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título: ovo de páscoa
data de publicação: 14/04/2021
quadro: picolé de limão – especial de páscoa 2021
hashtag: #ovo
personagens: telma e júlia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei, pra mais uma história do nosso Picolé de Limão de Páscoa, [risos] e hoje eu vou contar pra vocês a história da Telma e da Júlia, quem me escreveu foi a Telma. Então vamos lá, vamos de história. [riso] [trilha]

A Telma e a Júlia namorando ali mais ou menos há um ano, então elas começaram a namorar logo depois da Páscoa e aquela seria a primeira Páscoa das duas. E um namoro muito bom assim, ia tudo muito bem, né? Só que um detalhe, a Telma não é uma pessoa que gosta de chocolate, só que em um ano de namoro com a Júlia, isso nunca foi uma temática assim. — Como eu vou explicar assim? Nunca rolou uma situação em que a Telma teve que falar assim: “Ah, não gosto de chocolate, não como chocolate”, sei lá, não surgiu. Pra mim seria difícil, porque eu sou uma pessoa que gosta de chocolate e, assim, comida é sempre um assunto, [risos] mas no caso de Telma e Júlia esse assunto nunca surgiu. — E aí chegou a primeira Páscoa das duas juntas e Telma também não pensou nisso assim, em dar um ovo, ela nunca tinha dado um bombom, uma caixa de bombom, alguma coisa assim pra Júlia, e Júlia também toda fitness, ninguém nunca pensou nisso, no fator chocolate da relação. — Eu acho que é importante a gente pensar aí no fator chocolate da relação. —

E aí ali uns diazinhos antes do domingo de Páscoa, a Júlia chega com um presentão para Telma, esse presentão era o quê? Um ovo de Páscoa. E aí a Telma ali recebendo o ovo de Páscoa, — Tudo bem, você está há um ano com a pessoa, mas não dá pra você virar pra pessoa e falar: “Olha, esse presente aqui que você comprou eu não gosto, tipo, eu não gosto nem um pouco, não gosto nada”, e aí o quê que a Telma fez? Sorriu, beijou a Júlia, agradeceu, “Ai, nã nã nã, o ovo, que lindo, fofo”, passou. E o quê que a Telma fez com esse ovo? Ela deixou ali na casa dela, falou: “Bom, vai ficar aqui, enfim, depois eu vejo o que eu faço, né?”. E aí sábado ali antes do domingo de Páscoa, ela tinha recebido o ovo uns dias antes e também não tocaram mais no assunto, a Júlia perguntou até se ela tinha gostado, ela falou: “Gostei sim e tal, né?”, e mais nada. 

Chegou no sábado ali de Páscoa, imagina assim, ó, a Telma ajuda aí uma ONG em várias coisas, e aí ela resolveu dar aquele ovo na ONG, a ONG estava juntando ovos pra distribuir pra pessoas aleatórias ali que recebem coisas da ONG e a Telma foi lá e doou o ovo pra ONG, pensando no quê? A hora que a Júlia perguntar falar: “Comi o ovo”. — Comi, né? — E assunto resolvido, e aí ela teria ali mais um ano, talvez pra ir falando: “Olha, ai, não sei, chocolate me fez mal, acho que eu não gosto mais”. — Eu acho uma bobagem você mentir uma coisa dessas, podia falar: “Eu não gosto de chocolate”, sei lá, mas ela não falou nada. — Domingo de Páscoa, a Júlia toda emocionada falou: “Bom, já que você abriu o ovo, comeu um pedaço, você viu os bombons?”, ai a Telma falou: “Vi, vi sim, né? Comi”, falou: “Então, um dos bombons são as nossas alianças”. [risos] 

E aqui eu tenho que parar a história da Telma pra contar uma mini-história minha. [som com intenção nostálgica]

