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título: cartão corporativo
data de publicação: 05/02/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #cartaocorporativo
personagens: samira e renata

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje não estou sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Gente, a Netflix de novo… — Sim… — A Netflix, o mês todo, vai estar aqui comigo. [efeito sonoro de palmas] Olha que chique… A Netflix me convidou para contar o mês todo aqui no podcast histórias de golpe escolhidas aí no meu acervo. E tudo isso para comemorar a estreia da minissérie “Inventando Anna” da Shonda Rhimes, que estreia dia 11 de fevereiro. A série é baseada na história real da golpista Anna Delvey. 

Vocês já ouviram falar aí da Anna Delvey? — Eu confesso que eu estou um pouco, assim, obcecada. — Eu fiquei conhecendo mais a fundo a história dela agora, — Por causa da minissérie. — e, gente, assim… Primeira coisa que eu digo: a passabilidade que ela teve ali entre os mundos, né? Entre as pessoas mais ricas, só aconteceu porque era uma mulher branca, loira… Porque se fosse uma negra ali, não ia chegar nunca onde ela chegou. Então, o primeiro fato que me chama atenção é esse. Eu vou falar um episódio inteiro só sobre a Anna e outro só sobre a série. — Vem aí. [risos] Aguardem… — 

E hoje eu trouxe mais uma história de golpe aqui pra gente comemorar a minissérie. Escolhi uma história aí de firma. — [risos] Eu amo história de firma. — Então é isso, eu vou contar para vocês hoje a história da Samira. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Samira começou a trabalhar em uma empresa de eventos, — De grandes eventos. — uma empresa pequena, com ali seus 25 funcionários, no máximo. E, logo de cara, quando ela começou a trabalhar lá, ela conheceu uma moça… Trabalhava essa moça e a mãe entre ali os 25 funcionários e essa moça era recepcionista. Então, assim que Samira chegou, essa moça apresentou a empresa toda para Samira, disse no bairro onde era um lugar legal para comer, onde os funcionários iam. — Sei lá, num happy hour e nã nã nã. — Assim, tornou a chegada da Samira ali muito acolhedora. E a Samira disse que ali o clima, da empresa, era muito acolhedor mesmo assim, né? As pessoas almoçavam juntas, tomavam café da tarde juntas, tinha bolo… — Hum, delícia bolo. — 

E nas horas vagas eles ficavam conversando e tal… E era todo mundo muito unido mesmo, uma empresa familiar assim, que todo mundo se dava bem e que corria ali tudo certo. Quando a Samira entrou, essa moça que era recepcionista já tinha uns dois três anos lá, e aí ela foi tendo a oportunidade de crescer dentro da empresa. — Essa moça, né? — E a Samira ali observando. E essa moça foi se destacando e começou a sair da recepção para trabalhar ali no setor financeiro da empresa. Era um setor que lidava com muitos gastos, muitas notas, porque eles faziam muitos eventos… Então tinha muita coisa que essa agência de eventos pagava e depois passava a nota para o cliente, o cliente pagava, enfim… Era esse tipo de coisa. 

E essa empresa… — De eventos, que a gente pode chamar de Pônei Eventos. — A Pônei Eventos tinha um cartão corporativo para isso, era um cartão só que estava ali disponível para todos os funcionários, né? Porque quando você ia, você estava responsável por um evento e tal, você tinha que fazer as coisas, você usava esse cartão. E esse cartão corporativo, tinha ali um limite entre 80 e 100 mil reais. — Gente, que limite é esse de cartão? Coisa de louco, né? — Porque, né? Gastos com eventos, dependendo do tamanho do evento, são gastos enormes, né? Mas depois tudo isso ali planilhado, com notas e tal, era repassado para os clientes, enfim, tudo certo… 

E quem cuidava das despesas aí desse cartão corporativo, de bater ali as notas, tudo certinho e quem tinha mais responsabilidade com esse cartão era essa moça que veio da recepção, né? Durante os anos foi ali sendo promovida até chegar no financeiro. Até que um dia, numa segunda—feira, o dono da empresa mandou um e-mail ali sério para todo mundo, dizendo que ele acreditava que tinha acontecido uma fraude no cartão corporativo. Pelo e-mail do dono da firma, ele dizia que a empresa de cartão de crédito tinha entrado em contato com ele porque tinham tentado efetuar uma compra fora do perfil do cartão, né? — Do cartão… Isso é comum de acontecer, da gente ser avisado se alguém faz uma compra fora do perfil. — E esta era uma compra de 6 mil reais num óculos escuros. — Ali, num um par de óculos escuros. — 

