da Carla, então assim, virou uma grande vivência. Todo mundo se conhecia, se tinha uma festinha em casa todo mundo ia e, né? Sei lá… [suspiro]. 

Bom, numa dessas festinhas, o ex que é o pai do filhinho da Carla estava na festa. Então o ex conheceu a Gisele e conheceu a ex da Gisele, que agora era amiga das duas. O ex da Carla, pai da criancinha, ama xadrez, sabe jogar, curte… E, por coincidência, a ex da Gisele também. Então, numa dessas festas, os dois ficaram ali jogando xadrez, e o tempo foi passando, eles jogando xadrez, eles acabaram trocando telefone para jogar xadrez online os dois… E ali criou uma nova amizade entre ex da Carla e ex da Gisele. 

Enquanto isso, Carla e Gisele ótimas, namoro incrível, super firmes. Um ano de namoro, Carla e Gisele super felizes, comemorando ali um ano de namoro. E depois dessa festa de um ano, a Gisele ia ter que fazer uma viagem de trabalho ali de poucos dias, cinco ou sete dias no máximo e, na volta elas tinham combinado de colocar uma aliancinha no dedo. Então, com um ano ali… Não ia ser bem um noivado, ia ser uma aliança de compromisso, um primeiro compromisso, mas a Carla estava crente que as duas iam casar, né? Sei lá, em um dois, três anos no máximo ela se casariam. A Carla tinha certeza disso. 

Só que a Gisele voltou diferente dessa viagem, voltou meio seca, estranha, sabe? A Carla chamava ela para conversar ali no WhatsApp e ela respondia vez ou outra… Aí começou a dar uns perdidos e, né? DR. Carla falou: “não, vamos ter que sentar e conversar, o que está acontecendo…”. Carla sentou com Gisele para conversar, lembrando que elas iam colocar uma aliança de compromisso, e a Gisele simplesmente virou pra ela e falou: “olha, eu não quero mais, não está funcionando para mim e eu não quero mais. Quero terminar.” Assim, gente, do nada. Gente, a Carla ficou sem chão, nossa, sem saber o que fazer. E aí choro, [som de choro] implorou, aquele combo de humilhação quando termina um relacionamento e nós somos o lado que não quer terminar. 

Então rolou ali toda aquela cena. E a Giselle firme, falava: “vai ser melhor pra mim, vai ser melhor pra você”. E a Carla inconformada… “Como você sabe o que é melhor para mim? O melhor pra mim é ficar com você e tal”, mas a Gisele bateu o pé e falou: “mas pra mim não é o melhor, eu não quero mais”. E simplesmente rompeu, bloqueou a Carla em tudo. Gente, do nada. Do nada. Gente, a Carla ficou tão mal que ela precisou fazer terapia, precisou fazer terapia porque ela não se conformava, porque foi realmente de uma hora pra outra. Não teve uma briga, não teve um estranhamento, não teve um climão, nada… Gisele viajou, quando voltou, voltou assim. E aí agora a gente vai precisar dar um salto nessa história. Um salto de quatro anos. [som de viagem no tempo]

Carla seguiu a vida. Lembrando que aqui eu estou contando a história pela ótica da Carla, foi a Carla que me escreveu. Então Carla seguiu a vida, ela teve ali mais alguns relacionamentos, tanto com homens quanto com mulheres. Ela se encontrou realmente na bissexualidade, ela não se vê só como lésbica ou como hétero, ela é uma bissexual. Então ela quer que isso seja bem claro em todas as histórias que ela tem, com todos os relacionamentos… E a gente não sabia nesses quatro anos da Gisele, porque ela realmente bloqueou a Carla em tudo… E a Carla como estava na terapia, acabou se afastando dos amigos que tinha em comum, justamente para não sofrer, porque ela sofreu demais pela Gisele e ela nunca esqueceu a Gisele. 

A Gisele era o grande amor da vida dela… Até que um dia a Carla estava fazendo compras, comprando uma coisinha ou outra, uma frutinha, umas coisinhas para comer assim no jantar, no Big Ponêi e encontrou a Gisele. Ela ali no Big Ponêi, num corredor ali comprando umas coisas… E ela viu a Gisele passar. Ela quase infartou. [som de coração batendo acelerado] Porque assim, foi ver a Gisele e voltar tudo. Aquilo que ela achou que tinha superado, que não gostava mais, foi só olhar para Gisele que voltou tudo. E o que ela fez? Ela correu pelo supermercado Big Ponêi ali, foi correndo, correndo até passar pelo… Sabe, a pessoa está num corredor na horizontal, e os corredores ali das prateleiras na vertical, você vai lá pelo outro lado na horizontal até dar a volta para interpelar a pessoa lá na frente, como se fosse por acaso? 

Então ela correu, deu uma volta pra pegar Gisele de frente, como se elas se encontrassem do nada. E a Gisele também tomou um baita susto e, pela cara da Gisele, a Gisele ficou toda vermelha assim, parecia também que ela tinha sentido alguma coisa. E ficou ali um clima e a Carla falou: “Não, eu não vou deixar passar essa oportunidade” e falou: “Oi, Gisele. Tudo bem? Como é que você tá?”, puxou ali uma conversinha mole, né? E aí ela acabou falando que tinha trocado telefone. E Gisele trocou, realmente trocou de número e, meu, elas acabaram trocando telefone de novo. E Carla e Gisele voltaram a conversar de novo. E aí agora, gente, agora vem a minha revolta. 

