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título: carrinhos
data de publicação: 21/02/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #carrinhos
personagens: marta e marido

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Hoje quem está aqui comigo é a editora Labrador [latidos de cachorro]. A Labrador é uma editora séria, de auto publicação, que disponibiliza os melhores serviços editoriais e proporciona uma ótima experiência de distribuição aí dos seus livros. Na Labrador o autor pode publicar aí um livro bacana e contar ainda com serviços de distribuição de qualidade. A editora Labrador é o que existe de melhor para o autor independente e, detalhe, todos os livros que entram no catálogo da Labrador não esgotam e nem saem do catálogo. — Gente, eu tô muito felizinha de ter a Labrador aqui. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Marta. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Marta conheceu o marido numa festa, eles namoraram um tempo, noivaram e casaram. Esse cara ele tinha uma coleção de carrinhos… — Carrinhos de brinquedos, mini carrinho, sei lá… X carrinhos. — E aí ele casou e levou a coleção dele de carrinhos, fez uma estante de madeira lá com a frente de vidro assim para colocar os carrinhos e nã nã nã e tudo bem, né? — Cada um aí com a sua coleção, com as suas coisinhas. — Não vejo problema nenhum nisso… E aí os dois trabalhando, a vida seguindo… — Sempre aquela luta, né? Classe C, enfim… — E a Marta ficou grávida, teve o bebezinho, uma menininha… — Linda. — Só que ela nasceu com alguns probleminhas respiratórios, então era uma criancinha que não dava para ficar sem convênio. 

Os dois não tinham convênio, mas eles decidiram que iam fazer o convênio da bebê, porque ela estava ali com a saúde mais frágil e tal, então seria importante ter um convênio. Aquela luta para pagar as contas, o cara ganhava menos que a Marta e a Marta se desdobrando ali para pagar tudo, para pagar convênio, pagar as coisas da casa… Eles tinham casado, então ainda tinha os móveis que tinham prestação para pagar e o tempo foi passando… Chegamos à pandemia e, na pandemia, a maioria das empresas colocou aí as pessoas para trabalhar em casa, né? E a Marta foi uma dessas pessoas. — A empresa disponibilizou o computador, as coisinhas todas, até a cadeira pra ela trazer pra casa pra trabalhar. — 

E aí ela montou o computador e começou a trabalhar em casa. Foi dando certo e tal, passou o tempo… Chegamos agora ao começo do ano, eles tentaram voltar para a empresa, não deu certo, todo mundo voltou pra casa. — Não deu certo porque alguém lá se contaminou, pegou Covid, enfim… E todo mundo voltou para casa. — Aí agora a Marta teve um problema no computador e não estava conseguindo resolver de maneira remota e o técnico de TI da empresa teve que ir na casa dela para arrumar o computador. [efeito sonoro de campainha tocando] O técnico foi lá — Arrumar o computador da Marta. — e, enquanto ele estava lá arrumando, a Marta fez um café para eles, falou: “Ah, vamos tomar um café, né? Como aqui uma fatia de bolo e nã nã nã”. 

E aí o cara jogando conversa fora assim com a Marta falou: “Poxa, a coleção de carrinhos do seu marido, hein… Tem uns carrinhos ali top de linha”, ela falou: “Legal, né? Ele gosta de colecionar… Todo mês ele compra um carrinho desse”. Só que a Marta, ela não tinha a menor noção de valor, assim, sei lá, ela pensou que era, sei lá, 50 reais um carrinho. E aí o cara começou a falar dos carrinhos e falar que ali tinha carrinhos de mil reais. — Tipo, carrinho de colecionador mesmo, coisa cara. — E aí a Marta não acreditou, ela não: “Não, imagina, ele nem tem dinheiro para comprar carrinho nesse valor”. Aí o que o cara da TI fez? Ele falou assim pra Marta: “Vem cá, esse amarelinho aqui”. — E era um amarelinho que ele acabou de comprar. — “Esse amarelinho aqui, eu vou te mostrar a ele no site”. 

E aí achou um site lá, mostrou o carrinho pra Marta e o carrinho, assim, que ele, tipo, importava dava tipo 1300 reais o carrinho… E aí a Marta ficou incrédula, falou: “Não, deve ser uma réplica, não pode ser. Eu estou me ferrando aqui para pagar o convênio da neném e fazer tudo, não é possível…” E aí o cara assustou, né? O cara de TI… Porque ele não achou que a Marta não soubesse, ele achou que ele estava colocando o cara ali meio que numa situação ruim, o marido dela… Aí ele voltou atrás, falou: “É, deve ser réplica mesmo”. Mas ela ficou com essa pulga atrás da orelha e quando o cara da TI consertou o computador lá e foi embora, ela começou a procurar nas coisas dele se tinha alguma nota, alguma coisa de pagamento. — E a Marta nunca mexeu nas coisas do marido. — 

