título: cagada
data de publicação: 01/02/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #cagada
personagens: hélio e clarice
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… E a história que eu vou contar pra vocês, [risos] é a história do Hélio e da Clarice. E, assim, é uma história que aconteceu agora na pandemia, e de gente que furou a quarentena, então eu acho que tem aí a mão do universo. [risos] É o Hélio que me escreve e Hélio, amigo, [risos] bem feito. Então vamos lá.
[trilha]Hélio e Clarice eles conheceram um pouco antes da pandemia, no carnaval, mas não ficaram juntos, eles se conheceram assim amigos de amigos, sabe? Mas muita gente da turma se conhece. E durante a pandemia eles foram conversando, conversando e agora a galera deu uma afrouxada, Hélio e Clarice resolveram se encontrar, Hélio mora com um amigo, Clarice mora sozinha. Clarice é chefe de restaurante e passou um perrengue aí no começo da pandemia, mas conseguiu fazer umas comidas aí e vender lá no bairro dela e a coisa foi indo, foi, deu tudo certo, e aí a Clarice chamou o Hélio pra jantar na casa dela, e Clarice não bastasse furar a quarentena só com o Hélio, chamou mais dois casais de amigos, — Então é a festa do Corona, né, Hélio? — Hélio sabe que tá errado, mas não aguentou, ele queria muito ver a Clarice, ele queria muito beijar aquela boquinha com Corona ou sem Corona, então ele foi.
Ele foi no jantar e, assim, uma coisa que a gente tem que falar sobre o Hélio, o Hélio é um cara que ele come arroz e feijão, come ali, sei lá, uma proteína e não é um cara chegado a comer verduras e frutas, — Tá errado, hein, Hélio? Tem que comer — mas não é acostumado, tem muita gente que é assim, come batata frita e não come verdura, não come muita fruta e essa é a vida de Hélio. E Hélio foi no jantar na casa da Clarice, a Clarice chefe, resolveu fazer várias comidas — Várias comidas — e com entrada, aquela coisa sofisticada e só um tiquinho de coisa e, assim, gente, quando um chefe faz um legume, a verdura, a fruta, qualquer coisa, é outros quinhentos, né? Nossa, estava ali no terceiro prato e ainda não era nem o prato principal, mas tudo delicioso e ele comeu umas coisas assim que ele nunca tinha comido, comeu um carpaccio de abobrinha, comeu umas coisas que ele nunca tinha comido, só que assim… [risos] Quando você não tá acostumado a comer verdura, legume, aquilo bate no seu organismo [risos] como se fosse um laxante, a fibra chega ali que chega com os dois pés no intestino [risos] pra empurrar tudo pra fora então… Já viu, né?
Foi prudente o Hélio? Não foi prudente, comeu, se acabou de comer e metade do jantar ainda e ali a galera tomando um vinho, né? Hélio começou a escutar ali um barulhinho, sabe quando a barriga faz aquele “Blug blug blug”? [risos] — O estômago falando “Ei, ó, tô mandando uma coisa lá pro intestino, dá uma segurada aí, fica atento”, mandou um “fica atento” para o Hélio. — Hélio falou: “Eita, mas hein”, aí veio ali um quarto prato, um negocinho, ele falou: “Ah, eu não vou aguentar, gente, eu vou ter que ir no banheiro”, e era uma coisa que, assim, ele pensou: “Bom, eu dou aquele barro legal, passou, ficou novo e volto pra cá pra comer, porque eu não vou fazer desfeita pra Clarice”, estava indo perfeito, sabe aquela chefe que gosta que você coma realmente as coisas que ela está oferecendo… E ele estava comendo tudo.
