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título: vestido de noiva
data de publicação: 17/05/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #noiva
personagens: silvia e samantha

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei, e hoje quem tá aqui comigo é a Editora Record com um lançamento babado. Sabe o livro bafo, dos asiáticos podres de ricos? Aquele que virou filme? Você sabe, né? Aí depois veio a namorada podre de rica? Então, agora a trilogia está completa, a editora Record acaba de lançar “Problemas de gente rica”. O livro já está em pré venda e, em breve, chega em todas as lojas do Brasil. Gente, vamos ler, vamos comentar no grupo e agora vamos voltar aqui pro nosso picolé de limão e para os nossos problemas de gente pobre, ou não tão rica, né? Então vamos lá, vamos de história.

Hoje eu vou contar para vocês a história da Silvia e da Samantha, duas amigas de infância que estão aí no meio de uma treta. Quem me escreveu foi a Silvia, e vamos lá, vou contar a história dela.

[trilha]

A Silvia e a Samantha elas são amigas desde a primeira série. — Que agora é ensino fundamental, né? — Mas desde os sete anos de idade elas são amigas e elas estudaram sempre juntas, elas fizeram faculdade juntas, não se desgrudavam para nada. Até que um dia a Silvia que já estava namorando há um tempo foi pedida em casamento, e Samantha ficou feliz, todo mundo ficou feliz, e aí começa os preparativos e tal… Lógico que, pra escolher o vestido de noiva, a Silvia levou a mãe e a Samantha. A mãe da Silvia ela não queria opinar muito, — porque tem essa coisa da pessoa ter seu próprio gosto, querer escolher o seu próprio vestido… Então, o que ela fez? — Elas foram lá naquela rua das noivas, sabe? Que é a Rua São Caetano, né? — E ali tem de tudo, até das lojas mais fraterno simples até as mais chiques. —

E elas foram numa das mais chiques, e a mãe da Silvia falou assim: “olha, é um momento importante para você, eu quero que você escolha o vestido que você quiser, o seu pai que vai pagar. Eu vou aproveitar que você tá aqui pra ir aqui na rua vendo as outras coisas, que são os vestidos das madrinhas e tal”… Então, assim, elas se dividiram pra fazer as coisas, só quem ficou junto pra escolher o vestido de noiva da Silvia, foi a Samantha, melhor amiga de infância, mais que irmã, pessoa de confiança da sua vida… E aí a Silvia começou a olhar os vestidos ali, tinha uns vestidos lindos… E ela bateu o olho num vestido maravilhoso… — E eu vi o vestido, o vestido realmente assim… Sabe coisa de Paris? Coisa fashion, mas ao mesmo tempo tradicional? Lindo? Mas lindo, lindo de morrer o vestido. —

E o vestido que ela queria, com uma saia assim, bufante, grande… É um vestido de noiva, gente… Vestido de noiva. E ela ficou maravilhosa no vestido, provou, e a Samantha falou: “ai, amiga, não a sua cara. Ficou feio” e a moça da loja ficou até meio assim, né? Por que como que você está vendo a sua amiga ali, feliz, vestida de noiva, como você dá uma opinião assim, na lata, né? — Mesmo que você não tenha gostado, você tá vendo que a sua amiga está feliz e está gostando, por que você vai fazer isso? — Mas enfim, ela fez… Aí a Silvia já ficou meio assim, falou: “ai, meu Deus, será que não o vestido certo?” Aí a Samantha falou pra ela: “olha, ai, eu acho que não tem nada a ver com você. Prova esse”, e foi mostrando vários vestidos.

Aí chegou em um vestido bacana lá, que era um vestido, tipo, sereia? E que a Silvia gostou, é um vestido bonito, — eu achei bonito também — mas perto do outro não era tão lindo quanto o outro… E ela falou: “Ai, amiga, esse aqui, você tem um corpo lindo, esse aqui vai marcar seu corpo, vai ficar lindo, não sei o que…” — E, gente, acredite se quiser… — A Silvia foi convencida pela Samantha a comprar o vestido sereia, que não era o vestido que ela tinha amado, ela tinha amado o outro vestido… Mas casamento, aquela correria, ela tinha muita, muita, muita coisa ainda para ver, então ela combinou ali os ajustes e foi embora, mas ficou com aquilo na cabeça, assim, “poxa, será? Ai meu deus, será que eu volto lá pra ver aquele outro vestido?”, Mas ela já tinha até acertado lá uma parte do valor… — Mas isso eu acho que dava pra mudar ainda. Não sei, né? —

E aí ela ficou pensando um pouco nisso, falou até para o futuro marido dela, — que estavam noivos ainda — falou: “Amor, eu gostei de um vestido, mas aí a Samantha achou feio…. E agora estou pensando no vestido”, ele falou pra ela: “volta lá, pega o vestido que você gosta, não é a Samantha que vai casar, é você”. Mas a Samantha, melhor amiga da vida, né? Aquela coisa, irmã, “ai, a Samantha quer o meu bem, né?” E aí ela não pegou, gente, esse vestido. E casou, passou, casou com o vestido sereia, foi tudo ótimo, ela está casadíssima, maravilhosa, feliz da vida. Deu tudo certo… Mas, sempre que ela vê o álbum de casamento dela, ela pensa: “poxa, podia ser aquele vestido”. E passou.

