título: saques
data de publicação: 12/02/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #saques
personagens: valéria, dona ivone, pedro e tia
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não estou sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Adivinha quem está aqui comigo de novo? — Quem? Minha amiga íntima já. — A Netflix. [som de abertura da Netflix] — Óbvio, amo. — Gente, a Netflix me convidou para contar o mês todo de fevereiro histórias de golpe pra gente poder aí comentar e promover a minissérie Inventando Anna da Shonda Rhimes, que estreou ontem. Vocês já tiveram tempo de assistir? — Pra gente comentar no grupo segunda—feira? — Além disso, na segunda—feira às oito da noite eu vou estar lá no Spaces do Twitter da Netflix contando um pouco da vida da Anna Delvey. — Gente, eu vou contar a história ao vivo, tô em pânico. [risos] — Espero que todo mundo lá, hein? Segunda-feira no Spaces do Twitter da Netflix. — Olha que chique. — e hoje eu vou contar para vocês a história da Valéria. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Valéria é uma jovem de vinte e poucos anos que mora com a mãe, o irmão e a vózinha e idosinha que necessita já de alguns cuidados. A mãe da Valéria — a dona Ivone. — trabalha fora o dia todo e o irmão da Valéria é estudante. A Valéria também estuda, fica o dia fora, então alguém teria que ficar ali com a idosinha, né? — Com a vovózinha. — E pra isso foi combinado que a irmã da dona Ivone, a irmã e filha da idosinha também cuidaria dela, porque ela já não trabalha, né? É dona de casa e tal, cuidaria da mãe. — Durante o dia. — E ara isso, Dona Ivone ainda ia dar um dinheirinho para ela. — Tipo, pra ajudar nas despesas e tal, né? — Apesar de ser um revezamento, porque a dona Ivone cuidava da mãe a noite, então, aparentemente, ela não precisaria dar nada para a irmã que também ia cuidar da mãe durante o dia. — Mas ela dava e tudo bem, né? —
Essa tia da Valéria sempre foi maravilhosa, muito querida, assim, uma pessoa sensacional, que todo mundo gostava, todo mundo queria bem e tal, então era a pessoa ideal também para cuidar da mãe. — A mãe lúcida, com alguns probleminhas de saúde, mas muito lúcida ainda. — E tudo corria super bem… Agora aqui a gente tem que dar um salto lá atrás na história. — [efeito sonoro de rebobinar] Quando a Valéria tinha seus dez anos mais ou menos, infelizmente o pai dela faleceu, foi uma coisa repentina e tal, infarto e ele faleceu, foi horrível, foi triste, muito triste… Só que o pai dela tinha deixado um seguro de vida. — E como foi a divisão desse seguro de vida? — Metade foi para a esposa, a dona Ivone e metade para a Valéria e para o irmão. — Que a gente pode chamar aí de Pedro. — Metade pra Valéria e para o Pedro e metade pra Dona Ivone.
Só que Valéria e Pedro, sendo menores, esse dinheiro foi colocado numa poupança, que só quem poderia mexer seria a dona Ivone tendo o cartão e a senha. Então, assim, não era uma poupança que estava fechada e ninguém conseguia mexer, se a Dona Ivone quisesse, — Com o cartão e a senha. — ela ia lá e pegava o dinheiro. Então, digamos que, na época, ele tivesse deixado um seguro de 100 mil reais, 50 mil reais foi para dona Ivone, 25 mil reais para Valéria e 25 mil reais para o Pedro. Combinou—se ali que esse dinheiro não seria mexido, ficaria ali para que fosse usado depois da maioridade dos filhos e a vida seguiu, gente, tudo belezinha, sem ninguém mexer naquele dinheiro, o dinheiro ficava lá. Era uma época bem, bem, bem antes de bancos digitais, enfim… Você tinha sua cadernetinha ali e, se você quisesse saber o seu saldo, você tinha que ir lá no banco. — Tirar um extrato. —
O tempo passou… Valéria e Pedro atingiram a maioridade, resolveram não mexer nesse dinheiro, o dinheiro ficaria ali, eles estavam com a vida ok financeiramente, então não havia necessidade de mexer naquele dinheiro e o tempo foi passando mais um pouco… Até que um dia dona Ivone recebeu uma proposta para a compra de uma casa, e era uma casa muito, muito, muito boa. E aí o que foi pensado? “Poxa, isso é um bem durável, né?” — É um bem pra vida toda. — “E se a gente pegasse o dinheiro de vocês do banco, desse como metade da casa e eu dou a outra metade e essa casa já fica para vocês, já fica no nome de vocês”. — Dona Ivone falou pro casal, né? — E o casal de filhos ali, Valéria e Pedro falou: “Nossa, é uma ótima ideia… Porque a gente já vai ter uma casa”, se eles quisessem até podiam botar para alugar. — Ou se os dois jovens quisessem ir morar lá sozinhos, enfim… —
