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título: portugal
data de publicação: 20/01/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #portugal
personagens: renata, lauro e vizinha gata

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta].

Déia Freitas: Oi, gente… Bom, a história de hoje e da Renata e do Lauro, e a Renata que me conta a história.

[trilha].

Renata, uma mulher de 30 anos, que trabalha em um banco e tem um emprego estável. Já fez pós graduação, tem uma carreira bem consolidada, e ela namorando com Lauro por um ano. Lauro ainda terminando uma faculdade de administração sem saber o que queria fazer do futuro, morando ainda com os pais, ele com 32 anos, resolveu, na cabeça dele, que Portugal era o canal pra ele conseguir um emprego bacana e assim ele e a Renata concretizarem os planos deles, que era comprar um carro, comprar um apartamento e casar. — Então, assim, meio que a Renata ela já tinha até a parte dela assim meio que certinha, mas o Lauro só estudava e vivia meio que na cola dos pais, então aí já dá uma complicada, né? —

Bom, Lauro então decidiu que ele encerraria a faculdade e correria atrás do sonho dele de ir para Portugal, trabalhar, estudar e criar um futuro com Renata. — Repare que o futuro com Renato está em terceiro lugar no meu ranking de tópicos. — Então tinha isso, né? Ele queria ir pra lá trabalhar, fazer a vida e aí depois se resolver com Renata. Só que Lauro morava com os pais, estudava com a faculdade paga pelo pai e o pai dele já tinha falado que… — Meu, o cara está com 32 anos, quer fazer mochilão em Portugal? — Quer começar do zero em Portugal? O pai dele não ia bancar, não ia ser esse trouxa. Ele não tinha renda nenhuma, ele não tinha crédito nenhum porque não tinha emprego, aí o que ele pensou? Em quem ele pensou? Eu dou um doce para vocês se vocês adivinhem quem resolveu financiar essa ida do Lauro para Portugal.

— E aí aqui eu tenho que mais uma vez alertar as mulheres do Brasil e do mundo, quiçá de Marte, que a gente nunca deve ser ONG de macho. Mulheres, não sejam ONG de macho. Você não tem que resolver a vida financeira, emocional… Organizar a agenda, horários do cara que você gosta, ou vive ou mora. Todos somos adultos, do mesmo jeito que você se vira, o cara tem que se virar. Então, a partir do momento que você deixa de ser a companheira de vida, companheira romântica, sei lá, e passa a ser a ONG do cara, seu romance vai acabar, porque uma hora você vai se ressentir, porque ninguém está preparado pra dar, dar e não receber nada em troca, só as ONGS. Você não é uma ONG, você é um ser humano. Então, dá errado. Dá errado. Aqui nesse ponto da história, se fosse uma ficção minha, ia ser assim: Renata passando a mão no ombrinho de Lauro e falando: “poxa, é complicado mesmo. Ah, vamos pensar, sei lá, vai trabalhar no Mcdonalds, junta um dinheiro e, quem sabe você consegue ir para Portugal. Não fica chateado, não, uma hora dá certo”. Ponto, aqui seria o papel de Renata na minha história, mas como aqui a gente tem que trazer o fato da história da Renata… —

O que Renata fez? Renata resolveu ser a ONG do Lauro. — “Ai, o Lauro tá triste, eu vou fazer o quê? Eu vou bancar o sonho dele de ir pra Portugal. — Eu, Renata, fofíssima, querida, ficando aqui no Brasil, trabalhando igual uma condenada pra bancar o meu amor, o homem da minha vida em Portugal até ele se ajeitar. Porque tem isso, não é ir para Portugal e começar a trabalhar de faxineiro. — O que seria uma boa, mas o Lauro não queria. Ele cursou sete semestres de Administração de Empresas, então ele queria um emprego à altura, não queria começar, sei lá, no McDonald’s de Portugal. Ele queria uma coisa maior. — Então tinha isso, não era só mandar o Lauro pra Portugal, era bancar o Lauro em Portugal.

E aí tudo bem, Renata bancária não ganhava tão mal, mas uma coisa é você não ganhar mal para viver aqui no Brasil e pagar suas coisinhas, outra coisa é você não ganhar tão mal, mas ter que, além de viver no Brasil e pagar suas coisinhas, ter que bancar um cara em Portugal em euro, né? Porque lá tá em euro. — O bonito tá em euro. — Então aí o negócio já fica um pouco mais apertado. E Renata começou a sentir no bolso dela essa ida do Lauro para Portugal. — Mas é aquela coisa, né? O amor aí pode tudo, o amor vence no final. [risos] Não sei… — Então ela conseguiu, Renata conseguiu bancar, sem reclamar uma vez sequer do Lauro, ali por um ano e meio. E, assim era tanta conta, tanta coisa, que ela não conseguia nem juntar um dinheiro pra ela mesma ir para Portugal visitar o namorado dela, porque agora virou um namoro à distância.

