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título: ceia
data de publicação: 20/12/2021
quadro: feliz natal pra quem?
hashtag: #ceia
personagens: nádia, daiane e seu carlos

TRANSCRIÇÃO

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei para o nosso Especial de Natal. Tá estranhando que não tem vinheta? Que não tem efeitos? Que não tem nada? Pois é. Eu resolvi fazer um final de ano para vocês do jeito que eu faço para os assinantes, só voz e miados. Daqui a pouco vocês vão ouvir aí, ou não, alguns miados meus gatos no decorrer do programa. Antes da história passar pela edição e chegar até você, ela passa pela nossa plataforma de assinatura e, por dez reais mensais, você recebe histórias como esta, de segunda a sexta feira e com seu apoio aí dos dez reaiszinhos a gente consegue manter a roda girando e a estrutura toda funcionando. 

Eu vou deixar o link da assinatura aqui na descrição do episódio. E agora que você já sabe que este final de ano serei só eu e você, sim, todo mundo que trabalha comigo está de férias até o dia 9 de janeiro, a gente pode começar. Hoje eu vou contar para vocês a história de Natal da família Pereira, quem me escreve é a Daiane. Vamos lá então, vamos de história. 

O ano é 2012 e dona Nádia, mãe de Daiane, está super cansada assim de todo ano ter que preparar uma ceia para 20 pessoas praticamente sozinha. E todo ano ela passa ali suada, descabelada, enquanto está todo mundo arrumadinho, né? Curtindo ali o Natal, na casa da família Pereira, ela está lá se acabando de fazer as coisas e cozinhando desde manhã. Acontece que nesse ano de 2012, o seu Carlos, o pai da Daiane e esposo aí de dona Nádia falou: “Não, meu amorzinho, você não vai passar por isso mais um ano. Eu tenho umas economias e eu vou pagar uma ceia. Eu fiquei sabendo aí no meu trabalho de uma empresa lá do cunhado de um amigo meu que faz ceias pro número de pessoas que a gente quiser e eu vou encomendar aí uma ceia para 20 pessoas”. 

E aí dona Nádia ficou meio assim, né? “Será? Será que vai dar certo isso?”, né? Mas seu Carlos falou: “Vai, confia, que vai dar certo. Eu vou trazer os cardápios do que tem, você escolhe, eu pago e a gente fica tranquilo”. Dona Nádia animou, falou: “Bom, epa. [risos] Agora eu vou ter aí uma ceia completa, não vou precisar fazer nada e vai dar tudo certo”. E aí o seu Carlos trouxe o cardápio ali, eles escolheram os pratos, vários pratos e, gente, ficava mais ou menos uns 200 reais por pessoa. Então, veja, é bastante coisa, né? Mas tinha tudo… Era uma ceia completa com comida assim pra sobrar. 

E seu Carlos foi lá, pegou o dinheirinho dele, né? Cerca aí de uns 4 mil e poucos reais, pagou a ceia, porque tinha que pagar antecipado e ficou combinado de que eles entregavam a ceia, tipo, oito horas da noite para chegar tudo quentinho. [risos] Ali na véspera do Natal, então no dia 24. E aí chegou o dia 24, dona Nádia estava acostumada a logo cedo já começar a fazer as coisas, né? E aí ela não tinha nada para fazer… Então ela foi fazer o cabelo, fez unha, fez tudo o que ela queria e ainda era meio dia. [risos] Aí dona Nádia se sentindo assim “poxa, ai será que eu fiz certo de não fazer a ceia e nã nã nã?” e seu Carlos ali: “Não, meu amor, você está linda, fica aí tranquila, vai ler uma revista, um livro… Vamos esperar que oito horas a ceia chega”. 

