título: síndica
data de publicação: 06/11/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #sindica
personagens: maurício e dona vanda
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Hoje é a história do Maurício. [risos] O Maurício ele é assistente da síndica em um prédio. E a história que eu vou contar agora é a história dele.
O Maurício ele sempre foi um ótimo subsíndico, — não é nem assistente da síndica, é subsíndico que chama — e como é um condomínio grande, ele sempre foi muito ativo no prédio. E a síndica é a dona Vanda, Dona Vanda também é uma senhora muito animada, uma senhora de 70 anos, só que muito, assim, ativa, conservada, bonitona, sabe? E ela sempre pró ativa no prédio junto com o Maurício, eles têm uma amizade… E aí chegamos na quarentena…
E, pra controlar um prédio de três torres é complicado. E aí que o Maurício pensou? Como a da Dona Vanda era do grupo de risco, ele se ofereceu para tomar a frente das coisas do condomínio, e Dona Vanda disse que não, que ela estava ótima, que ela se cuidava e que ela ia continuar à frente, mas que ela ia precisar muito dele. Mauricio morando sozinho, um cara sozinho, Dona Vanda com três filhos casados, netos e até um bisneto e o marido. Só que o marido da Dona Vanda ele, além de ser idoso, de estar no grupo de risco também, ele tem algumas comorbidades que falam, né? E ele é diabético e hipertenso.
Então, o que foi combinado? O marido da Dona Vanda, para não ficar exposto, foi pra casa de uma das filhas, e a Dona Vanda ficou sozinha no apartamento pra lidar com todo mundo e, ali todo dia sai uma confusãozinha, né? E aí vê como é que ia fazer com elevador e essas coisas de condomínio. E assim foi… Todo dia tinha uma treta que tava lá Mauricio e Dona Vanda pra resolver. E eles sempre muito afinados, assim, né? Até que teve um dia aí que um condômino lá resolveu que ia fazer uma festa e chamou um monte de gente. E o porteiro avisou, né? Falou: “Olha, tinha ordem aqui para não deixar subir, mas eles fizeram um escândalo aqui na porta e subiram”.
Aí lá foi Dona Vanda e Mauricio para tentar resolver sem chamar a polícia, porque a ideia era chamar a polícia… Aí saiu uma puta treta, uma briga… Mauricio quase saiu na mão lá com um dos convidados, tiveram que chamar a polícia… Bom, acabou a festa, mas isso já era o que? Meia noite e pouco. Aí eles ficaram conversando, né? Todo mundo foi embora. E Dona Vanda morava ali no décimo primeiro, Maurício morava no décimo quinto. Então, Dona Vanda falou: “ai, Meu Deus agora tô totalmente sem sono. Você não quer fazer junto comigo as circulares, a gente já põe com as novas regras”. Que aí eles resolveram que as novas regras estavam muito frouxas e eles iam dar uma apertada naquilo.
Aí lá foi Maurício, ele já tinha feito isso mil vezes, ele e Dona Vanda. Dona Vanda ali no computador, porque, né? — Uma senhora que sabe até mais de computador do que eu se bobear. — Ela ali redigindo as coisas, eles imprimindo e conversando. E aí eles abriram uma cerveja, começaram a beber… — Gente… [risos] — Dona Vanda, casada, 70 anos, Maurício, solteiro 38 anos… Quando eles perceberam, eles estavam se pegando ali no escritório do apartamento de Dona Vanda. — Sim… [risos] — Maurício e Dona Vanda começaram um tórrido caso de amor. [risos] — Ai, meu Deus, ela traindo o marido de 72 anos. —
E aí eles ficaram umas três vezes. Assim, o Maurício… Porque na cabeça dele, tinha hora que ele pensava: “puts, mas assim… podia ser minha vó, né? é errado isso”. — Sei lá, eu acho que não tem nada a ver também. Meio tabu, meio preconceito. Se os dois estavam gostando… Só que Dona Vanda é casada, né, gente? — Mauricio tem uma certa proximidade com o marido de Dona Vanda também, né? Então, assim, Dona Vanda não é uma mulher desimpedida. Só que aí, quando Maurício via, Maurício já estava lá com Dona Vanda de novo. Aí ele conversando com um amigo dele, o amigo dele inconformado, amigo dele pensando em idade mesmo, né? Falando: “Meu Deus, ela tem 70 anos e se dá um piripaque nela? Se matar a idosa? [risos]
O amigo até cogitou, falou: “será que isso crime não é crime?” — Gente, não crime, né? [risos] Tesão é tesão. Ele tava com tesão na Dona Vanda, e aí? — Depois de muito pensar ele achou melhor, sei lá, se afastar da Dona Vanda. — Eles já tinham ficado três vezes. — Aí quando ele foi falar para Dona Vanda… Quando ele via a Dona Vanda… — [risos] ele esquecia. — E aí ele ficou com a Dona Vanda pela quarta vez. E ele foi lá: “quer saber? vou viver isso, vamos ver até onde vai dar e vou levando.” Só que ele foi gostando da Dona Vanda.
