título: rato
data de publicação: 27/12/2020
quadro: mico meu
hashtag: #rato
personagens: déia freitas e janaína
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais uma história e hoje, o quadro Mico Meu. Eu tenho várias histórias minhas e da minha família pra contar, então eu vou intercalando aí as histórias de outras pessoas que forem chegando com as minhas. E hoje eu quero contar pra vocês uma história minha com a minha prima Janaína, e o nome da história é “O Rato”. Então vamos lá, vamos de história.
A minha prima Janaína ela herdou do meu tio Arnaldo um Uno Mille mil novecentos e noventa e quatro, o carro estava perfeitinho, incrível assim, e ela voltou a dirigir porque enquanto meu tio estava vivo, era ele que dirigia o carro, então ela não tinha prática, né? E ela voltou a pegar o carro depois que meu tio faleceu pra andar por aí. Só que esse carro ele veio com uma questão… — Qual seria a questão? [risos] — Esse carro veio com um rato morando ali na área do motor, a gente não sabe muito bem em que ponto ele ficava do motor ali, mas ele ficava. E aí um dia o carro parou de funcionar e a Janaína levou no mecânico, o mecânico fez um vídeo — Acho que eu cheguei a postar esse vídeo no Twitter… — e mostrou as coisas roídas pelo rato, e a gente não conseguiu achar esse rato, por que o que acontece? O rato deve morar no bairro e ele subloca ali o carro, [risos] ele alugou o carro do meu tio, o carro que agora é da minha prima pra ele dormir, acho que só, porque durante o dia a gente não vê o rato.
Uma vez a Janaína viu o rato, quase morreu, foi uma gritaria, — Palhaçada — mas não conseguiu pegar porque o rato ficou tão assustado quanto ela, ela correu pra um lado o rato correu para o outro, e aí consertou o carro, pagou lá o tanto que tinha pra trocar todas as coisas que o rato tinha roído, só que passou um tempo ele voltou, só que aí a minha prima — Começou a colocar, [risos] ai, pobre é uma desgraça [risos] — começou a colocar dentro ali da parte do motor, mas umas coisas que poderia entupir assim, eu não sei explicar direito, mas ela começou a botar as bolinhas de naftalina, e aí acho que ele não gostava de naftalina e ele deu uma sumida. Aí ela tinha que fazer assim, quando ela saía com o carro, antes de sair ela tirava as bolinhas de naftalina [risos] e quando ela chegava com o carro, colocava na garagem e botava as bolinhas.
E assim foi, até que um dia ela foi ver a água do carro, sei lá… — Eu não entendo nada de carro, eu não dirijo, eu tenho medo então, sei zero sobre carro — Ela foi fazer alguma coisa lá, levantou o capô do carro, quem estava lá? E a gente tinha batizado — A gente: eu, porque a minha prima odeia ele. — a gente tinha batizado o rato de Mile. E aí ela abriu o capô e lá estava o Mile, gritaria, Mile também gritou, saiu correndo, ela fechou, chorou… — Porque aqui eu e a Janaína a gente chora muito. —Então ela chorou, enquanto ela chorava eu tive uma crise de riso, porque assim, ela estava chorando por causa do rato. [risos] E aí passou, e aí já era pandemia, ela saiu pra ir até o mercado, mas ela estava ainda muito chateada por causa do carro e ela foi de Uber, e aí ela foi, quando ela voltou, a gente vai passar por uma reforma aqui, umas coisas, então nós estamos morando juntas, aí veio a pandemia a gente está morando junto.
E aqui em casa é assim, quando a gente não está, nós temos seis cachorros, porque eu tenho três: eu tenho o Mamão, o Kiwi e a Mioja, e ela tem mais três: o Espaguete, o Aroldinho e o Clodoaldo. Então, quando a gente não tá, a gente tem uma parte de um cômodo coberto aqui que é a lavanderia, e eles ficam ali na lavanderia quando a gente não tá, e quando a gente tá, eles ficam dentro de casa. — É assim que funciona — E aí a Janaína chegou, entrou, os cachorros vieram fazer festa, só que um dos cachorros não veio e era justamente o Mamão, e aí ela viu que o Mamão estava com alguma coisa peluda na boca… — Eu tenho que contar uma particularidade da Janaína, quando ela tem medo de alguma coisa, ela chora e treme muito assim, só que ela resolve, tipo, ela morre de medo de minhoca, é uma coisa que ela tem muito medo mesmo de minhoca, se aparece uma minhoca no jardim aqui, não no jardim na terra, mas assim na parte de cimento, ela morre de medo, mas ela vai espantando com a vassoura a minhoca até a minhoca chegar na parte de terra e se enfiar em algum buraco e, dependendo da coisa também, ela mata, dependendo do bicho. Ela é assim, ela tem esse lado aí péssimo.