Só que a família ali de Seu Carlos, dona Nádia e Daiane, quando foi uma sete e pouco começou a chegar. E aí ainda estava todo mundo tranquilo, porque a ceia ia chegar oito horas. Entre ali os parentes, chegou tio Vicente… E tio Vicente trouxe uma travessa de farofa, porque mesmo que tivesse a ceia que for, tio Vicente gosta da farofa que ele mesmo faz. E todo mundo gosta da farofa de tio Vicente. Então ele trouxe uma travessa e botou ali na mesa pra chegar à ceia e colocar ali tudo em volta da travessa de farofa de tio Vicente. Deu oito horas… Nada de chegar aí essa ceia. Deu oito e meia nada… Pessoal já assim com um pouco de agonia, porque na casa de Daiane ninguém espera meia noite para comer, né? A partir do momento que chegou ali todo mundo, as 20 pessoas da família, o pessoal já começa a comer. 

Nove horas, nada de ceia… Seu Carlos já começa a ficar um pouco preocupado, né? Dona Nádia do outro lado da sala só olhando para ele… [risos] Com aquele olhar meio fuzilado, meio ainda acreditando que talvez chegue. Nove e meia, nada da ceia chegar… Seu Carlos já pegou o telefone, já começou a ligar para aquele amigo dele, porque a ceia é do cunhado desse amigo dele que trabalha com ele na firma. Seu Carlos pegou o telefone, começou a ligar… Chamou, chamou, chamou, ninguém atendeu… Ligou de novo, chama, chamou, chamou, chamou e uma pessoa atendeu… E eles estavam ali, pelo barulho, né? No meio da comemoração de natal deles. 

E aí seu Carlos pediu para falar com o amigo que tinha indicado o cunhado para a ceia, e aí este cara veio ao telefone e falou: “Olha, ele não tá aqui, né? Ele deve estar entregando as ceias por aí. Eu não estou acompanhando, não estou sabendo, mas eu vou ver aqui com a minha irmã e já te falo”. Deu dez horas esse amigo não ligou… Quando foi dez e quinze o seu Carlos ligou de novo para esse amigo… E aí a voz do amigo já estava diferente. Por que estava diferente? Porque este cunhado que, praticamente, vendeu ceia para toda a firma de seu Carlos, ele pegou esse dinheiro, gente, e deu no pé. Ele não fez ceia nenhuma, ele não tinha esquema nenhum… Ele fugiu com o dinheiro da ceia de todo mundo. [risos] Ai que coisa horrível. [risos] 

E aí seu Carlos estava no telefone da sala ouvindo e todo mundo meio que volta, mas sem saber o que estava acontecendo. E aí seu Carlos resolveu desligar e falar: “Tá chegando”. Ele já sabia que não ia ter ceia, mas ele falou: “Ah, tá chegando”. Aí ele chamou dona Nádia na cozinha e contou… Gente, dona Nádia passou até mal. Porque naquela altura do campeonato, a única coisa que eles tinham era a farofa do tio Vicente, mais nada. E aí dona Nádia já trêmula ali, falou: “Meu Deus do céu, e agora? Vou fazer um arroz…”. Tinha o que? Fazer ali um arroz, um feijão que já estava pronto na geladeira… Ela falou: “Bom, vou botar passas e ervilha nesse arroz e é o que tem”. Não tinha mais nada, que eles nem se preocuparam em fazer compra pra ceia, nada… 

Porque a ceia era completa… Tinha frutas, tinha sobremesa, tinha carne, tinha tudo… E aí quando a galera percebeu que dona Nádia estava ligando ali o fogão, já rolou uma tensão, né? Porque até então já tinha um pessoal ali tomando uma caipirinha, outro pessoal tomando uma cerveja e sem comer nada… Seu Carlos foi lá, pegou uns pacotinhos de amendoim que estavam… [risos] Ô, seu Carlos… Ê, seu Carlos… Pegou uns pacotinhos de amendoim que estavam no armário, botou nuns potinhos e começou a servir, sem coragem ainda de falar que a ceia não ia chegar. A sorte é que foi ele que pagou do bolso dele, porque a Daiane falou que se fosse os familiares, cada um tivesse dado a sua parte, ia ter cadeira voando, ia ser uma coisa feia. 