Nesse um ano e meio… — Vocês vão se perguntar: no que é que Lauro trabalhou? Silêncio, né? Repararam na minha pausa? — Lauro não trabalhou. Lauro, no máximo, fez um curso bancado por Renata e não trabalhou, porque tudo o que aparecia para ele era isso, era pra trabalhar, sei lá, fritando hambúrguer. — Agora, se o filho do Presidente da República do Brasil fritou hambúrguer, por quê Lauro em Portugal não fritaria? Sendo que se ele fritasse hambúrguer ele poderia até concorrer a um cargo na Embaixada de Portugal. [risos] Ai, meu Deus, eu não queria fazer essa piada, mas não tinha como, eu fiz. — Então ele não fez nada, ele ficou lá em Portugal, sei lá fazendo o quê em Portugal. Então, depois de um ano e meio sem reclamar e com muita saudade do Lauro e nã nã nã, Renata resolveu chamar ele chincha. Falar: “Poxa, você tá aí há um ano e meio e eu tô te bancando aí, eu não tenho nem mais crédito aqui, eu já tô aqui no meu cheque especial do banco que eu trabalho e você ainda não conseguiu, não mandou um real pra cá…”.

Porque a ideia era essa, era trabalhar lá, se firmar pra poder mandar grana pra cá e, de repente, comprar um carro, um apartamento, sei lá. A ideia não era ficar lá fazendo cursinho e passeando em Portugal, e foi isso que aconteceu durante um ano e meio. E aí só depois de um ano e meio que a ONG Renata foi começar a ficar cabreira com a história. E aí a Renata com todo o amor e carinho do mundo, né? — Porque se sou eu… Primeiro que não tinha bancado e, segundo, se bancasse já ia, nossa, grossa. Mil vezes grossa. — Mas ela foi com todo carinho do mundo e falou: “Amor da minha vida, Lauro, um ano e meio é o que eu consigo bancar, não consigo mais, então, ou você fica aí por sua conta ou você volta.”.

E na questão do voltar, teria ainda que a Renata bancar essa passagem da volta, que também não é barato. Então, ela ainda estava sendo bacana. — Só uma pessoa bacana para fazer isso. Você banca uma pessoa um ano e meio fora do Brasil e depois de falar pra ela “tudo bem então, não deu certo, volta e fica tudo bem”. — Foi isso que ela propôs pra ele. “Você volta, eu pago sua passagem de volta e tudo bem, a gente continua de onde a gente parou aqui”. — Então veja que pessoa incrível, porque se sou eu… Enfim… — Aí Lauro teve um chilique, porque na cabeça dele, era como se ele tivesse feito muita coisa nesse um ano e meio e agora Renata estava tirando o sonho dele. Tipo, Renata estava atrapalhando a vida dele. Por atrapalhar a vida dele, interprete como não mandar mais dinheiro. — Então veja a pessoa que ingrata. Além de ficar um ano e meio bancado, o cara ainda estava achando ruim que ela não queria mais bancar, falou um monte pra ela. “Renata sua tóxica”. [risos].

“Renata, você está atrapalhando meus sonhos” — Que sonhos, Lauro? Que sonho, criatura? Você foi sem um real, você foi sem o bilhete único de Portugal, até o bilhete único de Portugal foi Renata que fez aí pra você e você tá aí reclamando. — Então aí deu aquele que rolo… E Renata, pessoa muito boa, falou pra ele: “tá bom, eu vou tentar então te bancar mais um tempo aí.” — Não entendo, Renata, desculpa não entendo, mesmo, não entendo. Nenhum amor… Não entendo. — E aí Renata resolveu bancar por mais um tempo o amado dela lá em Portugal, ela falou: “já que tô perdido por um, perdido por mil, eu vou financiar uma passagem pra mim, surpresa, e vou aparecer lá pra, pelo menos, dar um abraço e um beijo no meu amor”. — E, gente, vocês já sabem o que eu acho de surpresa, né? Sou totalmente antisurpresa, contra mesmo. Não façam surpresa. Surpresa, na maioria das vezes, dá errado. Eu odeio surpresa. —

