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título: cartão
data de publicação: 17/03/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #cartao
personagens: zé luis e bia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… E a história que eu vou contar pra vocês agora é do Zé Luís e da Bia, e quem me escreveu foi o Zé Luís.

[trilha]

O Zé Luís e a Bia, eles namoram já há dois anos, e é um namoro sempre muito bacana, mas assim, a Bia tem umas questões. A Bia tem vinte e seis anos e o Zé Luís tem trinta e um, os pais da Bia, ela é filha única e ela tem uma condição financeira assim, classe média, não é rica, nada, mas não falta nada pra ela e ela estuda, estuda muito. Fez faculdade, tá num mestrado e tudo financiado pelos pais, então como ela paga esse mestrado aí e é um negócio caro, ela não pode comprar roupa que ela quiser, ela não pode comprar a maquiagem que ela quiser, ela gosta de cuidar do cabelo no salão e não pode, e aí o Zé Luís sempre deu uma coisinha ou outra, nunca achou ruim de dar. — Eu também não acho ruim, se você tem, você pode dar, é seu namorado, sua namorada, não custa nada dar um presente, né? Acho bacana, gosto de ganhar presente, quem não gosta também, né? Mas não é tudo, né? A gente não consegue dar tudo, não é a Disney, é um namoro, né? —

E aí um namoro ótimo, tudo bem, né? Ela querendo mais coisinhas, ele não podendo proporcionar tantas coisinhas e não é que assim, que não podia, que, “Ah, não tinha dinheiro”, mas gente, também não dá pra dar tudo, né? O cara também tem outras coisas pra focar, tem a vida dele, tem os boletos dele e tudo bem. Aí chegou uma hora que ela parou de pedir, né? E aí ela apareceu com umas roupas assim maravilhosas, umas marcas caras, caras mesmo, e fez lá umas luzes no cabelo e, assim, estava com aparência de riquíssima, ficou com uma aparência de riquíssima, tênis caro, sapatos caros e ele falou: “Nossa, como tá linda minha namorada. Bia, você tá show. Você tá incrível”, e o que ele pensou? “Poxa, o pai e a mãe abriram a carteira, né?”, e passou. 

E assim, felicidade, felicidade, felicidade, e… [risos] A gente tá falando isso pré-quarentena, né? Tudo aconteceu pré-quarentena. E aí, gente, passou um mês e doze dias, quarenta e dois dias depois, ele recebe um aviso de cobrança, “Ué, todas as contas em dia, quem que tá me cobrando? Que aviso de cobrança é esse?”, esta criatura, Bia, que nunca trabalhou na vida e que sempre teve tudo que quis na vida — Né, menos também, né? O mundo, porque Bia queria o mundo… — Tinha tirado um cartão de crédito no nome do José Luís. Sabe quando você tem um cartão pré-aprovado? Ele não, ele assim, ele falou: “Até hoje eu não sei como que aprovaram o limite que aprovaram sem ter ninguém falado comigo, nada”, e ele também meio relapso com as contas, ela tinha acesso a tudo, ela tinha a senha. — Então eu acho que é aquilo, né? Se fez por dentro da conta dele ali, você supõe que a pessoa tá sabendo, né? —

E a questão é que Bia gastou tudo nesse cartão de crédito dele, a hora que estourou a bronca ela só chorou, ela chorou, e chorou muito, mas estava linda, chorando assim, impecável [risos] e pediu perdão, só que assim, a questão do perdão vem com a conta do cartão de crédito que ele não quis conversar com os pais da Bia, porque ela falou que, nossa, isso ia ser um baque terrível para os pais, implorou pra ele não contar, ele não contou e ela não tem como pagar, ela não trabalha. Aí a coisa ficou tão ruim que eles terminaram, eles terminaram, o Zé Luís parcelou essa fatura e foi pagando, foi pagando e eles terminaram, mas ele gostando muito dela, eles voltaram. Eles voltaram, ficou tudo bem, né? Porque aí ele azeitou e entubou essa dívida, ela belíssima, [risos] plena, fazendo a egípcia, nunca mais tocou no assunto e chegou pandemia. 

Chegou pandemia, eles ficaram separados, né? Cumprindo quarentena, inclusive, o pai da Bia é do grupo de risco, né? Então ela não ia arriscar mesmo, lógico, e tá certíssima, e o Zé Luís também nunca pediu pra ela arriscar nada. Aí agora, tem mais ou menos uns dois meses, ele descobriu também com uma cobrança que ela tinha conseguido fazer outro cartão no nome dele, só que dessa vez o limite era baixinho e por limite baixinho, gente, o Zé Luís disse mil reais. — Mil reais pra mim não é um limite baixinho, eu sou classe C, então mil reais, eu acho um limitão. — E ela gastou esses mil reais, só que aí quando veio a cobrança, não sei o que, o que ela falou? Que agora ela fez uma lojinha online lá e que ela pegou esse dinheiro pra fazer, investir na lojinha online e que era uma surpresa pra ele, [risos] pra ela mostrar pra ele que estava trabalhando, né? E que agora ela tinha uma lojinha online, que ela pegou esse dinheiro pra comprar as coisas pra lojinha online, que é lojinha tipo de papelaria, né? E aí ela comprou as coisinhas lá e tá vendendo na lojinha. 