Aí depois que a galera comeu ali o amendoim, isso já era umas onze horas, já tinha um burburinho no ar, tipo, “essa ceia não vai chegar”, o pessoal xingando… Aí o seu Carlos contou a verdade, falou que ele tinha tomado um golpe… Ele e outras pessoas da firma, né? E que não tinha ceia, que ia ter um arroz que dona Nádia estava fazendo e a farofa de tio Vicente, que até aquele ponto estava intacta em cima da mesa, esperando chegar ceia pra todo mundo comer junto. Nessa hora, todo mundo se desesperou e dona Nádia pegou ali botou, botou o arruz numa travessa, botou na mesa… Só que, assim, ela não tinha panela suficiente também para fazer arroz de uma vez pra 20 pessoas, né? Porque quando você tem outras coisas na ceia, você faz ali uma panela de arroz e é o suficiente, porque as pessoas comem as outras coisas também, né? Só que ali só tinha arroz. [risos] 

Então, conforme ela colocou na mesa, a hora que ela olhou já tinha acabado aquele arroz. E tio Vicente regulando a farofa, botando uma colherada de farofa no prato de cada um… [risos] Pra farofa render… A Daiane falou que só sabe quando foi meia noite, estava uma gritaria… Uma brigaiada… Gente comendo amendoim… Ali na casa da tinha um limoeiro, gente chupando limão… [risos] Todo mundo com fome, nervoso. [risos] Ninguém lembrava que tinha contratado um rapaz para ser o Papai Noel meia-noite, para chegar e dar ali os presentes para as crianças. Só que era para os adultos terem preparado, né? Todo mundo que chegou dava o presente ali para a dona Nádia, ela ia discretamente até o portão, entregava ali para o Papai Noel e ele entrava com o saco já cheio de presentes. 

Só que o Papai Noel chegou com o saco vazio e ninguém lembrou… [risos] Ninguém lembrou de entregar os presentes… Então ele estava lá no portão, ele entrou, sem nada… As crianças começaram a chorar, porque o saco do Papai Noel estava vazio. [risos] Ai, desculpa. [risos] Aí correram juntar presente, mas aí, tipo, as crianças viram, perdeu a magia do natal. Ai que dó. [risos] Então, estragou o Natal para os adultos, que estava todo mundo com muita fome. E o Vicente tinha mais de meia travessa de farofa e não deixava ninguém comer. [risos] Ainda queria levar a farofa embora pra casa… As crianças chorando sabendo que não foi o Papai Noel que trouxe o presente porque ele chegou com o saco vazio. [risos] Seu Carlos arrasado, arrasado, arrasado… 

E aí o pessoal começou a ir embora, né? Porque deu tudo errado nesse Natal. E foi bom, porque no ano seguinte ninguém mais quis fazer o Natal ali na casa de dona Nádia e ela não precisou mais cozinhar do jeito que ela cozinhava, então eles começaram a fazer na casa de tio Vicente, o dono da farofa. E aí cada um levava um prato. Quer dizer, dona Nádia deixou de fazer uma ceia inteira para fazer só um prato, então para ela foi até que, né? Mas a Daiane falou que foi o pior Natal da vida dela, que nunca viu a família brigar tanto… Um Jogando as verdades na cara do outro, todo mundo com muita fome. E, pra fechar com chave de ouro, a chegada do Papai Noel com o saco vazio. [risos] Ai meu Deus… Eu dava tudo pra estar nesse Natal. Mas eu ia levar um lanchinho, né? 

Então essa é a história da família Pereira, obrigada Daiane por compartilhar com a gente. Essa semana toda teremos histórias de Natal. Semana que vem teremos histórias de Ano Novo e, na outra semana, também de segunda a sexta, sempre de segunda a sexta, teremos histórias de férias… Então vocês vão me aguentar aí por 15 histórias, cinco dias da semana seguidos daqui para frente, né? 5, 5, 5. Só eu, vocês, minha voz e um pacote de passas. Então é isso, gente, não esquece… Assina o nosso Apoia-se, dá essa força aí pra gente pra que o ano de 2000… Até esqueci já, 2022… Seja ainda melhor e com mais coisas para vocês, que é assim que a gente consegue trabalhar. Então eu volto amanhã com mais histórias, um beijo. 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.