Eu tive um namorado que nós somos amigos até hoje, o Elói — Beijo Elói. E um ano também, um determinado ano, a gente estava no carro indo jantar em algum lugar, era Páscoa, e ele sabendo que eu amo chocolate, me deu um ovo de Páscoa, só que eu sou uma pessoa já cabreira, né? — Quando ele me deu na mão o ovo de Páscoa eu reparei, porque assim, ovo de Páscoa ele vem muito seladinho assim, ali a embalagem, né? — Eu reparei que a embalagem estava estranha, aí eu falei assim pro Elói, falei: “Elói, você comprou esse ovo, você nem olhou, esse já tá aberto”, e ele dirigindo e falando: “Não, o que tá aberto, Andréia? Não tá aberto”, eu falei: “Esse ovo já tá aberto, olha aqui, não sei o quê, fui reclamando”, reclamei tanto que eu falei: “Você vai ter que trocar esse ovo de Páscoa, eu não vou comer ovo de Páscoa aberto”, [falando e rindo ao mesmo tempo] aí ele falou: “Ai, que saco. Eu que abri o ovo de Páscoa pra colocar um anel dentro”, [risos] aí falei: “Não acredito, Elói… Que você… Primeiro, que, sanitariamente não é uma coisa boa, como que eu vou comer um ovo de Páscoa que você colocou uma coisa dentro? Você estragou o meu ovo de Páscoa e, segundo, eu já falei pra você que eu odeio surpresa de noivado”. [risos] 

E no fim ele acabou trocando o anel por um par de brincos e ficou tudo bem, a gente riu da história, enfim… Ele sabia que eu odiava surpresa, que eu não gosto que mexa na minha comida, sabe? — Por que vai por dentro do ovo as coisas? É errado, é errado. — Mas ficou tudo bem, porque assim, o Elói sabia que eu era assim, mas mesmo assim ele quis fazer ali uma graça e fazer do jeito dele. — E não deu certo [risos] — Mas ficou tudo bem — E nesse caso foi idêntico, quando eu li esse e-mail eu falei: “Gente, eu passei pela mesma coisa”. —

Aí a Telma teve que abrir o jogo, falou: “Olha, não como chocolate, eu dei o ovo, você devia ter me falado que tinha uma surpresa dentro do ovo, pelo menos isso”, só que aí a Júlia não encarou bem… — Como o meu ex-namorado que até hoje é meu amigo encarou, entendeu? — E aí a Júlia ficou muito ofendida da Telma ter dado embora o ovo de Páscoa… — Mesmo vai, que ela gostasse de ovo e, sei lá, achasse muito grande, sei lá, não quisesse comer, deu pra alguém que vai comer, pra uma criança de uma ONG, sabe? E aí não tinha como achar esse anel de volta, a sorte que não era assim, uma joia, né? Uma coisa cara, era um anel de compromisso. E aí a Telma foi lá e comprou o anel de compromisso pra Júlia, né? Tipo, “Olha, o seu, sei lá, tá na ONG, foi embora, mas eu comprei aqui pra gente e tal”, só que aí a Júlia não aceitou, a Júlia ficou muito ofendida, não conseguiu superar essa história e aí uns três meses depois elas terminaram. A Júlia terminou com a Telma por causa da situação do ovo de Páscoa. 

E aí você vê, né? Duas histórias que são bem semelhantes assim, a diferença é que eu falei na hora que eu não ia comer aquele ovo, que eu queria um ovo, que ele ia ter que trocar aquele ovo porque eu queria comer um chocolate, e ele teve que me falar que ele que abriu, que tinha coisa dentro, sabe? E aí resolveu, porque ali teve uma comunicação a mais, no caso da Júlia e da Telma, a Telma resolveu não falar nada e aí a Júlia se ofendeu, enfim… E a história foi ladeira abaixo. E aí até hoje, é uma história já um pouco antiga, até hoje a Telma lamenta assim, que não tenha dado certo, né? Por causa de um ovo de Páscoa. Até falei pra ela, falei: “Sei lá, de repente, né? Se você ainda gosta dela, já passou alguns anos, as pessoas amadurecem também, né?” Porque é uma bobagem você terminar um relacionamento por causa de um ovo de Páscoa, eu sei que não é só um ovo de Páscoa, tem toda a questão de que “Ah, a Telma pegou um presente que a Júlia deu e deu embora”, mas era um ovo de Páscoa, né? — Era um ovo de Páscoa. 

