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título: vale
data de publicação: 07/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #vale
personagens: kátia, roberto e dona neide

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei. Eu e o Coentro Nenê estamos aqui pra mais um Picolé de Limão, hoje é a história da Kátia, da Dona Neide e do Roberto.

A Kátia, ela trabalha numa empresa muito grande que dá muitos benefícios e ela tem além do vale-refeição, ela tem um vale-alimentação, então o vale-refeição ela pode usar no restaurante, nas padarias, pra comer aí na hora do almoço o que ela quiser e ela tem um vale-alimentação, que ela pode usar no mercado, então ela tem por mês fora o vale-refeição que é um bom vale-refeição, ela tem quinhentos e trinta reais de vale-alimentação. E ela sendo uma mulher que mora sozinha, né? E come fora, então ela não gasta tudo, tem mês que ela não gasta quase nada, então às vezes ela fazia compra pra mãe dela, ou pra irmã dela, mas também, graças a Deus a família não precisa, não passa necessidade, então ela ficava ali com aquele crédito. 

E ela já namorando Roberto há um ano, um dia assim em conversa aleatória ela comentou com o Roberto: “Nossa, meu cartão do V.A., do vale-alimentação tá cheio e eu preciso sei lá, comprar alguma coisa, ver o que a gente faz, porque tem bastante crédito, né?”, aí o Roberto no dia seguinte deve ter conversado com Dona Neide, mãe dele, e deu a seguinte ideia pra Kátia: “O quê que você acha? A minha mãe usa esse seu cartão de vale-alimentação e a gente te paga em dinheiro, porque aí você não ia usar mesmo esse crédito”, a Kátia falou: “Nossa, ótima ideia, né?”, eles iam gastar pra comer de qualquer jeito, usa no meu vale-alimentação e me dá o dinheiro, um ótimo combinado, né? Se todo mundo for honesto, [risos] na equação dá super certo, né? 

E aí assim a Kátia pensou: “Como é que a gente vai fazer?”, Roberto falou: “Bom, acho meio complicado você ir no mercado com a minha mãe pra passar o cartão, né?”, porque o V.A. é tipo um cartão de crédito, você tem uma senha e você usa. Roberto falou: “É melhor você me dar o cartão, eu dou pra minha mãe ela usa, você tem como controlar aí pelo aplicativo quanto usou, e aí a gente dá o dinheiro”, um combinado perfeito. Aí o primeiro mês que ela emprestou, Dona Neide foi lá gastou setecentos e pouco, então assim, ela recebia quinhentos e trinta por mês mas ia acumulando, né? E aí Dona Neide gastou ali setecentos e pouco, ela falou: “Bom, opa, tenho setecentos e pouco pra receber. 

Aí chegou no dia que eles tinham combinado de pagar o Roberto pegou esses vai, digamos que seja seiscentos reais, o Roberto pegou e depositou trezentos e cinquenta na conta da Kátia, Kátia falou: “Ué, metade, né?”, falou: “Roberto caiu metade aqui só, né?”, aí ele falou: “Ah, então, minha mãe estava comentando comigo que como é um negócio que você ganha da firma, seria justo a gente pagar só uma porcentagem. [risos] — Justo onde? Que conta é essa? E se ela ganha da firma, ela tem direito, e eles gastaram setecentos por que eles vão pagar trezentos e cinquenta? Que desconto é esse que Kátia não deu? Ninguém combinou e agora depois ele queria receber? — A Kátia assim, pegaram ela de surpresa, né? E ela ficou meio sem entender falou: “Bom, depois a gente conversa sobre isso, né? Você tá vindo pra cá, depois a gente fala sobre isso”.

E aí ela tocou no assunto de novo quando o Roberto chegou, e o Roberto falou: “Olha, você não acha justo já que é um negócio que você não vai usar?”, aí ela falou: “Bom, não é que eu não vou usar, eu não perco, isso fica aí quando eu precisar eu faço uma compra pra minha mãe, eu faço uma compra pra minha irmã, eu não tenho porque te dar isso na mão e você me dá só metade”, aí já rolou uns stresszinho, aí ele falou: “É, não sabia que você ia ter essa atitude, então eu vou pegar o cartão e vou te devolver”, ela falou: “É, eu acho melhor mesmo, você me devolve e você me paga esses trezentos e cinquenta que faltou, porque não achei certo, não foi o que a gente combinou” e ficou assim, um clima muito ruim — E eles brigaram. —

Então, aquela coisa, quando você namora e você briga um dos dois dá o braço a torcer e sei lá, manda mensagem, ou liga para o outro, e nada do Roberto ligar, ela falou: “Bom, não é também por causa disso que eu quero terminar”, então ela foi e ligou pra ele. Aí ela ligou e falou: “Ei, vamos ficar de boa, né? Foi só um mal entendido aí, uma falta de comunicação. Eu fico com meu cartão, vocês fazem aí a compra de vocês em dinheiro e tudo bem”, aí Roberto falou: “Ah, tá bom então”, ela falou: “Então quando você vier, você me traz o cartão”, falou: “Ah, tá bom”. Aí Roberto foi, eles fizeram as pazes, e ela achou assim, como eles estavam voltando as boas, ela não quis assim que ele chegou lá, que eles ficaram todos assim carinhosos um com o outro, ela não quis falar: “E aí? Me dá o meu cartão”, e aí ela não falou nada. 

