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título: viagem em família
data de publicação: 16/02/2021
quadro: picolé de limão – especial férias 2021
hashtag: #viagem
personagens: natália, ricardo e famílias

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão, especial de férias, [risos] e hoje eu vou contar pra vocês a história da Natália e do namorado dela, o Ricardo. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Natália me escreveu porque ela está num dilema e, pra gente poder ajudar aí a nossa amiga Natália, a gente tem que voltar um ano atrás antes da pandemia. Natália namora o Ricardo desde julho de dois mil e dezenove, e um namoro ali ok, namoro que seguiu, famílias se conhecendo e a Natália conheceu a mãe do Ricardo e o irmão do Ricardo, o pai do Ricardo já falecido e a vida foi seguindo até chegar o final do ano. E a família da Natália tem uma casa na praia, e aí galera vai pra lá e tal, né? Geralmente são alguns familiares, aí a Natália tem uma irmã e mais um irmão, então, às vezes, a irmã leva umas duas, três pessoas, o irmão também leva ali mais uma galerinha, a casa fica lotada. — Fica lotada. — E a mãe da Natália que coordena tudo, então antes de viajar ali, vai, um mês antes, começa a galera a preparar as coisas. A mãe da Natália passa uma lista de quem tem que comprar o quê, porque tem que levar muito macarrão, muita lata de molho, pacote de arroz, feijão, porque você vai pra praia você não come na praia, né? Não fica gastando no quiosque, então geralmente eles faziam um churrasco, almoçavam em casa, mesmo que fosse pra praia de manhã, revezava também pra fazer comida, então tem, a tia da Natália, a Natália, os caras também alguns ali churrasqueiros e tal, ia variando aí. — Mas também, aqui é só uma observação minha, geralmente as mulheres que trabalham mais, né? Quando vão pra férias assim que tem casa na praia, sempre a mulherada que acaba cozinhando, acho injusto, enfim. —

Aí a Natália foi conversar com o Ricardo, né? Pra ver se ele ia junto também, ele falar: “Ah, eu sempre passo as férias de janeiro com a minha mãe e com meu irmão, a gente sempre vai pra algum lugar, se eu puder levar os dois, de boa”, e aí a Natália achou perfeito. — Né? Perfeito. — Porque ela ia poder estar com o amorzinho dela ali e o amorzinho dela ia estar com a família, ela ia estar com a família e aí já aproveitava, já estreitava os laços, tal. — E… [risos] E tudo ia dar certo, pensou Natália. [risos] — Pensou Natália. Aí chegou no dia de ir, porque assim, uma galera tem carro, outra não tem, então também isso foi esquematizado, quem ia no carro de quem e o combinado foi: mãe e pai da Natália num carro com a irmã e o irmão da Natália, a Natália ia no carro do Ricardo com a mãe do Ricardo e o irmão, e nos outros carros x pessoas, né? Cada um foi se dividindo ali. Então eles mal conversaram antes de ir assim, todo mundo marcou, vai, no posto de gasolina, Posto Pônei, aí todo mundo marcou ali no Posto Pônei só pra assim, descer em comboio, né? Mas ninguém conversou. E todo mundo foi, os carros lotados porque você leva ali um mantimento, né? 

E a Natália percebeu que o carro do Ricardo estava leve, [risos] mas ela pensou: “Bom, eles ficaram com a parte de comprar o arroz, né?”, parece que era um pacote de arroz, algumas latas de molho, enfim, cada um tinha um pouco ali, né? E ela achou que bom não estava por ali porque não ia tá no banco, ia estar no porta-malas, né? Chegaram lá na praia todo mundo descarregando as coisas, as amigas da irmã da Natália, tinha uma galera mesmo, umas tias da Natália e todo mundo leva muita comida, foi também feita a divisão ali das carnes, né? E aí Ricardo desceu com mãe de [som de porta de carro fechando] Ricardo e irmão de Ricardo, e desceram com a malinha, abriu ali o porta-malas, — Pegou a malinha e cadê arroz? [risos] — cadê latas de molho? Cadê a carne que era a parte dele, né? Nada. Aí a Natália olhou e falou: “Ué, Ricardo, cadê as coisas da lista que a minha mãe passou?”, Aí a mãe dele já respondeu: “Ah, era muito coisa, a gente nem come tudo aquilo”. — Sem pensar na coletividade, né? — Aí ela pegou, abriu a bolsa, pegou cinquenta reais. — E entregou na mão da Natália, cinquenta reais… — E falou: “Ah, entrega isso aqui pra sua mãe, eu acho que cobre a nossa parte”. — Três pessoas. — Pra ficar quinze dias na casa de praia, cinquenta reais, sendo que, água e luz vinham só no outro mês e a mãe e o pai da Natália nem cobrariam, nem rateiam isso, eles pagam sozinhos, então ela não levou o arroz, não deixou o Ricardo comprar porque achou besteira, não levou os molhos, os macarrões e o Ricardo que tinha que levar uma peça de carne não levou, deu cinquenta reais na mão da Natália e falou: “Entrega pra sua mãe”. 