É a mesma coisa você ganhar um ursinho de pelúcia do seu namorado, ou da sua namorada e você ter rinite, o que você vai fazer com aquele ursinho? Você vai embrulhar ele num saquinho e vai enfiar dentro do guarda-roupa, porque se aquele ursinho ficar por ali pegando poeira, você vai espirrar. Então, “Ah, você pegou o ursinho e guardou”, isso se dali um tempo você não doar esse ursinho. Por quê? Porque você não pode com ursinhos de pelúcia, sabe? Agora, precisa brigar, precisa terminar o relacionamento por causa do ursinho de pelúcia que tá no fundo do guarda-roupa, até a outra pessoa esquecer e você pinchar fora aquele ursinho. [risos] Não significa nada assim, né? Só um objeto, eu sei que tudo bem, né? Tem todo um peso, a simbologia, ah, ganhou um ursinho, nã nã nã, mas poxa. 

Então eu achei que foi uma bobagem terminar, né? Ainda mais eu que passei uma história muito parecida, a gente não chegou nem a brigar por causa disso assim, a gente acabou rindo porque era uma situação surreal, tipo eu reclamando que o ovo estava aberto, ele tentando falar que não e, no final, ter que falar: “Caralho, eu que abri esse ovo e coloquei a droga de um anel aí dentro, Andréia”, sabe? E… A Telma e a Júlia podiam acabar assim também, né? Tipo, “Poxa, por que você não me falou que tinha um anel aqui? Que eu tinha aberto esse ovo, tinha tirado o anel e dado o ovo. O anel era importante, né? O ovo não”. — Enfim… [risos] — E é essa a história da Telma, assim, ela lamenta ter terminado com a Júlia, falei: “Ah, quem sabe um dia, né?”, porque terminaram por uma bobagem, nem assim, brigaram, foi só ficando esquisito, sabe? Quando vai ficando diferente assim, esquisito? Quem sabe, né? Um dia. Júlia mais madura, mas aí não tão apegada ao coelhinho da Páscoa, [risos] e é essa a nossa segunda história de páscoa do nosso especial. 

[trilha]

Assinante 1: Olá, meu nome é Fabiana Murray, eu sou de Praia Grande, São Paulo. E… Eu concordo com a Déia, sabe? Eu acho que você tem que falar, se você não gostou fala, entendeu? “Olha, eu não como chocolate, eu não gosto de chocolate”, é o modo como você fala, entendeu? Muitas vezes você não precisa ser grossa, mas você tem que ser honesta e objetiva, assim você passa a mensagem e não tem mais erros, eu acho que quando você não dialoga com o parceiro, ou a parceira, acaba acontecendo essas coisas, porque… Chocolate você conversa, entendeu? As pessoas precisam ouvir e serem ouvidas, tá? Beijos. 

Léo Mogli: Olá, Não Inviabilizers. Eu sou o Mogli, carioca quarentenado em BH e editor do melhor podcast do Brasil, quiçá do mundo. Telma, não fica triste que você deu chocolate pra alguém e de quebra essa pessoa ganhou um par de alianças, será que essas pessoas, elas acharam que era uma bijuteria? E, na minha opinião, você tem que falar na cara da pessoa que você não gosta, mesmo na hora que você ganha um presente, porque no caso da história, não surgiu o assunto, mas ao dar o presente o assunto veio à tona, então é uma coisa que a gente precisa comentar e falar… Assim, tem que levar de boa porque as pessoas não são obrigadas a gostar de tudo. E por último, Telma, eu queria te dizer o seguinte, pensa bem se você quer ficar com alguém que tenha o humor da Júlia, porque se ela não consegue rir de uma situação boba dessa que você consegue remediar, imagina nas situações difíceis de um relacionamento? Eu espero que você supere essa Júlia e que você fique bem. 

[trilha]

Déia Freitas: Um beijo e eu volto amanhã.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.