Então, isso chamou a atenção do cartão, né? Pelo valor e tal e eles bloquearam essa compra, ela não foi feita e avisaram o dono da empresa. E ele pensou o que? “Pô, hackearam esse cartão… Está aqui a fatura desse mês para todos os funcionários que usaram o cartão nesse mês, para vocês baterem aqui com a fatura as suas notas, pra a gente ver o que daqui é despesa real e o que tem de fraude”. — O cara pensando que era uma fraude externa. — E a gente está falando aqui de uma época pré bancos digitais, assim… Então você não ficava sabendo dos gastos na hora, né? Eram dois, três dias até entrar ali na fatura. — As compras que você tinha feito. — 

Só que quando esse e-mail caiu na firma, a rádio peão vendo ali aquela fatura, com aqueles gastos… A rádio peão começou a falar. E o que era uma fraude para o dono da empresa, — Que ele estava achando, sei lá, um hacker, qualquer coisa… — Para a rádio peão era: alguém da firma está usando o cartão para gastos pessoais. — Esse era o burburinho que corria. — Samira ali, né? Observando o burburinho e a galera questionando: “Será que realmente é fraude?”. Entre as funcionárias, tinha uma moça… — Que a gente vai chamar aqui de Renata. — Tinha a Renata, que a Renata tinha, assim, uma alma de CSI, detetive. — E ela falou: “Gente, eu estou vendo um padrão nessas compras”. 

E ela não sossegou, porque, assim, rádio peão é aquele negócio, todo mundo desconfiando que alguém estava comprando no cartão da firma, mas ficou por isso mesmo. — Tipo, fofocona, né? Mas a Renata não… A Renata falou para Samira: “Olha, eu vou bater item por item dessa fatura e eu vou achar”… — “Eu vou achar quem é que está gastando no cartão da firma”. — E, até então, a Renata não tinha suspeita em cima de ninguém, era uma suspeita geral de que aquilo estava acontecendo dentro da firma. Não era uma fraude de fora, né? E a intenção dela era saber quem é, porque, assim, a corda ia estourar do lado mais fraco. — O lado mais fraco é o peão, né? — Então ela falou: “Eu não sou, então eu vou deixar claro aqui que eu não sou e eu vou mostrar quem é então”. 

E aí Renata, — Ali sempre com Samira observando. — começou a listar esses gastos… E, assim, os gastos eram gastos até pequenos… Tinha gasto de 25, de 50 reais, mas também tinham gasto aí de 500 reais… Ao todo na fatura, naquela fatura, — Porque ele só mandou uma fatura, né? O dono ali da empresa. — tinha cerca de 4 mil reais que eram despesas não justificadas ali, que alguém usou esse cartão corporativo e não justificou as entradas, né? As entradas. — Pra mim, já estava mais que óbvio, né? Que quem poderia ter feito isso era a pessoa que controlava essa fatura… Porque se ela não levantou ali que tem 4.000 a mais, é porque foi ela, né? — Mas a Renata não sabia disso… E Renata começou a pegar item por item e vasculhar. — Como ela fez isso? — 

A Renata foi jogando no Google os nomes dos estabelecimentos que estavam na fatura e aí, pelo Facebook, ela foi olhando — Porque a firma tinha só umas 20, 25 pessoas, então era fácil, né? — quem tinha curtido as páginas daqueles lugares ou tinha… Quando você coloca a localização, tipo, ah, você vai num salão de beleza você coloca lá “estou aqui”. — Era época que a gente usava muito esse negócio de check-in, né? Nos lugares. — E essa moça que veio da recepção e agora estava no financeiro e que cuidava do cartão corporativo, foi burra ao ponto de realmente colocar as coisas que ela gastou no cartão corporativo, dar check-in nos lugares e, tipo, curtir as páginas… E batia. 

