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título: auditoria
data de publicação: 18/03/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #auditoria
personagens: josy e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E, hoje, história de mãe cansada. — Eu vou contar para vocês a história da Josy. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Josy conheceu um cara aí e se apaixonou. O cara também se apaixonou pela Josy e eles começaram a namorar. Tudo lindo, namoro gostosinho, perfeito, o cara levou a Josy pra conhecer a família dele, a família amou a Josy e acolheu, né? A Josy na família. Só que, assim, toda vez que a Josy ia lá, — a Josy com 30 e esse cara com 41 — os familiares do cara cobravam um neto… “Ah, porque ele já está velho, ele precisa ter um filho logo e nã nã nã. A gente quer um neto, a gente quer um sobrinho e nã nã nã” e o casal ali, né? Dava uma risadinha e tal. A Josy não pensava na época ainda em ter um bebezinho, mas pela pressão da família do cara mais a pressão do cara, mais o tanto que ela foi acolhida na família, ela falou: “Bom, por que não, né? Tá dando tudo tão certo. O próximo passo, então, sei lá, a gente morar junto, né? Depois a gente pensa nisso de bebezinho”. 

Só que aí o cara ele não queria morar junto, ele queria continuar ali morando na casa dos pais, né? Mas a Josy foi levando o namoro… — Eles optaram aí por transar sem camisinha e usar um método anticonceptivo de tabelinha, né? Que a gente já sabe que dá merda. — E aí Josy engravidou… Josy engravidou, foi uma festa ali na família… A Josy com uma família do lado dela ali muito pequena… Assim, ela já perdeu os pais, então tem um tio aqui, uma tia ali, mas nada muito próximo e a família do cara uma família grande, unida, todo mundo fazendo festinha aí pra gravidez da Josy. E aí o tempo foi passando, né? Um, dois, três, quatro meses de gravidez… Josy ficou sabendo que ia ter uma menininha e aí já foi a primeira decepção ali da família do cara, porque eles queriam um menininho para colocar o nome do cara… Tipo, “carinha Junior”, sabe? “Carinha filho”. — 

E aí ia ser uma menina, mas tudo bem, que venha com saúde… — E aqueles papos, né? — Aí a coisa foi indo, foi indo… Josy teve o bebezinho. [efeito sonoro de bebê chorando] E, assim, a Josy morava sozinha numa kitnet, então quando ela teve o bebezinho ela precisou da ajuda ou do cara ou da família do cara. E aí o cara achou que era melhor a Josy passar pelo menos ali um, dois meses na casa dele, que ali teria a mãe para ajudar, a mãe dele para ajudar, na casa dos fundos tem uma tia dele que mora, então tinha ali umas mulheres pra dar uma força. — E a gente já percebe aí que o cara meio que, né? Tá empurrando para a mãe dele, pra tia dele, pra ele ficar meio suavão ali no negócio, né? —

E ali meio que começou o inferno na vida da Josy… Porque a mãe do cara e a tia do cara não deixavam ela fazer nada do jeito que ela queria. Então, nem der banho na criança do jeito que ela queria, nem trocar a fralda do jeito que ela queria… Tinha que ser tudo do jeito delas. E uma puta pressão, né? Porque: “Ah, você não sabe fazer nada” e aí mudou o discurso, né? Então era assim Ah, bebezinho que nasceu, então bebezinha era super acolhida e agora a Josy meio que de lado, meio que se sentindo um estorvo e tal e tudo tinha que ser feito do jeito ali da tia, do cara e da mãe do cara. E essa situação foi ficando insustentável… Com dois meses que a Josy estava lá, ela falou: “Bom, agora eu vou voltar para minha casa”. 

E aí foi um escândalo, né? Porque: [efeito de voz grossa] “Ah, você vai afastar a minha neta de mim”, isso a mãe do cara… E, nesses dois meses, o cara super ausente, — super só gostava, assim, ficava com o bebê dez minutos para tirar foto pro Insta, sabe? — A Josy voltou pra casa dela, né? Tinha mais um tempinho de licença maternidade para cumprir em casa e depois ela ia botar a bebezinha na creche, porque ela já sabia que ela não ia querer que a bebezinha ficasse com a família ali do cara durante o dia. Ela tinha certeza que ela ia ter problema pra pegar a bebezinha no final do dia, enfim… E aí começou uma guerra… A família do cara pressionando pra Josy deixar a bebezinha com eles e, Josy, obviamente, falou que não. O cara pressionando “porque não, você podia deixar um pouco a minha mãe, nã nã nã”, enfim… 

Brigaram e romperam… E a Josy falou pra ele: “Olha, a partir daqui Eu só quero que você me ajude com a bebê, você pode ver o dia que você quiser, você pode fazer o que for, mas por enquanto levar não, porque ela está amamentando e nã nã nã”. Então, o cara resolveu que: “ah, como não pode ficar com a minha mãe, eu também não vou pagar a pensão”. Então aí José teve que botar uma advogada pra resolver isso. Esse cara trabalhava com o pai… Então, o que essa galera desonesta fez? Deu um jeito de ter comprovação de renda desse cara de um salário mínimo e ele ganhava bem mais. E aí a pensão que ele passou a pagar pra Josy era de menos de 300 reais, depois subiu conforme o salário mínimo foi subindo, né? Então, tipo, hoje 330 reais. — Que é o que ela recebe de pensão para o bebezinho, né? Pra menininha. —