Lá foi o Hélio para o banheiro e, assim, — Lavabo, [risos] micro — lavabo micro, a janela do lavabo não tinha, era exaustor, então você acendia a luz fazia “UAAA” aquele barulho, o exaustor, que, né, gente? Dependendo da carga, [risos] não dá muito certo. Clarice uma pessoa assim classe média alta — Né? A gente tem que falar disso, vamos falar aí de vaso sanitário. — Então o vaso sanitário da casa do pobre é aquele que você senta ali, ele tem mais ou menos uma inclinação, a coisa mais pro reto e você vai ali “TCHIBUM”, cabou, [risos] puxou a descarga e foi embora. Só que o vaso da Clarice, ele falou que era uma coisa meio quadrada, então assim, você tem sentava, pra você ficar no reto ali pra cair o negócio na água, — O cocô na água — você tinha que ficar com a bunda mais pra trás e ele não teve essa percepção, então assim, ele falou que era um vaso meio longo assim, meio, como que eu vou falar? Retangular? Ele falou que era estranho.
Conforme ele deu aquela descarregada ali, aquela aliviada no vaso, que ele levantou, o cocô não estava na água, estava mais pra cá, todo no vaso. — Pintou o vaso, [risos] tanto que o e-mail que ele me mandou, o título era “Pinta vaso”. [risos] — Estava todo, todo, mas todo, gente, vai ser escatológica essa história. — Vamos ter que falar da consistência. — Porque ele falou: “Se fosse uma bolinha firme, a bolinha firme você joga água, mesmo que ela esteja fora d’água, que ela esteja na parte do vaso assim, só grudadinha, a bolinha descola e vai”, só que ele falou que estava uma coisa que era consistência de pasta de amendoim, a pasta de amendoim ela não desce, você vai ter que ter uma escovinha pra esfregar, e aí você puxa a descarga pra lavar a escovinha, é uma lambança, dá pra resolver? Dá pra resolver. Tinhas escovinha no lavabo chique da Clarice? Obviamente que não tinha escovinha, [risos] não tinha, gente e, assim, ele já estava um tempo no banheiro e o exaustor não dá conta. — Foi guerreiro o exaustor, mas não deu conta. [risos] —
E o cocô ficou todo ali, ele tentou tirar com o papel, mas pra fazer o papel, porque o papel se você põe ali direto com a mão, ele vai grudar ali e não vai sair, ele tentou fazer tipo um rolinho pra empurrar, mas não dava, não dava, ele ia ter que ou pedir uma escovinha, a humilhação já estava feita… O que ele resolveu fazer? [risos] Ele resolveu sair e fingir que nada tinha acontecido, largar toda a pasta de amendoim dele ali no vaso… De um cara que só come batata frita, arroz e nugget, a coisa ali estava forte. E aí conforme ele saiu do banheiro, — Porque toda desgraça é pouca, né? — uma das moças que estava lá entrou na sequência, então não tinha como, ou ele falava que o banheiro já estava destruído antes — Que não tinha como, porque ele entrou estava cheirosinho — ou ele, sei lá, saía correndo. Que a moça entrou, gente, no pé que ela entrou, ela saiu. — No pé que ela entrou, ela saiu… — E aí ela entrou, virou, saiu, foi até a Clarice e falou: “Clarice, posso usar a sua suíte?”, a Clarice ficou meio assim, mas falou: “Claro, pode” e foi.
E aí ele ficou ali, foi um erro do Hélio, porque ele podia chegar e chamar a Clarice e falar: “Clarice, fiz um estrago lá, você tem uma escovinha? Destruí o seu banheiro”. — Gente, acontece — Mas ele viu pessoas sofisticadas, ele ficou sem jeito. E aí Clarice ficou cabreira, que ela foi no banheiro, dentro do vaso, mas na parte seca, todo o cocô dele na parte sem água e muito papel, então ele meio que entupiu, virou uma lambança, e ele largou lá, fingiu como se fosse um banheiro de bar. E aí a Clarice entrou, conforme a Clarice entrou também, entrou, saiu, pegou a chavezinha que estava pro lado de dentro do lavabo e trancou por fora e tirou a chave, tipo interditou o banheiro. [risos] A Clarice muito fina não falou nada e interditou o banheiro, só que dali para frente ela continuou servindo os pratos, né? Não tratou o Hélio mal, mas não olhou mais pra ele. Aí quando ela serviu, depois que ela serviu a sobremesa, que o primeiro casal falou que ia embora e qual era a intenção do Hélio? A intenção do Hélio era ficar, depois que os casais fossem embora, né? Quando o primeiro casal que não era da moça que tentou usar o banheiro, era o outro, falou que ia embora, o quê que a Clarice fez? “Nossa, vocês moram no caminho do Hélio”. — Porque o Hélio tinha ido de Uber. — “Vocês não querem dar uma carona pra ele?” Gente, ela já deu o toque, né? “Vaza da minha casa, seu cagão”.