Era uma casa que seria pra eles, sendo que a mãe estava dando metade, e a outra metade eles bancariam com o dinheiro que eles tinham na poupança. — Que tinha rendido, gente, sei lá, 10 anos, sabe? — E aí, beleza, ficou combinado assim… A tia da Valéria e do Pedro muito animada, falando: “Ai que legal, comprar sim, compra a casa sim e nã nã nã”. Tudo bem… Ficou combinado que eles iam lá ver a casa, né? Os jovens foram… — A Valério e o Pedro. — Foram com a mãe ver a casa, gostaram, tudo certo… — “Vamos comprar essa casa”. — Dona Ivone foi até o banco, porque agora eles eram maiores e eles precisariam ir, mas ela foi primeiro para saber o que precisava. — Porque ia ser um saque alto e nã nã nã… —
Quando ela chegou no banco e pegou os extratos aí dos filhos, porque ela tinha procuração das contas, né? — Gente… — O baque. A conta que devia ter, sei lá, agora uns 40 mil cada conta, tinha, tipo, 3 mil em uma e 2 mil na outra. Ao longo de anos, foram feitos vários saques, vários… E saques pequenos. Tipo, ah, um dia tirava 50 reais, outro dia tirava 100 reais, no outro dia tirava 1.000 reais… Saques muito pequenos, né? E aí dona Ivone ficou em choque. Não tinha como ser uma fraude, assim, porque a pessoa foi sacando durante anos, né? Geralmente, quando é um golpe, a pessoa saca rápido tudo, mesmo que não seja tudo no mesmo dia, na mesma semana, por causa de limites de saque e essas coisas na mesma semana.
E aí dona Ivone foi embora, chegou em casa e contou para os filhos… — Meu, como que foi isso, né? Como que aconteceu isso? — E a gerente tinha passado para ela o local onde tinha sido a maioria dos saques e era uma um caixa eletrônico de uma farmácia… Então, o primeiro passo era saber quem tinha clonado o cartão, — Porque até então eles pensaram “Alguém clonou esse cartão, porque esse cartão fica aqui dentro do guarda roupa… Quem mexeu?” — A ideia era ir na farmácia, pegar alguma gravação de algum daqueles dias para ver quem que estava com o cartão e tal, e aí sim fazer um boletim de ocorrência. E aí lá foram — Elas, né? Dona Ivone e Valéria, Pedro estava na escola. — pra farmácia para saber quem que era.
O cara da farmácia ficou meio assim, mas depois de ouvir a história falou: “Bom, vamos ver e tal” e recuperou ali umas três, quatro filmagens e não precisa nem ir muito longe para gente dizer quem é que estava fazendo todos aqueles saques… Titia. — A pessoa maravilhosa que todo mundo amava era a golpista da família. — Estava roubando a própria irmã e os sobrinhos… E aí Dona Ivone e Valéria ficaram incrédulas, né? Em choque. E a Valéria resolveu filmar a tela ali da TV, da câmera ali para ter as imagens para confrontar a tia, né? E isso foi feito. A tia foi chamada para ir lá na casa, assim, meio que de surpresa, né? E ela foi. — E ela estava tranquila, gente…— Ela sabendo que esse dinheiro ia ser sacado e que ia comprar a casa e o dinheiro não estava lá, como que ela fez isso assim? Como ela achou que ela ia se safar?
Inicialmente, elas não mostraram o vídeo e aí perguntaram e ela negou e jogou a culpa no Pedro. Falou: “Com certeza foi ele e nã nã nã”. — Olha, que mulher… — E aí a hora que a Valéria mostrou no celular a filmagem, aí ela desabou… Falou que tinha feito mesmo, enfim… Ela estava com um filho dela. Os filhos dela regulando ali com a idade da Valéria e do Pedro, vinte e poucos anos todo mundo, o filho dessa tia da Valéria começou a chorar. — O primo da Valéria começou a chorar assim, sem acreditar que a mãe tivesse tido a capacidade de fazer aquilo. — Bom, acabou que ela confessou e foi embora para casa junto com o filho dela e tal… E a Dona Ivone deu um prazo para ela devolver esse dinheiro. Essa tia também tendo dois filhos, um casal também, igual a Dona Ivone.