Aí o Roberto foi embora e não entregou o cartão pra ela, ela pensou: “Bom, meu cartão do V.A. tá com ele, ele já sabe que não é mais pra gastar porque, né? O acordo que ele quis fazer eu não quis, e ela deu uma desencanadinha e não abriu mais o aplicativo também. Quando ela, não sei porque, foi abrir o aplicativo lá pra ver, além daquele setecentos e poucos reais, a Dona Neide tinha usado mais oitocentos e pouco. — Gente, tipo mil e quinhentos de compra? Comprou o que pra comer? Comendo o quê, Dona Neide? — Aí a Kátia não acreditou, falou: “Gente, como assim mais oitocentos?”, pegou o telefone e ligou pro Roberto, e nisso ela já ligou na operadora do V.A. porque é tipo um cartão de crédito, só que não é crédito, é débito, e cancelou, pediu outro cartão, então quer dizer, morreu ali, né? Aquele cartão Dona Neide não ia conseguir usar mais.

Ela ligou para o Roberto, o Roberto falou: “Olha, dessa segunda compra eu não tô sabendo, eu vou ligar pra minha mãe e ligo pra você”, aí ele ligou e aí Dona Neide falou que usou, fez uma compra pra irmã do Roberto. — [risos] Espertona Dona Neide, né? — E aí Roberto falou: “Ai, me desculpa meu amor, eu não sabia que ela ia fazer essa segunda compra, mas isso não vai acontecer mais”, ela falou: “Bom, não vai acontecer mesmo porque eu já cancelei o cartão”, aí ele falou: “Ah, que bom que você cancelou, ufa, não sei o que lá…” e ficou por isso mesmo. Aí ele foi lá de novo, na casa dela, ela falou: “Então, como é que a gente vai fazer? Porque agora além daqueles outros trezentos e cinquenta tem mais oitocentos e pouco pra pagar, né? Estão me devendo aí mil e cem praticamente de compra”, aí ele falou: “Ah, não, já falei com a minha mãe, minha mãe que vai pagar, ela vai depositar na sua conta”, e isso passou uma semana, passou quinze dias, passou um mês e nada do dinheiro, nenhuma parte, nada.

E aí a Kátia cobrou de novo e ele estressou, ele falou: “Bom, você que quis emprestar”. — Sendo que ideia foi dele… —”Você que quis emprestar o seu cartão, agora também eu não…” — Olha, olha só, gente, a frase… — “Eu não vou mais me meter nisso, não vou mais me meter nisso, você que se acerte com a minha mãe”, e aí a Kátia ficou pê da vida e ela estava tão nervosa que na hora, na frente dele, ela pegou o telefone e ligou pra mãe do Roberto e falou: “Escuta, eu tô aqui com o seu filho ele falou que você que tem que acertar o dinheiro comigo”, e nisso o Roberto já ficou puto e já foi embora, e aí a Dona Neide falou: “Ai, não, eu sei, eu tenho que acertar, verdade”, e aí Roberto terminou com ela, gente, por causa dessa treta da mãe, do dinheiro.

E isso foi antes da pandemia, né? Inclusive a compra maior que a Dona Neide fez foi de final de ano, as festas, deve ter comprado panetone, [risos] tudo na conta da Kátia, só que ele não pagou, não pagou mais e Dona Neide também bloqueou ela nas redes sociais e no WhatsApp, e ela ficou com esse prejuízo de mil e tantos reais, só que ela continuou cobrando. E agora, o bonito do Roberto, tá fazendo posts no Facebook pra falar que ela tá perseguindo ele, que ela quer voltar, que ela não dá paz, que ele não pode seguir com a vida dele, só que nem ele nem a mãe dele comentam que eles estão devendo mil e tantos reais pra ela. E aí um monte de gente já veio falar com ela “Ah, supera ele…”, aí quando ela fala do dinheiro, ninguém acredita, todo mundo fica tipo “Ah, tá bom”, “Ah, sei, que chato”, mas ninguém dá muita bola, sabe? E aí é por isso que ela me escreveu. Eles têm muitos amigos em comum, os amigos estão acreditando nele e ele não tocou em dinheiro nada, ela tem uma amiga advogada que falou que não é pra ela fazer post falando de dinheiro, de cobrança, porque ela pode ainda se ferrar e ser processada. 

Então ela queria uma ideia de vocês do que ela pode fazer, primeiro pra receber, porque essa amiga dela também que é advogada falou: “Bom, você deu o cartão na mão deles, ele tem conversa sua falando que “Tudo bem, pode usar, usa quanto precisar”, então é muito difícil ela ganhar pelas informações que a advogada tem e pelo jeito que a Kátia fez a coisa, então agora ela já acha até que ele fez de caso pensado, mas acho que não, não sei também, né? Mas acho que não. Então o dinheiro, eu falei pra ela: “Meu, acho que isso você vai ter que dar como perdido porque não acho que eles vão pagar”. Agora, quanto aos amigos, em quem vai acreditar nele, quem vai acreditar em você, eu sou muito assim, meu, “Quem acreditar nele também não serve pra mim, vai ficar com ele então”, porque se é amigo e não quer saber os dois lados, então não é seu amigo. Então meio que pra mim a situação está resolvida, eu também ia bloquear todo mundo, o dinheiro eu ia dar por perdido mesmo e vida que segue.

E ela queria saber de vocês isso, se tem algum jeito dela consegui fazer um post falando mais ou menos o que aconteceu sem expor os dois, não acho que tenha, não sei se dá, não sei o que vocês acham? E o dinheiro, não sei, gente, o dinheiro não tem como, né? Então se alguém tiver alguma ideia aí pra Kátia, pra esses dois aí, essa dupla de mãe e filho, deixem lá no nosso grupo do Telegram, comentem lá com a hashtag da história e é isso, gente. Então, gente, por favor, quem tem história manda, pode ser de amor, pode ser, sei lá, qualquer coisa, mandem. [risos] Um beijo e até breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.