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título: balada
data de publicação: 25/08/2022
quadro: luz acesa
hashtag: #balada
personagens: sandra e valéria

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei pra um Luz Acesa. Eu vou contar pra vocês a história da Sandra e da Valéria. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Sandra e a Valéria são primas — essa história tem bem uns 30 anos — e elas saíam pra baladinhas, bailinhos, festinhas, enfim… E, numa dessas saídas, a Valéria — prima da Sandra — conheceu um cara… — Que a gente vai chamar aqui de Breno. — E ela e o Breno começaram a namorar. — E, assim, a Sandra e a Valéria elas iam pra bailes com mais amigas. — Então meio que criou uma rotina do Breno, que tinha carro, buscar todas as amigas, aí ia todo mundo para os bailes e aí voltava todo mundo dos bailes no carro do Breno. E sempre foi assim… — E deu certo por uns seis meses… — Até que um dia era feriado — de primeiro de maio — e ia ter um baile à noite numa cidade aí, X, que era coladinha na cidade deles e a Valéria tinha combinado de ir com o Breno — porque ela era namorada do Breno — e as amigas.

Só que a Valéria acordou estranha… [trilha de tensão] Valéria acordou estranha, não querendo ir nesse baile. A Sandra super empolgada pra ir, mas elas tinham um acordo, assim, elas eram muito novas — elas não tinham 18 anos ainda — então, as mães só deixavam que elas saíssem juntas. Então, se a Valéria não fosse, a Sandra, não podia ir. A Valéria estava muito estranha, muito estranha mesmo. E ela falou: “Poxa, não tô a fim de ir, não estou a fim de ir… E vou avisar o Breno que eu não quero ir”. E aí a Valéria ligou, — do telefone fixo, ainda elas não tinham nem celular, nada… — ligou pra casa do Breno e falou que não estava a fim de ir, estava se sentindo estranha e tal… E como ia ser um baile bacana, assim, de feriado, o Breno falou: “Ah, eu tô achando que eu vou com os caras e tal”. — Porque também eles tinham formado uma turma boa, né? —

E a Valéria falou: [efeito de voz fina] “Ah, bom… Então vai, né? Tudo bem, pode ir e tal”. E aí ela não quis ir, de jeito nenhum… A Sandra ficou meio emburrada, porque enfim, né? Ela só poderia ir se a Valéria fosse. — Valéria não queria ir. — E passou… Chegou a noite, elas não foram no baile e foram dormir. E tudo bem… Acontece que a Sandra, — a Sandra, sempre foi meio esquisita no quesito assombração — e a Sandra aquela noite tava muito inquieta e não conseguia dormir. — E ela e Valéria moravam no mesmo quintal… — E aí a Sandra não conseguia dormir, não conseguia dormir e foi até o quintal, sei lá, tomou um ar e voltou e tentou dormir, enfim… Passou. E eles, a turma, eles não conversavam todo dia. Mesmo que Breno e Valéria namorassem, eles não conversavam todo dia, a Valéria trabalhava, enfim…

E eles aquele dia eles não se falaram, né? — No dia seguinte do baile. — Quando foi a noite, mais ou menos umas dez da noite, — daquele dia seguinte do baile — a Sandra estava no quintal, resolveu ir até ali o portão, a calçada… — Sabe quando você vai dar uma olhada no movimento na rua? — E, quando ela chegou no muro que dava pra a rua, assim, dava pra você ver a calçada e tudo, no que ela olhou assim do muro, ela viu o Breno todo ensanguentado, sentado na guia [efeito sonoro de tensão] ali da casa delas. E aí, na hora, a Sandra começou a gritar. [efeito sonoro de mulher gritando] Sandra começou a gritar, gritar, gritar, “Socorro”, “Breno, Breno, o Breno está todo ensanguentado aqui”… Ele estava sentado na guia… — Sabe quando você senta meio que agachado, assim com as pernas dobradas? — E ela começou a gritar, todo mundo saiu, principalmente a Valéria, e aí todo mundo correu lá pra frente, no muro e não tinha ninguém…

Não tinha ninguém, não tinha… Ela falou que tinha uma poça de sangue e não tinha nada. E aí todo mundo falou: “Nossa, né? Que doideira, né? A Sandra viajou e tal”… Mas aí ela estava tão assustada, tão assustada, que a Valéria decidiu ligar pro Breno, pra casa do Breno. E aí ligou na casa do Breno, ninguém atendeu e ela ligou na casa de um amigo do Breno e aí ela ficou sabendo que o Breno foi no baile, resolveu dar carona pra umas amigas lá do baile, porque, né? Todo mundo morava na cidade vizinha… E, na volta do baile, uma carreta passou por cima do carro. As cinco pessoas que estavam no carro morreram na hora. [efeito sonoro de tensão] E aí foi aquela loucura, aquela confusão e tal, o Breno ia ser enterrado de manhã, no dia seguinte. A Sandra não podia ir porque o trabalho dela era um inferno, enfim, ela não podia sair… A Valéria foi, estava completamente passada, assim…

E não tinha essa de avisar, porque eles não eram namorados formais. Eles eram namoradinhos, sabe? Então, meio que ninguém avisou. O Breno tinha um irmão gêmeo também que a Valéria não sabia… Quando ela chegou lá no velório também foi um auê. [risos] — Essa parte é meio engraçada, mas enfim… — Que ela achou que também estava vendo o Breno, mas aí era o irmão gêmeo do Breno. E tudo bem, Valéria foi para o velório e ficou mal, enfim… Só que Sandra… A Sandra ficou vendo o Breno ensanguentado e muito machucado durante um tempo ainda. Então, aí a mãe e a tia da Sandra mandaram rezar missa, foram ao cemitério acender vela, enfim, pra ver se o Breno encontrava um caminho, porque ele estava sempre muito assustado e sempre tentando falar com a Sandra.