Chegamos na pandemia, a Samantha já namorava há um tempo um cara, só que a família da Samantha, muito assim, conservadora, não aceitou que a Samantha fosse morar com esse cara sem casar. E aí eles resolveram casar… — A Samantha e esse namorado dela aí, de uns dois anos. — E aí, não podia ter festa, era auge da pandemia, auge… — Auge, auge. — E a Samantha ia casar no meio da pandemia… Então ela resolveu fazer uma live, a live do casamento, porque no casamento só iam estar os pais, que fizeram ali a quarentena meio que todo mundo junto e, sei lá, a pessoa que ia fazer cerimônia. Quando a Silvia viu a live, que ela viu a Samantha entrando, a Silvia quase caiu de costas… Porque o vestido que a Samantha estava usando, era o vestido que ela tinha escolhido primeiro.

Gente, como assim? A Silvia na hora ficou tão chocada, que ela só conseguiu deixar um comentário na live assim: “o vestido” com uma cara de espanto. E aí ela ficou vendo ali a live, chamou o marido e falou: “amor, essa esse o vestido”. E o vestido era tão lindo, que as pessoas que estavam assistindo a live elas comentavam: “gente, que vestido lindo”, “que maravilhoso”, e a Silvia foi lendo aqueles comentários e o estômago dela começou a embrulhar, ela começou a ficar zonza… Porque ela falou: “gente, não é possível que Samantha esteja casando com o vestido que eu escolhi e ela disse que era feio”.

E aí, gente, foi assim interminável aquele casamento, ela queria de todo jeito falar com a Samantha e tirar satisfação mesmo por causa do vestido. O marido dela ainda falou pra ela assim: — o marido da Silvia, né? — “Amor, agora já passou, você casou com um vestido lindo também. A gente está casada, está feliz… Não é isso que importa?” E aí a Silvia parou para pensar, porque, assim, realmente é isso que importa…. Mas ela estava em choque, ela tava puta, ela queria falar com a Samantha. — São duas coisas separadas, né? — Ela casou, foi ótimo e tudo bem, mas a questão do vestido era outra questão, que o marido da Silva não ia entender, como a própria Silvia diz… Que várias pessoas não entendem assim, porque ela está tão revoltada.

E aí passou uns dias, porque ela falou: “bom, eu não vou ligar, não sei se eles vão para algum lugar na lua de mel” — Mas ele estava no auge da pandemia, tudo fechado, provavelmente não foram. — E aí ela escreveu um e-mail, ela resolveu escrever um e-mail textão pra Samantha e mandou. E ai Samantha respondeu pra ela em um áudio de Whatsapp, e eu ouvi esse áudio, — E o tonzinho da Samantha já me irritou, o tonzinho. — E a Samantha disse o que? Que ela tinha achado do vestido feio na Silvia, mas que ela tinha gostado do vestido pra ela e, mesmo ela na época não estando ainda firme para casar nem nada, ela voltou na loja e comprou o vestido, no dia seguinte… Por quê? Ela disse que uma voz no coração disse para ela comprar… — Gente, voz do coração? Ela quase estragou o casamento da outra que amou o vestido. —

A Silvia falou: “Andréia, você não está entendendo, a loja toda amou o vestido em mim e a minha melhor amiga disse que tinha ficado feio, que não ficou bem em mim, que eu estava estranha. E aí no dia seguinte ela voltou lá e comprou o vestido?” — Aí eu fiquei pensando, se eu sou a vendedora eu dou um jeito de avisar a Silvia, mas aí é perigo de até perder o emprego, ne? Porque para a loja foi lucro, a loja vendeu dois vestidos caros de noiva, né? Enfim… — Elas meio que bateram boca, né? Porque a Silvia ficou muito puta, e eu acho que a Silvia tem sim as razões dela. E a Samantha falou: “Olha, você está querendo estragar o meu brilho, o meu momento. E daí que eu fiquei com o vestido? Supera isso, o vestido ficou lindo em mim”. — Gente… Desse jeito, esse nível. — E aí a treta tomou proporções, porque elas têm várias amigas em comum, uma parte das amigas ficou do lado da Silva e a outra parte ficou neutra, ninguém ficou absolutamente e total do lado da Samantha.