E aí ela foi fuçar mesmo e não achou nota, mas ela achou um comprovante lá de pagamento da empresa dele… — Porque nem isso ela mexia. — E não é que ele ganha menos que a Marta ,ele ganha mais que a Marta… — Ganha mais que a Marta… — E estava deixando a Marta se matar aí pra pagar as contas e gastando com a coleção de carrinho dele, gastando… Ela achou lá uns jogos de videogame caros, assim, porque ela não tinha noção de preço de nada, então ela achou que ele comprasse bobagem, sabe? Sei lá, tá gastando 100, 150 reais do salário dele com bobagem para ele, tudo bem, né? “E eu vou pagando as contas que eu consigo e ele ajuda um pouco”… Mas o cara estava gastando com coisas caríssimas. — Que a Marta não tinha noção de valores, né? — E escondendo desde antes do casamento que ele ganhava mais que ela. — Falando que ganhava menos. — 

E aí a Marta ficou em choque, óbvio… — Eu, Andréia, considero isso uma traição. Eu acho que configura traição sim, ainda mais quando ela está se ferrando para conseguir pagar tudo, inclusive o convênio da filha e ele gastando com carrinho, gastando… Sabe? Eu não falo que é bobagem porque eu não acho que coleção é bobagem, cada um tem seu gosto, pode gastar no que for, mas desde que você não tenha os compromissos ali que você tem que arcar também, né? Então ele está gastando com coleção, com jogos, com isso e aquilo pra ele, mentindo o salário e a Marta está se ferrando com as contas da casa… Não compra um nada para ela. — 

Aí a Marta esperou esse cara chegar pra confrontar mesmo, né? E aí o cara deu um jeito de fazer como se a coisa fosse culpa da Marta. — Tipo, que ela não tinha que ter mexido nas coisas dele, que ela revirou as coisas dele… — Ó, o papo dele: “Como que ele pode ter confiança nela se ela mexeu nas coisas dele?” — Sendo que ele está mentindo desde antes de casar o quanto ele ganha e deixando ela se ferrar com as contas… O cara vem falar de confiança? Sério? — E aí foi uma puta briga, que não deu em nada, assim, né? Porque o cara nem desculpa pediu e isso foi em julho… Em agosto, a Marta exigiu que ele pagasse o convênio da menina sozinho. E aí ele quis dar um piti lá, falar que então ia ter mais convênio e eles brigaram feio e ele acabou pagando. 

Agora em setembro ele deu só uma merreca de dinheiro ,falou que não ia dar mais e aí agora a Marta está nessa, não sabe o que faz. — Eu vocês já sabem, né? — No dia já que eu tivesse ficado sabendo de tudo isso, a malinha dele já estava pronta, já estava lá fora. Já que ela paga praticamente todas as contas da casa pra esse cara ficar gastando em carrinho, pra esse cara fica gastando em jogos e mentir que ganha pouco? — Pra mim não dá, gente. — Pra mim não dá… E aí a Marta escreveu pra ver se a gente tem algum conselho, alguma luz para ela. O meu conselho é: larga. Não tenho outro… Meu conselho é: larga. A pensão vai sair em cima do holerite dele e aí ele vai ter que pagar. Capaz que vai ser o mesmo valor que ele já te dá, que é pouco… Então pra você não vai fazer diferença, ainda vai ser uma boca a menos pra alimentar. Então o meu conselho é esse, pra mim é não, pode largar… Mas vocês sabem que eu sou mais radical, então a Marta queria saber aí a opinião de vocês. 

Assinante 1: Oi, Déia, oi, pessoal, aqui é a Aline de Florianópolis. Marta, querida, você não é mãe desse marmanjo, né? Nem tem que ser assim… Acho que a gente tem que sair dessa coisa de que a mulher precisa dar um jeito e achar uma resolução de conflito. Não, o cara é um traidor, um mentiroso, ele mente para você antes mesmo de vocês casarem, né? Então, assim, acho que a gente tem que se livrar desse tipo de relacionamento tóxico, abusivo, que arrastam a nossa vida pra um buraco, né? Então acho que tem que separar, né? Você tem que ter uma pessoa que vá parar de sugar a sua vida, porque o que ele está fazendo é sugar sua vida e você vai poder viver aí feliz. A sua filha não vai ser a primeira filha com pais separados, tem muitos aí na história e é possível viver bem… E ele ainda vai ter que pagar pensão, vai ter que arcar com os custos dela já que não está querendo arcar, ele vai ter que arcar. E é isso, minha querida, um abraço e boa sorte 

Assinante 2: Oi, gente, eu sou a Tay Franco de Recife e queria mandar uma mensagem pra Marta. Marta, por favor, larga esse cara. Ele não serve absolutamente pra nada, ele realmente não tem nada de companheiro. Companheiro só se for dos carrinhos dele. E outra, como forma de pagamento retroativo para cada mês que eu passei com ele, ele me enrolando, eu teria pego um carrinho dele e vendido para poder arcar com as despesas. Pega logo antes de mandar ele embora, antes que ele esconda, tá? Um recadinho aí, né? [risos] Um beijo, tchau. 

Déia Freitas: O objetivo da editora Labrador é desmistificar a auto publicação, mostrando que é possível publicar com qualidade sem enfrentar os diversos perrengues e rejeições encontrados em uma editora comercial. Mais informações no site: editoralabrador.com.br. Valeu, Labrador, tamo junto. Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.