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título: terapia
data de publicação: 11/04/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #terapia
personagens: juliana e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] O episódio de hoje é patrocinado pela Nuvemshop. A Nuvemshop é a plataforma certa para você criar aí a sua loja online de forma simples e profissional. Você pode montar o seu negócio do seu jeito, escolhendo os meios de pagamento e os meios de envio. A Páscoa está chegando e uma loja online e vai fazer muita diferença no seu negócio, seja ele voltado aí para chocolates ou não. Você pode montar kits, criar promoções aí com cupons… — Agora é a hora, gente. — Eu vou deixar todas as infos aqui na descrição do episódio e hoje eu vou contar para vocês a história da Juliana. — Ê, Juliana… — Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Juliana começou a namorar um cara aí. — Isso foi antes da pandemia. — E esse cara ele tinha, assim, várias questões… Primeiro que ele tinha terminado a faculdade e ele não conseguia um emprego. — E por que ele não conseguiu um emprego? — Porque ele tinha dificuldade em ser estagiário… Ele tinha sido estagiário — na área dele — um pouco antes de se formar e ele achou que era muito humilhante ser estagiário. — Agora veja só, né? Como que você quer trabalhar numa coisa que você não tem experiência nenhuma e você já quer entrar sem ser estagiário? [riso] É difícil, né? Não é assim que rola, né? — Então ele não conseguia porque ele não tinha experiência para as vagas que ele aplicava e não queria ser estagiário de jeito nenhum. — Então, aí, gente, iss é um problema da Juliana? Não é um problema da Juliana, né? Mas a Juliana fez o que eu já fiz também muito na vida. — Ela se tornou ali a ONG recrutadora. 

Então, se tinha vaga, ela escrevia o cara, aparecia alguma vaga na internet ela mandava pra ele… Então ela estava mais preocupada em empregar esse cara do que ele mesmo. E aí eles foram namorando, ele tinha essa questão porque a Juliana já estava ganhando relativamente bem na área dela, então tudo o que eles iam fazer ele comentava que “ah, nossa, eu não tenho dinheiro e você tem dinheiro”. — Então já vê aí, né? Essa criatura… — E aí a Juliana se sentia culpada. — Por quê? Não sabemos… Mas eu também já me senti culpada, assim, de estar mais bem sucedida do que o cara que eu estava. — A Juliana teve uma ideia… Ela falou: “Amor, você não quer fazer terapia? Porque eu acho que vai te ajudar. —

E aí o cara começou a fazer terapia, só que quem pagava a terapia dele era Juliana… E Juliana pagando terapia ali, né? Pro carinha. Uma vez por semana. Passou um mês, passou outro mês… — E até que o cara estava, assim, sabe? Tava melhorzinho. — E ele estava gostando de fazer terapia e a Juliana estava gostando de pagar pela terapia dele, porque ela viu que realmente estava ajudando ele em alguma coisa. — E, gente, por mim ok, né? Se estava ali… Se o arranjo dele estava dando certo, então tá tudo certo. — Na terapia, ele descobriu que talvez ele não quisesse trabalhar na área que ele se formou. E aí ele resolveu partir pra outra área… — E, assim, ele ia ter que começar a fazer cursos e nã nã nã… — E Juliana falou pra ele: “Olha, eu tô pagando sua terapia, eu não tenho como te ajudar nisso, né? Não tenho como pagar os seus cursos. Talvez fosse uma boa se você aceitasse um estágio na sua área para poder ter uma graninha e pagar pelos seus cursos”. — Foi esperta aí, Juliana, deu a dica. —

E, com o auxílio da terapia e mais a Juliana ali dando esse apoio, ele resolveu aceitar finalmente aí uma vaga de estágio. [efeito de fogos de artifício] E foi lá… E não é que na empresa que ele começou o estágio ele gostou? E aí pegou firme nesse estágio e nã nã nã. Isso já era ali quase sete meses de terapia que a Juliana estava pagando pra ele, e ele bem nesse estágio, tinha muita chance de ser efetivado, então ele ficou mais animado, que ia deixar de ser estagiário e nã nã nã… E as coisas caminhando nesse namoro aí, onde a Juliana era o maior suporte ali pra tudo, né? Até que um dia… — Eles não moravam juntos, né? Eles só namoravam e a Juliana morava sozinha. — E ela recebeu na casa dela a manicure… — Pra fazer ali pé e mão. —

