título: urgente
data de publicação: 06/09/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #urgente
personagens: débora e valter
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje eu vou contar para vocês uma história mais urgente, uma história que está acontecendo agora, e é a história da Débora. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Antes da pandemia a Débora e marido eles tinham um pequeno salão de beleza. E os dois ali faziam cabelo e barba e tal, e tinha mais uma moça que era manicure. Um salão pequeno mesmo, mas que dava ali para eles tirarem o sustento deles. Aí veio a pandemia e a coisa apertou, e eles como o bebê ali de dois anos. E aí o aluguel foi vencendo e eles não tinham como dar conta mais… Aí o pai da Débora, o seu Valter — Um cara muito bacana, e a mãe da Débora também muito bacana. — chamou os dois para morar lá na casa. Uma casa grande com quatro quartos, só os dois… Aí a Débora foi morar lá com o marido num quarto e o filhinho no outro.
Gente, deu tudo certo. Ali, pro meio do ano passado, o marido da Débora e a mãe da Débora criaram um negócio de empada que deu muito certo. — Gente, quem não gosta de empada? Empada, olha… [risos] Eu sou viciada em empada. Amo. — E aí o negócio prosperou com delivery de empada e nã nã nã… E a coisa cresceu e foi tudo lindo, e a Débora cuidando do bebezinho, do menininho. E o pai da Débora continuou trabalhando, porque ele tinha um emprego na vibe aí do essencial e a vida foi seguindo. Tudo ótimo. A Débora nunca imaginou que morar junto com os pais dela de novo seria assim tão perfeito, mas foi.
Ai agora, sei lá, em fevereiro, a Débora começou a considerar a possibilidade de voltar a ter um salãozinho. E o que eles fizeram com as coisas do salão? Eles colocaram em um depósito, desses que você paga por mês, sabe? Na esperança, lógico, de voltar a reabrir. Só que o marido dela está muito bem vendendo empada assim, tá muito empolgada na coisa da empada. — E realmente deu certo. — Então, se ela tivesse que voltar agora para um salão para montar alguma coisa, seria só ela, o que não daria. E ela poderia, sei lá, procurar um salão para trabalhar, né? Só que todo mundo chegou a um acordo ali que os pais dela, com mais idade, não seria legal ela ficar tão exposta num salão, trabalhando aí num salão que vai gente toda hora e tal, mesmo usando máscara e tal é mais perigoso. E beleza…
Mais um tempo aí se passou, chegamos até semana passada. O filho da Débora fica no outro quarto, — O menininho. — E a Débora às vezes ela dorme lá. Sabe quando você vai pôr o bebê para dormir e fica brincando e aí acaba pegando no sono e tal, e isso nunca foi um problema. — Nunca foi um problema. — E aí semana passada a Débora botou o bebezinho pra dormir e no meio da noite ela acordou. [efeito sono de bocejo] Aí ela acordou assim, uma porta do lado da outra… A porta dela do lado da porta do quarto do bebê. No que ela entrou no quarto, o marido dela não tava, ela falou: “ué, será que adormeceu na sala assistindo televisão?” e foi indo até a sala, a TV realmente estava ligada, mas ele não estava deitado no sofá.
No que a Débora vira pra ir pra cozinha, ela vê o marido dela com a mãe dela encostado na pia assim… Tipo, eles não estavam transando, mas eles estavam se beijando e se esfregando de uma maneira assim como se fosse começar transar. A Débora ficou tão, tão, tão em choque que uma parte do rosto dela — Sem brincadeira. — Paralisou. Tipo caiu a boca assim. — E ela achou que ela estava tendo um derrame. Ela voltou sem fazer barulho para o quarto, porque assim, — Ela ficou um tempo olhando. — Mas sem conseguir assimilar… E foi sentindo assim, o rosto meio zoado, meio estranho.
E aí ela voltou para o quarto e falou: “Meu Deus, eu estou passando mal”, e aí ela começou a gritar o marido dela que ela estava passando mal. E aí foram para o hospital e tal… — E é um tipo de paralisia temporária que deu no rosto dela, não é nada grave. — E Ninguém entendendo porque ela ficou daquele jeito, né? E, detalhe, o marido veio socorrer ela, chegou correndo todo esbaforido e …— Não tem outra expressão… De pau duro. Tipo, está nos quase com a mãe dela. — E aí a Débora com ele no carro, com ele no hospital, depois voltando com ele e, assim, olhando pra ele, tipo “gente, como pode?” e aí agora ela está destruída. Ela não sabe o que fazer.
