título: fantasia de coelho
data de publicação: 24/04/2021
quadro: picolé de limão – especial de páscoa 2021
hashtag: #coelho
personagens: valquíria, gabizinha e fulano
TRANSCRIÇÃO
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão do nosso Especial de Páscoa. E a história de hoje a história é a história da Valquíria e da sua bebezinha Gabi. E vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Valquíria casou com um cara aí — Que eu não quero dar nome — e engravidou da Gabizinha e, quando ela estava grávida da Gabizinha, esse cara aí ele arrumou uma amante, porque ele achava que a Valquíria estava muito gorda, a Valquíria estava muito cansada, Valquíria isso, Valquíria aquilo… E arrumou uma amante. E a Valquíria descobriu e falou: “O que? Eu já tô aqui passando várias coisas, grávida, ainda vou passar por isso? Não vou.” e largou esse cara. — Fez bem, Valquíria. Faz bem. — “Bom, a gente vai ter essa a filha em comum, mas também vai ser só isso”.
E foi isso que aconteceu Gabizinha nasceu, [trilha de choro de bebê] Esse cara aí bem ou mal, comparecia, pagava a pensão que foi determinada pelo juiz, pegava a Gabi só quando a Valquíria insistia muito… — Tem esse detalhe. — E o tempo foi passando, o tempo foi passando, até a Gabizinha fazer ali seus cinco anos e chegamos à época de Páscoa. Gabizinha já frequentava a escola, desde muito pequenininha a creche, porque Valquíria tinha que sair para trabalhar e, assim rolava muita coisa do tipo: “ah, o fulano tem que ir buscar a Gabizinha na sexta—feira para ficar com a Gabizinha no sábado e domingo”, e fulano chegava na sexta feira, fulano não aparecia… Então nunca dava para fazer planos porque o fulano ele era pai só quando ele achava que devia. Ele era, assim, um pai esporádico.
Aí chegou na época de Páscoa, da Gabizinha tinha que ir vestida de coelhinho e, assim ela podia só ir com uma orelhinha de coelhinho? Podia. Só que a Valquíria quis fazer uma fantasia de coelhinho mesmo, assim, com pomponzinho, roupinha completa. E aí como a Valquíria falou isso para a professora, a Gabi foi meio que intitulada o coelhinho da sala. — Tipo, ela ia de coelhinho — a escola ia dar um chocolatinho lá pra cada um e quem ia distribuir era a Gabizinha, porque Gabizinha tinha a fantasia de coelhinho, que a Valquíria ia mandar fazer e as outras crianças iam só de orelhinha, sei lá, né? X. E beleza, tudo lindo, era uma época que o juiz tinha determinado ali, por uma briga muito justa da Valquíria, um aumento da pensão. E esse fulano aí teve que azeitar e entubar esse aumento.
E esse fulano já tinha casado e já tinha uma outra filha, só que não era filha biológica dele, era filha da moça com quem ele casou, mas que depois ele acabou assumindo como filha. Então Valquíria tinha essa mágoa também, porque as meninas tinham a mesma idade e ele tratava a filha da moça como filha e tratava a Gabizinha de qualquer jeito. Mas Gabizinha gostava de ir pra lá, Gabizinha gostava de agora ter uma amiguinha da mesma idade e tal, né? E aí o que ficou combinado? Ficou combinado que em determinado dia lá esse cara ia ficar com a Gabizinha e, na segunda-feira seria o dia que a Gabizinha ia de coelhinho, porque eles iam fazer uma semana da Páscoa. E aí Gabizinha ia vários dias de coelhinho e nã nã nã e ela estava super empolgada pra ir de coelhinho…
Chegou na segunda-feira, ele levou a Gabizinha pra escola e não levou a fantasia de — Ué, esqueceu a fantasia de coelhinho? — Disse ele que perdeu a fantasia de coelhinho. Perdeu… E aí, naquela segunda-feira Gabizinha não foi vestida de nada, ganhou uma orelhinha de coelhinha na escola, e aí como a Valquíria tinha que trabalhar a semana toda, nada mais foi feito e ela passou a semana com aquela orelhinha, a escola improvisou uma outra pessoa para entregar a lembrancinha de Páscoa e passou. — Roupinha perdida. — E Valquíria ficou puta, com razão… De sexta pra segunda, onde ele perdeu essa roupa? Não passou…
