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título: coisa ruim
data de publicação: 24/11/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #coisa
personagens: sandra e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história da Sandra. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Sandra conheceu um cara aí em janeiro de 2019, e bem ali no Reveillon e ela achou “poxa, chegou a minha vez”, né? — Chegou aí o homem da minha vida. — E Sandra começou um relacionamento com este cara. Eles se conheceram na praia, Sandra morando numa capital e o cara morando numa cidade do interior da mesma capital… E namoro joia. Eles se viam um final de semana sim, um final de semana não. Esse cara ia para casa da Sandra e assim passou ali um ano. Réveillon de 2020 eles passaram juntos… — O Natal não, Natal ele passou junto com os pais dele. — E até então a Sandra não conhecia ninguém da família dele, porque ele dizia que a família dele é muito problemática. — Sabe? Família problemática? —

Então ele não queria que o amor deles fosse contaminado por essa família aí que ele dizia ser uma família tóxica. E aí janeiro passou, fevereiro, Carnaval eles passaram juntos, tudo belezinha… E aí veio pandemia. — Aí agora lascou, porque essa criatura… — Esse cara já é um cara de 50 anos, que morava com os pais… Os pais com 70. — Depois dos 75 ali, 75, 76. — Então ele não podia vacilar, né? Colocar os pais em risco. E a Sandra morando na capital, né? Não podia fazer a quarentena ali 14 dias e tal… E o negócio foi complicando, né? Porque nem todo mundo aguenta aí um namoro à distância, e a Sandra era esta pessoa. — Que não aguentava o namoro à distância. —

E como a Sandra morava sozinha, não tinha nenhum bichinho, — Não tinha nem plantas a Sandra. — ela falou: “bom, eu acho que é uma boa para você me apresentar seus pais, que eu posso fazer esses 14 dias, né? Eu já estou quarentenada, eu vou de carro até aí, fico com você um tempo, volto, depois faço 14 dias e assim a gente vai levando, né? Para a gente não ficar tão separado”. E aí esse cara falou: “ai, nossa, vamos organizar isso sim”. [risos] — Tipo, “ah, vamos sim, vamos sair sim”. — E aí deu ali uns 20 dias que eles estavam organizando para ver como é que ia ficar para ela ir e esse cara pegou Covid… — Diz ele que ele estava em home office, né? — 

E que ele pegou Covid no mercado ou na farmácia… — Tanto faz, né? Mas ele pegou Covid. — E aí, nossa, Sandra ficou muito preocupada… Muito preocupada. Isso já era… — Porque a gente está falando lá de março… — Isso já era agosto, então eles ficaram muito tempo aí organizando uma dinâmica para se encontrar e quando foram se encontrar, o cara pega Covid. — É muito azar, né? — E aí pra piorar, os pais do cara também pegaram Covid… Idosinhos… Então, assim, o cara estava focado nisso, né? Em curar os pais ali e se curar, porque, segundo ele, os sintomas que ele estava não eram tão graves. 

E aí, gente, mais um mês passou e ele falou: “Não, agora acho que a gente está bem, né? Está melhorando”, e a Sandra falou: “Não, então agora eu vou para aí, gente, eu ajudo a cuidar, enfim… Quero ir”. E aí ESSE CARA PEGOU Covid de novo… — Em setembro que a gente nem sabia que dava pra pegar de novo assim, não era uma coisa tão… Né? — E aí esse cara foi pro hospital. — Esse cara foi para o hospital e esse cara foi entubado. — Sim, esse cara foi entubado. — E aí a mãe dele ficou com o celular dele. — A idosinha de 75 anos. — A mãe dele começou a dar os boletins de saúde do cara para a Sandra. “Ah, porque ele continua entubado, está estável”, “ah, porque isso, porque aquilo”… Mas o cara não melhorava… — O cara não melhorava. —

E aí a Sandra ela tinha o endereço dele, porque ela já tinha mandado um presente para ele nessa quarentena, né? Ela insistiu muito e ele deu o endereço. — Até então, engraçado, gente… — Como ele morava em outra cidade, ela não tinha o endereço dele, tipo, endereço com CEP, essas coisas… Não tinha. — Mas pegou pra mandar esse presente. — E aí ela já não aguentando mais, sabendo que não podia visitar o cara no hospital, a Sandra queria um contato mais perto. Ela pegou o carro e falou: “eu vou para lá”. [efeito sonoro de carro dando partida] — “Eu vou pra lá”. — Chegou no endereço era uma casa de uma senhora que nunca tinha ouvido falar do cara. Nunca tinha ouvido falar… 