E aí o Hélio que não é bobo nem nada, falou: “Puts, [risos] vou ter que vazar, né?”, e aí deu tchau ali, a moça muito sem jeito, a moça lá que tentou que usar o banheiro também mal olhava pra ele e foi embora. Então, quer dizer, ficou o casal com a Clarice, com certeza comentaram do vaso. [risos] Gente, que o Hélio chegou na casa dele, que ele foi mandar uma mensagem pra Clarice, ela tinha bloqueado ele no WhatsApp, ele não satisfeito escreveu um e-mail pra ela pedindo desculpa, que tinha ficado sem jeito, que foi ele mesmo que usou o banheiro e que não sabia o que fazer e que deixou lá, e que sabe que errou, que devia ter falado com ela, e aí ela escreveu só assim pra ele: “Eu te recebi na minha casa com todo o carinho e você tratou minha casa como se fosse um banheiro de boteco, era você ter me falado. Você deixou uma situação constrangedora pra um convidado meu por uma coisa que não precisava e eu tô chateada, eu não quero mais falar com você”. E, gente, nunca mais falou com o Hélio.
E aí como eles tem muitos amigos em comum, ele não sabe se foi Clarice, foi a outra moça, se foi o marido da outra moça, a história rodou e agora o Hélio é o “Pinta vaso”, [risos] é o Pinta vaso. E aí ela tinha bloqueado, né? Só que ele ficava sempre entrando ali pra ver, porque quando você é bloqueado no WhatsApp a fotinho da pessoa ali some, né? E aí um dia ele entrou e a foto dela estava de volta, e agora ele gostaria de saber de vocês se ele deve tentar uma nova aproximação aí com a Clarice. Ah, eu não sei, gente, acho que assim, ele já fez o pior, ele já cagou tudo, [risos] literalmente, manda mensagem, não custa nada. Fala: “Ah e aí, eu vi que você me desbloqueou, quero te pedir desculpa de novo, vamos conversar?”, não custa nada, manda mensagem, já cagou tudo mesmo. [risos]
Agora eu acho que isso foi bem feito, porque você furou a quarentena Hélio e você podia ter falado. Acontece, né? E aí fica a lição pra todo mundo, se você fizer cocô na casa de alguém e complicar a coisa, gente, tem que ser sincero, tem que falar: “Esse cocô é meu”, assuma o seu cocô, assuma que você cagou e que deu merda. [risos] Então é isso, gente, deixa lá o recado para o Hélio, se ele deve ou não agora que a Clarice desbloqueou ele, pode ser que ela, sei lá, mudou de celular e não lembra que ele estava bloqueado, pode acontecer isso, será? E aí ele vai mandar mensagem ela bloqueia de novo? Mas não custa tentar, né? Manda, eu arriscaria, falar: “Puts, eu sei que eu caguei tudo, kkk. Me dá mais uma chance”, mas nossa, né? Ele falou que estava lamentável, o vaso ali, ela ia ter que jogar balde, mangueira, vai saber, né? E ela é uma pessoa fina, pensa, ele podia ter limpado a merda dele, né? A verdade é essa. Hélio pisou na bola, largou a merda dele lá pra outras pessoas limparem. Foi feio, Hélio. Então é isso, gente, então um beijo e até breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]