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título: alexandra
data de publicação: 18/12/2021
quadro: alarme
hashtag: #alexandra
personagens: alexandra

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Atenção, Alarme. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei aqui no quadro Alarme para mais um episódio em parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos. [efeito sonoro de crianças comemorando] — Meu publi. — O Fundo o Brasil que completou 15 anos agora em 2021, é uma fundação independente que financia e dá suporte a pequenos grupos e coletivos que defendem os direitos humanos em todo o Brasil. E, para comemorar, eu estou aqui para contar quatro histórias de pessoas e projetos que tiveram o apoio do fundo. Eu vou deixar o link do fundo do Brasil aqui na descrição e você pode voltar o feed e ouvir a primeira história que eu já contei, a história da Lília. Hoje eu vou contar para vocês a história de Alexandra Mendes Leite, liderança do povo Chiquitano. Ela vive na aldeia Acorizal e essa aldeia fica na Terra Indígena Portal do Encantado, localizada no município de Porto Esperidião, no Mato Grosso. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Alexandra passou a infância na aldeia Acorizal, ela nasceu e cresceu na aldeia. E a infância dela foi muito tranquila, com bastante liberdade, era a mãe dela que era responsável pela educação da Alexandra. — E ela me disse que as crianças eram educadas de uma maneira diferente assim na aldeia, os ensinamentos eram transmitidos de uma maneira muito acolhedora, muito próxima, sabe assim? Os pais com os filhos. — Na época que Alexandre era criança, a aldeia tinha pouquíssimo contato com as pessoas de fora. O pouco contato que eles tinham com pessoas de fora, era com o Exército Brasileiro e era uma coisa que Alexandra não curtia, mas eles estavam lá… — Com vacinas, às vezes alguma questão médica… — E também eles tinham um pouco de contato com algumas missões religiosas que apareciam por lá. 

Todas as famílias da aldeia plantavam. — E eles viviam do que eles plantavam. — A alimentação toda vinha da roça que eles mesmos mantinham ali. A Alexandra lembra com muito carinho assim das festas tradicionais, dos rituais… Eles viviam, assim, em muita harmonia. A única coisa que perturbava um pouco ali a aldeia era o exército, né? — Às vezes eles exigiam coisas, queriam impor algumas coisas. Então era péssimo. — Com 12 anos a Alexandra foi estudar fora da aldeia para cursar o ensino médio, e foi lá que ela descobriu que ela era diferente. — Diferente, entre aspas, das outras crianças. — E, nesse período, ela sofreu muito preconceito. As pessoas na escola falavam para ela ir embora, que ela não pertencia ali, que ela não era dali, porque ela era um índio. — Assim, tudo muito pesado, sabe? – 

E quanto mais a Alexandra vivia fora da aldeia, mais ela tinha vontade de voltar. [música triste ao fundo] E aí adulta e já casada, ela resolveu voltar para a aldeia e embarcou na luta pela demarcação da terra e pelo reconhecimento como povo se Chiquitano. A aldeia faz divisa com a Bolívia, e o povo Chiquita está dos dois lados, do lado brasileiro em Cárceres, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade e Porto Esperidião e, do lado boliviano, em Santa Cruz e nas provincias de Sandoval, Ñuflo de Chávez, Chiquitos e Velasco. — Agora, vejam só… — Os indígenas já viviam na região antes da criação das fronteiras Brasil e Bolívia. — No final ali dos anos 1800. – 

E foi por causa dessa delimitação que eles perderam todos os seus direitos, quer dizer, aquelas terras todas eram deles, né? E eles foram invisibilizado e quase exterminados. E aí é aquele combo que a gente já sabe, né? Foram mortos, escravizados e, enfim… Acompanhando ali o extermínio humano, material, enfim… — Tudo. — A cultura e o idioma também quase desapareceram. O processo de identificação e a declaração da terra indígena Portal do Encantado começou em 2002 e foi finalizado e publicado, dando a posse permanente ao povo Chiquitano, em 2011. 