Então já o clima pesou aí porque a Natália olhou para o Ricardo, o Ricardo não olhava pra ela, mas ela falou: “Bom, não dá pra discutir aqui, né?”, aí todo mundo entrou, tinha gente que tinha que levar, até colchão levaram, gente… — Até colchão, porque a ideia… — Tudo assim, por mais que seja uma turma muito grande, todo mundo vê o que que tem, o que que falta, e aí galão de água, vários galões de água pra beber, né? E aí a cerveja, e tem que gelar, a outra parte já põe pra gelar, isso e aquilo. E a mãe do Ricardo e o irmão do Ricardo ali, assim, sem fazer nada, sem ajudar. — Porque poxa, é uma casa coletiva, tá todo mundo ajudando, né? — Aí a Natália foi lá, deu cinquenta reais na mão da mãe dela e falou: “Mãe, a mãe do Ricardo pediu pra te entregar e falou que não comprou as coisas porque acha que esse cinquenta reais dão”, a mãe da Natália na hora parou o que estava fazendo e deu uma gargalhada, mas não foi uma gargalhada boa, sabe uma gargalhada do mal? — [risos] A Natália falou isso. — Falou: “Ai, meu Deus, ali Déia eu já percebi que não ia dar certo, né?” — Eu já tinha percebido lá atrás no carro leve, se sou eu, já ia falar: “Olha, vamos parar no mercado, vamos comprar as coisas porque, né?”, enfim. —

Aí a mãe da Natália deu uma risada e olhou pra uma tia dela que estava assim meio que na frente dela e falou: “Olha, primeiro dia, hein? Primeiro dia” e tudo bem. Mãe de Ricardo não ajudou em nada, aí na hora de separar ali onde dormir, porque a casa é uma casa de três quartos e não tem como você separar um quarto só pra familinha do Ricardo, sabe? E a mãe dele achou que fosse assim e não era. — Tinha colchão espalhado pelo chão, pela sala… Gente, viagem coletiva de família, todo mundo sabe como é, né? Gente que dorme na varanda, os mais jovens, sabe? Ah, põe rede ou põe um colchão na varanda, enfim, galera lá. — E a casa da Natália é uma casa boa, é uma casa com piscina, tudo. E aí no outro dia de manhã, tem aquela galera, aquele pessoalzinho que sai bem cedo pra praia, tipo seis da manhã já tá saindo pra praia, aí come o que? Uma fatia de queijo, um pedaço de pão, não se importa com isso, né? E vai pra praia, e aí a mãe da Natália tem uma escala que é assim ó: “Fulano, hoje você vai, você tem que voltar pra picar a salada, entendeu?” — Todo mundo tem tarefa, eu achei bem legal isso. —

E aí todo mundo tinha uma tarefa e tinha dia pra fazer as tarefas, e a mãe do Ricardo e o irmão do Ricardo também tinham. — Todo mundo tinha. — Só que aí a mãe do Ricardo disse que: “Ah, isso eu não posso fazer, aquilo eu não posso fazer”, o irmão do Ricardo sumiu, saía de manhã, voltava de noite, mas voltava de noite e comia tudo que tinha na geladeira e o clima foi pesando. — Porque a gente não pode esquecer que família junto é barraco. — E aí a Natália chegou um ponto, que ela falou: “Bom, se a gente continuar aqui a minha mãe vai explodir, meu relacionamento vai provavelmente acabar, porque ela vai jogar a mãe do Ricardo na piscina e ficar segurando a cabeça da mãe do Ricardo embaixo d’água”. — Porque Natália conhece a mãe dela… — E aí o que Natália fez? Natália chamou Ricardo de canto e falou: “Olha, não vai dar pra gente continuar aqui, o clima já tá chato, sua mãe não ajuda em nada, seu irmão desaparece e não ajuda em nada, não colaborou com nada e quando ele chega, ele come tudo que tem na geladeira. Então tá difícil, não dá”. 

O Ricardo ficou ofendidíssimo, pegou mãe dele e irmão dele e veio embora, porque Natália queria voltar com ele pra não ficar tão chato, né? Mas ele veio embora sozinho com a família dele, isso lá pelo quarto dia de viagem, que a mãe dele não tinha ajudado em nada, ainda quando a mãe dele estava arrumando as coisas lá, ela pediu cinquenta reais pra Natália, [risos] e a Natália devolveu cinquenta reais, então quer dizer, eles não gostaram nada, só gastaram a gasolina pra descer ali pra praia. — Porque também, poxa, só faltava pedir pra Natália pagar a gasolina. — E aí a Natália também falou: “Ah, meu, sacanagem” e continuou na praia. Continuou na praia, quando deu… Isso foi no quarto dia, no sexto dia o Ricardo voltou pra praia porque ele viu que a Natália não atendeu mais ele, que a Natália não falou mais com ele e aí ele voltou pra praia, pediu desculpa e ficou lá os outros dias. A Natália fez ele pagar a parte dele e ele já desceu com um pacote de arroz. [risos] — Pra você ver como o cara sabe que estava errado o que a mãe dele fez, sabe? Por que não conversa com a mãe antes? Falando: “Poxa mãe”, ou se a mãe não quer comprar o arroz, compra você o arroz, Ricardo, sabe? Leva, não cria essa situação. —

