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título: adubo
data de publicação: 03/05/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #adubo
personagens:  seu elder e mário

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e mais uma história aí de senhorzinho, senhorazinhas. [risos] — Ai, eu tô adorando isso. — E uma neta, mais uma neta que me escreveu, e é a história do Seu Elder, ele que gostaria de contar a história dele aqui, e é dele com um primo, então é mais uma história de primos aí pro canal. [risos] Seu Elder e o primo Mário. 

[trilha]

O Seu Elder morava numa cidade do interior de Minas Gerais e ele veio pra São Paulo quando jovem pra trabalhar, então a ideia era trabalhar aqui em São Paulo, ganhar dinheiro, mandar dinheiro pra família e o sonho dele era abrir um negócio. — Na cidade dele. — E aí qual foi a ideia? Abrir um negócio com o primo Mário, então o Mário de lá tocava o negócio, e ele ia mandando dinheiro daqui. — Bom… [risos] — A coisa não andou do jeito que o Seu Elder queria. A ideia deles era o quê? Na cidade tem alguns pontos turísticos, tipo umas cachoeiras, umas coisas e muita gente pra fazer camping, — Esse tipo de coisa que eu detesto — e aí eles resolveram montar um estacionamento com chuveiros num lugar lá perto de uma cachoeira, então tiraram a licença na prefeitura, fizeram tudo direitinho e abriram um negócio. 

Seu Elder trabalhando aqui em São Paulo igual um condenado pra mandar dinheiro pra lá pra melhorar a vida dos pais, né? Ele não era casado ainda nessa época e pra manter o negócio com o primo. E assim, a cidade tinha muito turismo, o negócio tinha tudo pra dar certo, só que aí o Mário, primo do Seu Elder vivia dizendo que o negócio estava falindo, que estava indo mal, que não estava dando dinheiro e as contas não fechavam, porque assim, a cidade ficava lotada e o estacionamento deles que era um lugar assim, bem grande mesmo, você podia parar com seu carro lá e fazer um piquenique, ou comer nas mesas lá, ou tomar um banho se você fosse fazer trilha, ou chegasse de uma cachoeira e tudo isso era cobrado, e como que não estava dando dinheiro? 

E aí o Seu Elder começou a ficar cabreiro de que Mário estaria passando ele pra trás, [risos] e ele teve a certeza disso quando ele ficou sabendo que o Mário comprou na época um Escort XR3 conversível. [efeito sonoro de buzina] [risos] E aí todo mundo comentando na cidade que se o negócio estava mal, de onde que o Mário tirou o dinheiro pra comprar esse carro, né? E aí todo mundo teve a certeza que realmente o Mário estava passando a perna no primo. Isso chegou no ouvido dele em São Paulo e o Seu Elder resolveu voltar para a cidade, e aí ele voltou pra lá e falou: “Agora eu vou assumir o negócio, agora eu quero ver”, e aí o Mário ficou todo perdido lá, todo sem jeito, porque ele ia ser desmascarado e realmente foi desmascarado, só o quê que o Seu Elder fez? O Seu Elder ficou quieto, ele fingiu que não tinha entendido as contas ali do estacionamento — Deles, né? De camping lá… — e ficou na cidade pra tocar o negócio. 

Só que ele queria se vingar do primo, — Queria muito se vingar do primo — e ele não sabia como ainda, mas todo dia ele olhava para o primo, o primo todo ressabiado porque sabia, né? Que foi desonesto, que roubou, e ele falou: “Um dia ainda vou te pegar”, e aí ele teve uma ideia. [risos] O primo, porque eles revezavam, né? Pra cuidar do estacionamento… — E o negócio ia tão bem que agora eles tinham funcionários, então na época que era só o Mário que tocava mais ou menos já ia bem, e agora o negócio estava indo muito bem. — Então eles revezavam, né? E cidade pequena, o Mário deixava o Escort XR3 conversível na rua, porque muita gente gostava de tirar foto do lado do carro. — Pra você ver como o carro foi uma atração na cidade — E aí o Seu Elder falou: “É nesse carro que eu vou me vingar”. — E qual foi a do Seu Elder? — 

Ele resolveu, gente, juntar quatro baldes de esterco, — Esterco — de cavalo… — Cocô de cavalo…. — E jogar dentro do carro conversível, só que pra juntar esses baldes de esterco ali, ia catando com a pá ali e pondo no balde, né? Juntando, e tinha que ser escondido, né? Longe da casa dele, por causa do cheiro também e, conforme o tempo foi passando e ele foi juntando, começou a criar larva, deu bicho ali naquele esterco que ele estava guardando no balde, um balde fechado. — Não um balde, tipo um galão que cabia quatro baldes. — E aí quando ele juntou esse esterco, ele colocou esse galão numa carriola, né? Um carrinho de mão. De madrugada foi lá e jogou, gente, tudo por dentro do carro. — Do Mário. [risos] — E, assim, a coisa foi tão feia que não adiantava lavar, tinha merda de cavalo por dentro do carro todo, tipo, ele falou, no painel, no câmbio, em tudo. 

E aí o mais engraçado é que o Mário nunca desconfiou que foi ele, ele achava que tipo, sei lá, um cavalo passou e fez cocô no carro dele, porque ele ficava com a capota abaixada, ficava parado no meio da rua o carro ali, né? — Eram outras épocas… — E aí ele nunca contou isso, até que eles ficaram bem mais velhos e um dia o Mário ficou doente e um pouco antes de morrer, ele queria contar essa história para o Mário, tipo, no leito de morte, tipo: “Fui eu que joguei merda de cavalo no seu carro” [risos], e aí ninguém deixou, obviamente, eles já tinham tido outras brigas por causa de outras coisas, depois acabaram desfazendo o negócio, aí ele queria eternizar esse momento no podcast e dizer pra toda a família dele que foi ele sim que jogou esterco no carro do Mário, porque o Mário roubou muito ele. [risos] Seu Elder, pelo amor, o Mário já morreu, [risos] se ele estiver ouvindo a gente, tá vendo aí Seu Mário? [riso] Todo mundo já sabe aí a história e é isso, essa é a história do Seu Elder.

[trilha]

Assinante 1: Meu nome é Cíntia, eu falo de Rio de Janeiro, estou morrendo de rir, estou adorando as histórias de senhorzinho. E essa história de hoje, sinceramente, [risos] entrou pra minha coleção de vinganças, eu gostei dessa ideia, vou guardar Seu Elder, muito obrigada. [risos] 

Assinante 2: Oi, meu nome é Cristiana, eu sou do Rio de Janeiro. Bom, sobre a história do Seu Elder ele provou que a vingança é um prato que realmente se come frio, mas não pode esperar muito porque senão dá lá larva, né? Eu não sei se eu faria igual, mas também não sei se eu faria tão diferente, foi uma vingança inofensiva, digamos assim, eu acho que pelo menos saciou a sede de justiça dele. Infelizmente na família teve ali os inimigos do entretenimento que não deixaram ele contar, né? No leito de morte do primo, o primo morreu sem saber, e ele sem poder esfregar o cocô, digo, a história da vingança na cara do primo, mas ele compartilhou com a gente, então eu acho que tá valendo, né? A gente tá aí pra poder abraçar o Seu Elder e dizer que eu te entendo Seu Elder, eu te entendo. 

[trilha]

Déia Freitas: Então um beijo, gente, até amanhã. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.