E aí esse cara entrou numas, gente, que com 300 reais, a Josy estava gastando a pensão da menina. Ele postava isso nas redes sociais, só que ele não falava que era 300 reais, né? Ele só postava que era muito difícil ser pai quando se vê que a mãe do seu bebê usa o dinheiro do bebê para baladas, pra academia… — [risos] Gente, 300 reais, tá? — E ele postava essas coisas… E aí muita gente ficava meio assim, né? Com Josy. Tipo: [efeito de voz fina] “Nossa, ela está indo pra academia usando dinheiro da bebê”. — Mas sei lá quanto que a galera imaginava e que ele pagava de pensão. — Até que um dia que a Josy resolveu fazer um post com ali alguns gastos da criança, só alguns… — Não todos. — E postar um contracheque lá da pensão. E aí isso deu um rolo, né? Porque a família dele e ele caíram matando. 

Todo mundo… Ninguém acreditava que ele pagava só 300 reais de pensão, porque todo mundo sabia que ele ganhava bem. Tipo, os amigos assim, né? Começaram a questionar ele e a Josy falando ali no post: “É isso aí que ele paga, ele paga 300 reais. Agora vocês acham que eu vou pra academia, que eu tomo cerveja com esse dinheiro?”, sendo que ela estava amamentando, nem beber ela estava bebendo. E ele falava isso, que ela gastava dinheiro com cerveja, com academia e ele pedia auditoria… [risos] Auditoria nos gastos da pensão. — De 300 reais.— E aí ele não confirmava e nem negava pra ninguém que era 300 reais, — porque, lógico, ele queria falar que era mais, né? — mas ele dava só isso, 300 reais. 

Aí depois dessa briga, né? Tem uns anos aí… A menininha foi crescendo e, quando a menininha estava com 4 anos, a Josy falou: “Bom, agora você pode levar”, eles tinham combinado as visitas ali. — Tudo em juízo… E aí sabe que o cara queria fazer, gente? — Ele não queria pegar o carro do pai dele pra ir buscar, então ele ia de metrô, digamos que ele ia de metrô pra casa da Josy e ele queria trazer a menininha de Uber e queria descontar o Uber da pensão… — Da pensão. — Então, repare: se ele pega a menina duas vezes no mês, então é um Uber para levar a menina e um Uber para voltar, então dava 40 reais, mais 40 reais… De 300 reais, ele queria tirar 80 reais de Uber. — Pra pagar o Uber do bonito… [risos] — Porque ele estava pegando a menina, então era dinheiro da menina e ele queria que a própria filha pagasse o Uber. — Com o dinheiro da pensão. — Fala se tem cabimento… 

E aí a José falou pra ele assim: “Olha, eu tenho os prints de você falando isso… Se você mais uma vez me atormentar com essa questão do Uber, eu vou postar”. Aí ele parou com isso, mas vira e mexe ele pede auditoria. — Não pede na Justiça porque ele não tem essa cara de pau, né? — Mas ele fica falando pra ela que ele quer saber os gastos, eles quer as notinhas, — Olha só, ele quer as notinhas dos gastos dos 300 reais — porque ele acha que uma criança não gasta 300 reais no mês… Ela não come, ela não vai pra escolinha, ela não toma leite, nada… Então essa é a história da Josy, que teve um super acolhimento aí pra ficar grávida, mas depois que a bebezinha nasceu a história foi bem outra e continua sendo bem outra. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, meu nome é Susane e eu falo aqui de Porto Alegre. Eu acho que quem tem que pedir a auditoria é a Josy, porque ela pode pedir na Justiça… Que eu saiba, né? Não sou advogada, mas eu me informei um pouco sobre isso quando eu me divorciei e ela pode pedir a quebra do sigilo bancário na Justiça pra provar que esse cara recebe mais do que ele está alegando. Então espero que haja uma auditoria a dois aí com essa reviravolta e a Josy saindo por cima. Beijão. 

Assinante 2: Aqui é a Camila de Goiânia. Josy, eu me identifiquei horrores com essa história, porque foi exatamente o que meu pai fez com a minha mãe. Minha mãe, na época, decidiu não entrar na Justiça, né? Porque ela se sentiu intimidada, mas é exatamente isso que ele quer… Ele vai te manipular, vai te intimidar, então não deixa isso acontecer. Lembra que essa é a obrigação mínima dele, ele não quer cuidar, ele não quer fazer parte da criação? Então não tem muito o que fazer sobre isso, mas essa pequena parte ,que essa é coisa minúscula que é ele pagar para contribuir com a despesa de uma criança que ele fez, isso você tem o poder de mudar. Então, corre com um advogado, vai atrás disso e eu espero de verdade que vocês fiquem bem. Então, um beijão para você e para sua filhinha, muita saúde. Se cuidem. 

Déia Freitas: Acolham a nossa amiga Josy lá no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não está no nosso grupo do telegram, é só jogar lá na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece, tá bom? Um beijo e eu volto em breve…

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.