E ai a Renata resolveu fazer surpresa, mesmo porque quem pagava o lugar que o Lauro morava lá, era ela, então ela tinha endereço, tinha tudo. Porque era ela que pagava em euro, porque o bonitão não foi morar numa república, numa pensão, sei lá, não… O bonito morava num lugar sozinho, mobiliadinho. Tá certo que era um lugar pequeno, mas ela bancava esse luxo pra ele, então ela podia chegar a hora que fosse, que tinha cama de casal lá, ela ia dormir com amor da vida dela. E assim ela fez… Chegou em Portugal para abraçar o amor da sua vida. — Lauro, o cara que não trabalhava. — Aí a Renata chegou lá nessa casa que ela mesmo alugou pro Lauro e o Lauro não estava. Como ele já tinha terminado o curso que foi a Renata mesmo que pagou e ele não trabalhava, onde será que ele tava? Era tipo, sei lá, seis horas da tarde, então ela pensou: “de repente ele saiu para jantar”, porque Lauro acho que seria incapaz de comprar arroz uma cenoura e fazer em casa, devia comer na rua ainda com a Renata bancando.

Deu seis horas, deu sete horas, deu oito horas e nada do Lauro para aparecer… E ela ali na frente, porque tinha acho um senhorio lá no prédio e falou que ele não tava, não podia abrir… — Não interessa se era ela que pagava, né? Quem morava ali era o Lauro. — Gente, ela passou a noite toda ali, do outro lado da rua tinha, tipo um toldo lá de uma loja e ela ficou, gente, a noite na rua esperando pelo Lauro. E ela mandava mensagem e nada dele responder, e ela não sabia se ela estava fazendo direito, porque ela estava com o chip dela de telefone lá em Portugal. Então, aqueles rolos… Então, ela não quis nem culpar ele por isso, que ela falou: “de repente eu estou mandando mensagem aqui e não estou sabendo mandar”. — Enfim… A gente sabe que você sabia, né, Renata? Mais uma vez você quis aí poupar o seu amorzinho. — E o resumo é esse, ela passou a noite ali na rua e nada dele aparecer.

No outro dia, ela se instalou num hotel e foi tentar achar um computador ali do hotel pra mandar um e-mail para ele, porque ela não sabia mais como localizar ele, nada… Ele não tinha Facebook, no Instagram ele já tinha mandado mensagem pra ele, que tinha um insta, já tinha tentado WhatsApp também e ficava só um risquinho… E ficou por isso mesmo, ela ficou tentando ali no hotel, mandou um e-mail para ele e nada dele responder naquele dia. — Gente, vocês não vão acreditar no rumo que essa história tomou. Vocês não vão acreditar… É tão absurda coisas, que eu fico sem palavras. Bom, aqui eu vou abrir mais um parêntese para a gente voltar aí em algumas coisas que eu sempre falo em algumas histórias. Por mais que a gente tenha boa fé na outra pessoa, tem certas coisas que acontecem que a gente tem também uma parcela de responsabilidade, a gente não pode também se eximir da responsabilidade que a gente tem. E aqui eu vou sim passar uma parte da responsabilidade de alguns vacilos para Renata. Porque assim, tudo bem, você concordou em bancar outra pessoa lá fora, lá em Portugal… Então, você vai pagar o aluguel do cara, você vai pagar a comida do cara, você vai pagar o transporte do cara, você vai dar um dinheirinho aí pro cara, sei lá, viver. Essa brincadeira toda aí da Renata, ela falou pra mim que ela gastava mais ou menos aí entre mil e quinhentos, mil e setecentos euros. Então veja aí o quanto ela bancava esse cara por mês. Então, quando ele foi alugar o lugar, ela que acabou conversando lá com a pessoa que ia alugar, e era um tipo de aluguel lá que não precisava de fiador, era uma coisa meio por fora e ela acertou tudo, mas ficou de pagar da seguinte forma, ela mandava dinheiro pro bonitinho, pro Lauro, e ele pagava. E assim foi feito o tempo todo. Nunca deu problema, mas ela também nunca pegou um recibo, nunca fez nada. Eu entendo, ok, tá lá em Portugal, mas assim, dava para ficar mais em cima da coisa, né? Dava, mas não ficou. —

