título: goiabinha
data de publicação: 15/09/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #goiabinha
personagens: lúcia e goiabinha
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão e hoje vou contar para vocês a história da Lúcia. A história da Lúcia com a sua cachorrinha Goiabinha. E já avisando, nada de ruim aconteceu com Goiabinha, [efeito sonoro de crianças felizes], fiquem tranquilos. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Lúcia resgatou a goiabinha quando ela ainda era um filhote. — Assim, igual o Kiwi está fazendo aqui, gracinha… — Então a Goiabinha estava ali na rua, era uma cachorra meio que filhotona comunitária que o pessoal cuidava, mas ela ficava na rua. E a Lúcia viu um dia e pensou em pegar a Goiabinha, só que não pegou, porque ela precisava organizar direitinho pra pegar. Dali dois dias que ela foi procurar a Goiabinha, ela não achou. — Na rua, né? Para resgatar e adotar. — Aí procura dali, pergunta dali, Goiabinha estava meio sumida… Foi dando um pânico na Lúcia.
Procuraram melhor num terreno ali perto, a Goiabinha estava agonizando atropelada. [efeito sonoro de música triste no piano] Lucia desesperada socorreu Goiabinha. Goiabinha ficou bem, mas ela perdeu uma peninha. Uma das perninhas traseiras. — E, assim, gente, o cachorro e o gato também, eles vivem bem com três perninhas, eles conseguem se adaptar muito bem. E foi o que aconteceu com a Goiabinha. — Depois que ela se adaptou, ela ficou ótima, Lúcia adotou, castrou, tinha que fazer cirurgia na perninha e aproveitou e castrou, tudo certinho. E Goiabinha — Uma vira-lata de porte médio — terminou de crescer ali super bem na casa da Lúcia, adotada pela Lúcia.
E o tempo passou, Lúcia e Goiabinha super intimas, né? E, assim, faziam tudo juntas. E a Lúcia mora numa casa… É uma casa com muro alto, não é um muro baixo, mas é um muro que, por exemplo, alguém já pulou para roubar uma bicicleta que estava no quintal. — E onde a Goiabinha ficava? — Quando a Lúcia estava em casa, a Goiabinha ficava dentro de casa com a Lúcia. — É como acontece aqui com os meus cães. Os meus cães eles moram, eles vivem dentro da minha casa. Quando eles ficam no quintal? Assim que eles acordam, que eles vão fazer xixi e cocô e tal, e se eu preciso sair. Então, se eu vou sair, eles ficam, eles têm uma área coberta, toda coberta da lavanderia com casinha, tudo… E eles ficam lá, mas sempre poucas horas. Se eu vou ficar um tempo maior fora, a Janaína pega. E se ela vai passar um tempo maior fora, eu pego os dela e assim vai. A gente cria os nossos bichos juntos, né? —
E assim acontecia com a Lúcia. Se ela tinha que ficar umas duas horinhas fora, a Goiabinha ficava ali no quintal, que ela gostava de correr, de brincar ali na grama e tal… E tinha uma… — Não era nem uma parte coberta, era uma lavanderia toda fechada, né? Como se fosse um cômodo e ela ficava lá só quando a Lúcia não estava. — E a Lúcia saiu um dia por uma hora e meia, e quando ela voltou, cadê a Goiabinha? Goiabinha tinha sumido, gente. E o portão estava trancado e não tinha como ela escapar. O muro era de bloco, de concreto, o portão era de ferro com grade muito assim, uma pertinho da outra, não tinha como ela passar no vão, porque ela é uma cachorra de porte médio assim, não é uma cachorra pequena. Quem pegou Goiabinha? Porque alguém pegou a Goiabinha, não era possível.