E tão lá e nã nã nã, rindo, conversando, né? Fazendo unha… Quando toca a campainha. [efeito sonoro de campainha tocando] Ela morava numa casinha de Vila e tal, a Juliana para ali de fazer a unha para ver quem é e era uma moça… E aí essa moça pediu pra falar com a Juliana, Juliana não sabia quem era, mas falou pra moça entrar… — E, nossa, Juliana… [risos] Eu, sei lá, receber uma pessoa estranha assim em casa. — Mas ela falou: “Entra, tõ aqui fazendo a unha, pode falar”. E aí a moça falou… — A moça, quem era a moça? — A moça era recepcionista do prédio onde o cara fazia terapia. — Era um prédio comercial e ela era da recepção… — Logo no começo da terapia, — ele já estava lá pelo oitavo mês da terapia… Logo no começo… — Ela começou a ficar com o carinha. 

Então, a Juliana pagava terapia pra este cara. — Então, digamos aí que ela pagava 100 reais por sessão, 400 reais por mês. — E, nesses oito meses, nove quase, — de terapia — ele estava saindo com essa moça. E essa moça, por um acaso, pesquisando as redes ali acabou descobrindo que ele namorava sério e resolveu ir lá falar com a Juliana, porque ele tinha terminado com essa moça pra ficar com outra moça lá do estágio e ele bloqueou essa moça em tudo. Então essa moça, como vingança, foi lá contar pra Juliana. Juliana até desconfia que essa moça sabia antes que ele namorava e mesmo assim estava com ele, mas também não interessava, né? Naquele ponto ali que ela descobriu, a moça fez realmente por vingança, porque ela foi trocada pela moça lá do estágio. E a manicure lá junto, ouvindo tudo… 

A moça despejou lá todas as verdades e foi embora, e a Juliana ficou um caco ali chorando, chorando… A manicure foi lá pegou uma água, aquela coisa… A Juliana já querendo pegar o telefone, né? Ela queria ligar pra ele e já contar tudo e terminar, enfim… Aí a manicure — ouvindo a história, porque a moça quando falou, falou: “você pagava terapia pra ele e ele tava comigo”. E aí a manicure falou: “Mas e aí essa terapia que você pagou aí? Esse dinheiro, quanto que dá?”. Aí a Juliana meio que não estava nem pensando nisso, né? Aí ela parou e pensou, falou: “Não sei, dá uns 4.000, alguma coisa assim”. Aí a manicure falou pra ela: “Mas você vai terminar sem esses 4 mil?” — Super calma. —

E a Juliana falou: “Vou, vou terminar sem esses 4 mil, onde já se viu?”, ela falou: “Não, eu não terminaria sem os meus 4 mil”. — Vai pagar por isso? — E aí falou, falou, falou na mente da Juliana, até que a Juliana falou: “Bom, então tá bom… Como que eu vou pegar esses 4 mil?” [risos] — Ô, gente… — A Juliana resolveu enganar aí esse carinha no final de semana, fingir que tava tudo bem. — E isso era um sábado, né? Que ela tava fazendo unha ali no sábado de manhã. — E aí ela inventou alguma coisa que ela tinha que ir para casa da mãe dela, que a mãe dela não estava bem… E aí eles não se viram no final de semana. E aí, na segunda-feira… — O que aconteceu? —

Esse cara, lembra que ele estava… A ideia era entrar no estágio pra juntar dinheiro pra fazer outra coisa que ele queria fazer? — Então, digamos que essa outra coisa aí seja, sei lá, montanhismo. E aí para fazer lá o curso de escalada, sei lá o que, ele estava juntando dinheiro. — E ele tinha conseguido juntar o dinheiro, só que agora o foco dele era ser efetivado nessa empresa e fazer o curso lá de escalada como um hobby. E aí ele tinha um dinheiro já na conta, tinha, sei lá, uns seis, sete mil… — Na conta dele. — E jamais ele pensou em pagar a terapia. — Que a Juliana pagava porque ela pagava para ele, ela não ligava de pagar pra ele. —

