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título: bistrô
data de publicação: 12/04/2021
quadro: picolé de limão – especial de páscoa 2021
hashtag: #bistro
personagens: valéria e caio

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. [risos] Olha, cheguei animada porque a gente vai começar hoje o nosso Especial de Páscoa, e tá muito bom [risos] esse Especial de Páscoa. [risos] Dando início ao nosso Especial de Páscoa hoje teremos aqui a história da Valéria e do Caio, quem me escreve é a Valéria. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Valéria conheceu o Caio numa balada — A gente tá falando de uma história pré-pandemia. — E aí ela conheceu o Caio na balada, ficou com ele na balada, ela foi embora antes. — Eles não saíram juntos da balada. — E aí no dia seguinte o Caio já mandou mensagem, super romântico nã nã nã, e eles começaram a sair. Deu aí um mês que eles estavam saindo, o Caio formalizou o namoro, então eles começaram a namorar, e tudo perfeito assim, o Caio um fofo, a Valéria morando sozinha então o Caio sempre ia na casa dela, eles nunca saíam, não iam pra lugar nenhum, não gastavam dinheiro nenhum, quer dizer, a Valéria gastava porque o Caio estava na casa dela e ele comia, bebia, [risos] às vezes ficava dois, três dias, mas nada assim que desse um desfalque ali nas finanças de Valéria. E o tempo foi passando, namoro maravilhoso, Valéria pensando, né? “Encontrei o amor da minha vida”, [risos] e tudo lindo. Até que mais ou menos uns dez dias antes da Páscoa, o Caio falou pra Valéria que na Páscoa ele queria levar a Valéria num restaurante super fino, super pequeno, francês, assim, badalado. 

Valéria ficou chocada, né? “Gente, será que, sei lá, ele vai querer ficar noivo?” — Mas, gente, quatro meses, né, Valéria? Acho que não, né? E aí a gente vai dar um nome pra esse restaurante, que eu procurei até no dicionário, olha só o meu empenho, dicionário virtual, obviamente, como seria pônei em francês, [risos] então eu joguei lá no tradutor o pônei e veio “Le Poney”, [risos] Le Poney Bistrô. — [risos] Então aí o Caio combinou com a Valéria, que ia levar ela no Le Poney Bistrô, e que era um lugar chique e tal, então a Valéria se vestiu adequadamente, né? Com um vestido bonito, colocou um salto e o Caio foi buscar a Valéria na casa dela, [efeito sonoro de campainha] a primeira coisa que ele falou quando ele viu a Valéria foi: “Nossa, como você tá linda, mas você não quer trocar esse sapato de salto por um sapato baixo?”, [risos] Aí o quê que a Valéria achou? Sem o salto eles ficavam da mesma altura assim, o Caio um pouquinho maior, com o salto a Valéria estava maior que o Caio, então ela achou que, de repente, ele, sei lá, não gostasse de sair com uma mulher mais alta, — Bobagem isso, né? — mas ela pra não desagradar, né? E pra assim, não estragar ali o clima que estava maravilhoso, ela foi e colocou uma sapatilha. — E que bom que ela pôs uma sapatilha, [risos] mal sabia Valéria… [risos] —

Ele falou: “Nossa, ficou linda com a sapatilha, vamos?”, “Vamos”, e o Caio tinha um carro, e aí quando chegou perto, eles passaram em frente o Le Poney Bistrô, [risos] e o Caio não parou o carro pro manobrista, o Caio foi na outra esquina e parou o carro num estacionamento tipo… Quase uma quadra e meia. — Tipo dobrou a esquina e pôs no estacionamento lá. — E aí ele comentou com a Valéria que ali o valet do Le Poney Bistrô era muito caro, Valéria não achou mal nisso, né? Tudo bem, vamos andando de mãos dadas, né? Aquele romance no ar. Chegaram no Le Poney, [trilha sonora romântica no ambiente] ele tinha reservado uma mesa, lugar super badalado, então você tinha que fazer reserva bem antes. E o Caio já mandou vim ali um vinho, que pelos preços estava caríssimo. Ah, detalhe: A Valéria falou para o Caio, quando ele convidou, que ela não tinha grana pra ir no Le Poney, e ele falou: “Imagina, você é minha convidada, eu vou pagar tudo”. — Então, gente, foi claro o acordo. —