Carla e Gisele resolveram passar ali as coisas do passado a limpo, tirar a limpo o que tinha acontecido, agora as duas já estavam mais maduras e fora do relacionamento, então era mais fácil conversar. O que aconteceu nesse tempo que Carla e Gisele ficaram separadas? A Gisele, gente, foi morar com aquela ex, voltou com aquela ex e elas moraram juntas, praticamente casaram, né? Ficaram juntas depois que ela terminou com a Carla, dois anos e pouco. E aí acabou não dando certo, cada uma foi para um lado e a Gisele, naquele momento, que elas estavam conversando estava sozinha. Carla também estava sozinha e Carla já nervosa, como assim com a ex? Porque a ex, naquele ponto que elas tinham terminado, rompido a relação, a ex ainda ficou amiguinha da Carla um tempo, tipo, consolando a Carla… E ela já estava… Essa ex já estava com a Gisele de novo. 

E por que a Gisele terminou com a Carla? Olha só a história, a fofoca, por isso que a história chama “fofoca”. Quando a Gisele viajou, essa ex criou uma história, olha a história… Porque essa ex tinha ficado muito amiga do ex da Carla, e ela falou assim para Gisele: “Olha, você está viajando e a Carla está muito próxima do ex dela por causa da criança, né? Eles têm um filho, então eles têm essa proximidade, mas ele estava contando para mim que, se não fosse por você, Gisele, estar no caminho, eles já teriam voltado. Que o bebezinho sente muita falta do pai presente e que isso e aquilo.” E essa ex conseguiu colocar na cabeça da Gisele que era a Gisele que tinha virado a cabeça da Carla, porque a Carla, uma moça que sempre foi hétero e tal, que a Gisele era uma aventura e, que nessa aventura a Gisele estava atrapalhando essa boa convivência aí, que eles podiam voltar o casal e a criança ter um pai e uma mãe presente. 

E, como a Gisele não teve um pai presente, era um assunto que, sabe, que pega ela? Então ela falou: “Meu, eu não quero ser o pivô disso, eu não quero ser a pessoa que vai separar uma criança do seu pai porque eu quero ficar com a mãe dessa criança”. E aí ela voltou convicta que devia terminar pra que o casal ficasse junto. E esse tempo todo ela achou o que? Que a Carla tinha voltado com o ex e estava morando com ele, que agora eram um casal feliz com a criancinha e que ela tinha feito a parte dela, que era ter saído. Só que a Carla nunca voltou com o ex dela, nunca, jamais… Isso nunca passou pela cabeça dela. Ela nem gostava mais dele. E a criança está ótima também, o pai… Eles moram perto, então o pai vê sempre… Nunca teve isso. 

E a fofoca é tão fofoca, que o próprio cara, que é o ex da Carla nem estava sabendo disso. Quem inventou absolutamente tudo foi a ex da Gisele e, assim, elas não precisavam ter passado esse tempo todo separadas, as duas sofrendo, porque a Gisele também gostava da Carla, se a Gisele tivesse voltado de viagem e tivesse falado a real pra Carla, falado: “olha, a fulana lá me falou que você tá querendo voltar aí com seu ex-marido, para vocês criarem a criança juntos”. Era só ela falar isso que a Carla ia falar: “não, de onde ela tirou isso?” já ia sair aquele quebra pau ali e já ia resolver… Mas não, a Gisele não quis criar ainda um problema maior, porque ela pensou: “ah, se eu ficar falando, pode ser que a Carla não tome a decisão que é a decisão correta, de ficar com o pai da criança”. Então, quer dizer, a Gisele acabou tomando ali uma atitude pela vida dela e pela vida da Carla… Quer dizer, tentou resolver a vida de todo mundo e deu tudo errado, né? 

E aí as duas choraram, aí se encontraram… E aí elas voltaram. E é nesse ponto que estamos agora. Elas voltaram, resolveram já voltar para morar junto, não ia ter mais essa de namorar. Então agora elas já estão juntas há um ano e meio morando junto. Ninguém mais do grupo… É um grupo até grande de amigos assim, fala mais com essa ex, porque foi uma fofoca horrível o que ela fez. Tinha detalhes de encontros que ela inventou da Carla com ex… Sabe umas coisas assim? Gente ruim? Então, essa moça aí que eu nem dei nome é gente ruim. Então, todo mundo excluiu ela dos grupo e sei lá por onde ela anda. E Carla e Gisele estão ótimas, e a criança, lógico, mora com elas. O pai pega todo final de semana, pega quando quer, guarda compartilhada… É tudo ótimo e tá tudo muito lindo. 

Ai, gente, que alívio contar uma história com final feliz, né? Carla e Gisele se amam, estão bem, estão felizes. O pai da criança também é um cara ótimo, super companheiro e que divide ali as tarefas, então, as duas estão pensando daqui um ou dois anos adotar uma criança… Aí falei: “aí vocês voltam para me contar a história da adoção, que eu vou chorar, lógico”. E elas estão pensando em adotar… Daqui um tempo adotar uma criança. Agora adotaram um gato. [risos] Não foi comigo, mas né… Já perguntei se as janelas são todas teladas e são, mesmo porque elas têm criança também, né? 

E isso, gente, uma história feliz, pelo menos isso, né? Mas olha esse meio, essa mina aí que inventou um monte de fofoca… Ainda bem que elas se encontraram lá no supermercado e foi como tinha que ser, né? O universo conspirou e o amor venceu. [música romântica] 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.