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título: amor pra sempre
data de publicação: 23/03/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #amor
personagens: cláudio e verena

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje uma história do cara que veio instalar aqui o chuveiro na minha casa, [risos] ele não tá no grupo, ele não é assinante, ele só veio instalar o chuveiro aqui em casa e a gente começou a conversar e do nada ele contou a história da vida dele. Aí eu perguntei se eu podia gravar anonimamente, né? Ele disse que sim, que tudo bem, mas ele nem sabe que é um podcast, mas ele deu autorização, então… Vamos que vamos. — Eu vou chamar esse cara de Cláudio. — Então vai ser a história do Cláudio e da Verena. 

[trilha]

O Cláudio conheceu a Verena no metrô, um dia ele estava lá no metrô indo de um trabalho para o outro porque ele prestava serviço de eletricista pra uma outra seguradora, hoje ele só atende o ABC, hoje ele tem carro, mas na época ele não tinha, então ele só conseguia atender São Paulo porque ele pegava metrô ali, era rapidinho, então ele trabalhava nessa seguradora e estava lá no metrô com a caixinha dele de ferramentas, né? Com as coisas. E ele viu que tinham duas moças sentadas ali num outro banco, e ele viu que uma moça estava olhando muito pra ele, e era uma moça bonita, e ele falou: “Nossa, né? Eu aqui todo mal arrumado com macacão da firma, né? E a moça tá me olhando, vou olhar também”, e ficou olhando e ele desceu na Praça da Sé e a moça desceu também. — Mas não que desceu atrás dele, ela já ia descer, né? — E ali ele tinha que fazer uma baldeação pra pegar a linha azul… E que ele entra na linha azul, quem que tá na linha azul? A moça. Ele falou: “Ah, não, agora eu vou ter que ir perguntar o nome dela”. 

[trilha romântica] Aí foi lá assim, como quem não quer nada e falou: “Oi, tudo bem? A gente pegou outro metrô junto, né? Como é que você se chama?”, ela falou: “Ah, eu me chamo Verena, tal”, e ela estava indo para o Jabaquara, — Porque ela mora no Jabaquara — e aí a amiga dela ficou mais de lado assim, né? Se ligou. Talvez ela já tivesse falado do Cláudio pra essa amiga e ele ficou conversando com ela, ele ia descer no Paraíso e, antes disso eles trocaram telefones e ele desceu assim nas nuvens, né? Porque ele falou: “Nossa, ela era muito, muito, muito bonita mesmo”. E aí eles começaram a conversar, logo que ele desceu do metrô, não deu dez minutos, ela já mandou mensagem e nã nã nã, começaram a conversar, conversa vai, conversa vem, marcaram, saíram, começaram a namorar. — Tipo, rápido assim. —

E aí o Cláudio ficou apaixonado por essa moça e ele queria assim, queria conhecer a família, queria casar, ele falou: “Andréia, eu queria casar, eu queria ter filho, eu queria tudo com essa moça”. E aí, nesse começo de namoro, os dois ali se conhecendo, aí ela foi falando um pouco mais sobre ela, ela não estava trabalhando no momento, ela já tinha dois filhos, e pra ele tudo bem, ele falou: “Tudo bem, ela já tinha dois, eu queria ter mais quatro com ela, [risos] e assumia os dois dela, tudo bem”. E aí assim, ele queria conhecer a mãe, porque ela falou que ela morava com a mãe, né? Ele queria conhecer a mãe dela, levou ela pra conhecer a família dele, mas ela nunca marcava… — Nunca marcava, nunca marcava… — E ela tinha um papo de sempre perguntar pra ele se ele seria o amor dela pra sempre, [risos] eu já tenho medo, gente. Então sempre ela perguntava isso, ela falava: “Ah, mas o seu amor é pra sempre?”, e ele falava que sim, lógico, né? “Pra sempre, eu te amo, quero casar, quero ter filho, nã nã, um bebezinho, nã nã”… E aí o tempo foi passando, ele não sabe explicar assim direito, mas ela era muito misteriosa e sempre falava isso, se acontecesse alguma coisa com ela, se ele ia esperar, e ele ficava pensando: “Meu Deus, será que ela vai tentar se matar, alguma coisa assim?”, porque era um papo muito estranho. 

Aí, gente, um belo dia, depois de quase oito meses de namoro, e ele só conhecia essa amiga, que às vezes eles saíam pra tomar chopp, essa amiga ia junto e tal. Um belo dia, gente, essa menina, essa Verena, sumiu, de-sa-pa-re-ceu. O celular dela não funcionava mais, tipo, era como se, sei lá, alguém tivesse quebrado o chip, só caía na caixa postal. — Ele não tinha como localizar ela porque ela nunca deu o endereço. — A amiga dela que ele tinha o número também não respondia mais e ele ficou doido, ele ficou doido porque assim, ela sumiu, tipo, eles saíram num domingo à noite, quando foi na segunda ele falou com ela de manhã, quando foi na hora do almoço — Que eles conversavam o dia inteiro, praticamente — ela tinha desaparecido. E ele ficou doido, doido, doido e atrás dela e atrás dela, e ficou doente, gente. — Ele ficou doente. — Doente assim de cama, porque ele não achava, ele não tinha pista, ele saía, ia pro metrô pra ver se encontrava ela, sabe? Ficou doido.