E aí o que passou pela cabeça da Lúcia? Ela pode ter deixado o portão destrancado e alguém passou, abriu… Mas quem pegaria uma vira-lata de três perninhas? — Essa era a questão. — E aí a Lúcia ficou doida, gente, doida. Ela fez cinco mil cartazes, ela fez post em tudo quanto é lugar na internet. — E eu vou dizer uma coisa pra vocês: funciona muito mais cartaz do que rede social para achar cachorro. Eu conheço muito mais casos de gente que achou com cartaz. — E a Lúcia começou a espalhar cartazes… Espalhou no bairro dela, espalhou no bairro vizinho, espalhou em um terceiro bairro…
E ela pensou o que? Quando ela for trabalhar, que ela pegava um ônibus para andar uns 10 pontos, ela ia fazer isso a pé e ia colando e entregando panfletos da Goiabinha. Aí ela colocou uma recompensa, e sempre acontece os trotes, né? Tem muita gente ruim também… E os dias foram passando, Goiabinha não aparecia. A Lúcia precisou tomar remédios de tão nervosa que ela tava. Quando deu ali três semanas que a Goiabinha estava desaparecida, [efeito sono de celular tocando] ela recebeu um telefonema, era uma senhora que dizia que a Goiabinha estava no apartamento na frente do dela, no mesmo corredor, e que ela tinha certeza que era a Goiabinha. O teste que ela fez… — Além da cachorra ter três pernas, ela tinha uma manchinha característica no pelo? —
Quando a cachorra estava sozinha em casa, essa senhora chamou… Então chamou de qualquer nome, tipo, sei lá: “Fifi?” e a cachorra não veio até a porta do apartamento. Quando ela chamou “Goiabinha” a cachorra ficou doida lá dentro. Só que o nome que a pessoa que estava com a cachorra tinha dado para ela, era outro, tipo, sei lá, “Laika”. E aí ela chamou Laika e chamou Fifi não veio, mas quando ela chamou “Goiabinha” a cachorra ficou doida. E por que essa mulher não foi falar que tinha visto um cartaz da Goiabinha? Porque antes, quando ela viu, um cachorro de três perninha chama a atenção… E ela não tinha visto cartaz nenhum ainda, e ela perguntou pra essa pessoa: “ah, que legal, você adotou essa cachorra de três perninhas?” e a pessoa falou: “Não, essa cachorra já era da minha mãe tem uns dois anos, e aí agora minha mãe mudou para um apartamento menor, meu apartamento é maior e eu trouxe a Laika pra cá”. E isso passou…
Quando ela viu o cartaz — E fazia pouco menos de três semanas que a Goiabinha estava desaparecida. — ela sacou, falou: “A pessoa mentiu tio que já tá com a cachorra tem dois, três anos e ela pegou essa cachorra… Deve ter achado e não está querendo devolver, enfim, não sabia a história, mas sabia assim… Sentiu, sei lá, que estava estranho. Porque quando ela perguntou a pessoa deu uma assustada. E aí a história não batia, ela foi lá confirmou, chamou “Goiabinha” e falou: “É Goiabinha”… Só que ela não queria problema nenhum com a vizinhança, né? — Ali do prédio dela. — Um predinho muito discreto de três andares que todo mundo se conhece… Então ela não queria problema, né?
E aí a Lúcia já meio ressabiada de tanto trote que ela tinha levado, ela falou: “não tem uma câmera aí no seu prédio pra você me mostrar alguma imagem? Ou câmera do elevador e tal, né?” e essa senhora falou pra ela: “Olha, aqui não tem câmera nenhuma. Meu prédio não tem elevador, é um predinho de três andares, eu moro no primeiro andar, mas eu tenho certeza que é a Goiabinha. Eu vou tentar filmar a Goiabinha… Porque ela não sai pra passear na rua, ela passeia aqui no prédio, na parte de baixo… E eu vou tentar fazer uma filmagem pra você”. — Isso uma senhora. —
A Lúcia não ficou com isso na cabeça, porque ela já tinha recebido muitos trotes, né? Passado ali uns dois dias ela recebeu a filmagem e era a Goiabinha. Lúcia entrou assim em desespero, mas agora um desespero feliz. E chorou, chorou, chorou até conseguir se acalmar, falar com a mulher, perguntar onde era o prédio e pegar mais detalhes… Porque era a Goiabinha. A pessoa, inclusive, não tinha se dado ao trabalho de trocar a coleira. — Da Goiabinha. — Provavelmente só tirou a plaquinha e manteve a mesma coleira, que era uma coleira personalizada.