Vocês lembram que eu falei que a Alexandra teve que sair da aldeia para fazer o ensino médio? — Que foi péssimo, que ela sofreu horrores? — Então, a partir de 2005 — O povo Chiquitano teve uma conquista muito bacana. — eles conseguiram inserir no currículo do ensino médio da escola deles, — Que agora já tinham uma escola na aldeia. — eles conseguiram introduzir uma grade curricular diferenciada, então aí eles conseguiram recuperar algumas práticas que eles tinham perdido, como ter ali aula da língua materna. — Que é o chiquito, né? — Pintura, rituais, aula de sementes… E o mais bacana nessas práticas culturais e agroecológicas que as crianças agora aprendem na escola, lá na escola da aldeia, é que elas são trabalhadas, essas aulas são trabalhadas com a participação dos anciãos da comunidade. — É muito legal isso, né? – 

E, assim, não pensa que “Ah, então eles só vão ficar lá na aldeia e nã nã nã”, não, a escola prepara esses adolescentes para os dois mundos, porque dentro da aldeia também tem toda a tecnologia que tem fora da aldeia. — Isso é demais. — Eles conseguiram o ideal, que é ter uma escola que mantém ali a cultura viva, a língua viva e também os adolescentes podem aprender tudo que tem aqui fora para poder sobreviver aí nos dois mundos. E tudo ia muito bem, até que chegamos a uma manhã de setembro de 2019… 

Naquela manhã de setembro de 2019, a aldeia despertou já com o alvoroço dos animais e com a notícia do fogo chegando. [efeito sonoro de chamas] — E era muito fogo, gente, muito fogo. — Para vocês terem uma ideia, a terra indígena Chiquitana Portal do Encantado tem 43 mil hectares e quase 90% foi queimada. O fogo devorou a floresta, matou os animais, queimou os roçados, as hortas, as nascentes do rio… Destruiu tudo. Eles ficaram sem água. A rede de abastecimento que tinha também, queimou as casas… — Gente, queimou tudo. — O povo Chiquitano travou uma luta contra o fogo de dois dias e uma noite, sem parar, mas a maioria se foi no fogo. 

O fogo matou todas as galinhas ali que viviam soltas na aldeia, a maioria dos animais da floresta, queimou os buritis, né? Que eram usados no artesanato… Eles ficaram sem ter como trabalhar, sem ter como plantar, sem ter o que comer. — Sem nada… — Como recomeçar? Em 2019 já vinha sendo um ano difícil, porque foi um ano que o Brasil contabilizou ali entre janeiro e dezembro, 200 mil focos de calor. — Então pensa o tanto de incêndio. — Sendo que no Mato Grosso, foram 31 mil focos. — Nesse ano de 2019. — Foi a área que mais teve focos de calor, de incêndio, foi ali o Mato Grosso… Mas não tinha para onde correr, eles tinham que se organizar e retomar ali, fazer o possível para reerguer a aldeia. 

E aí dentro dali da aldeia, já tinha uma associação, a Associação Niorsch Haukina e é nessa associação que Alexandra atua. Então, por meio da associação, — E aí entra também o Fundo Brasil. — eles começaram a se organizar para fazer o que? A primeira coisa que tinha que ser feita era uma articulação ali com a Prefeitura, com as fazendas ali no entorno do Território Indígena. E tudo isso foi feito com o apoio emergencial do Fundo Brasil. E, assim, aos poucos, passinho por passinho, eles foram conseguindo demarcar a área. Por que qual era a ideia? Eles tinham que demarcar novamente a área para poder colocar ali pessoas com moto vigiando, tipo, “ah, tem um foco de incêndio em tal lugar?”, já avisa os bombeiros… Eles melhoraram a comunicação com os bombeiros e tal, com as fazendas, que eles não tinham uma boa relação. — E a gente já até sabe porque, né? Com as fazendas ali do entorno… — 

Mas pelo menos para todo mundo conseguir se organizar para combater de perto esse foco de incêndio, né? A autoestima lá embaixo… Todo mundo muito triste, né? — Eles perderam a vida toda de trabalho, os animais, tudo… — Mas Alexandro ali junto com mais algumas lideranças foram aos poucos… — Cada um cuidando de uma área. — Alexandra foi atrás de capacitar as mulheres ali da aldeia para fazer alguma coisa, porque agora não tinha mais como fazer artesanato, que não tinha mais as sementes, não tinha mais nada. E aí a ideia da Alexandra foi o que? A reciclagem. Então, ela também não sabia direito como funcionava. — Eu trabalhei muitos anos na moda sustentável, trabalhando com reciclagem e foi disse que ela correu atrás. – 

