título: sobrinho
data de publicação: 16/03/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #sobrinho
personagens: nadine, sobrinho e julieta
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E antes de contar a história, eu quero agradecer todo mundo que foi lá ouvir os episódios do podcast do meu amigo e editor Léo Mogli, o podcast “Entre Cactos e Suculentas”, tá muito bom, tem muita coisinha bacana, vai lá ver e o Léo tá quase me convencendo já a ter uma suculenta, ele me prometeu um episódio que vai falar sobre suculentas para ter em casa pra quem tem gatinhos e cachorrinhos que é o meu caso. [risos] Cactos eu não quero ter assim, porque tem espinho e eu tenho medo, com os bichos, mas suculentas se tiver alguma que meus gatos… Porque eles são terríveis e eles mastigam as coisas, que não seja tóxica pra eles, eu até queria ter uma. O Léo tá me convencendo a ter uma suculenta, [risos] então vai lá, escuta os episódios e depois comenta lá no grupo, tem uma hashtag pra isso que é #entrecactosesuculentas ou #cactosesuculentas, não lembro agora, mas tá lá.
E a história que eu vou contar pra vocês agora é a história da Nadine e da Julieta, e olha que legal isso, foi uma assinante, é amiga dessa Nadine que ouvindo as histórias quis escrever, muito legal, né? Porque assim, são pessoas de mais idade e é um público novo pra mim, tô adorando. Então a Nadine me escreveu e a história é dela e da irmã dela, que chama Julieta, vamos de história.
[trilha]A Nadine e a Julieta sempre foram muito amigas além de irmãs, e quando a Nadine — Minto, a Julieta — tinha vinte e três anos, ela engravidou, então ela com vinte e três e a Nadine com vinte e seis anos. E ela engravidou e ela estava assim, no meio de um monte de curso, a carreira dando super certo e ela pensou em tirar a criança e aí a Nadine falou pra ela: “Não, não, não tira, eu crio pra você. Você pode fazer suas coisas, pode fazer tudo que eu crio pra você”, e assim foi feito. A Julieta teve a criança, um menininho e, quem começou a cuidar, que fazia tudo como se fosse mãe do menino, — Inclusive hoje o menino chama a Nadine de mãe — era a Nadine. Então aí depois quando o menininho estava com dois pra três anos, a Julieta conseguiu uma transferência para os Estados Unidos, e aí foi morar lá, trabalhar lá e continuou sustentando aqui o menino que morava com a Nadine e, assim, a Nadine ficou com a guarda provisória da criança.
Então o menino sabendo, o menininho sabendo que a mãe dele era a Julieta, isso nunca foi escondido e sempre conversando com ela, primeiro por telefone e agora por videochamada, essas coisas, e o menino agora tá com doze anos, e quem criou ele foi a Nadine. Aí agora no início da pandemia, a Julieta virou pra Nadine, ali por chat de vídeo e falou assim: “Olha, agora eu já consigo receber o menino aqui e eu quero muito trazer meu filho pra estudar aqui”. — Ela já está estabelecida nos Estados Unidos, não pensa em voltar para o Brasil. — E ela falou pra Nadine que já tinha, inclusive, visto as coisas e deu uma data, tipo, “Ah, assim que puder ter voo e tal eu quero trazer o menino”, e a Nadine ficou muito, muito, muito chateada. — Por quê? — porque primeiro que ela achou que ela devia também ser consultada — Eu concordo com ela que ela devia ser consultada, e ela ficou com essa mágoa tipo, “Ah, vai tirar o meu filho de mim”, porque ela criou como filho e é praticamente um filho, né? —
E aí a Julieta completou, ela falou: “Então, Nadine, mas aí você vem junto, você pode vir também morar aqui e arrumar um emprego e daqui um tempo ficar legalizada aqui também”, ela trabalha numa empresa muito grande lá e capaz de colocar a Nadine, só que a Nadine assim, não fala inglês, nada, então ia ser um pouco mais difícil. E a Nadine não quer ir, mas mais assim por quê? Porque ela tá com bronca, que ela acha que a Julieta não tem que tirar o menino daqui de perto dela, e ela ficou muito magoada com isso, né? Então as opções são, a Julieta de qualquer forma quer levar o menino, o menino é filho dela, a Nadine nunca teve a guarda definitiva, e a opção da Nadine é ou deixar o menino ir ou ir junto, e eu falei: “Tá bom, o que te impede de ir?”, aqui a Nadine é professora e, em maio ela foi dispensada da escola, então ela tá sem trabalho e, justamente, quem tá mantendo tudo é a Julieta, a Julieta ainda falou pra ela, falou: “Mesmo que você mande o menino você pode ficar sossegada que nada das contas aí do Brasil vão mudar, eu vou continuar pagando as coisas até você se estabelecer, conseguir um emprego, mas o que eu quero é que você venha para cá com ele”.
