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título: beliche
data de publicação: 23/02/2021
quadro: picolé de limão – especial férias 2021
hashtag: #beliche
personagens: marta, pai da marta e tia soraia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Voltei para mais um Picolé de Limão – Especial de Férias. E hoje eu vou contar para vocês a história da Marta. Tem muita gente nessa história, [risos] então para não ficar enchendo de nome, a gente vai focar na Marta e tia dela, a Tia Soraia, que é irmã da mãe dela. Essa história aconteceu em dois mil e dezoito e até agora não teve um desfecho. — Então aí… não sei. [risos] — Vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Em dois mil e dezoito a Marta e a família dela — Que eu já vou daqui a pouco falar quantas pessoas. — Eles se juntaram e resolveram ir para a praia. Alugaram uma casa, a casa tinha três quartos e lá foi a turma. [efeito sonoro de carro] Quem foi? A Marta… A Marta então com vinte e cinco anos em dois mil e dezoito, a Tia Soraia na faixa ali… Da meia idade assim, uns quarenta e cinco, a mãe e o pai da Marta, já na faixa dos cinquenta e poucos ali, quase sessenta, sendo que a Tia Soraia é irmã da mãe da Marta, a irmã da Marta com o namorado, a irmã da Marta, na época, um ano mais nova que ela, com vinte e quatro, o namorado da irmã, trinta e, mais um casal de amigos da irmã da Marta. Então, vamos lá tinham três casais na casa mais a Marta e a Tia Soraia.

Então, como foi dividido ali os quartos? Tinha um quarto pequeno com uma beliche. Em cima ficou a Marta e embaixo Tia Soraia. No outro quarto tinha uma cama de casal, ficou o pai e a mãe da Marta. No outro quarto tinha mais duas beliches, e aí ali ficaram os dois casais, que era a irmã da Marta com o namorado e a amiga da irmã da Marta com o namorado. Então essa é a configuração da casa, das pessoas que estavam na casa. Eles iam ficar lá e ficaram por dez dias. E tudo correndo perfeito, todo mundo fez ali a vaquinha e deu tudo certo, da comida, do churrasco, da bebida… Praia, vai pra lá e vem pra cá, e passeia. — E, nossa, Marta falou: “que viagem maravilhosa”. Marta, lembrando, que dormia em dormia na beliche e Tia Soraia embaixo. —

No terceiro dia a Marta ali já quase pegando no sono, ela viu a porta do quarto abrir, Tia Soraia já dormindo — pensava Marta — e, assim na posição que ela tava de costas para a porta, virada para a parede, ela quis virar para ver quem estava entrando no quarto. E aí a pessoa que entrou no quarto, deitou na cama com Tia Soraia, e aí eles começaram um rala e rola. [efeito sonoro de cama balançando] Começaram a transar mesmo com a Marta no quarto em cima. E a Marta ficou fingindo que estava dormindo, mas ela ficou pensativa, porque um estranho, vai, digamos que Tia Soraia tivesse conhecido alguém na praia, a Tia Soraia ia deixar essa pessoa dentro da casa escondida pra hora que todo mundo estivesse dormindo ir lá no quarto? — Não, né? — Era pouquíssimo provável que fosse isso. E aí ela tem pensou: “gente, ou é o namorado da minha irmã ou é o namorado da amiga da minha irmã que tá aqui transando com Tia Soraia e ela ficou em choque”.

E aí passou, ali eles terminaram, a pessoa saiu rapidinho do quarto e, beleza. Só que no outro dia, a Marcia estava assim: “conversa ou não conversa sobre isso com Tia Soraia?” Porque tem um detalhe, a família da Marta é meio religiosa, eles não têm essa abertura para conversar sobre sexo, enfim… Ela achou que se ela falasse uma coisa dessas pra tia, a tia ia esculachar ela ali, capaz que contasse pra mãe o pro pai dela, ia dar um rolo. E aí a Marta começou a se questionar se, de repente, ela não estaria dormindo e sonhou com aquilo. — Porque também podia ser, né, gente? Ela sonhou que tinha alguém transando com Tia Soraia. — Passou…

Dois dias ali, todo mundo na praia, Marta cabreira, porém relax, [risos] curtindo ali a praia. Chegamos à noite, depois dali uns dois dias. De novo… A pessoa abre a porta, [efeito sonoro de porta abrindo], — Até aqui a gente podia pensar, poxa, mas também podia ser a amiga da irmã da Marta. — Mas não, porque a Marta falou que ela ouvia gemidos masculinas assim, dava para perceber que era um cara, mas não dá para saber que cara. E aí ela olhava sempre bem desconfiada para o namorado irmã e para o namorado da amiga da irmã. E aí essa noite aí dois dias depois, de novo o cara entrou… Só que a Marta já estava dormindo ,ela acordou no meio da coisa, tipo, quando a tia estava lá dando uns gritinhos. [risos] — Tia Soraia é folgada também, né? Poxa, não respeitou o quarto ali, a privacidade da Marta também. Sacanagem. Em todos os sentidos sacanagem. Marina. —