E aí no dia seguinte ela mandou um e-mail pra ele, o insta ele quase não usava mesmo, então não sabia se ele ia ver a mensagem ou não. Ela voltou lá no prédio e falou: “Poxa, hoje ele já voltou”. Ai tocou lá no apartamento pra ver se alguém atendia e atendeu, só que era uma voz que não era a voz do Lauro, era uma língua que ela nem sabia falar, ela falou que acha que o cara é indiano e o cara tentou falar em inglês e não conseguiu, enfim… E aí o cara acabou descendo e, naquela falha, naquela comunicação mais falha ela acabou entendendo que esse cara, esse indiano já morava nesse apartamento que o Lauro dizia que morava há um ano. Então, se o Lauro está há um ano e meio em Portugal dizendo que morava ali, onde ele estava se ele não estava ali? “Ah, como a Renata conversava com ele?” Conversava com ele por Skype. Não via o fundo? E ela falou: “ah, mas eu não conhecia o fundo do apartamento, não sei onde ele tava. Eu via que ele estava em um lugar, mas… — Enfim, né? Aquela coisas que quando a pessoa quer enganar, ela engana. E a gente fecha os olhos um pouco pra certas coisas e acaba contribuindo para ser enganado. Então eu acho que foi meio isso que aconteceu. —

Então, resumindo: o cara não morava lá há um ano. Que aluguel era esse que ela tava pagando e onde? Porque ela mandava o dinheiro pra ele… Nessa altura do campeonato, a Renata já tava totalmente confusa, porque, né? Ela tava bancando o cara lá em Portugal, mas o cara não estava nem morando onde ele dizia que morava, então, onde estava o Lauro? O que ela estava pagando? Pra onde ia o dinheiro que ela tinha investido no amor da vida dela? — Quer dizer, em vez dela ter pensado tudo isso e ter acompanhado mais de perto, não, ela deixou tudo na mão do Lauro. — E aí agora ela tava lá em Portugal, sozinha, e sem saber onde ele tava.

Detalhe um: até ONG, quando financia alguma coisa, pega os recibos e faz o acompanhamento. — Então, veja aqui que como ONG de macho, falhou também, Renata. Devia ter acompanhado de perto. — E dois: se não tivesse feito surpresa, se tivesse falado: “Lauro, eu tô indo pra Portugal te ver, você tinha poupado uma grana, não tinha viajado para Portugal e teria descoberto de uma outra forma — vocês estão sentados? — que Lauro estava no Brasil há mais de um ano. O que aconteceu? Ele foi para Portugal, realmente, ele tentou um emprego lá, ele tentou alguma coisa lá, mas ele acabou sendo deportado. O rolo era assim: ele tinha que ter passagem de volta dele para três ou seis meses, não sei, e aí deu o prazo e ele tinha que trocar passagens, não trocou a passagem, sei lá… Só sei que ele voltou para o Brasil e, sem coragem de contar para a namorada dele que ele tinha fracassado, ele resolveu piorar as coisas e se manter no Brasil bancado pela Renata, achando que ele estava em Portugal. — Quando isso ia dar certo, gente? —

E, assim, né? Se a pessoa é honesta, ela vai falar: “Olha, eu fui deportado, eu voltei, não deu certo. Vamos começar do zero” sei lá…. Mas o quê Lauro pensou? “Não deu certo em Portugal? Eu vou tentar em São Paulo. Mas eu não tenho dinheiro também para ir pra São Paulo, então eu vou continuar com a história de Portugal, falando para Renata que estou em Portugal e ela vai me bancar em São Paulo”. Porque ela bancava em Portugal o eque seria uma vida extremamente simples para ele lá, para ele batalhar atrás das coisas, em São Paulo ele conseguia viver um pouco melhor e o bonito foi levando a vida dele em São Paulo, mentindo para a Renata que estava em Portugal. E, assim, o Lauro mentia para a Renata e mentia para os pais também, porque, no geral, todo mundo achava que ele estava em Portugal, mas ele estava em São Paulo. E como se não bastasse esse tanto de mentira, gente, tem mais… — Tem muito mais. Vocês estão preparados? Segura o coração. —

O Lauro — coitadinho — voltou de Portugal aí meio que expulso, desceu em São Paulo, resolveu fazer a vida dele em São Paulo bancado pela Renata. — E a gente sabe como é, né? — A pessoa ali sozinha, desiludida… Alugou ali um cantinho para morar, de repente tinha uma vizinha gata, a vizinha a gata deu mole. Lauro, o bonito, começou a namorar. — Não, reparem: namorava a Renata que bancava ele achando que ele tava em Portugal e agora em São Paulo, mentindo pra todo mundo e sendo sustentado pela Renata, o Lauro arrumou uma namorada, e aí assim, ele tava com uma graninha até que boa. Então ele pagava ali o aluguel, pra namorada nova ele dizia que vivia de investimentos na bolsa. [risos] — Gente, quando alguém fala pra você que vive de investimento na bolsa, vai a fundo nisso, vai pesquisar, porque em 90% dos casos é mentira. —