E aí a Sandra já na hora falou: “Gente, será que eu confundi o número da casa?”. E aí conversando com a senhora… — Porque, assim, gente… A pessoa do interior ela é um pouco diferente, vou dizer isso porque eu me considero uma pessoa do interior. Se você chega perguntando: “ah, aqui que mora fulano?”, eu não vou apenas te responder “não”, eu vou te responder: “não, mas qual fulano?”, “ah, não sei, o Zé da farmácia”, aí eu vou responder pra você: “bom, o Zé da farmácia não mora aqui, mas tem um cara que trabalha na farmácia que mora na outra esquina, será que não é ele?”, e aí a pessoa vai lá na esquina. E aí eu vou ficar por aqui pra ver se deu certo lá. Se não, se ela voltar, eu falo uma outra pessoa que eu acho que é… E assim funciona. Essa senhorinha fez a mesma coisa. —

Ela falou: “não mora aqui, mas qual é o nome todo, você sabe? Quem é esse cara? — Aí a Sandra deu umas característica, ela falou: “não, ele mora aqui sim, mora ali no 309”, a Sandra falou: “olha, confundi o número”. — Confundiu o número… —No que a Sandra chegou no 309 e tocou a campainha, — Uma rua só de casas… — saiu uma mulher. Mas não era uma senhora de 75 anos… — Era uma mulher, tipo, da idade da Sandra, uns 40 anos. — E aí a mulher falou: “pois não?”, ela falou: “oi, eu vim saber da criatura, porque a criatura está internada, né? Com Covid e eu queria informação, queria saber como tá”, aí a mulher respondeu pra ela assim: “a criatura? Com Covid? Não… A criatura nunca teve Covid, não… Graças a Deus aqui na nossa casa ninguém teve Covid. E a criatura é meu marido… De onde a senhora conhece o meu marido?” — Sandra quase caiu dura. —

Ali, em plena pandemia, Sandra estava descobrindo que o namorado dela, a fofurinha de mais de um ano… — Um ano presencial, mas ali uns seis meses e pouco à distância. — Era um cara casado… Que não morava com os pais… E ela estava agora de frente para a esposa da criatura. E aí a esposa da criatura meio que se ligou, porque a Sandra ficou pálida, meio que passou mal… E ela estava do lado de fora do portão e a mulher do lado de dentro. — O que a mulher fez, gente? — A mulher abriu o portão e falou: “entra”. — Vocês entravam? Eu que assisto o Discovery Id jamais entraria. Jamais entraria. — 

E aí a Sandra entrou… E a mulher queria saber detalhes. A Sandra pensou: “Quer saber? Se esse cara casado me enganou e está enganando a esposa, eu vou contar tudo”. Isso que a Sandra fez, contou tudo… Que tinha conhecido ele no réveillon e nã nã nã, que passaram dois carnavais juntos e nã nã nã… E a mulher ouvindo… Quando a Sandra terminou, a mulher virou para ele e falou assim… — Mas a mulher falou tranquila, gente, sem tom ameaçador, sem barraco… — Ela falou: “Olha, o meu marido ele está no meio de uma perturbação espiritual. Ele está com alguma coisa ruim, — No corpo, né? — a gente está tratando disso. Então, eu quero te pedir desculpa. — Olha isso, gente… — Eu quero te pedir desculpa que isso tenha acontecido. — 

E, pelo jeito que a mulher estava falando com a Sandra, a Sandra percebeu que ele deve ter feito isso antes, porque a mulher estava falando com a Sandra como se, sei lá… — Se o cara fosse um doente em recuperação, só que, tipo, sei lá, ele era doente de amor. — E a Sandra ficou em choque, porque ela estava esperando já meio que ia ter um barraco, né? E não rolou um barraco… A mulher falou para Sandra que ia fazer uma oração por ela. [risos] E a Sandra foi embora passada… E aí quando a Sandra saiu de lá ela mandou uma mensagem esculachando o cara, né? — Esculachando. — E aí bloqueou ele em tudo. — Fez o correto… Porque até então ela não sabia que ele era um cara casado, que ele era um pilantra. —

E, detalhe: nesse tempo que eles namoraram, nesse um ano e meio, o cara falava para Sandra que queria casar, sabe? — Ah, vamos casar”. — Enfim… E a Sandra se iludiu, né? Então ela ficou arrasada, muito arrasada… Mas ela bloqueou ele em tudo, porque além da situação surreal de estar sentada no sofá, ela não sabia onde ele estava, porque ele não estava lá, provavelmente ele devia estar trabalhando… E ela se sentiu super humilhada. Por mais que a mulher não tenha tratado ela mal, a mulher foi clara dizendo que: “olha, meu marido está com alguma coisa ruim — Espiritual. — e que a gente vai resolver isso, mas o nosso casamento é sólido”. — Foi o que a mulher falou para ela, com essas palavras, “o nosso casamento é sólido”. — 

E aí a Sandra bloqueou em tudo… E o tempo passou. Um tempo passou, veio o Natal, Ano Novo… Sandra mal, mal, mal… Ainda gostando desse traste, mas assim, sem desbloquear ele de nada. De repente, Sandra começa receber mensagens chamando ela de tudo quanto é nome… Em todas as redes sociais, de um número de celular não identificado… — Um monte assim… — Chamando ela de P pra baixo. — E aí ela falou: “Gente, será? Será que a mulher da criatura, do nada, depois de, sei lá, oito meses resolveu me mandar mensagem? — E o que ela fez? Ela desbloqueou a criatura para mandar uma mensagem para falar: “Olha, sua esposa tá me mandando mensagens aqui, tá me ofendendo”. — Tipo: resolve essas coisas, me deixa em paz”. 