Um belo dia Dona Vanda não atendeu o interfone, porque ele interfonava e ia lá, descia para o apartamento da Dona Vanda. Ela não atendeu o interfone, não atendeu o Maurício. Aí o Maurício ligou lá na portaria, porque, assim, ninguém nem desconfiava, né? Nem imaginava que Maurício estava tendo alguma coisa com a Dona Vanda, quando ele ligava é porque estava procurando a Dona Vanda pra alguma coisa. Era umas sete horas da noite… E eles tinha combinado de jantar com a Dona Vanda. Aí Maurício interfone lá embaixo e falou: “A Vanda tá por aí?” Perguntou pro porteiro que tava lá e o porteiro falou: “olha, não tá aqui, não, mas ela não saiu, ela tá no apartamento dela” e ele falou: ué, eu toquei lá e não chamou, será que o interfone dela está com problema?” e ele falou: “pera aí que eu vou tocar lá e já te aviso”.
Aí ele tocou lá, conversou com a Dona Vanda e depois interfonou no apartamento do Maurício e falou: “ela está lá assim, pode chamar lá que ela tá lá, acabei de falar com ela”. Maurício chamou e nada de Vandinha atender. Aí Maurício já tinha mandado mensagem no zap e tudo… Aí ele desceu lá, né? Falou: “o que está acontecendo? Será que ela não está bem?” Aí desceu, Dona Vanda abriu, ele entrou e aí Dona Vanda falou pra ele: “Olha, Maurício, foi bom enquanto durou, mas acho que a gente não deve se envolver mais, né? Foi legal, foi um momento, mas eu não quero nada sério, você sabe que eu sou casada… [risos] Então acho que é melhor a gente ficar só na questão das coisas do condomínio… Quando eu precisar de alguma ajuda pro condomínio, como você é o subsíndico, eu te aviso. Obrigadão aí pela força. [risos] E a gente vai se falando”. — “A gente vai se falando”, Dona Vanda falou pra ele… [risos] Falei: “olha, Maurício, quando alguém fala pra você [a gente vai se falando] é porque… né? O negócio já foi”.
Aí o Maurício ficou encanado, porque ele estava gostando da Dona Vanda. E aí ele começou a inventar coisinhas pra ter o que falar com a Dona Vanda. Como eles estavam muito juntos, meio que não quebraram a quarentena, porque eles estavam juntos desde o começo. Acho que é isso, né? Não sei. E, além do Maurício, tinha um outro senhor lá do prédio que fazia as coisas, a parte de contábil, assim, dos boletos… As contas do condomínio. Era tudo lá no prédio. Aí um dia ele percebeu que Dona Vanda estava conversando com esse cara, e esse cara tava no apartamento… Quer dizer, esse cara não devia quebrar a quarentena… E aí Mauricio viu ela conversando com o cara, mas achou que estava conversando assim meio esquisito. [risos] E viu que ela subiu, eles subiram no elevador, ele ficou ali pelo hall pra subir no próximo…
Porque o correto seria de uma pessoa, mas eles subiram em dois e ele viu que parou no andar da Dona Vanda e depois ele ficou esperando pra ver se o elevador ia subir, porque o cara mora acima do Maurício ainda. E o elevador desceu, voltou para o térreo. Quer dizer, o cara parou no apartamento de Dona Vanda. Mauricio, gente, nesse ponto, acho que já estava apaixonado, né? Porque o que ele fez? Ele subiu até o andar de Dona Vanda e meio que deu uma encostadinha ali com a orelha na porta e ouviu que os dois estavam conversando e rindo [som de risadas] e ele sacou, falou: “ah, Dona Vanda tá catando também”. — A Vanda tá catando [risos] — “o cara da contabilidade do condomínio” e ficou muito puto. Muito puto. Subiu, interfonou no apartamento de Dona Vanda e ela atendeu, porque ela pensou que era da portaria, né?