Mas uma parte ficou neutra do tipo: “ah, Silvia, deixa isso pra la, já foi…” E a Silvana não consegue perdoar. Não consegue perdoar… Ela até tentou, ela escreveu ali eu acho que era outubro e, nesses dois meses, falou que a Samantha vive com papinha de “Ah, você não quer a minha felicidade, você não pode simplesmente olhar as fotos com meu vestido e ver que eu estou feliz?” Mas porque a Samantha não pensou isso lá atrás? Quando falou que a Silvia estava feia, que a Silvia tava estranha com o vestido que ela tinha amado? Que tipo de amiga é essa?

Então, aí a Silvia queria saber de vocês se ela está muito errada de estar puta, de estar magoada e de estar decepcionada com a amiga por causa de um vestido, porque tem gente que fala para ela “mas é só um vestido” e, eu, Andréia, acho que não é só um vestido… Tem toda uma questão de quebra de confiança, uma questão de manipulação mesmo. Porque, se a gente for parar para pensar, a Samantha manipulou a Silvia para que ela escolhesse outro vestido para que ela ficasse com o vestido mais bonito. Eu acho isso séria em uma amizade, numa amizade de tantos anos. E aí eu perguntei para Silvia: “mas e aí, a Samantha já fez isso antes?” e ela falou: “Não, nunca fez assim, nada nem parecido”. E muita gente diz isso que foi um deslize da Samantha e você deve esquecer, deve perdoar… Mas ela não consegue, porque ela fala que foi uma coisa que marcou muito ela, ela não queria ter casado com o vestido de sereia.

Aí eu falei pra Sílvia também, né? Porque tem várias questões aí, a Samantha também só deu uma opinião, ela podia ter batido o pé e falado: “Foda-se que eu estou feia, que estou estranha, eu gostei e eu vou casar com esse”, né? Então toda responsabilidade dessa questão… A responsabilidade toda não é da Samantha, né? E Da Silvia também, porque a Silvia tinha opção, a Samantha não arrancou o vestido da mão dela e saiu correndo, ou botou uma arma na cabeça dela e falou: “olha, você não vai casar com esse vestido”, não, ela manipulou, ela foi também errada, mas a Sílvia tinha sim a opção de ficar com o vestido. Eu sei que é uma coisa complexa, mas tem esse lado também. Mas ela disse que não consegue perdoar, ela não consegue conversar de boa.

E a Samantha — O que é pior — não tem em nenhum momento assim, uma atitude de refletir e falar: “Poxa, tá bom, eu queria o vestido, eu errei”, não, ela acha que ela tá certa, ela continua achando que o vestido ficou horrível na amiga e que, se nela ficou bom, por que não comprar? Então, gente, aí a Silvia queria ouvir a opinião de vocês sobre todo esse acontecimento.

Assinante 1: Oi, gente aqui é a [Marília] de São Paulo… Caramba, Silvia, assim, sem condições essa sua amiga, né? Amiga entre aspas, a gente já percebe que tem alguma coisa de esquisita quando todo mundo achou perfeito o vestido menos ela, né? Essa história de que ela seguiu a voz do coração, para mim, isso é só balela, ela estava com inveja mesmo e ela te manipulou. Eu sei que às vezes deve dar um remorso de você não ter seguido seu instinto e comprado o vestido, mas olha, saiba que você tava linda, que você estava impecável, que foi uma festa linda, um casamento perfeito e você não teve que passar em cima do sentimento de ninguém para conseguir o seu vestido, ao contrário de outras pessoas. E fica aí a dica também para as noivinhas que vão escolher o vestido, né? Pra só realmente levar aquelas pessoas de bem do coração, porque às vezes você acha que você conhece uma pessoa muito bem, mas chega lá na hora de escolher o vestido ela só vê defeito e só sabe te colocar pra baixo, né? Um beijo aí pra todo mundo e é isso.

Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Nayla do Rio de Janeiro. Agora, realmente, não tem muito o que fazer, eu concordo com a Déia, eu acho que não tem como a amizade ir para frente depois disso, pelo menos não da forma que era antes. E eu acredito que a Silva tem que trabalhar um pouco mais a questão de auto afirmação, de se impor… Eu, no caso, no lugar dela, teria escolhido sim o vestido que eu gostei e pronto, acabou e dane-se quem não gostou. E agora é isso, um beijo.

Déia Freitas: Um beijo e até muito, muito breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.