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título: mauricio
data de publicação: 29/07/2022
quadro: amor nas redes
hashtag: #mauricio
personagens: mauricio

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei pra mais uma Amor nas Redes. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] E quem está aqui comigo hoje de novo é a Intel Brasil. [marca sonoro da Intel] Esse ano a Intel comemora 35 anos de atuação aqui no nosso país, e o Brasil foi o primeiro escritório da Intel na América Latina. Já são três décadas e meia desbravando aí o mundo das tecnologias e ajudando a construir um futuro com mais diversidade, inclusão e inovação pra gente. A Intel, que é uma gigante de tecnologia, — preciso nem falar, né? — acredita que sem diversidade não há inovação e por isso hoje eu volto pra contar o segundo episódio da série de três histórias sobre tecnologia e inclusão que eu escolhi para contar aqui para vocês. 

Nessa série, eu vou contar histórias sobre iniciativas parceiras da Intel que impactaram a vida de pessoas que não tinham — até então — nenhuma familiaridade com o mundo da tecnologia. E hoje a gente vai conhecer um pouco sobre o Ceap — Centro Educacional Assistencial Profissionalizante. O Ceap é uma organização não governamental sem fins lucrativos, fundada aí em 1985 e que atua no modelo de escola profissionalizante gratuita, oferecendo anualmente cursos de formação e qualificação profissional para 1100 jovens entre 10 e 18 anos que no contraturno ali — quando não estão em horário escolar — estejam matriculados no ensino regular e, nesse contraturno, eles fazem os cursos lá do Ceap. 

Além da formação técnica profissional, o Ceap se preocupa muito com a formação humana ali dos jovens atendidos, desenvolvendo ao longo desses 36 anos uma metodologia com dois principais pilares: a educação personalizada, né? Então, reconhecendo ali que cada aluno é único — cada beneficiário é único e especial — e o envolvimento, muito importante da família. — Então, naquele processo todo daquele aluno no Ceap a família também é envolvida. — Desde a fundação, o Ceap já atendeu mais de 8000 jovens em situação de alta vulnerabilidade social. Hoje, a maioria desses beneficiários trabalha em grandes empresas e se desenvolveram super bem profissionalmente. Atualmente, o Ceap possui uma área de 23 mil metros quadrados ali em Pedreira. — Aqui na zona sul de São Paulo. Então, é um distrito bem periférico mesmo. — 

A parceria do Ceap com a Intel começou em 2019. A Intel, além de fornecer o apoio financeiro e tecnológico, também oferece palestras e mentorias, em grupos e mentorias individuais também para os alunos sobre carreira, mercado de trabalho, mercado financeiro… E quando essa parceria foi firmada, a ideia era que as mentorias acontecessem de maneira presencial, lá no escritório da Intel. Só que aí veio pandemia, né? E aí tudo teve que ser reformulado e migrado aí para o formato remoto. E aí a Intel me apresentou o Ceap e eu fiquei encantada com tudo que eles fazem lá… E atendem muita gente, tem um processo seletivo, assim, bem concorrido, bem rigoroso, é bem bacana… E hoje eu vou contar para vocês a história do Maurício Rodrigues. 

Hoje ele tem 20 anos, ele é estudante de jornalismo e ele foi uma das crianças beneficiadas pelos programas do Ceap e hoje ele trabalha como analista júnior no Departamento de Desenvolvimento Institucional lá do próprio Ceap. Então, vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

— Eu já quero começar aqui falando que Maurício, por uma coincidência muito grande, é um cara que através lá do Ceap e um dos mentores dele, começou a fazer trilha, gente… Trilha em montanha… [risos] — Quem me conhece sabe que eu odeio trilhas, né? Mas agora estou mudando e estou aí assistindo vídeos sobre o tema. E, coincidentemente, o Maurício tem uma história aqui das histórias que ele me contou, eu selecionei uma história de trilha dele para contar um pedacinho… E então vamos lá, agora sim, vamos contar a história de Maurício. — [efeito sonoro de fita retrocedendo] Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

O Maurício ele começou a estudar — ali como toda criança de bairro mais periférico — numa escola pública. E, nessa escola que ele estudava, o ensino era bem, bem, bem precário mesmo… A mãe do Maurício, a dona Aparecida — que é camareira de hotel — e o seu Edmilson, pai do Maurício, — que é um porteiro noturno — eles estavam muito preocupados com isso… Porque pense só: O Maurício ali, naquele bairro, não tinha nada para fazer… O ensino ruim, né? Dona Aparecida ficou apavorada. Então ela começou a batalhar ali nas escolas particulares uma bolsa para o Maurício. E aí depois de muito batalhar, ela conseguiu, né? — Lutou pra caramba — E conseguiu botar o Maurício com o bolsa numa escola particular. Mesmo assim, o Maurício estudando, estudava… Estudou em uma escola particular e depois mudou pra outra… — Porque aí vai acabando a bolsa, né? Você Tem que correr atrás de outras coisas. — 