E aí ela viu que o Mamão estava com uma coisa peluda na boca e ela começou a passar mal, começou a tremer e ela é hipertensa e ela começou a tremer, mas o quê que ela pensou? “Eu não posso deixar o Mamão engolir esse rato”. E aí ela começou a gritar e o Mamão ele assusta muito rápido, e aí o Mamão soltou o que ele estava na boca de pelo e o bichinho virou uma bola assim, acho que se encolheu… — Isso eu tô contando pra vocês o que a Janaína me contou, tá? — E aí a Janaína pegou a vassoura e começou a bater nesse bichinho, bolinha redondo como se não houvesse amanhã e batia, e gritava, e chorava, batia, gritava e chorava. Aí a hora que passou aquela descarga de adrenalina do susto, ela foi, pegou a pá, varreu o bichinho pra pá e jogou no lixo, só que ela não tinha certeza se o bicho estava morto se estava vivo. — Assim, ó, eu não quero que mate um rato, eu não quero que mate bicho nenhum, mas ela já tinha matado. —
Aí eu cheguei, cheguei e encontrei a Janaína totalmente assim desequilibrada, [risos] descabelada e assim, mal, falando pra mim que tinha um rato no cesto do lixo, que ela não sabe se o rato estava vivo, se estava morto e que ela bateu no rato e que agora ela estava preocupada com o Mamão, ela estava me esperando pra chegar e a gente levar o Mamão no veterinário, o Mamão tem todas as vacinas, mas mesmo assim a gente ia levar. E aí eu fiquei com aquilo na cabeça, porque eu falei: “Se o rato não tiver morto eu vou tirar ele dali do cesto de lixo, que é um cesto de lixo que fica no quintal, é um grande e eu vou colocar ele do outro lado da rua no jardim, aí daí ela brigou comigo, falou que aí o Mile ia se recuperar e voltar e se vingar dela, [risos] coisa que ele teria direito, né? É justo, se ele escapou ele voltar pra [risos] resolver, mas enfim, ela fez uma gritaria não queria que eu fosse, eu falei: “Não, eu vou, e vou ver se ele está morto, né? Que se não tiver eu vou realmente colocar, nem que eu coloque ele na pá e vá na outra rua que tem um outro jardim e coloco lá”.
E aí lá fui eu no lixo, ela ficou dentro de casa gritando que nem uma louca que eu ia trazer o Mile [risos] de volta, e gente, tudo isso assim, eu tenho quarenta e cinco, a Janaína tem quarenta e três, tá? E parecia duas crianças de doze anos e eu não conseguia parar de rir. E aí fui com aquela tensão, abri o lixo, tinha sido a última coisa que ela jogou dentro do lixo, né? E tinha umas folhas que ela tinha varrido, acho que de manhã, não sei, e aí entre as folhas eu pus a pá assim e tirei aquela bolinha peluda, que eu tirei aquela bolinha peluda eu tive uma crise de riso, vocês não sabem o que a Janaína espancou com a vassoura… — Eu sou uma pessoa que gosta de coisas de menininha assim, coisa fofinha, então se tem um lápis com a ponta que tem em cima assim, não do lado da ponta do outro lado que tem bichinho, eu gosto, borracha colorida eu gosto, eu gosto dessas coisas porque eu não tinha dinheiro pra comprar na infância e eu compro. —
E eu tinha comprado gente um chaveiro enorme, que é um pompom enorme, sabe pompom de pelúcia? E o meu era um pompom marrom, meio cinza assim, muito bonito, um pompom enorme, lindo e, provavelmente quando eu saí e os cachorros saíram pra ficar no quintal, o Mamão pegou esse pompom que é o meu chaveiro, mas estava sem chave porque eu tinha acabado de comprar e levou para o quintal. E foi isso que a Janaína viu na boca do Mamão, um pompom chaveiro e ela gritou, fez um escândalo, quase matou o cachorro do coração também e bateu, bateu, bateu no pompom com a vassoura. [risos] E a hora que eu vi que era o pompom peguei com a pá, porque estava dentro do lixo eu não ia mais botar a mão ali, né? Aí eu vim com a pá e abri a porta da cozinha e ela viu de longe ela começou a gritar, gritar, gritar… [risos] E querendo já me bater, né?
E aí eu falei: “Janaína, olha isso aqui, cala a boca, calma”, e aí ela foi acalmando que ela viu que era um pompom, a gente teve uma crise de riso… [risos] — Ela até chorou. [risos] — E aí não era o Mile, o Mile deve estar por aí, porque agora com a naftalina ele não tá ficando no carro, ou se ele tá ficando, agora eles têm uma convivência cordial, tipo, ele tem que sair do carro de manhã até umas cinco e pouco. [risos] — Antes dela acordar seis horas [risos] — Então não era o Mile, era um pompom e que eu tive que voltar aquele pompom pro lixo, porque primeiro que ela amassou tudo e segundo que era um lixo ali do quintal, que tem folha e tem cocô de cachorro, então não dava pra reaproveitar. Então a Janaína teve aí um embate com um pompom de pelúcia, [risos] e esse é o mico da minha prima no nosso quadro Mico Meu. Um beijo e eu volto daqui a pouco.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Mico Meu é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]