E aí ele pediu um vinho, eles pediram a comida, pediram sobremesa e tudo. E conversando, beijinho daqui, nã nã nã, quando eles estavam ali pelo meio da sobremesa, o Caio mudou a expressão do rosto e falou assim pra Valéria: “Valéria, presta bem atenção no que eu vou te dizer”. — Assim do nada, gente, ele mudou, ficou sério e falou: “Valéria, presta bem atenção no que eu vou te dizer”… — “Você vai dar uma disfarçada agora com a sua sobremesa na metade, vai levantar e sair”, e a Valéria: “Como assim? Eu quero sair com você, eu vou sair antes? Por que, né? Você acerta a conta, a gente sai junto”, ele falou: “Então, [risos] eu não vou pagar a conta. Depois que você sair eu vou disfarçar e vou sair também, então quando você sair, que você passar um pouquinho aqui do valet do Le Poney, você dá uma corrida até o estacionamento”. [risos] — Ele pediu pra Valéria trocar o salto por uma sapatilha, não é porque ele estava desconfortável porque ela estava mais alta, era porque ela ia precisar correr. [risos] —

A Valéria em choque, — Choque, choque, choque — respirou fundo e pensou: “Não vou fazer isso”. — E, assim, Valéria com seus trinta anos e o Caio com uns quarenta. — Ela falou: “Gente, eu tenho trinta anos, esse cara na minha frente tem quarenta anos e ele tá pedindo pra eu correr? Pra eu fugir de uma conta de restaurante?”, Só que por outro lado, Valéria não tinha dinheiro, Valéria nem levou o cartão, nada, falou: “Gente, vai dar polícia isso aqui”, e no impulso Valéria levantou tranquilamente tentando fazer uma cara ali de nada a ver e saiu do restaurante, ninguém parou a Valéria, ninguém perguntou nada, ela saiu. — Provavelmente porque o Caio estava na mesa, né? — E que ela saiu, ela ficou tão chocada que ela passou por onde estava o carro do Caio e entrou numa padaria, porque ela ficou com medo. — Tipo, vão correr atrás dele e eu vou estar do lado do carro e vão me prender junto. —

E ela entrou na padaria em frente, demorou uns quinze minutos, este homem apareceu correndo, mas correndo muito, e ele já tinha deixado acertado o estacionamento lá que ele deixou o carro, era só pegar o carro e ir embora, né? E ele entrou no estacionamento, entrou no carro, só que ele não saiu imediatamente, porque acho que ele ficou procurando a Valéria, né? Mas a Valéria já tinha até desligado o celular, porque ela falou: “Não quero nem que ele me passe uma mensagem falando dessa falcatrua, né? Porque se ele for preso, eu vou também”. [risos] E aí ele demorou um pouco no carro, não veio ninguém correndo atrás dele e ele saiu com o carro e foi embora, e aí a Valéria pediu um Uber e voltou pra casa em choque. [risos] Aí ela, óbvio, terminou com ele, e depois foi descobrir que… — Porque assim, quando você tá apaixonada, né? Você meio que deixa passar uma coisa ou outra, eles ficavam mais na casa dela, mas aí ela foi dar uma pesquisada… — O Caio praticamente vivia de golpes. No Instagram dele, tipo, ele fazia, vendia celular e não entregava, [risos] o cara era um pilantra. 

E aí do jantar mais romântico de Páscoa da vida da nossa amiga Valéria, [risos] ela quase foi presa, né? — Não vai presa, né? Mas acho que você vai pelo menos lá assinar um termo circunstanciado, é assim que fala, não é? — E aí essa é a história da nossa amiga. Ela conheceu o Le Poney, que era um lugar que ela jamais poderia frequentar, [risos] junto com o picareta que correu da conta do restaurante. Precisa ter muito sangue frio, né? Pra você levantar da mesa com tanta elegância e imponência, ninguém te barrar e você sair correndo, porque foi o que ele fez, ele saiu correndo. [risos] Ai, gente. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, Oi, Valéria. Gente, eu achei a história muito engraçada, mas assim, vendo um pouco por esse lado, pelo menos ele ainda teve a consideração de pedir pra você não ir de salto, né? E pelo menos você também conheceu o Le Poney, então, né? Ninguém foi preso, tá tudo certo, mas eu acho que às vezes a gente tem que procurar um pouco a vida das pessoas na internet, né? Pra ter certeza que a pessoa não é uma caloteira. 

Assinante 2: Oi, Valéria, tudo bom? Aqui quem tá falando é a Helena de Salvador. Achei muito linda essa história de Páscoa, de recomeço mesmo, né? De superação, de livramento no teu caso e foi um grande livramento mesmo, né? A gente, é… Estamos todos sujeitos a cair num golpe, mas achei que você saiu logo, sabe? Desse golpe, você não teve um grande envolvimento com o Caio, não teve filho com ele, enfim, foi só um pouco de vergonha, um coração partido, mas você ficou livre tanto no sentido de não ser presa, né? Tanto no sentido de terminar com ele e hoje tá aí vivendo bem sua vida, e ainda saiu disso tudo com a barriga cheia de comida boa, né? Do Le Poney. Então é isso, minha flor, boa Páscoa pra você. E melhor sorte. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história. E eu volto amanhã com uma nova história do nosso Especial de Páscoa. Um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.