E aí eles ficaram na praia e quando eles voltaram, a mãe do Ricardo ficou um mês ali estremecida com a Natália, mas se ajeitaram. Inclusive, ela fez uma piadinha sobre a gasolina assim, de cobrar, porque a Natália foi no carro deles. E aí veio pandemia, Natália ficou na casa dela, a família dele lá ficou na casa dele, eles não se encontraram até agosto. Chegou agosto, ah, não aguentava mais e nã nã nã, furaram quarentena. E aí voltaram que meio a namorar normal assim. — Os dois, não à distância, né? — E aí agora, gente, a família da Natália vai descer pra praia de novo, só que vai quem? Vai o pai da Natália, a mãe da Natália, os irmãos da Natália, e se a Natália quiser ir, vai a Natália. A mãe da Natália não quer o Ricardo, nem a família do Ricardo lá, porque o que aconteceu? Depois dessa treta da praia, a mãe da Natália não aceita mais o namoro dela com o Ricardo. — Mas é aquilo, né? Também você não namora com a mãe das pessoas, você namora com as pessoas, então, às vezes sua mãe não aprova e paciência, né? Nem tudo a mãe tem cem por cento de razão, enfim, eu acho que foi uma coisa que foi contornável, resolveu e nã nã nã. — 

Só que agora o Ricardo quer promover, assim, a paz entre as famílias e quer ir na viagem e levar a mãe, o irmão não, porque o irmão parece que tá trabalhando, não sei onde e aí e não pode ir, mas ele quer levar a mãe dele, e a mãe da Natália já falou que não, que não, que não, que não quer nenhum dos dois lá. Só que o pai da Natália é neutro, e o pai da Natália falou: “Olha, se você realmente quer que eles vão, eu dou um jeito, eu converso com a sua mãe, e aí a sua mãe vai acabar aceitando” e tá nesse pé. E a Natália tá com uma dúvida se leva o Ricardo e a mãe, ou não, porque só vai estar na casa os pais da Natália, a Natália, a irmã da Natália, o irmão e eles. — Assim, é pouquíssima gente, então… — O que a mãe do Ricardo fizer ali, vai se destacar demais, entendeu? E eu não sei, olha, sendo bem sincera, eu acho que não deve levar. Não é o momento, a gente tá no meio de uma pandemia, já vão, já vão ter que ficar confinados na casa porque tem vários dias aí que a praia tá fechada e tal, e já não se dão, né? A mãe da Natália já não tá aceitando esse namoro com Ricardo justamente por causa da treta do ano passado. Eu acho que não é o lugar pra fazer as pazes, porque se não der certo, vai tá todo mundo ali na casa. 

Só que a Natália gostaria de saber de vocês se ela deve insistir e levar a sogra e o Ricardo pra casa de praia lá dela. — Que não é dela, né? Dos pais dela. — A minha resposta é não, [risos] mas e aí, o que vocês acham? Deixem seus recados lá, a opinião de vocês no Telegram para a nossa querida amiga Natália. 

Assinante 1: Oi, me chamo Daniele e falo aqui de Recife. Amiga Natália, não faça isso, não leve a sua sogra para casa de praia dos seus pais, eu fiz essa mesma coisa e o resultado foi o mesmo que o seu. Então como uma boa conhecedora de causa, não faça isso, mantenha distância, dê tempo ao tempo e você vai ver como é que as coisas vão se resolver. Não é colocando todo mundo dentro de uma casa de praia que as coisas vão ficar na paz, pelo contrário, vai ser cachorrada e você vai se ver num inferno. Então, amiga, vá pra praia, vá curtir seu bronze, vá curtir a sua praia, a sua família e deixa essa história, depois se resolve. Aí um belo dia no Natal aí tu leva ela pra casa dos teus pais porque vai dar todo mundo feliz com o espírito natalino, mas dá tempo ao tempo, vá por mim. Um beijo, tchau, tchau. 

Assinante 2: Oi pessoal, aqui é a Laessa, eu sou de Palmas, Tocantins. E assim, Natália, eu acho que você não pode querer dar um passo maior que as pernas, vamos tentar essa reaproximação aí aos poucos, porque sua mãe já nem tá aceitando muito bem esse relacionamento. Querer empurrar todo mundo pra uma viagem juntos, tem mais chance de dar errado do que certo. Eu acho que, se você quiser, você leva só o Ricardo pra ele tentar ali ir reconquistando sua mãe, depois você marca um almoço com as famílias e, no futuro, se der certo, vocês podem fazer uma viagem juntos, mas agora eu acho que não é uma boa ideia. Espero que dê tudo certo, boa sorte aí pra você com a família do Ricardo. 

Déia Freitas: Um beijo e até a próxima história.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.