E aí conseguiram capacitar as mulheres, conseguiram ali maquinários emprestados das fazendas para poder fazer, abrir esse caminho ao redor da aldeia para poder passar de moto ali e vigiar mesmo. — O território deles. — Pegaram sementes da galera lá do outro lado da Bolívia, né? Do povo que estava lá, continuando com essas coisinhas. E, aos poucos, a aldeia foi retomando ali o seu ritmo, agora cuidando de outras coisas… E, gente, para vocês terem uma ideia, hoje eles estão certificados, eles conseguem vender produtos orgânicos. Então, a coisa evoluiu bastante assim, isso foi muito importante… Essas pontes que surgiram, né? Essa comunicação com a prefeitura, com os bombeiros e até com os fazendeiros ali do entorno, porque agora a galera meio que se mobiliza rápido, na aldeia tem brigadistas, então eles estão preparados para combater os focos de incêndio. 

E eu quero que Alexandra fale agora nas palavras dela como foi essa reestruturação e essa capacitação das pessoas da aldeia para outros trabalhos, porque ali, naquele momento, não tinha o que fazer, né? — Na aldeia. — Então, como foi essa articulação e como eles conseguiram aí reerguer a terra deles. — E eu gosto muito de falar isso. A terra deles, que é deles. Tudo deles. É bom que a gente não esqueça isso. – 

[trilha] 

Déia Freitas: Agora a gente vai ouvir a Juliane Yamakawa, que é a assessora de projetos do Fundo Brasil e responsável pelo fundo emergencial S.O.S Amazônia e, na sequência, ouviremos a maravilhosa Alexandra. 

[trilha] 

Juliane Yamakawa: Olá, sou Juliane Yamakawa e sou assessora de projetos do Fundo Brasil, onde eu trabalho acompanhando os projetos de apoio a iniciativas de povos e comunidades indígenas, e foi assim eu conhecer a história da Alexandra e a Associação Niorsch Haukina. O projeto Niorsch Haukina foi contemplado no âmbito de uma linha emergencial que o Fundo Brasil lançou no finalzinho de 2019, chamando “S.O.S Amazônia”. O S.O.S Amazônia nasceu muito como uma resposta ao contexto daquele ano. Não sei se todo mundo se lembra, mas em 2019 teve um aumento expressivo do fogo e desmatamento na Amazônia, e todo um contexto político muito complicado, de um governo que não apenas se mantém inerte a essa situação, mas incentiva essas atividades ilícitas, né? Através de falas que sempre minimizam o problema, ou mesmo de projetos de lei que tentam regulamentar essas atividades. 

Então, o S.O.S Amazônia nasceu pra apoiar organizações indígenas que realizam atividades emergenciais de proteção de seus territórios. E a gente está falando de proteção de atividades de mineradores, caçadores, fazendeiros e também produção do fogo, né? Que ao contrário do que dizem por aí, pega sim na Floresta Amazônica e a esmagadora maioria das vezes, por iniciativa do agronegócio, de grileiros que tentam expandir suas fronteiras tacando fogo pelo caminho. Então, em meados de 2020 no meio da pandemia, a gente recebeu o projeto encaminhado pela Alexandra, que tinha dois objetivos principais: uma era a compra de alimentos para a comunidade, que ainda estava em um processo de reconstrução e fortalecimento devido à grande queimada de 2019. Que foi agravada também pela pandemia, e o outro era a proteção do território através da abertura de aceiros, que são faixas de alguns metros, 4 ou 5 metros, de onde se retira a vegetação do solo como forma de evitar a propagação dos incêndios, mas que também servem para delimitar o território e de trajeto para as atividades de monitoramento, como a Déia explicou. 

