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título: lasanha
data de publicação: 02/09/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #lasanha
personagens: débora e cíntia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje vou contar pra vocês a história da Débora. — Ê, Débora… — Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Débora morando sozinha ali num apartamento de dois quartos, namorando a Cíntia, ficou desempregada. Ficou desempregada, não sabia mais como pagar o aluguel, conseguiu uns freelas aqui, uns freelas ali, mas o jeito era alugar o quarto que ela tinha extra pra alguém. Foi até uma ideia da Cíntia, a namorada dela. — Cíntia, que não pretendia morar com Débora tão já, porque elas se conheciam há seis meses só. Então, assim, Cíntia é muito prudente, queria conhecer mais a Débora antes de, sei lá, casar, né? — E aí entre ali as duas e os amigos, as amigas das duas, a vaga foi indicada pra uma moça aí. E aí a moça foi lá conhecer o apartamento, gostou e decidiu alugar aquele quarto. Então, com o valor daquele aluguel do quarto, a Débora conseguiria pagar o condomínio e ali uma quantia de luz, água, enfim, né? Então já dava uma aliviada boa. E o aluguel ela fazia os freelas ali e pagava.

E aí a coisa começou a dar certo, né? A moça era uma moça que não fazia bagunça, que não ficava levando gente lá no apartamento e nã nã nã… E tudo indo muito bem. Até que um dia, um sábado à noite, a Cíntia tinha ido visitar os pais aí num outro estado e a Débora tava sozinha ali na sala assistindo televisão, quando a moça passou… Elas conversaram um pouco, a moça foi pra cozinha, fez ali uma lasanha e demorou uma hora mais ou menos pra ficar pronta a lasanha. Enquanto isso, a Débora estava na sala… — mas assim a lasanha é da moça, né? A moça que fez… Comprou as coisinhas e fez. — E aí a moça surgiu ali na sala com um prato de lasanha e uma taça de vinho pra Débora. E aí a Débora falou: “Nossa, que fofa… Que incrível e tal”. E aí comeu ali, elas comeram a lasanha, conversaram e ficaram assistindo TV juntas.

E a partir deste dia, a Débora ficou com um mini interesse na moça. — Um mini interesse. — E ela namorando Cíntia, né? Ela falou: “Bom, eu namoro e tal, mas a moça e nã nã nã”. E aí virou uma prática aos finais de semana a moça fazer lasanha. — Porque aparentemente ela só sabia fazer lasanha. [risos] — Fazer lasanha pra duas, ou no sábado ou no domingo. E a Débora começou a inventar desculpas para a Cíntia, pra tipo, na hora da lasanha a Cíntia não estar no apartamento, porque era, tipo, um momento romântico entre aspas aí das duas. — Porque até então, Débora não sabia se moça tinha interesse ou se não tinha. — Até que um dia ela ali, lasanha vai, lasanha vem, vinho vai, mais vinho vai e elas se beijaram. E aí é aquela coisa, né? Débora namorando Cíntia ainda, toda confusa, resolveu ainda não terminar, né? Erro de Débora.

E aí ela começou a ficar com essa moça ali no apartamento e tinha vezes que a Cíntia tava lá… Então, assim, a moça começou a tratar a Cíntia meio mal e a Cíntia não conseguia entender, né? Porque a Cíntia nunca teve nenhum problema com essa moça, né? E aí a coisa ficou insustentável e Débora terminou com Cíntia pra ficar com a moça. E a moça já estava lá, sei lá, uns cinco meses na casa de Débora, sempre pagando direitinho, tudo certo. A partir do momento que elas começaram a ficar juntas, a moça passou a ir dormir no quarto da Débora. Automaticamente, na cabeça da moça, [risos] ela parou de pagar a vaga. — Ela passou de inquilina, de sublocar um quarto ali, a namorada de Débora, né? Então ela parou de pagar. [risos] — E Débora não sabia como cobrar… Ela não sabia como cobrar. — E aí, assim, gente… Eu acho que isso tem muito a ver. Quando começa a faltar dinheiro, o amor muitas vezes sucumbe ou fica ali mal das pernas e, no caso de Débora e mocinha, não era amor, né? Enfim, era ali um flerte, um tesãozinho que rolou… —

E aí a coisa começou a degringolar. E Débora não sabia como falar pra moça que ela precisava pagar, os meses iam passando, e aí conforme a Débora foi pegando um ranço da moça não pagar, aquele interesse que Débora tinha, foi passando também. Por outro lado, a moça estava cada vez mais, assim, presente na casa e toda semana fazia lasanha. — Débora não aguentava mais. [risos] Ué, Débora, ué… Não foi a lasanha que te conquistou? Agora você não quer mais lasanha? — E aí Débora começou a tentar procurar a Cíntia de novo, Cíntia falou: “Se vira, amor, tenho nada a ver com a sua vida mais”. Certíssima a Cíntia, já amo. Cíntia não perdoou, não quis saber, seguiu a vida… — Tá mais que certa, né? — E aí a questão era: como que Débora ia fazer pra tirar a mocinha de lá? Porque já que a mocinha não pagava, pra Débora não ia dar jogo só a mocinha ali e namorar a mocinha, ela precisava daquela grana, já estava começando a ficar cheia de dívida de novo e ela não tinha coragem de falar diretamente pra mocinha. — Tinha que falar, né, Débora? Fez aí as cagadinhas e agora tinha que assumir e falar: “Ó, errei”… — Mas enfim, não falou e ficou pensando em como fazer. Tinha vez que ela chegava lá e a moça tinha mudado os móveis de lugar. [risos]