Aí ele começou a falar pra ela: “o que está acontecendo aí? Eu vou descer aí. Vocês tão em reunião sem mim?” E ela falou: “Olha, a gente se fala amanhã no horário comercial. Agora eu não posso falar com você” e desligou, largou o Maurício. Do nada… Gente, e a coisa escalou para um ponto que Maurício ficou super mal, assim, deprimido, e Dona Vanda de saco cheio da cara dele perguntou se ele não queria deixar de ser o subsíndico mesmo sendo eleição e essas coisas, né? “Você pode dar uma desculpa aí que não está dando conta, a gente põe lá o terceiro suplente, se lá, no seu lugar”.
E agora Maurício está nessa. Ele não quer deixar de ser subsíndico porque ele gosta de fazer as coisas do prédio, mas ele não está sabendo lidar com esse fora de Dona Vanda. Ele olha para a Dona Vanda e ele gosta da Dona Vanda, só que a Dona Vanda além de ser casada, gosta de ter aí os negocinhos dela, os casinhos dela. [risos] E Maurício, na minha visão, ele foi mais um. Ela não quer um vínculo, não quer nada… E aí ele queria a opinião de vocês, se ele continua subsíndico… Porque como subsíndico ele tem muito contato com a Dona Vanda… Ou se ele deixa o cargo mesmo, alega problemas pessoais e deixa pra outra pessoa, e aí passa a ver Dona Vanda só em reunião de condomínio e se ele for, porque aí ele não precisa nem ir, ele pode pegar a ATA depois.
E eu não sei, será que… Se é uma coisa que ele gosta de fazer, e que agora ele já tá aí fazendo, né? Já tá meio que mais exposto do que os outros moradores, digo em relação ao coronavírus mesmo. Sei lá, de repente, aguenta aí, será que não vai passar essa paixonite por Dona Vanda? Porque também ele entrou nessa sabendo que Dona Vanda é casada com um senhor de setenta e dois anos, ela tem setenta e ele setenta e dois, tem cinquenta anos de casamento… Não vai largar por causa de Maurício, né? E o próprio Maurício no começo tinha falado que não queria nada sério e depois se apaixonou, sei lá… Mas acho que Dona Vanda não quer nada, não.
Então, sei lá, aguenta as pontas um pouco aí no cargo pra ver se passa isso. Não sei, eu não largaria uma coisa que eu gosto de fazer por causa de uma paixão, assim… Pra não ver mais… Mas não sei, sei lá. O que vocês acham? Maurício deve continuar como subsíndico tendo aí sentimentos por Dona Vanda ou ele deve largar o cargo e amargar aí essa fossa? Ouvir muito Marília Mendonça e ficar vendo a Dona Vanda e o cara da contabilidade do prédio? [risos] O cara do boleto… [risos] Se dando bem.
Ele também tem outra dúvida, porque, assim, o cara do boleto deve ter uns sessenta e três sessenta e quatro, então ele tá mais ali na faixa da Dona Vanda. Mauricio quer saber de vocês também: será que é isso? Porque ele é muito mais novo… Eu acho que pode ser também, né? Ou o outro cara tem mais o perfil da Dona Vanda? Não sei, não dá pra saber também… Pode ser que outro cara também seja só um lance aí da Dona Vanda e vá passar também. Mas o caso é: Dona Vanda já tá quebrando a quarentena né? Grupo de risco a Dona Vanda. Tá quebrando… Porque, tudo bem, ela e Maurício já estavam ali tratando das coisas do condomínio juntos, já estavam meio que em quarentena juntos, cada um no seu apartamento, mas fazendo as coisas os dois juntos… Agora entrou um terceiro aí que é o cara do boleto aí já não sei… [risos].
Então, gente, deixa lá no nosso grupo do Telegram Não Inviabilize as mensagens para o Maurício, se ele deve ou não continuar como subsíndico no prédio que Dona Vanda é síndica e é onde ele mora. Então um beijo e até daqui a pouquinho na próxima história.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]