O projeto foi aprovado e eu me lembro das conversas que eu tive com a Alexandra nessa época, dela me relatando que em 2020 ainda não tinha fogo no território, mas que eles estavam cobertos pela fumaça dos arredores. Então, mesmo sem o histórico de execução de muitos projetos, porque esse não era o foco da sucessão até 2019, eles conseguiram executar as atividades, realizaram essa abertura em volta do território e agora a comunidade tem uma segurança a mais, para o que aconteceu em 2019 não se repita. O que eu acho importante frisar, é a relevância de apoiar iniciativas de lideranças indígenas como Alexandra. Diretamente, a comunidade, o povo não foi beneficiado e está mais fortalecido por causa desse apoio, mas indiretamente, os benefícios são muito maiores, né? Vários estudos comprovam que a Amazônia tem muito menos desmatamento nas terras indígenas… E aí é muito pelo trabalho dos indígenas que se desdobram para realizar a proteção de seus territórios ancestrais. E os benefícios de uma floresta amazônica em pé para ajudar a conter as mudanças climáticas e o aquecimento global, não é só do povo Chiquitano, né? São benefícios para todos nós e gerações futuras. 

Alexandra Melo: De 2019 para cá, assim não de 2019, mas dos 20 anos para cá, depois da minha infância e que entrei para a fase adulta, muita coisa mudou. Em 2019 eu já estou na política, no movimento indígena, movimento quilombolas, movimentos da política social, então, começou as coisas mudarem. Em 2019 a gente sofreu uma devastação na nossa natureza, no nosso território muito grande. Foi um desespero, foi um sofrimento que o meu povo passou e, assim, 80% do meu território foi queimado, a gente perdeu tudo praticamente, a gente perdeu nossas sementes, queimou a nossa roça, chegou a queimar a casa… 

Então, o meu povo hoje é jovens, mulheres, querendo ou não, uns tem emprego do governo, são funcionários, alguns aposentados, mas muitos vivem da natureza ainda, da roça… E a gente coletava semente, tirava as fibras, coletava madeira, coletava muita coisa da natureza, que a gente fazia nosso artesanato, nossos remédios medicinais também e que queimou… E que acabou, né? Hoje, assim, quando eu falo referente a essa situação que a gente passou em 2019, assim, eu fico muito triste… Porque é uma lembrança que a gente não vai esquecer e que foi um desespero do meu povo. Assim, de uma coisa você ter construído e ela acabar assim, rápido… Assim, foi um desespero, foi muito triste… 

Apesar de que, o fogo não surgiu dentro do território, conforme o pessoal sempre fala, né? ´”É o indígena que põe fogo”, o meu povo não tem esse ritual, esse costume botar fogo na mata, nem para queimar roça. Então, a gente toma todos os cuidados. O fogo veio de fora, veio do município de Vila Bela… E a gente não conseguiu conter o fogo. A gente mobilizou a comunidade, a escola, mas não conseguimos apagar o fogo. Infelizmente, queimou em 2019 tudo. Mas a gente não cruzou os braços, a gente não desistiu, não se entregou para a tristeza, pro desespero, a gente levantou a cabeça e botamos o pé no chão. A gente não desiste fácil. A gente ficou muito triste, mas a gente continuou com a luta. 

Aí a gente teve apoio, a gente foi em busca, temos a associação… A gente foi em busca de projetos, de pessoas parceiras, porque a gente não teve ajuda de ninguém… Não teve ajuda da Prefeitura, a gente não teve ajuda da Funai… A gente não teve ajuda da Prefeitura, nada. Nesse desespero a gente partiu para outra organização, foi uma associação mesmo. E a gente encontra parceiros, graças a Deus, que foi o Fundo Brasil, né? E a [inaudível], um projeto pequeno, mas ele transformou um projeto muito grande hoje para a gente. Então a gente conseguiu revitalizar as nossas sementes, buscar novamente onde a gente já tinha repassado para alguém… A gente fazia muita troca de semente, e a gente conseguiu revitalizar novamente em 2020 essa semente, a nossa roça… Mas teve uma mudança na nossa rotina de vida, teve uma mudança na nossa alimentação, teve uma mudança na cultura… Então muita coisa mudou. 