Ainda tinha o tempo que ele não estava na escola, que era uma preocupação para dona Aparecida. Então aquela coisa, né? “Meu filho…Eu estou trabalhando lá, camareira de hotel — então assim trabalhando pra caramba e meu filho está aqui, né?”. Todo mundo ali do bairro do Pedreira conhecia o Ceap, mas era difícil entrar… E já tinha um primo do Maurício lá que estudava, então todo mundo sabia que quem entrava no Ceap tinha oportunidade de sair de lá formado, — porque lá vários cursos técnicos e também já saía meio que encaminhado num emprego e tal — e aí dona Aparecida ficou obcecada… Falou: “Não, Maurício tem que entrar no Ceap”. O Maurício começou então a estudar para o processo seletivo do Ceap. — E não era só tipo prova, tinha entrevista, eram várias etapas assim… Era uma coisa que ia afunilando bem… — 

E o Maurício foi passando em tudo… Foi passando em tudo, ele tinha ali um pouco mais de conhecimento até, né? — Por ter conseguido essas bolsas em escola particular. — E aí o Maurício, passou, gente… — Passou no processo seletivo do Ceap. — Dona Aparecida, felicíssima, pegou a documentação de Maurício e foi até lá fazer a matrícula. Só que nessa, nessa obsessão… — Porque o Maurício fala isso, né? “Minha mãe ficou obcecada em conseguir uma vaga no Ceap”. — Nessa angústia de conseguir a vaga, dona Aparecida se atrapalhou ali e o Maurício não tinha completado dez anos. Ele estava com nove anos e com nove anos ele não poderia entrar no Ceap. Ele ia perder todo aquele processo seletivo que ele fez pra no ano que vem, tentar de novo. E aí, dona Aparecida se desesperou, Maurício também… — Aquele caos. — [efeito sonoro de pessoa chorando] 

Dona Aparecida chorando ali na secretaria, mal, e um dos professores, — que tinha participado ali do processo seletivo do Maurício — era o professor Ronaldo Leite… E ele viu aquela cena daquela mãe chorando, desesperada, que o filho tinha passado no processo seletivo, mas não podia ocupar a vaga… E ele vendo aquilo tudo, ele pensou: “Poxa, um dos critérios aqui do Ceap, além da vontade do aluno de estar aqui, é também a vontade, o comprometimento da família”. E ali ele estava vendo uma senhora totalmente comprometida e desesperada para que o filho pudesse ocupar essa vaga. E aí, para que Maurício não perdesse a vaga, — mas ele também não poderia entrar no Ceap com nove anos, não poderia ocupar a vaga um ano antes — eles fizeram um acordo e Maurício passou a ter aulas aos sábados de reforço escolar, num outro projeto paralelo que tinha ali no Ceap. 

E aí, no ano seguinte, depois desse um ano de reforço escolar que o Maurício fazia lá no Ceap, ele ocupou a vaga dele, que aí sim era de segunda a sexta—feira e tal, meio período. — Período que ele não estava na escola. — E aí o Maurício ingressou no Ceap e estudou no Ceap dos dez anos ali até se formar, e depois começou a trabalhar no Ceap também. Conforme ele foi crescendo, ele percebeu que o que ele queria fazer é contar histórias das pessoas. E aí ele falou: “Poxa, eu quero ser jornalista”. Só que gostando muito de esporte ainda, Maurício falou: “Tá aí, eu quero ser jornalista esportivo”. E é pra isso que o Maurício estuda hoje, ele faz faculdade de jornalismo e quer se especializar em jornalismo esportivo. — Bacana isso, né? — 

O Maurício diz que o Ceap mudou a vida dele e a vida da família… E é gostoso ouvir o Maurício falar, ele fala muito bem, expressa muito bem… Tudo isso ele deve aí ao ensino que a mãe dele batalhou tantos, os pais batalharam tanto pra ele ter. Maurício, palmeirense que gosta de subir montanha, [risos] agora vai contar pra vocês um pouquinho da trajetória dele, de como ele está hoje e falar um pouco também da parceria da Intel com o Ceap. Fala aí, Maurício. 