Teve até um dia que a Sandra estava… Estava indo no quintal e ele estava dentro do quintal. Ele não conseguia entrar dentro de casa. A Sandra via ele, por exemplo, na janela da casa dela e ele… Se ele ia na janela da Valéria, Valéria não via, enfim, mas a Sandra via e ele tentava… Ele não conseguia entrar dentro da casa, mas ele conseguiu entrar no quintal depois de um tempo… — Porque ele ficava só na calçada. — E aí a Sandra ficou um tempo, assim, um bom tempo — sei lá, uns seis, sete meses — atormentada, sem saber o que o Breno queria dela, assim, né? E que o que é mais louco é: O que a Valéria teve que ela resolveu não ir nesse baile? O que deu nela? Porque nem a Sandra entendia, ninguém entendia porque ela não quis ir… Porque, assim, eles sempre iam em todos os bailes e, provavelmente, se Sandra e Valéria tivessem ido, eram elas que estariam no carro e mais duas amigas. Porque elas sempre lotavam o carro. Como era cidade do lado, os bailes melhores eram nas cidades do lado, quem tinha carro, lotava o carro pra ir, sempre ia com cinco pessoas no carro, né? — Então, provavelmente seriam elas que estariam nesse carro que a carreta passou por cima, né? —

Primeira coisa: O que deu na Valéria? — Essa sensação e essa coisa de: “Não vou, não vou”. Não tinha motivo, ela estava ótima com o Breno, não tinha briga, não tinha nada e ela resolveu não ir. — E depois, por que o Breno ficava indo lá — na casa delas — que é no mesmo quintal as casas e só a Sandra via? Só a Sandra via ele… E, quando ele percebeu que a Sandra conseguia vê-lo, aí que ele ficava mais desesperado porque, sei lá, será que ele queria falar alguma coisa? E depois de um tempo, uns sete, oito meses, isso cessou, e aí a Sandra nunca mais viu o Breno, nem sonhou com ele… Porque, uma época ela sonhou bastante com ele… E nada, assim, a coisa passou. Mas não é meio bizarro essa sensação que Valéria teve e não foi nesse baile? — Chocada. —

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, aqui é Renata, de Niterói. Que loucura essa história, hein? Meu Deus. É por isso que eu sempre falo, se tem algum sinal, se sua intuição tá falando que não é pra você ir naquele lugar, não vai, não faz… Porque a chance de dar ruim é bem grande. E foi o que aconteceu com a Valéria, ela seguiu a sua intuição, aquele sentimento de que não é pra ela ir, que não seria legal e ficou… Por quem sabe, né? Ela podia estar naquele carro, naquele momento. E o que a Sandra sentiu, provavelmente ela é uma pessoa mais sensitiva, né? E ele não tava aceitando aquela morte tão precoce, de repente, e encontrou na Sandra uma forma de tentar se comunicar com a Valéria, de tentar passar algum recado, de que tá ainda confuso, perdido sobre o caminho que ele teria que seguir… E é isso, então fica a dica: siga a sua intuição e não onde não tem que ir [risos] quando o sinal falar mais forte. Beijo.

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, meu nome é Gustavo, eu falo aqui de Itapema, Santa Catarina. Eu sou espírita kardecista e, dentro do que eu acredito, a Valéria teve proteção do mentor espiritual dela, anjo guardião, enfim, que fez com que ela se sentisse mal porque não era hora dela e nem da Sandra de irem pra outro plano, né? E, sobre o Breno, é muito comum quando as pessoas morrem, assim, repentinamente, que o espírito não perceba que o corpo morreu e fique ali buscando ajuda. Então, ele deve ter ido em vários lugares que ele conhecia e a única pessoa que viu ele foi a Sandra. E aí, quando ele percebeu que ela, de alguma forma, interagia e via ele, foi aí que ele tava tentando se comunicar buscar ajuda, ele com certeza tava indo também em outros lugares, mas foi nela que ele percebeu esse contato, né? E aí, quando isso parou, é porque, de fato, ele foi amparado ali pelo plano espiritual e seguiu o caminho dele. Mas que bom que a Valéria conseguiu ter essa intuição, passar mal e não ir, porque aquilo não era a hora delas irem, né? 

[trilha]

Déia Freitas: Então é isso, essa é a história da Valéria e da Sandra, as primas. Comentem lá no nosso grupo do Telegram, deixem suas mensagens. Se você ainda não tá no grupo, é só jogar na busca do Telegram “Não inviabilize” que o nosso grupo aparece. Um beijo, gente, e eu volto em breve.

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.