Aí um dia, [risos] ele tinha realmente saído, ele pediu um afastamento da firma, pra vocês verem que o negócio foi punk, e ele estava voltando do metrô, porque ele ia, no horário que ele encontrou ela, ficava rodando as linha… — Completamente insano, assim… — Procurando mesmo, porque ele queria saber o que aconteceu, onde ela estava… Que ele tá voltando, toca o telefone dele e é a mãe dele: “Cláudio, vem pra casa”. — Vem pra casa, vem pra casa”, aí ele falou: “Mãe, o que aconteceu? Você tá passando bem? O pai tá bem?”, ela falou: “Não, tá todo mundo bem, vem pra casa”, que ele chegou em casa, gente, estava todo mundo sentado no sofá vendo televisão, o que estava passando na televisão? Num desses programas que ele não lembra se foi o Datena ou foi o Cidade Alerta, mas foi um desses dois, estava lá a foto de Verena. A foto de Verena? Sim, a foto de Verena… — O quê que tinha acontecido que Verena estava na televisão? “Que bom, agora encontrei Verena”. — Verena estava presa, porque a Verena ela tinha matado o ex-companheiro dela para ficar com o controle do esquema fraudulento de cartão de crédito que eles tinham, ela e o parceiro. —

E ela foi apresentada na TV como uma pessoa assim de alta periculosidade, [risos] e ele ficou em choque, em choque, em choque, em choque, e começou a entender porque que ela sempre falava isso de esperar pra sempre, aí ele não sabia o que fazer, porque ao mesmo tempo que ele estava vendo tudo o que ela tinha feito de crimes na TV, ele queria muito saber qual a penitenciária que ela estava [risos] pra ele ir lá. Aí quando ele falou isso a mãe dele já começou a passar mal, e aí fez ele jurar que ele não ia mais lá, né? — Atrás dela na penitenciária. — E aí era coisa assim, ela ia pegar, sei lá, uns doze anos, quinze, e ele estava tão apaixonado que ele realmente cogitou esperar, sei lá, né? E aí depois que ele foi vendo o que ela fez e tal, que ela acabou matando esse cara, né? E o comparsa, o cara que estava com ele, e a moça que era amiga dela não sabe se ela estava junto, se foi presa junto, porque não passou, passou tipo só ela que era tipo uma rainha do crime. [risos] 

E aí ele ficou mal, mal, mal, a mãe dele fez ele jurar… Ela passou mal tudo, né? Fez ele jurar que ele não ia atrás dela, e aí ele jurou e não foi, mas ele ficou tipo, ele falou dois anos assim, pensando: “Se ela sair de saidinha, eu quero”, [risos] agora ele já casou, tem filhos e a mãe dele fez até ele trocar de número do telefone na época. — Pra realmente cortar o contato, né? — E ela também nunca mais procurou, né? Mas, gente, ela era assim, uma bandida perigosa, pelo menos era o que mostrava na TV e ele falou que ela era um doce assim, um amor, um amor e parecia ser uma pessoa honestíssima, uma pessoa super do bem. [risos] Eu falei: “Cláudio, olha, você teve sorte, né? Porque podia ter dado muito ruim isso aí”, sei lá, de repente numa dessa ele descobre ali um esquema de fraude dos cartões que ela fazia e ela pra queimar arquivo mata ele, já pensou? Podia acontecer, ele falou: “Eu estava sempre sozinho com ela, ela podia me matar a hora que ela quisesse”. [risos] 

Então essa é a história do cara que veio instalar o chuveiro aqui na minha casa e do nada a gente começou a conversar e, no final, eu estava tomando café esperando ele contar os detalhes. Minha prima junto, né? Porque a gente queria saber o que tinha acontecido. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Maya de São Paulo. Estar na presença da Déia deve ser incrível, eu acho impossível qualquer pessoa que esteja com ela não querer contar várias histórias. E onde quer que essa mulher esteja, ela consegue sempre as melhores histórias e as melhores risadas, eu fico imaginando como deve ter sido e me fez chegar à conclusão, essa história maravilhosa, de que sim, gente, vamos puxar a ficha dos nossos crushes, vamos stalkea-los melhor antes de nos relacionarmos. Esse podcast me ensina a viver melhor a cada dia, então eu deixo aqui o meu grande beijo e o meu agradecimento aí pelo trabalho de todos vocês. 

Assinante 2: Ana Flávia, Pirassununga, São Paulo. Cláudio do céu… Essa história foi surreal, nem se fosse tipo uma novela, um filme, a gente não ia acreditar. Mas, que bom que você não foi atrás dela e cortou relações porquê… Você podia, numa dessa, ela te envolver num crime que ela tivesse cometido. Isso aí foi um livramento de Deus, viu? Muitas felicidades e espero que ela não apareça nunca mais na sua vida. 

[trilha]

Déia Freitas: E é isso então, gente. Um beijo e amanhã eu volto com mais uma história.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.