E aí o cara respondeu pra ela assim: “Ela está muito chateada porque eu falei pra ela que eu quero o divórcio, porque eu amo você”. — E a Sandra não estava esperando por isso… E ela ficou em choque. E aí ela voltou a conversar com esse cara… E é nesse pé que ela está agora. — Vocês já sabem o que eu penso, né? — Por que desbloqueou, Sandra? E tem mais, eu vou mais longe… Eu falei para Sandra isso, ela ficou cabreira, mas eu acho que é isso que aconteceu… Eu acho que as mensagens xingando a Sandra são do próprio cara. — Ele armou isso. — Armou para fingir que a mulher dele xinga a Sandra, porque sabia que a Sandra ia desbloquear para ele poder fazer o papel de vítima e de que a mulher não está aceitando a separação, de que ele ama a Sandra. Eu tenho certeza — Gente, eu tenho certeza… — que essas mensagens não são da mulher do cara, são do cara. — Só não cravo 100% porque a gente não conhece ser humano, né? —

Gente, tem todo o jeito de ser esse cara… E a Sandra nunca tinha pensado nisso, que pode ser o cara que está mandando as mensagens. Eu acho que ele armou tudo e a Sandra está caindo no papinho dele. Sandra, não caia no papinho dele, bloqueia ele tudo de novo. Você não tem que conversar com ele, ele tá mal? Ele te ama? Ele que vá fazer terapia e vá te superar. Ele está mentindo… — É o que eu acho. — A Sandra diz que vê verdade nele. — Como você vê verdade num cara que mentiu para você que, inclusive, a criatura ela não tem mais pais vivos, ela mentiu que os pais, que nem existem, estavam com Covid… — A criatura mentiu que estava entubada, um negócio sério pra caramba… Mentiu que era a mãe idosinha mandando mensagem e era ele mesmo… Ele já mentiu uma vez. Ele já se passou pela mãe idosa e agora ele está passando pela esposa. Está se passando pela esposa… 

Aí a Sandra falou: “Ah, então se for isso, então eu vou lá… Para saber se a mulher dele…”. Eu falei: “Tá, pra que? Pra que você vai lá pra saber? O que vai mudar pra você? Bloqueia todo mundo, segue sua vida”. Mas não sei, gente, essa é minha opinião, sabe? O cara não tá com uma coisa ruim? Deixa ele com a coisa ruim no corpo lá, sei lá… Entendeu? Enfim… Sandra, não caia nessa, por favor. Esse cara vai te enrolar de novo. — De novo. — E você não tem nada que ir lá procurar a mulher dele… Pra que? Você quer voltar com esse cara, Sandra? Fala para mim… Então é isso, gente, sejam gentis com a Sandra… 

[trilha]

Assinante 1: Oi, galera, aqui é a Denise de São Paulo. Sandra, a Déia já te deu uma bronca e eu não vou dar bronca, mas queria te falar que: é cilada. Eu também acho que, se ele já fingiu que era a mãe morta e que ele tava quase morrendo, não custa nada, né? Ele fingir que era a mulher dele… E aí queria te fazer uma pergunta: você quer mesmo voltar a viver, dividir seu dia, compartilhar sua rotina com uma pessoa dessa? Que mente inescrupulosamente e que já mentiu tanto para você? Acho que não, né? Mas é isso aí, tá? Boa sorte, espero que você consiga se confortar aí na sua decisão, seja ela qual for. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Jana, sou de Salvador, Bahia. Sandra, mulher… Como é que pode tu cair ainda nessas artimanhas desse rapaz? Isso é golpe, mulher. Eu tenho certeza absoluta que foi ele mesmo que mandou essas mensagens para você. Até porque, a mulher dele estava super tranquila quando você foi lá falar com ela… Ela te acolheu super bem, não te xingou, não falou nada, certeza que ela não ia fazer isso… Com certeza é coisa dele. Bloqueia esse rapaz e fuja para as colinas. Deixa ele lá com a mulher dele, entendeu? Porque é até uma tristeza essa mulher aí sendo enganada, que com certeza não foi a primeira vez e acredito que não vai ser a última. Ela, infelizmente, não tem como a gente salvar, mas você tem… Fuja. Fuja, fuja, fuja… E fique de alerta para as próximas vezes, que quando um cara não quer te apresentar a família dele, coisa boa não tem, viu? 

Déia Freitas: Um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.