Ela ligou para ele na segunda de manhã e falou: “Olha, eu tô aqui com a minha mãe, ela precisa fazer uma cirurgia, já pedi o dinheiro na minha empresa, eles vão mandar, mas vão mandar só à tarde. Você tem como transferir aí agora pra mim 4 mil? No final da tarde eu te devolvo?” E falando com ele pelo telefone… Ele falou: “Claro, né? Já transfiro pra você”. E aí ele transferiu os 4 mil reais pra a conta dela, ela se sentir um pouco culpada, mas a manicure estava toda hora mandando mensagem pra ela: “E aí, já tá com o dinheiro? [risos] Me manda aí a foto do saldo”. [risos] E aí depois que ele transferiu o dinheiro, ela não estava nem lá com a mãe dela, já estava trabalhando. — Ela não tinha ido pra cidade da mãe dela, né? —

Ela contou ali pra algumas amigas e as amigas acharam que ela fez certo. Ela não falou com ele nesse dia. No dia seguinte ela mandou um e-mail e terminou com ele por e-mail e não tocou na questão do dinheiro. E aí ele pegou o telefone e ligou pra ela, falou: “Você tá terminando comigo? Que eu não sei o quê…” — Mas ele não negou as traições, ela colocou tudo no e-mail, né? Ele não negou. — E a única preocupação dele, gente, era o dinheiro. — Aí ela falou no telefone, falou: “Que dinheiro? O dinheiro da terapia que eu te emprestei?” — Não era um empréstimo, né? Ela fez porque ela quis. — E aí ele ficou puto e tal, mas também não deu em nada. — Enfim, ela realmente pagou a terapia… —

E aí ela ficou com essa dúvida, porque assim, ela pagou a terapia porque ela quis, né? Mesmo que ela tenha sido traída desde, praticamente, a primeira semana, ela tem essa coisinha, sabe? Tipo, “Ai, será que eu fiz certo de pegar o dinheiro?”. — E aí eu não sei, gente… — Eu não sei… Por um lado, eu acho que ficou zero a zero, tipo, ele tinha dinheiro pra pagar a terapia e mesmo assim ela continuava pagando, né? Então o cara também não se mexeu muito. E, por outro lado, ela pagou porque ela quis, né? Ele não pediu, assim, não foi um empréstimo. Tenho dúvidas. Então foi por isso que a Juliana escreveu, ela queria saber de vocês se foi certo ela ter aí ficado com esses 4 mil reais da terapia que ela pagou e que o cara traiu ela desde a primeira semana. — Na terapia, na recepção da terapia. — [risos] [trilha] 

Assinante 1: Oi, aqui é a Larissa de Guarulhos. E, assim, o que você fez não foi 100% certo, né? Porque você pagou a terapia dele porque você quis, o que você fez para recuperar o dinheiro foi um golpe, um tipo de golpe, mas se eu falar que eu não gostei, eu tô mentindo, porque eu adorei. Eu achei que foi uma reparação histórica por todos os Picolés de Limão que o traidor saiu ileso e eu acho que você pode usar isso como indenização por danos morais, porque você estava lá do lado dele, você ajudou em tudo o que você pode, até financeiramente com esse lance da terapia, pra ele se sentir melhor, pra ele se encontrar, pra ele conseguir uma carreirinha que ele queria, que ele se sentia bem… E aí depois de tudo ele vai lá e mete um chifre em você? Ah, para, é muita ingratidão, é muita ingratidão… Então acho que você está bem linda com o seu dinheiro aí e está certíssima, usa esse argumento de indenização por danos morais pela traição e fechou. 

Assinante 2: Oi, pessoal, aqui é a Gisele de São Paulo. Ju, eu já estive na sua situação… Por mais que a Déia fale para que a gente não seja a ONG de homem, eu paguei um período de terapia para o meu ex e não me arrependo, por mais que a gente não esteja juntos. Não terminamos por traição e nem nada do gênero, mas foi algo que eu quis fazer e que eu percebi que fez bem para ele, e eu não pediria de volta… Mas o meu contexto não teve nenhum tipo de deslealdade do nível que teve no seu, então por mais que eu não fosse pedir esse dinheiro de volta, eu entendo super você querer depois de tudo o que ele fez, né? Você tá pagando a terapia para o cara e o cara arranja uma amante na secretaria de terapia, enfim… É muita deslealdade do lado dele pra merecer assim de bom grado esse super presente que você estava dando. Então super apoio aí essa ideia da retenção indevida de valores. Boa sorte aí, beijo. 

[trilha] 

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[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.