E os lugares que ela passou, que ela fez as compras, era tipo o caminho certinho, tipo, dela saindo da empresa e indo para casa. Então, digamos que ela passava num bairro X, — Para ir para a casa dela. — e ela fez esses gastos neste bairro. E aí a Renata foi vendo onde morava cada funcionário e só quem passava por ali, vai, dois ou três… Desses dois ou três, quem que no exato momento fez check-in no dia que fez a compra? Era só essa moça. — Então, assim, ficou fácil, né? — E aí, de acordo com a investigação da Renata, realmente era essa moça que tinha feito esses gastos. O que a Renata não sabia é que, paralelo a isso, o dono da empresa também já estava com essa desconfiança, que era alguém de lá de dentro… Pelo perfil das compras, pelas faturas anteriores… Mas até então ele não tinha fechado ainda em cima dessa moça somente, então qualquer um podia… — Sei lá, podia espirrar em qualquer um. — 

Com essa investigação toda, um dia ela estava… A Renata estava lá no refeitório e essa moça — Que ficava com o cartão corporativo, né? Que era responsável ali por bater a fatura, para conferir as coisas. — estava lá também. E aí a Renata jogou um verde, falou: “Nossa, que loucura isso do cartão corporativo e tal”. — Qual é a sua reação num caso desses? Sua reação é de querer fazer fofoca, né? “Então, menina, você viu?” É assim que a gente reage. — E essa moça ela reagiu, assim, de um jeito muito diferente… Ela ficou meio bravo e ficou, tipo, “tomara que pegue mesmo essa pessoa, porque é um absurdo e nã nã nã”. Foi uma reação desproporcional e que, assim, ninguém tinha tido. 

Então ali a Renata teve certeza de que era ela… E essa moça ainda que usou o cartão corporativo, — Porque, né? Todo mundo sabe que era ela. — Ela falou assim: “que é um absurdo, Deus sabe de todas as coisas…”. [risos] — Tipo, usou até Deus, saca? E aí a Renata foi lá falar com o dono da empresa, mas também para tirar da reta de todo mundo e entregar quem realmente tinha feito aquilo, antes que sobrasse para todo mundo. E o cara já estava realmente desconfiado dessa moça e acabou constatando e tal pelas provas ali da Renata. Chamou essa moça para conversar e ela confessou… Falou o que realmente tinha usado o cartão aí da firma para coisinhas pessoais dela, que ela estava fazendo isso há meses e ali pela investigação das faturas e tal, o valor que ela já tinha usado até então do cartão corporativo era de 40 mil reais. 

E aí todo mundo ficou chocado, porque essa moça aí era a pessoa mais fofa, mais querida, assim, sabe? Era acima de qualquer suspeita e foi ela. Ela assumiu que foi ela, o dono da empresa optou por mandar ela embora por justa causa, mas não envolveu polícia e tal, porque, sei lá, ia ser um escândalo, né? E, assim, a mãe da moça trabalhava também lá na empresa e a mãe também sabia desses gastos… — Então, né? Poxa, ela envolveu até a mãe dela. Olha que doideira. — A Samira falou que até o final essa moça defendeu o que fez, tipo, achou que não era nada demais. — Tipo: “o cartão está aí para ser usado mesmo”, [risos] tipo, caiu atirando, sabe? — E todo mundo ficou em choque. 

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Isadora de Sorocaba, São Paulo. E essa história do cartão corporativo, gente… Se fosse eu, teria feito exatamente a mesma coisa que a Renata, não ia conseguir descansar enquanto eu não soubesse quem foi. Tenho essa mania mesmo, fazer o que? Certíssima, Renata, inclusive que tirou o dela da reta e o dos colegas também. Adora história de firma e estou adorando essa publi com a Netflix, um beijo. 

Assinante 2: E aí, Não Inviabilizers, eu sou o Gabriel [inaudível] de Senador Canedo, Goiás. Eu estou simplesmente passado com essa história de cartão corporativo. A pessoa tem a cara de pau e o óleo de peroba pra esfregar pra fazer um tem desse, viu? E achar que não tá acontecendo nada. Ela podia era fazer par com a Anna Delvey, que vai dar certinho essas duas golpistas. [riso] Um beijo. 

Déia Freitas: E essa é mais uma história muito, muito, muito na vibe da história da Anna Delvey. Eu tô louca pra contar a história da Anna para vocês. — Muito em breve. — E eu volto na terça com mais uma história de golpe. A minissérie estreia dia 11, fiquem atentos. Valeu, Netflix. Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.