[efeito sonoro de cama balançando] E aí ela falou: “puta que pariu, no meio da coisa aqui, o que eu faço?” Resolveu de novo não fazer nada, mas estava checando já quase o dia de ir embora e ela não ia deixar assim, e ela falou: “bom, se acontecer de novo, eu vou levantar e vou acender a luz.” — Foda-se… Olha eu aqui falando palavrão. — Eu vou fazer isso, vou levantar e vou acendeu a luz. E, gente, na noite seguinte… Dito e feito. Ela acordou no meio da coisa, Tia Soraia ali no risinho no rala e rola com um cara e a Marta levantou, pulou da beliche e acendeu a luz. Conforme ela acendeu a luz, o mundo dela caiu. Quem tava na cama com Tia Soraia, irmã da mãe de Marta, era o pai de Marta. [efeito sonoro de algo caindo]. — O pai de Marta, gente… O pai dela catando a Tia Soraia. Olha que doideira isso. — E aí o pai dela ficou assim, mais chocado que ela, né? — Assim, tem medo, mas não tem vergonha, né? Porque estava lá, com a filha em cima, transando com a tia na cama de baixo. Tem medo, mas tem vergonha, né, pai de Marta? –

E aí ele ficou chocado e só falou pra Marta assim: “filha, filha, por favor, ficar quieta, não fala para ninguém” e já vestiu a calça dele ali e saiu do quarta. E aí… — É a parte que eu não sei se eu fico mais chocada ou horrorizada. — A Marta foi pra cima da própria tia, e elas brigaram de soco e foi feio o negócio. Mas aí, assim, a Marta me falou que foi uma briga de soco meio silenciosa. [risos] Não consigo entender isso… Porque elas não queriam acordar ninguém e tal, e aí a Marta saiu do quarto, foi dormir ali na sala que tinham um sofá cama desses de madeira, né? E no dia seguinte a mãe dela falou: “ué, você saiu lá da cama do quarto e veio dormir aqui na sala, por que?” E aí a Marta olhando bem para a cara do pai dela falou: “é, eu acho que naquele quarto tem algum rato ali, que eu estou escutando uns barulhos à noite. Acho que é rato. E aí eu vim dormir aqui”.

E aí acabou, faltava ali uns três dias para o final da viagem, acabou a viagem para a Marta ali, ela ficava olhando pra mãe dela tão amorosa, tão feliz de estar ali com todo mundo, sendo enganada pela própria irmã e pelo pai dela. E aí ela conversou com algumas amigas, na hora mandou mensagem e todo mundo falou a mesma coisa: “amiga não conta nada”, “não conta nada”, “não conta nada”. Ela parou de falar com o pai dela, só que na frente da mãe ela disfarça. — E isso, gente, dura até hoje. — Ela tem certeza que o pai continua com o caso com a Tia Soraia e ela não tem coragem, assim, de tirar o sonho da mãe dela do casamento perfeito, sabe? E ela não sabe o que fazer… Tem hora que ela tem vontade de contar tudo, porque o pai dela fica com um discurso lá de “porque a família, porque a importância da família…”, sendo que ele, né? Está ali saindo com a irmã da esposa.

E tem hora que ela acha que não é justo… Ai, gente, eu não sei dizer se eu contaria ou se não contaria. Se fosse a minha mãe, eu acho que eu cantaria, mas na hora ali, você vendo… Eu não sei, é uma história que me deixou em dúvida e ela queria aí a opinião de vocês. Se ela conta para a mãe dela que o pai dela está saindo com a tia ou não. Olha, eu acho complicado, talvez eu não contaria hoje… Se eu fosse mais nova, talvez eu contaria, hoje eu acho que não sei, que não… Mas tenho dúvidas, não sei. Então deixem seus recados lá no grupo para a nossa amiga Marta, tá bom?

Assinante 1: Oi, Marta, aqui é a Ana Alice, falando da Inglaterra. Gostaria de falar que eu se sensibilizei muito com sua história, eu tenho uma história parecida na minha família, com a minha mãe. Me colocando no lugar das nossas mães, eu entendo que eu gostaria de viver uma vida de verdade. A nossa vida é tão fugaz, a gente não sabe quanto tempo a gente vai estar aqui… Fico me perguntando se vale a pena viver ela, desperdiça-la vivendo uma mentira. Eu daria a chance do seu pai contar pra sua mãe e, se ele não contasse, eu contaria. Essa situação não é fácil, eu espero que tu encontre muita luz, assim como a tua mãe. Eu penso sempre que é na ferida que a luz adentra a gente. Eu tenho certeza que com o teu abraço, com o teu apoio, com o teu conforto… Teu e da tua família, tua mãe vai superar isso, independente da escolha que tu fizer, tá bom? Mas lembra que a verdade nos liberta. Um beijo, querida, para você e pra tua família.

Assinante 2: Olá, meu nome é [Nayla], eu falo de Montreal, no Canadá e eu queria deixar uma mensagem pra Marta. Seguinte, Marta, eu tenho uma sugestão pra você. Que tal se você contasse essa história, a história que você sabe, que você descobriu para sua mãe, mas obviamente sem deixar ela entender que fosse ela, né? Que fosse ela que é a pessoa que que tivesse sendo traída, como se fosse uma amiga sua, que é casada já há muito tempo e que você descobriu que o marido dela trai ela, e pergunta pra sua mãe, primeiro o que ela acha que você deveria fazer e também se fosse ela no lugar da sua amiga, se ela acha que ela gostaria de saber, né? Eu acho que toda pessoa merece saber se ela está sendo enganada ou não, essa é a minha opinião pessoal, mas, de repente, sua mãe não concorda com isso e, às vezes, ela mesma pode te dar essa resposta. Um beijo.

Déia Freitas: Um beijo e até a próxima história.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.