Bom, Goiabinha estava localizada. Próximo passo seria falar com a pessoa que pegou a Goiabinha, né? Só que a hora que a Lúcia viu o endereço, ela não acreditou… E agora eu preciso contar para vocês uma história paralela…
A Lúcia depois que ela já estava aí há mais de um ano com a Goiabinha ela conheceu um cara e começou a namorar esse cara. E esse cara frequentava a casa dela e convivia também com a Goiabinha, só que a Goiabinha era da Lúcia. Nunca fui desse cara. E esse cara às vezes falava pra Lúcia assim: “Ah, você gosta mais da Goiabinha do que de mim”, e a Lúcia respondia: “Sim, eu gosto mais da Goiabinha do quê de você porque o meu relacionamento com a Goiabinha é um outro tipo de relacionamento”, mas sempre brincando… E ele falava que, se um dia um dia eles terminassem, ele ia roubar a Goiabinha.
Mas, gente, era tudo em tom de brincadeira. Só que esse cara ele tinha a chave da Lúcia…. Eles terminaram, continuaram, aparentemente amigos, inclusive esse cara compartilhou post da Goiabinha mantendo a Goiabinha dentro do apartamento dele. A Lúcia, agora sabendo quem era que estava com a Goiabinha, ela sabia que ia dar B.O pra tentar pegar a Goiabinha de volta. E aí ela explicou pra essa senhora que a Goiabinha era dela e que tinha um ex-namorado, que isso que, aquilo… — E, gente, assim, eu, no lugar dessa senhora, eu não faria o que essa senhora fez… — Mas essa senhora acreditou na Lúcia… — Porque, assim, a Lúcia podia estar mentindo, né? Esse cachorro podia ser do cara, enfim… Eu não faria, mas essa senhora fez. —
A Lúcia explicou, ela falou: “Olha, eu não quero complicação com vizinho, o máximo que eu posso fazer é deixar você entrar no prédio”. — E a Lúcia também tinha a chave do apartamento dele. — E o que a Lúcia fez? A Lúcia entrou no prédio, porque a mulher apertou lá o interfone lá e abriu, e a mulher nem apareceu… Ela falou: “não vou nem aparecer, não quero saber de nada”. A Lúcia destrancou lá o apartamento, pegou a Goiabinha, trancou o apartamento e foi embora com a Goiabinha… E isso era, sei lá, 11 horas da manhã, que era um horário certeiro que o cara estaria no trabalho.