A moça pegou toda a roupa dela e botou no guarda roupa lá no quarto de Débora. E aí Débora já tinha dia que não ia pra casa, que ia dormir na casa de um amigo, de uma amiga… — Porque, assim, né? Ela não queria mais se encontrar com a moça. — Até que ela decidiu ter uma atitude… — Que eu acho muito, muito, muito, muito escrota. — Um dia a moça estava trabalhando, ela empacotou todas as coisas da moça, mandou entregar no trabalho da moça e trocou a fechadura… Sem conversar, sem falar nada e bloqueou a moça em tudo. — Gente, é muito errado isso, né? Ela tinha que ter conversado com a moça e falado: “Olha, não tenho mais interesse, também não queria mais que você ficasse aqui, não tem clima… Vou te dar um tempo pra você sair e nã nã nã”, né? Não, isso não foi legal, Débora, se fosse a moça me escrevendo aqui, você sabe que você não ia nem ter nome, né? —

A partir daí… — Porque até aqui a moça pra mim tava ok, ela teria nome, né? Só que a partir daí a moça também resolveu se vingar. — E aí como a moça resolveu se vingar? — A primeira coisa que a moça fez… A Débora tinha uma moto, a moça botou fogo na moto. Fogo na moto… E aí a Débora precisou fazer um boletim de ocorrência… Nesse meio tempo ela arranjou um trampo e tal, ela ia no trabalho da Débora fazer escândalo… E a moça resolveu que ia perseguir mesmo a Débora. — E uma coisa que a Débora me falou, que é importante a gente dizer aqui… — Quando você é assediada por uma mulher ou sofre algum tipo de abuso, sendo mulher por uma mulher, na delegacia é mais complicado de você conseguir caracterizar essa queixa assim, né? Porque fica tudo parecendo como “ah, vias de fato”, “ah, briga de duas moças”, sabe? Então, foi muito mais difícil pra Débora conseguir registrar as queixas — Foram três queixas. — até que essa moça resolveu sumir, assim, né?  — A atitude da Débora com a moça foi péssima, mas o que desencadeou daí pra frente, por mais que seja uma reação, foi, assim, algo bem violento, né? Então, na pior das hipóteses aí, o que aconteceu foi o fogo na moto, perdeu a moto, né? — 

E aí a mãe, a própria mãe da Débora falou: “Olha, não vai botar na Justiça pra receber moto, nada. Fica por isso mesmo, porque você também não foi uma pessoa legal”. Mãe de Débora tem toda a razão, né? Elas podiam ali estender a coisa com processo, ter que se encontrar, enfim… E pode ser que até se a Débora tivesse tido uma atitude mais legal, a moça fosse agir do mesmo jeito, a gente jamais saberá, né? Mas que a atitude da Débora também não foi legal, não foi. E agora de tudo isso, né? A Débora já tá bem e tal, já passou do susto, mas ela não consegue mais comer lasanha. [risos] — Ê, Débora… — Então a gente precisa tomar cuidado, senão não tem como saber também como a pessoa vai agir depois que termina, porque essa moça até então sempre foi legal, ela só não pagava mais o quarto porque ela entendia que agora ela era uma namorada. — Nem acho também que ela tentou dar golpe, nada. — Ela achou que, sei lá, a relação evoluiu pra outra coisa, né? — Não a culpo. — Mas esse final aí, por mais que a Débora tenha pisado na bola e tal… Gente, você não põe fogo nas coisas dos outros, sabe? Você não ameaça, você não vai no trabalho, enfim, né? Complicado.

Então fica aí a história de Débora e lasanha. Certa fez a Cíntia, que seguiu o rumozinho dela, né? E foi viver a vida dela. Segundo Débora, Cíntia tá ótima e não quer saber dela mesmo. — É a vida, né? É a vida, é a vida… — Então é isso, essa é a história de Débora…

[trilha]

Assinante 1: Olá, Não Inviabilizers, aqui é Fernando de Concórdia, Santa Catarina. Débora, largar um relacionamento que já é estável pra viver com uma outra pessoa já é uma pessoa complicada, depois enjoou dessa paixão repentina e fez o quê? Tirou as roupas da outra? Trancou ela pra fora de casa? Não foi legal também… Vamos combinar que você marcou touca aí. E aí depois ainda o que aconteceu? A moto incendiada… Óbvio, minha querida, quem planta vento, colhe tempestade. Essa foi das grandes, né? Então, eu acho que realmente você tem que repensar algumas atitudes pra que no futuro tenha um relacionamento que realmente valha a pena e dure, né? Um abraço a todos aí.

Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, meu nome é Sarah, eu falo de Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro. Eu, honestamente, não posso ficar do lado nem de uma e nem de outra, porque, assim, eu me compadeci um pouco com a moça lá que botou fogo na moto, apesar de tudo… Porque imagina só: Você sai de manhã pra trabalhar, tá vivendo lindamente o seu dia e, do nada, chegam todas suas coisas num caminhão de frete… Eu ficaria possessa, honestamente… Eu já fui mandada embora de uma casa e, mesmo tendo tempo pra planejar, eu fiquei remoendo essa situação por um tempo. Então, imagina só: Você não tem tempo pra nada e fora que todas suas coisas tão lá e você precisa fazer alguma coisa. Obviamente que queimar a moto não era a solução, mas amiga, foi complicado botar tudo num frete e deixar na porta do trabalho da colega, né? Então, merece uma conversa aí. Gente, sempre conversem.  

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Se você não tá no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece. Um beijo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.