A vizinha gata também outra mulher apaixonada, quando deu ali quatro meses que eles estavam namorando, falou: “Olha, Lauro vem morar aqui, assim você não precisa pagar aluguel, a gente divide aqui o nosso aluguel”. Então, mais uma vez Lauro se deu bem e foi morar na casa da vizinha gata, que agora era sua nova e segunda namorada. E, detalhe: a Renata só ficou sabendo que ele estava em São Paulo porque ele respondeu o e-mail enquanto ela estava lá em Portugal e todo o resto ela foi atrás sozinha, porque ele não queria nem falar para ela onde ele estava em São Paulo. Mas como ela voltou de Portugal e foi direto na casa dele contar pros pais que ele estava mentindo, ele teve que dizer pros pais dele onde ele estava em São Paulo, e aí o pai dele revoltadíssimo, um senhor corretíssimo deu o endereço dele para Renata e Renata foi bater na nova casa do Lauro.

E, detalhe: Renata já veio sabendo que ele estava com outra, porque o Lauro se abriu para os pais. Renata chegou aqui em São Paulo e tudo o que ela não tinha feito antes, ela fez. Fez um escândalo, contou tudo para a vizinha gata. Vizinha a gata ficou estarrecida, porque assim, vizinha gata, depois que o Lauro se mudou, o Lauro disse lá que teve uma queda na bolsa… [risos] — Queda na bolsa… — E a vizinha a gata começou a bancar ele sozinha, então, veja… Vizinha gata bancava Lauro, Renata bancava Lauro. — E Lauro sei lá o que fazia com o dinheiro, né? — Aí deu aquele rolo, vizinha a gata pôs o Lauro pra fora, Renata voltou lá pra cidade deles. Lauro teve que voltar pra casa dos pais. Renata tinha contado para os pais do Lauro que ela bancava e que ele não tinha devolvido nenhum dinheiro, porque pro pai ele mentia que estava devolvendo dinheiro para Renata. E o que aconteceu? O pai do Lauro começou a devolver o dinheiro pra Renata. — Veja que senhor honesto, que nem devia arcar com essa conta do filho, porque essa conta é do filho. — Paga até hoje um pouquinho por mês lá pra Renata, ela não tá no prejuízo todo, não sei quanto ele vai conseguir devolver…

E, nesse meio tempo, gente, agora a minha pressão até caiu. A Renata, por livre e espontânea vontade, voltou com o Lauro. Porque eles tinham terminado, né? Lá em Portugal ela tava lá, ficou puta e terminou. — E o cara tinha uma outra, né? — E agora eles estão juntos de novo e é isso. Porque a história, a Renata não quer nem saber da gente o que a gente acha, apesar de a gente achar muita coisa. — Eu sei que vocês também acham. [risos] — A história dela é pra contar que o amor venceu sim. Lembra que lá no meio eu perguntei se o amor venceria? Segundo Renata, porque ela vê aí como o amor venceu sim, agora eles estão juntos, sendo que a minha pergunta é: “Renata, o cara nem tá te devolvendo o dinheiro, é o pai do cara que tá te devolvendo o dinheiro”, onde isso vai dar, gente? Eu estou inconformada.

Disse toda da minha surpresa e a minha revolta para Renata, ela está ciente, mas segundo ela, ela está feliz, Lauro está mudado. Pra mim não está mudado, porque quem paga ainda as contas dele é o pai, inclusive o que ele deve pra Renata… Não sei, gente, não sei o que vai dar isso, daqui a pouco tá aí grávida também e já falou que agora vai morar, que eles querem ter um filho, gente… [suspiro] Olha, Renata tá ótima, está feliz, mas eu tô aqui revoltada. [risos] Enfim, Renata, sei lá, tomara que dê tudo certo, mas se você tiver aí uma história pra contar, me escreve porque eu tenho a impressão que essa história não vai acabar assim, não. Não estou torcendo contra, — Talvez um pouco. — Mas espero, realmente, que você seja feliz. — Com outra pessoa. [risos] — Não consigo, gente, torcer pelo Lauro, desculpa, não consigo, Renata. Não consigo.

E é isso, a história é essa, torço muito pela Renata, pela felicidade dela. E, se a felicidade dela é com esse cara aí, que seja uma, mas não sei… Beijo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.