Tem mais uma pessoa envolvida nessa história que é o pai dela, o pai dela também não sabe de nada, né? Então ela não sabe o que fazer, porque se ela terminar agora com o marido, ela tem a impressão de que ele vai ficar com a mãe dela. E aí ela, tipo… — Ela falou: “Andréia, meu pai vai morrer. Meu pai vai morrer de desgosto.” — Mas também, sabe? E ela não quer mais ficar com o marido. Então eu acho que a primeira coisa: não tem que ficar. Se não quer mais ficar não tem que ficar, mas em relação ao seu pai eu não sei se você deve contar ou não. Eu tô bem na dúvida… Porque é uma coisa chocante, né? Meu, eu não sei o que eu ia fazer.
Eu acho que eu ia fazer escândalo na hora, mas já que você esperou, não sei, talvez conversar com a sua mãe, falar que você sabe. Primeiro com sua mãe pra saber o que ela pensa em relação a seu pai. Porque, assim, fatalmente você não vai conseguir manter seu pai e sua mãe juntos se sua mãe quiser ir embora com seu marido. E aí é outro ponto que a Débora tá pensando também é no escândalo que vai ser tudo. E aí, Débora, eu acho que a gente não tem controle disso, né? Você não tem controle disso, você não faz nada… Você não fez nada de errado.
Acho que a primeira coisa que você tem que pensar é que nem você e nem seu pai fizeram nada de errado, né? E não é a primeira vez que a gente vê aí sogra e genro de romance. Vira e mexe a gente ouve um caso desse, né? Não acho que você tem que se preocupar com essa questão de ser um escândalo, porque pra você e pro seu pai não vai ser escândalo nenhum, vocês não fizeram absolutamente nada. Agora, as outras questões, eu acho que você tem controle até certo ponto, da vida das mães você vai ter que conversar com sua mãe ou pedir o divórcio aí e ver o que rola.
O negócio de empada é dos dois, né? Da mãe dela e do marido da Débora, então, sei lá, de repente eles vão embora vender empada por aí… Sei lá, não sei. Eu fiquei chocada, eu sei que você está chocada, eu sei que você tá machucada e eu sei que você escreveu muitas vezes, assim, na semana, porque você realmente precisa de uma palavra, de uma ajuda e eu já te dei o contato também de uma psicóloga e, assim, agora é se fortalecer e encarar. Eu não vejo mais o que fazer assim.
Ainda bem que você está decidida a terminar, essa decisão você já tomou, então eu acho que já é meio caminho andado. Agora quanto ao seu pai sofrer é aquela coisa que eu te falei, terapia também… E seguir a vida, não tem muito o que fazer. E, sei lá, eu me preocupo também com o seu pai em relação a qualquer violência, se você achar que seu pai pode ter uma reação violenta não conta nada, sabe? Deixa quieto. Eu não sei, gente… É uma história que tem uma urgência aí e que ela precisa de um apoio. Eu acho que mais do a gente que dar um conselho, porque eu acho que a Débora tem que acabar fazendo o que ela entende ali naquele contexto familiar que vai meio que resolver sem, sei lá, sair nenhuma morte. Eu sempre fico pensando nisso, sabe? Ser uma coisa pacífica, né? É mais um apoio mesmo, né? Pra ver que a Débora não está sozinha agora, que a gente está aí.
[trilha]Assinante 1: Oi, gente, aqui quem está falando é Priscila Armani aqui de Belo Horizonte. E a minha opinião sobre esse caso urgente é que é urgente que a Débora se separe e saia dessa situação, e eu consideraria, inclusive, dela sair da casa dos pais dela agora que a situação financeira está um pouco melhor. Ela pegar o filho dela e ir para um outro lugar que seja melhor, porque não vai dar para continuar morando ali e eu acho que para a segurança dela vai ser melhor. Outra coisa que eu queria sugerir é que você converse com a sua irmã Débora, e a sua mãe é que tem que assumir esse B.O, porque no fim das contas não é responsabilidade sua lidar com as atitudes do seu marido. É isso.
Assinante 2: Olá, Débora. Olá, Não Inviabilizers, aqui quem fala é o Mogli, carioca e radicado em BH por conta da quarentena. A primeira coisa, Débora: Sinto muito por você. Segunda coisa: Que bom que você já se decidiu sobre que rumo dar a sua vida. Eu acho que você não deve contar para seu pai, porque você não sabe como ele vai reagir e você não sabe se ele vai, no final das contas, ficar do seu lado, do lado da sua mãe ou qualquer outra coisa. Acho que você deve conversar com sua mãe para que ela tome uma atitude e decida o que vai fazer da vida. E conversar com o marido para você informar ele que você não quer mais continuar nessa situação. Espero que as coisas fiquem bem para você e que eu tenha te ajudado de alguma forma. Um beijo e um abraço.
Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e até breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]