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título: cocada
data de publicação: 24/08/2022
quadro: amor nas redes
hashtag: #cocada
personagens: nair e jovelino

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história é contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei pra mais um Amor nas Redes. E hoje eu vou contar pra vocês a história da dona Nair. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A dona Nair criou os filhos aí, três filhos… — Ela e o marido. — E aí eles foram ficando idosos e o marido ainda trabalhando fora, dona Nair em casa, sem muito o que fazer. Uma casa muito simples, ela querendo reformar ali algumas coisinhas da casa. Um telhado pra não chover dentro, coisa muito básica, assim, né? — Querendo fazer, mas o que o marido ganhava ali só dava pra eles se manterem e o que os filhos ganhavam também eles já tinham as suas próprias famílias, então era meio complicado. Não sobrava dinheiro para uma obra. — E aí a dona Nair muito tempo em casa, foi ficando deprimida… Ficou bem deprimida. Aí foi ao médico, começou a tomar medicação, fazer terapia e ficou melhor. E aí a psicóloga da dona Nair falou pra ela assim: “Arruma alguma coisa para fazer, não sei… Um crochê, uma coisa que você goste de fazer e que você dedique ali um pouquinho do seu dia a aquilo”.

E uma coisa que dona Nair gostava muito de fazer era cocada. Ela amava fazer cocada e distribuir ali entre os vizinhos e os familiares. E ela começou a fazer cocada… Cocada é uma coisa que é barata de se fazer, né? Então, na região que dona Nair mora, o coco é barato. Então ela comprava o coco, ralava… — E é coco, açúcar e água. — E aí ela foi fazendo cocada, só que, assim, a vizinhança e os familiares [risos] eles não aguentavam mais comer cocada, porque ela fazia muita cocada. E aí uma vizinha dela falou: “Por que você não vende? Vende as cocadas… Bota uma placa aí na frente e vende”. E aí dona Nair se animou em vender cocada. Só que assim, quando você tem um negócio no seu bairro, — que não era o negócio, né? Era ela vendendo cocadinha — todo mundo que está por ali, conhece, compra uma vez, compra duas, mas parou também… Não tem assim aquela coisa de comer cocada todo dia, né?

E dona Nair viu que ela ganhou um dinheirinho ali com a cocada, mas não era um dinheiro, por exemplo, que ainda dava pra ela trocar o telhado… — Que era uma coisa que ela queria muito fazer… — E se ela não quisesse, ela não precisava trabalhar, porque o marido dela, o seu Jovelino, supria qualquer necessidade básica ali, né? Mas ela queria mais, ela queria reformar a casinha e tal, né? E aí um dia ela foi no mercado comprar mais açúcar e tal, já era noite e ela passou num lugar que ela viu vários jovens… E, pelo cheiro, eles estavam [risos] fumando maconha. E ela não lembra quem tinha falado para ela que pessoas que fumam maconha comem muito doce. E aí, o que que Dona Nair fez? [risos] Dona Nair voltou correndo pra casa, pegou as cocadas dela, colocou num cesto e foi pra esse lugar onde ela viu os jovens que estavam fumando maconha, oferecer cocada.


Então, assim, se na casa dela ela vendia cocada a 1 real, ela botou ali a cocada a 3 reais. E, gente… Na hora ela vendeu o cesto de coada. [risos] E aí um dos jovens falou para ela assim: “Tia, por que você não vai lá na porta da facul pra vender? Sua cocada é maravilhosa e nã nã nã”. E aí, gente, a dona Nair começou a ir nas faculdades que ela achava que tinha… [risos] — Palavras de dona Nair, tá? “Mais maconheiro”, pra vender cocada. — E não é que deu certo? Dona Nair ela aprendeu que, assim, no horário de entrada geralmente os alunos chegam com pressa, atrasados, com alguma coisa na cabeça não funcionava, então ela tinha que ir do intervalo pro final. Do intervalo pro final era certeza que ela ia vender todas as cocadas. 