A Julieta super de boas assim, não teve briga, só que a Nadine está com rancor porque ela acha que a Julieta nem devia lançar essa possibilidade, não devia querer tirar o menino daqui do lado dela, o que eu falei pra Nadine? Eu falei: “Primeiro que, assim, eu de fora acho que esse rancor tá te cegando um pouco, porque, de repente, você pode ter uma oportunidade lá, né?”, ela me falou que também quando o menino fizesse dezoito anos, daqui seis anos, que ele mesmo falava de ir pra lá pra estudar, então de qualquer forma este passarinhozinho ia sair do ninho, então se ela for pra lá junto com ele, ela vai ficar mais tempo perto do menino e eu falei: “O que te prende aqui?”, falei: “Você tem, sei lá, mãe doente, alguma coisa?”, não, já era só as duas assim, os pais já eram falecidos, eu falei: “Ah, se você tiver um cãozinho, um gatinho dá pra levar também”, ela falou: “Não, não tenho bicho, não tenho parentes aqui assim que me prendam e a Julieta, que é a minha irmã, que é minha amiga, tá lá”, falei: “Então por que você não vai?”, não tenta, né? A casa delas é própria aqui, falei: “Você aluga a sua casa aqui, não vende nada, se não der certo você volta, né?”
Então não sei, ela tá com essa mágoa, não quer nem pensar na possibilidade, então ela escreveu pra saber o quê que vocês achavam e se vocês tinham uma luz pra dar pra ela, algum conselho, né? Do que ela deve fazer, ou se tem alguma outra alternativa, porque no caso ela queria ficar aqui com o menino, só que a mãe do menino quer que ele vá estudar lá e acha que vai ser bom pra criança e quer levar a Nadine junto, então eu não sei também que outras possibilidades ela tem. Se ela entrar na justiça eu não sei se ela ganha, porque tipo, a mãe, ela nunca abandonou o menino, ela vinha regularmente pra cá, ela sempre mandou dinheiro e o menino chama as duas de mãe, e o menino quer ir e quer que a Nadine vá. Inclusive teve um dia que ela pegou ele chorando… — Porque ele deve ter um conflito, né? Do tipo, “Ah, quero ficar lá, quero ir com minha mãe, mas também quero que a minha mãe daqui vá”, também não deve ser fácil pra ele, né? —
Não sei, eu acho que a gente devia dar uma arriscada, né? Ir pra lá, aproveitar que agora liberou, parece que a gente pode ir pra lá de novo, não sei… E ir, né? Ou esperar quando puder ir e ir. Eu acho isso, eu acho que tem que dar uma parada assim pra pensar porque, às vezes, é um pouco de orgulho, eu entendo que foi ela que criou, que é o filho dela também, mas não sei, vamos abrir um pouco assim os olhos, a cabeça, pra uma oportunidade e, se não der certo, volta, não vende casa, não vende nada, aluga, com uma imobiliária, direitinho, né? E aí se não der certo, volta, gente. Sei lá, não sei. Se ela tivesse ainda coisas a perder aqui, mas tá desempregada, o que vocês acham? Então deixem seus recados lá no nosso grupo pra nossa amiga Nadine. Bem-vinda, Nadine.
[trilha]Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Maya de São Paulo. Nadine, me identifiquei muito com você, achei muito legal sua história, admirei muito sua iniciativa, e a gente sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, né? Ela ia querer ter o filho por perto. E sua família é tão legal, é tão bacana, vocês parecem ser tão unidos, vai lá, mulher. Tu te permite, vai lá, vive uma nova vida, experimenta ver como é, como você se sente. A gente está na pandemia, a gente tá todo mundo nessa situação horrível, o quê que você vai perder tentando uma coisa nova? Vai lá, mulher, tu te permite. Escuta o que a gente tá te falando, tenho certeza que todo mundo vai falar pra você tentar uma nova vida, uma nova rotina com a sua família. Um beijo, muita força e se cuidem aí, hein?
Assinante 2: Oie… Nadine, eu super acho que você tem que ir para o Estados Unidos, eu acho que, se a mãe deu essa abertura pra você, é porque ela não quer que esse vínculo seja quebrado, eu acho que você pode pensar também na carreira profissional, né? Conseguir, talvez, mudar a carreira, conseguir conquistar novas coisas, eu acho que é super bacana. Vai, deixa sua casa aqui alugada e, se você entender que não faz sentido, volte e começa a vida aqui de novo, mas eu acho que é uma oportunidade super bacana.
Déia Freitas: Então um beijo e até daqui a pouco.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]