E, gente, no dia seguinte ela devolveu o dinheiro… E a Valéria falou assim: “Gente, a minha tia ela não gastava, ela não tinha luxos, ela não tinha nada, assim… Ela tinha uma vida boa, que não precisava de luxos e tal”, e ela pegava esse dinheiro, provavelmente então, para guardar… Ela tirava dos sobrinhos escondido, fazia saques na farmácia lá e guardava, porque no dia seguinte eles devolveram a grana… Só que aí o grupo da família se dividiu, metade achou que Ivone tinha razão de fazer do jeito que fez e metade achou que Ivone estava errada de ter feito aquele flagra, mostrando vídeos e tal. — E isso tudo ali, só entre elas… Mesmo assim a família se dividiu. —
Ficou um clima péssimo, a vózinha da Valéria, — Que é mãe das duas, da golpista e da Dona Ivone. — ficou arrasada, porque ela ficava ali no meio daquela briga e a golpista tinha parado de cuidar da mãe, por que como ela ia ficar lá dentro da casa de novo? — Da casa da dona Ivone. — A golpista ficou meses sem ir lá ficar com a mãe, né? — Durante o dia, como ela fazia. — Só que depois as coisas foram se ajeitando e dona Ivone perdoou a irmã, e agora a irmã frequenta a casa de novo, normal. [risos] E que só ficou um estranhamento aí entre os primos, Valéria e Pedro notaram que os filhos da tia golpista ficaram ali meio estremecida com eles, nunca mais a relação de primos foi a mesma.
E a própria Valéria diz que, se pelo menos uma vez por ano eles fossem lá no banco tirar um extrato, no primeiro ano eles já tinham descoberto, né? — O que essa tia fez. — Mas eles largaram o dinheiro lá na poupança e não cuidaram mais. Então teve esse lado também, que agora Valéria, Pedro e até dona Ivone cuidam melhor ali das finanças e tal. E que bom, né, gente? [risos] Que o dinheiro foi devolvido. As pessoas se perdoaram. — Eu talvez não perdoaria. Provavelmente não perdoaria. — E deu tudo certo. Primos estremecidas, mas é a vida.
[trilha]Assinante 1: Quem fala é Luíza de Pernambuco e, Valéria, mulher… Como pode, né? Tua tia mau caráter. Além de [inaudível] o dinheiro da irmã para cuidar da própria mãe, ainda estava roubando todo o dinheiro teu e do teu irmão. Pelo menos ela não foi tão ruim a ponto de não devolver… Que bom que o prejuízo financeiro de vocês foi recuperado, o que não resolve o problema que ela causou, né? Mas melhora em uns 30%. E que pena que até hoje tua relação com teus primos não é das melhores. Espero que, com o tempo, tudo se resolva para vocês. Um beijão.
Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, aqui é João, eu falo de Brasília… Eu tô de cara com a cara de pau dessa tia maravilhosa aí, que todo mundo quer bem. Falsa, né? Falsa… Pessoa traiçoeira, se faz de maravilhosa, incrível e, secretamente, rouba dos próprios sobrinhos e da irmã. Gente, quem faz isso? E, assim, meio sem propósito, né? Porque ela realmente não gastou dinheiro, ela devolveu no dia seguinte. Isso não faz sentido algum… No máximo, o que ela fez foi fazer com que o dinheiro parasse de render, porque na poupança ele rende… Quando você saca em dinheiro vivo o dinheiro vivo fica lá desvalorizando, né? Enfim… Muito estranha essa história toda, acho uma bobagem os primos ficarem estremecidos com uma coisa que aconteceu majoritariamente entre duas irmãos, né? Acho que eles poderiam resolver isso sem problemas, mas também, né? Quem sou eu para dizer? Enfim, que bom que tudo se resolveu.
Déia Freitas: Essa é mais uma história de golpe, comentem lá no nosso grupo do Telegram, assistam Inventando Anna na Netflix para gente poder comentar também, tem uma hashtag própria que é: Anna, com dois N’s. E vamo que vamo, gente… Tamo aí o mês todo contando histórias de golpe, um beijo.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]