E aí com toda essa mudança que teve em 2019 da queimada, a gente teve que mudar totalmente a nossa rotina de cultura. Tivemos que adaptar com outras coisas, com outras produções, com outra planta, com outra alimentação… E buscar recursos, buscar ajuda realmente mesmo, e a gente encontrou. A gente encontrou esses parceiros e a gente mobilizou a comunidade, mobilizou o grupo de jovens, mobilizou a escola, as mulheres e começamos a nos organizar melhor, de outra forma. E eu acho que foi para melhor, muita coisa mudou. A gente abraçou a causa junto, a gente buscou parceria com as Fazendas, a gente buscou parceria com a instituição… E aí a Prefeitura, a Funai, o Sema e o bombeiro começou a ver essas coisas e a gente começou a mandar documento… Mandar documento, postar na rede social o que aconteceu, o que estava acontecendo e a gente achou os parceiros assim, a gente fez conferência, a gente fez oficina… E mandamos o documento para todo mundo explicando nossa história, a nossa realidade, o que aconteceu, né? E, assim, a gente teve um apoio muito rápido. 

Quando a gente falou sobre o projeto Fundo Brasil, o Projeto Sesi… No projeto Sesi a gente fez oficinas de artesanato, porque a gente começou a trabalhar com reciclagem e foi outra estratégia nova que a gente aprendeu a trabalhar com os jovens. Trabalhar com reciclagem que a gente não trabalhava, fazer bolsa, fazer… A gente fez muito trabalho com reciclagem, então, esse foi um trabalho novo que entrou no território, que as mulheres abraçaram a causa jovem para fazer, em buscar sua renda, para poder ajudar a família e, assim, a gente começou a trabalhar com horta, aprendeu o nosso povo a comer folhagem e comer algumas outras coisas a mais, porque a nossa realidade era a mandioca, banana, batata, cará, essas coisas assim… A gente não tinha aquele costume de comer folhagem. Aí a gente aprendeu isso aí e ajudou muito, foi para a escola… A gente conseguiu expandir essa alimentação para a escola, de um, dois, três que foi comendo, hoje já tem 20, 30 crianças comendo. Foi uma estratégia que a gente usou no hábito da alimentação. 

E nos artesanatos, foi a reciclagem. Trabalhar com reaproveitamento de papel, reaproveitamento de garrafas PET, caixas de leite, roupa usada… Ou roupas que você já achava que não tinha mais garantias ou serventia de nada e ia pro lixo, é uma coisa que o lixo se tornou… Dinheiro. Se tomou renda para a comunidade, para o jovem. Então, essas coisas foi uma estratégia que eu trabalhei com jovens da associação, busquei, pesquisei… Assim, a gente não teve parceiros assim de pessoas para palestrar, nem para dar curso, a gente pesquisou na internet mesmo… E criatividade mesmo, cada um fez sua criatividade, a gente não teve curso de SENAR, nada foi dar curso, a gente fez com o conhecimento que eu tinha já, sempre eu fazia e nisso ajudei a comunidade, multipliquei o meu conhecimento também com a comunidade. 

Referente ao território, isso aí foi a sustentabilidade que a gente buscou, né? E também buscamos vizinhos, assim, da Bolívia, que a gente também tem parente, de Fazenda, de outras comunidades e buscamos as mudas, buscamos as sementes novamente e começamos a continuar a produção da nossa roça.  Mobilizarmos também os jovens, as mulheres, fomos na Prefeitura buscar apoio… E aí que passamos a ter o apoio da Prefeitura para a gente fazer a nossa roça. A gente buscou fazer oficinas, explicamos a realidade, falamos, palestramos, incentivamos… E a gente achou parceria com as fazendas, achamos uma estratégia que hoje as fazendas abraçaram a causa junto com nós e aí o SEMA também organizou, aí a Funai… E aí a gente conseguiu fazer uma estratégia, a gente mobilizou toda a comunidade, todas as mulheres, todos os jovens, a escola, principalmente… Todo [inaudível] foi para palestra, pra oficina, para buscar uma nova estratégia para a gente preservar o nosso território. 

Déia Freitas: Bom, essa foi a história da Alexandra. Eu tenho mais duas histórias ainda para contar para vocês. Eu vou deixar aqui na descrição do episódio o link para o site do Fundo Brasil de Direitos Humanos, tamo junto e eu volto em breve. 

[vinheta] Alarme é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.