Um belo dia, Valquíria estava olhando o Instagram ali… Sabe quando você dá uma zapeada no Instagram? E aí você resolve dar uma stalkeada no Instagram, na nova esposa do seu ex. — E, gente… — Quem tava lá em mil fotos, vestida de coelhinho, com a fantasia da Gabizinha? A garotinha filha da esposa do cara lá, do pai da Gabizinha. A Valquíria ficou cega de ódio. Na hora ela pegou o telefone e ligou na casa do cara e foi tirar satisfação com essa mulher… E aí que ela ouviu foi seguinte: que o Fulano lá chegou na sexta-feira como a Gabizinha sem a fantasia… Sem a fantasia na sexta… — Provavelmente, isso é um parecer meu com Valquíria, conversando com Valquíria… Provavelmente ele deixou no carro. — E aí ele voltou no sábado com a fantasia, as meninas dormindo, dizendo que tinha encomendado a fantasia para a filha da esposa dele usar na escola a partir de segunda, só que não era para mostrar na frente da Gabizinha porque ele não tinha feito uma pra Gabizinha também, só pra ela. — Sério, o ódio que me dá gente, o ódio… —
E aí ela ficou quieta, na segunda feira ela mandou a filha dela vestida de coelho para a escola e foi um sucesso. Não tinha nada combinado, né? A escola que acabou fazendo depois uma programação pra se encaixar na filha dessa mulher aí vestida de coelho. E a Gabizinha que tanto queria se vestir de Coelho, chorou na segunda feira porque o pai perdeu a fantasia de Coelho, passou a semana com a orelhinha, porque esse cara fez isso. Ai a Valquíria foi lá, pegou a fantasia… Isso já tinha passado, né? — Passado a Páscoa e tudo… — Mas deu a fantasia pra Gabizinha, a Gabizinha usou a fantasia em casa mesmo. E para criança tudo bem, né? Acaba passando… Mas pra adulto… A próxima vez que o cara foi buscar a Gabizinha, ela não desceu a Gabizinha, a Gabizinha ficou no apartamento com a mãe dela, — Porque a mãe mora junto, né? — E ela desceu sozinha, e ela unhou a cara do cara. — O que não vou condenar, tá? Podem falar aí: “ah, Andréia fez apologia à violência”… Pode falar o que quiser aí, ela unhou a cara do cara e eu achei foi pouco. Isso não se faz com a própria filha. Sabe? Fora as outras coisinhas que ele faz, mas a história é de Páscoa e eu foquei aí na história do coelhinho… —
Então é isso, a Gabizinha tem a fantasia do coelhinho, mas quem usou foi a outra menininha, que também não tem culpa de nada, né? A Valquíria desconfia que a esposa do cara sabia. — Eu tenho minhas dúvidas, eu acho que ela pode realmente não ter sabido da história até quando a Valquíria ligou, mas fica essa dúvida, né? — E é isso, uma história de Páscoa pra gente começar já com ódio desse cara.
[trilha]Assinante 1: Valquíria, eu até chorei com essa história. Porque só quem é mãe divorciada sabe que o filho é da mãe, né? E como é incrível a capacidade dos homens de abandono, de não considerar o próprio filho e a facilidade que eles têm de assumir a responsabilidade sobre os demais filhos dos outros relacionamentos e não do próprio filho. É incrível isso. Por isso eu desejo que você e a sua filha se tornem grandes parceiras ao longo da vida. Tenha certeza de que, no futuro, a a Gabizinha vai enxergar a grande mãe que você é e reconhecer tudo o que você faz por ela e vai enxergar o cocô de pai que ela. Tá bom? Um abraço.
Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Ana, de Pirassununga. Ouvi essa história aí da fantasia de Páscoa… E, nossa, eu tô muito revoltada… Que tipo de pai favorece uma filha em detrimento da outra? E, pior, né? Pegar e dar a fantasia que era de uma filha pra outra… Gente, que absurdo isso, que absurdo. Isso é desvio grave de caráter. Passei raiva, muito, ouvindo essa história. Adoro as histórias, Déia. Um beijo.
[trilha]Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo. Bom dia, boa semana e eu volto amanhã.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