[trilha] 

Maurício Rodrigues: Meu nome é Maurício, eu tenho 20 anos de idade, eu sou estudante de jornalismo e hoje eu trabalho como analista júnior no time de desenvolvimento institucional do Ceap. Bom, meu grande sonho de criança era ser jogador de futebol e, conforme eu fui crescendo, esse sonho foi mudando. Então, justamente por entender a realidade e de fato conseguir alcançar esse sonho, e até mesmo pelo investimento dos meus pais, que nunca esteve voltado para essa questão mais esportiva, minha mãe sempre pra parte mais educacional, então sempre investindo nos meus estudos. Então, o desejo que de fato aí era de ser um jogador de futebol, ele mudou… E foi mudando principalmente no ensino médio. Ali nos meus 16 anos, mais ou menos, quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, eu já fui discernindo um pouco daquilo que eu queria para a minha vida. 

E aí, nessa fase de maturação, eu fui vendo ali no ensino médio as matérias que eu tinha mais afinidade e até mesmo mais facilidade durante o meu ensino médio. Eu era apaixonado por redação, adorava escrever, conseguia bons resultados e até mesmo um certo destaque. Eu adorava também as matérias de gramática, história, geografia, literatura, né? Literatura eu tinha, assim, uma afinidade muito, muito forte, muito marcante… Sociologia, filosofia… E a partir disso eu fui tentando mesclar. Eu sempre tive o desejo de: “Pô, eu não vou ser jogador de futebol, mas eu quero muito trabalhar com esportes”. Então, trabalhar com esporte sempre foi um desejo. E aí foi que eu cheguei no jornalismo esportivo… Contar histórias, eternizar momentos sempre foi algo que me chamou muito a atenção e eu vi que jornalismo é justamente isso. 

Fiquei sabendo do Ceap através da minha mãe, porque a minha mãe ela sempre se preocupou com a minha qualificação técnica, profissional, a minha formação acadêmica… Então, ela sempre se preocupou muito, assim, com a minha educação… E foi através dela que eu conheci o Ceap, que eu fiquei sabendo sobre as oportunidades, sobre o curso e tudo mais. A gente sempre morou praticamente no mesmo bairro que o Ceap, um dos mais defasados e periféricos da capital de São Paulo, e o meu primo ele fazia Ceap e alguns amigos ali da rua que a gente morava também faziam Ceap… E a gente via que era um caminho muito bom, né? E as pessoas que se formavam no Ceap acabavam saindo com algum diferencial e com ótimas oportunidades, até mesmo no mercado de trabalho. Então, o Ceap ele realmente mudava a vida dos jovens aqui da periferia para melhor, com certeza e isso chamou a atenção da minha mãe, que, por ventura, não pensou duas vezes. E aí virou uma obsessão da minha mãe, assim, gigantesca, de me colocar no Ceap, né? 

Bom, o Ceap abriu muitas portas na minha vida… Principalmente no sentido da educação. O Ceap transformou a minha vida, a vida da minha família… E as principais portas elas foram abertas principalmente quando eu já era colaborador aqui no Ceap, principalmente no contato com vários profissionais do mercado de trabalho que eu tive ao longo desses mais de três anos que me ajudaram muito na minha trajetória. Uma das histórias que eu amo aqui no Ceap também foi a trajetória que eu construí nos campeonatos poliesportivos promovidos aqui na organização, aqui na Pedreira. Então, foram 11 campeonatos e mais de 50 medalhas conquistadas nos mais diferentes esportes: futsal, futebol, vôlei, basquete, tênis de mesa… E o ano mais emblemático foi no nono ano, quando a minha sala foi multicampeã em todos os esportes. Eu estava com cinco medalhas de ouro no peito e como era o nosso último ano no ensino profissionalizante aqui do Ceap, antes da passagem pelos cursos técnicos, juntamente com mais três amigos, nós decidimos então presentear os preceptores da turma, cada um com uma medalha em forma de gratidão. 

Os preceptores Éttore Fabris e o João Bosco, eles faziam um trabalho excepcional com a gente… E eram pessoas que não estavam interessadas somente nas notas que a gente estava tirando, mas principalmente com aspecto pessoal. Eles estavam preocupados em formar não somente bons técnicos, mas mais do que isso, formar bons cidadãos. E isso faz toda a diferença na nossa vida. E nós sempre fomos muito gratos por isso. E ali, com os nossos 14 anos de idade, foi uma forma que a gente encontrou de então agradecê-los por tudo aquilo que eles fizeram. O preceptor é um profissional contratado pelo Ceap que atua na figura de um tutor ou até mesmo um mentor e eu criei uma identificação enorme com esse meu preceptor, o Éttore Fabris. Uma relação que foi muito além, né? E até hoje nós temos uma amizade muito bacana. 