Quando foi seis e pouco da noite que o cara chegou, passada ali uma meia hora, essa senhora mandou mensagem para Lúcia. E aí ela falou: “Lúcia, a Goiabinha tá bem e tal? Você não fez nada no apartamento dele, né? Porque ele tá aqui saindo com uns sacos de lixo. Não sei, é o que? Coisa da Goiabinha? Será que ele tá jogando fora e tal, né?” E a Lúcia falou: “Olha, eu vou ser bem sincera com você e vou contar o que eu fiz e tá feito…” [risos] — Gente, olha que doida essa Lúcia. — Ela ficou com tanto ódio desse cara, dele ter ido lá na casa dela e levado a Goiabinha que no dia de amanhã quando ela acordou, ela teve uma ideia… — E qual a ideia da Lúcia? — Ela pegou um pote de sorvete [risos] — Jesus… — E, bom, né? Ela acorda de manhã, toma ali seu café, intestino começa a funcionar… A Lúcia cagou no pote de sorvete…
A Lúcia, quando foi buscar a Goiabinha — A Goiabinha ficou toda feliz e nã nã nã quando viu ela, chorou… — Ela deixou a Goiabinha pra fora do quarto, com a porta fechada do quarto do cara, ela pegou o cocô dela — Dela Lúcia, tá? Cocô humano. A gente está falando aqui de um cocô humano. — E ela botou o cocô dela na cama do cara. E aí ela achou que só botar o cocô ali não era suficiente, aí ela pegou o travesseiro do cara e espalhou o cocô pela cama e largou lá. E levou o pote de volta, jogou o pote em uma lixeira na rua pra não deixar nenhum vestígio. Então o que provavelmente o cara estava jogando no saco de lixo era roupa de cama ali, né? Toda cagada. [risos]
E a Lúcia me escreveu porque ela viu que ali eu tenho algumas histórias de cocô e ela achou que seria interessante para o programa contar uma história onde uma pessoa cagou na cama do ex. [risos] Ai, meu Deus, eu não sei o que pensar… Quantas leis [risos] foram violadas nessa história. E a Lúcia continua com a Goiabinha, o cara nunca mais apareceu, bloqueou ela em tudo nas redes sociais, mas também não falou um A, porque ele também sabia que ele estava errado… Ela mudou as fechaduras da casa dela. Coisa que eu acho que todo mundo tem que fazer quando termina o relacionamento aí. Muda a fechadura, não custa nada, gente, muda. Porque do mesmo jeito que o cara entrou ali para pegar a Goiabinha, pra se vingar realmente dela, porque, poxa, ele podia adotar qualquer outro cachorro, né? — Do quer pegar o cachorro da Lúcia… — O cara podia entrar pra uma outra coisa… Você tá dormindo ali e o cara entra com a faca, sei lá…
Troquem as fechaduras, gente. E também isso vale pro cara. Se o cara tivesse trocado a fechadura, ela não ia conseguir pegar a Goiabinha assim. Então, sei lá, ela ia fazer um escândalo ali na porta, chamar a polícia, sei lá… Mas ela não ia também conseguir entrar na casa do cara e botar merda na cama do cara. Então vale para os dois lados. Troquem as fechaduras. E eu jamais faria o que essa mulher fez, porque ela só tinha um lado da história… A sorte é que ela teve o lado certo, mas podia ter sido o lado errado. Então, né? É uma história toda errada. Ainda falei isso pra Lúcia, falei: “Lúcia, meu, tem muita coisa errada nessa história”, e ela falou: “Ai, eu sei, Andréia, mas a Goiabinha tá bem, a Goiabinha tá comigo e pra mim é o que importa, eu faço qualquer coisa pela Goiabinha”, e eu falei: “bom, tá bom [risos] então”.
Então essa é a história da Goiabinha, teve um final feliz, mas tá no Picolé de Limão porque, né? Tem bastante coisa problemática nessa história. E eu fiquei em choque que ela teve coragem de levar o cocô dela em um pote e colocar na cama do ex.
[trilha]Assinante 1: Oi, Lúcia, aqui é a Jaque de BH, Minas Gerais. Eu fiquei muito feliz de escutar uma história um pouco nojenta, mas uma história que me divertiu, porque foi um homem, um macho tóxico que se ferrou com a bosta da mulher. [risos] Muito obrigada por contar essa história icónica pra gente. Beijo.
Assinante 2: Oi, gente, aqui é a Nayla do Rio de Janeiro. Como não amar essas histórias super engraçadas envolvendo bosta, gente? Não tem como. [risos] Eu apoio a Lúcia, também é mais uma história de que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Então menos agora a Goiabinha está com sua dona original. E o meu ponto de vista é o mesmo da Déia, não tem muito que falar… Troque, as fechaduras. Somente isso. Acabou o relacionamento? Troque as fechaduras, troca tudo… Um beijo.
Déia Freitas: Então é isso, gente… Um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]