E aí, — olha como ela foi espertinha — pra não enjoar, a cada dia ela ia numa faculdade, numa escola diferente, assim, vender. Só que ela ia à noite, né? E aí o seu Jovelino começou a ficar preocupado, né? Porque ela sozinha vendendo à noite… Aí ele começou a ir com ela. [risos] Mas ele ficava cansado, porque ele trabalhava o dia todo, né? E aí, depois que ela conseguiu trocar o telhado, ela pintou a casa… Pra pintar a casa ela tinha que rebocar as paredes, então rebocou as paredes, fez a massa fina, pintou, trocou o piso, trocou a pia da cozinha e reformou o banheiro… [risos] — Aí ela parou de vender cocada. [risos] Porque o seu Jovelino tava muito cansado, mas ele acompanhava ela, né? Porque não ia deixar ela ir sozinha. Nos primeiros dias ela até foi, mas depois ela pegou gosto e ela queria ir todo dia. [risos] —

E aí o seu Jovelino aposentou e ficaram os dois em casa… E os dois um olhando pra cara do outro, como diz dona Nair, [risos] você começa a não suportar o outro, né? O dia inteiro em casa… E aí eles moram numa cidade turística, numa cidade de praia e que vai muito estrangeiro, assim. E aí o seu Jovelino falou: “Mulher, vamos aproveitar essa sua habilidade de venda aí”. Eles, com alguns cajueiros em casa, começaram a fazer caipirinha de caju pra vender pra estrangeiro na praia. — Gente… — E aí só de caju não ia suprir, eles começaram a comprar outras frutas e começaram a vender caipirinha na praia. Só que, assim, o seu Jovelino aposentado, a casa toda reformadinha, eles não tinham onde gastar o dinheiro que eles estavam ganhando ali na praia.

E aí os dois começaram a viajar… [efeito sonoro de avião decolando] Pegavam aí excursões de idosos, pegavam pacotes… — Na Pônei C. [risos] — Viagens pela Pônei C. E, gente, eles já foram pra um monte de lugares, até pra Argentina eles já foram. E não pensa que eles dois se matam de trabalhar, não… Eles vendem ali, pegam a parte da manhã, perto da hora do almoço, vendem as caipirinhas e tchau, cabou. [risos] Eles não ficam o dia inteiro vendendo na praia, sabe? É só mesmo um dinheirinho pra juntar e fazer as coisinhas deles, assim. Dois idosinhos ótimos, com um Instagram cheio de foto de viagem. [risos] Não é o máximo? Casinha reformada pelas cocadas, de vez em quando ainda a dona Nair faz cocada também e leva pra praia… Ó como ela é esperta… Bota na embalagem, assim, bota ali uma bandeirinha do Brasil… [risos] — Que ela falou que estrangeiro ama, e aí vende as cocadas. —

Assim, tem dia que ela vai com cocada… — Que cocada dá mais trabalho de fazer do que caipirinha, né? Então não é sempre que ela faz… — Mas ela falou ela vai e que, tipo, uma única pessoa compra, tipo, dez, que é pra levar, sabe? De presente, sei lá. [risos] Amo. E vou dizer que, o melhor de tudo é que eu ganhei umas cocadas e elas chegaram até mim. E eu amei. [risos] Uma delícia. 

[trilha]


Assinante 1: Oie, Adriele do Rio de Janeiro aqui. E eu amei a história da dona Nair e do seu Jovelino. [risos] Dona Nair melhor empreendedora que nós temos, viu ali um nicho, [risos] vender cocada para maconheiros. Acertou muito… Acertou muito, dona Nair… [risos] Conseguiu reformar a casa inteira nessa. Perfeita. E agora vocês estão aí empreendendo com as caipirinhas na praia, viajando o mundo esse jovem casal e eu achei muito fofinho a história de vocês. Muita saúde, que sejam muito abençoados viajando pelo mundo e é isso, curtam muito. 

Assinante 2: Bom dia, gente, aqui quem fala é Paula de São Paulo. Eu acabei de ouvir a história “Cocadas” e acho que não tem jeito melhor de começar o dia. Que história maravilhosa ver esse casal podendo curtir a vida, conhecer um monte de coisa, viajar, se divertir… Tudo graças as cocadas e a caipirinha de caju de dona Nair. E essa mulher que é incrível, né? Super correta e ainda pode tirar uma grana extra dando palestras de técnicos de vendas, dando mentoria para outros comerciantes lá, porque cava as oportunidades, vai atrás… Achei muito maravilhosa. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história de dona Nair, ela é uma fofa, seu Jovelino é um fofo e estão aí viajando. Agora tá criando coragem e juntando dinheiro pra viajar um pouco mais pra longe… Eles estão pensando em conhecer a Itália. — Olha que chique. [risos] Cheio das excursões. [risos] — Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.