E a primeira vez que eu estive no Allianz Parque foi justamente com esse meu preceptor. Ele também é muito palmeirense e foi com ele que eu tive a oportunidade de realizar um grande sonho de moleque. E, além disso, com a amizade que eu fui desenvolvendo com o Éttore, o meu preceptor, nós subimos várias montanhas juntos… Aqui em São Paulo, Minas Gerais e principalmente em Curitiba, né? Nós subimos um pico, por exemplo, o Pico Paraná e foram mais de seis horas de subida. A gente dormiu no pico da montanha com vários outros amigos e, assim, ele é apaixonado por montanha e ele conseguiu, de alguma forma, transmitir esse sentimento. E aí foram várias experiências incríveis que nós tivemos e nós fizemos juntos até mesmo com outros amigos aqui do Ceap. Então, eu destaco essa história justamente porque são pontos que mostram o quanto que os preceptores, os profissionais contratados pelo Ceap, eles estão de fato interessados na nossa formação como um todo e, muitas vezes isso acaba se intensificando tanto que cria novos laços, que vão além desse trato mais profissional e entra um lado mais pessoal, de muita amizade, de muito carinho, de muita troca, de muito respeito e de, principalmente, preocupação com o crescimento do outro. 

A parceria entre a Ceap e a Intel começou mais ou menos em 2019, uma parceria muito intensa, que vem desde um investimento financeiro aqui para os nossos cursos do Ceap e também alguns eventos em específico, como a própria Ceap Profissões, a FeCeap, que é a nossa feira de ciências em alguns dos últimos anos. Além disso, é uma empresa que acredita muito nos nossos alunos, então sempre proporcionando trabalhos de voluntariado corporativo, compartilhando conteúdo, compartilhando o conhecimento com os nossos alunos… Vários profissionais da Intel se conectam com os jovens do Ceap através de palestras, debates, bate papo, ações nas empresas como visita a empresa, alunos Espelho… Que já aconteceu principalmente ali antes da pandemia, palestras, mentoria profissional… Então, a parceria entre Ceap e Intel não fica somente presa ali naquela questão do investimento financeiro, mas também no investimento de tempo na carreira desses alunos, para que eles cresçam, se desenvolvam e tenham cada vez mais condições. 

Tudo aquilo que a gente precisa a gente não hesita, a gente não pensa duas vezes, a gente acaba procurando a Intel nos momentos que são necessários, né? Principalmente ali na figura da Carolina, que sempre está à disposição… Ela ajudou demais o nosso time também com algumas outras coisas que envolvem o Ceap, que, enfim, pode nos ajudar de alguma forma, seja com mentoria profissional ali para os nossos colaboradores, principalmente do time de relacionamento e parcerias, para ajudar cada vez mais no desenvolvimento da nossa equipe, que é uma equipe muito jovem, mas também que consegue bons resultados aqui no Ceap. Ao mesmo tempo, com várias dicas de mercado, consultoria, enfim… Tudo aquilo que a gente precisa, a Intel se coloca à disposição. Todo agradecimento do Ceap por essa parceria, é uma parceria que a gente acredita muito e que a gente batalha bastante pra que ela se prolongue por vários e vários anos, porque é uma parceria que tem um potencial enorme de transformar muitas vidas aqui na periferia. 

[trilha] 

Muito gostoso ouvir o Maurício falar, né? Eu acho que vai ser um excelente jornalista, vou acompanhar aí a carreira de Maurício de perto. Um beijo, Maurício. — [risos] Boa sorte aí nas montanhas. — E, gente, pra Intel toda a voz é importante e é preciso ouvir e agir para fazer a mudança acontecer. A Intel investiu 300 milhões de dólares para acelerar a diversidade e a inclusão. E isso não foi tudo investido apenas na Intel, mas em todo o setor de tecnologia. Eu vou deixar os links do Ceap aqui, eu quero que vocês entrem lá, fortaleçam o trabalho do Ceap e vou deixar os links também aqui da Intel. Eu estou muito feliz com a história de hoje, estou muito feliz com a participação do Maurício. Sério mesmo, é muito gratificante a gente ver crianças da periferia que conseguem ter acesso a uma boa educação e a ter ONGs como Ceap por perto pra dar esse apoio. 

Déia Freitas: E, gente, é isso, eu tô felizinha, a gente tem mais uma história ainda da Intel, uma história também muito legal. Não vou dar spoiler aqui… E eu volto em breve com mais uma história aí pra vocês, um beijo. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.