Detalhe, ela não fala nada em devolver esses mil reais, ela pediu pra ele ser um investidor da lojinha… [risos] — Ô, Zé Luís — E aí que ele topou porque ele gosta dela, né? E aí agora ela precisa de mais algum investimento na lojinha — Porque a gente sabe que início de negócio é assim, põe um dinheiro mesmo, né? Só que ele tá achando, que nem… Ele deu umas dicas pra ela lá, ela tem uma lojinha online, se você tem uma lojinha online, você tem que ir colocando seu link nas coisas, ela fica lá esperando alguém descobrir a lojinha online dela, então ele acha que ela não tá muito assim querendo a lojinha online, que ela já falou que: “Ah, eu acho que papelaria não vai virar, talvez eu devo investir em roupa, então assim, ela não tem dinheiro nenhum, não dá pra ficar brincando de acertar o negócio com o seu dinheiro, né, Zé Luís? 

E aí ele queria que vocês dessem aí uma luz, porque ao mesmo tempo que ele não quer cortar a vibe dela, mas a vibe dela com o seu dinheiro, amor? Meu lindo, né? Fica difícil [risos] e ela não tá nem tão empenhada assim, empolgada. Então ele queria saber de vocês como que ele pode fazer pra continuar com ela e sair dessa e não cortar a vibe dela, e eu não sei, eu já teria, financeiramente, eu já teria cortado, falava: “Bom, você pegou esses mil reais aí, fez outro cartão”, eu falei pra ele: “Muda a senha, você tá confiando ainda, né?”, mas enfim, ele gosta dela e não dá pra garantir que mais pra frente ela não vai fazer de novo, né? Então ele deve investir mais milzinho? — Na loja. [risos] — Ai… Eu não sei nem o que dizer… Zé Luís. Eu sei que tem um amor, gente, eu sei que tem um amor, eu sei que, às vezes, o coração é burro, mas mais milzinho? Será que vai virar essa lojinha? Vai fazer o que com a papelaria que comprou? Agora vai usar no mestrado pra escrever nos cadernos? [risos] 

Ai, meu Deus, Zé Luís, eu não sei, sabe? Acho que na primeira vez lá que ela, poxa, gastou dez vezes mais no seu cartão já tinha que ter rompido, né? Tudo bem, você tem uma condição financeira, mas não é pra isso, né? Enfim, gente, deixem [latidos dos cachorros] seus recados, olha meus cachorros, ó, lá pro Zé Luís, que os meus cachorros já acordaram.

[trilha]

Assinante 1: Oi, aqui é Marina, e o que eu tenho pra falar pro Zé Luís é o seguinte: corta e corta o mais rápido possível, porque quanto mais tempo tu ficar alimentando, mais ela vai ficar acostumada e daí vai ser pior depois pra cortar, entendeu? E o fato é que tu tá insatisfeito do jeito que ela tá usando o teu dinheiro, então uma hora tu vai querer cortar, então é melhor cortar logo porque daí talvez até com um pouco de tempo ela vá percebendo que o comportamento dela não estava legal, né? A outra opção seria tu se dar por satisfeito que ela usa o teu dinheiro e vocês dois serem felizes assim, mas pelo jeito tu não tá satisfeito… Então corta e corta logo, é isso, boa sorte, viu? 

Assinante 2: Ô, Zé Luís, aqui quem fala é a Giovana de Curitiba. E olha, tem três opções pra você, a primeira: terminar, mas acho que não é isso que você quer; a segunda, que eu acho que todo mundo falou lá no grupo é: troca todas as senhas, impede de todo jeito ela conseguir fazer um cartão de crédito seu, até talvez trocar de banco, e nem avisar ela que você mudou o seu banco… E a última, eu acho que assumir que você vai bancar ela, né? Porque acabou que é o que acontecendo, teve essa primeira vez que já foi um erro. Como assim pega seu dinheiro e te faz de investidor sem te avisar? Pra mim isso é muito quebra de confiança, mas se você acha que tudo bem… Mas eu acho que talvez, nessa segunda vez, você tenha que falar: “Olha, venda as coisas da papelaria, me pague, ou pega esse dinheiro e faz o seu novo negócio, mas eu não vou te ajudar mais porque já deu de fazer isso com o meu dinheiro”. 

Déia Freitas: Um beijo e até daqui a pouco.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.