Skip to main content

título: surpresinha
data de publicação: 05/10/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #surpresinha
personagens: tarcísio e uma moça

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar para vocês a história do Tarcísio. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

O Tarcísio conheceu a moça aí, X, começou a namorar essa moça. Essa moça ali com 20 anos, o Tarcísio com 22 pra 23 e o namoro foi fluindo, foi indo bem… Com um ano ali de namoro, essa moça resolveu participar de um programa que chama “AuPair”. Ela foi ser babá de criança nos Estados Unidos. — E o programa não é só isso, né? É um intercâmbio. Você não vai só ser babá, você vai pra lá pra estudar e também cuidar aí das crianças em uma família. Então você vai morar na casa de uma família. — E aí a ideia era ficar os dois anos, né? E o Tarcísio ia lá visitar. — Só que, assim, gente, é caro pra você ir visitar… — E a família que essa moça foi morar na casa, era uma família que eles chamam de “família problema”. Então, por exemplo, eles iam viajar e deixavam essa moça — a namorada do Tarcísio — sem comida na geladeira, então ela tinha que gastar… Ela praticamente gastava o que ela ganhava lá, enfim, não tava compensando, só que ela queria ficar, pelo curso que ela estava fazendo e tal. 

E aí o Tarcísio tinha duas escolhas: ou ele juntava dinheiro pra ir pra lá ou ele pegava esse dinheiro que ele estava juntando e ia ajudando a namorada a se manter lá. — E ele fez o que eu faria também… Eu também, vendo a minha namorada, sei lá, meu namorado passar fome, eu também ia querer ajudar, né? — E foi isso que ele fez. Ele começou a mandar dinheiro pra ela. E tudo deu certo, eles conversavam em vídeo… Depois do primeiro ano de AuPair ela mudou de família… E aí a ideia era no segundo ano ela voltar. Quando ela estava no final do segundo ano, ela arrumou um emprego. Então ela tinha que sair do país, ficar um tempinho e voltar. E foi isso que ela fez… Ela veio pro Brasil, ficou um tempinho e voltou para lá… — E agora com o objetivo de trabalhar, juntar uma grana e voltar para casar com o Tarcísio. —

Só que de novo, nesse trampo novo aí que ela tava, ela ganhava pouco. — Então, gente, se você tá lá pra juntar dinheiro, mas você não está juntando, volta, né? Mas não… Ela persistia em ficar lá, achando que, assim, sei lá, ela teria uma grana mais pra frente para poder morar com Tarcísio. — E aí o Tarciso de novo ali ajudando ela financeiramente, até que depois de um ano que ela estava lá trabalhando, ela disse que agora já conseguia pelo menos se manter. Tarcísio falou: “Bom, pelo menos eu não tenho que mandar dinheiro. Acho que eu posso juntar dinheiro pra ir pra lá, né?”. E aí quando ele falou isso pra ela, passou mais ou menos um mês, ela perdeu o emprego lá, mudou para um outro emprego. E aí ele teve que voltar a ajudar ela. — Então, se ele ajudava a moça lá, ele não conseguia juntar dinheiro pra ir pra lá… — E eles ficaram nessa por três anos. — Três anos depois dos dois anos que ela já tinha sido AuPair lá. — Aí o Tarcísio já estava, assim, não é que ele estava desanimado, mas ele precisava mudar alguma coisa… 

E ele resolveu fazer uma surpresa. — E, gente, nesses três anos, eles conversavam bastante ali ainda por chamada de vídeo, ele via as colegas, os colegas de trabalho da moça, tudo belezinha, sabe? E aí ele resolveu fazer uma surpresinha e ir pra lá. — E ele tinha um endereço, porque ela já tinha mandado coisa para cá, ele já tinha mandado coisa para lá… Ela há três anos lá, né? Vai, três anos e meio assim mais ou menos rolou essa surpresa. O nosso amigo Tarcísio pegou o aviãozinho aqui [efeito sonoro de avião decolando] e foi bater lá. — Sei lá, vamos falar em, sei lá, Califórnia. — Na Califórnia pra ver o amorzinho dele, matar a saudade, de repente ele ficava… Ele foi meio incerto, assim, né? — Ou podia ficar ou voltava com ela, sei lá, tinha que dar uma definida nesse relacionamento. — Que ele chegou na casa, de surpresa… [efeito sonoro de campainha] Que ela dizia que era uma casa que ela dividia ali com mais quatro moças, né? Então eram cinco na casa. Um cara atendeu… [efeito sonoro de porta sendo aberta] Um cara segurando um bebê. — De aproximadamente quase dois anos, assim… —

E aí o Tarcísio com aquele inglês dele mais ou menos conseguiu falar que ele estava ali pra para ver a moça, falou o nome dela e tal, o cara foi muito receptivo, falou pra ele entrar… — O Tarcísio falou que tinha vindo do Brasil, ele tava com uma mala e tal e nã nã nã… — E, quando ele entrou, que a moça estava na cozinha… — Aquelas cozinhas bonitas dessas que a gente vê na TV, planejada, sabe? Dessas dos Estados Unidos, que os Irmãos à Obra fazem bastante, conceito aberto, bonitona… — Que ela veio pra ver quem era, ela quase teve um treco… Pois a moça estava grávida. E aí quando o Tarcísio viu a moça grávida e o cara e mais a criancinha de dois anos, ele entendeu… Que ali era uma família formada. — Gente, essa moça no primeiro ano que ela estava lá, que ela voltou, ela voltou pra casar… — Porque no AuPair ela tinha conhecido um americano lá e já estava namorando o americano. E aí ele ficou tão atordoado que, assim, ele não conhecia ninguém, não conhecia nada… Ele tinha marcado a passagem dele pra voltar dali sete dias. — Sete dias… —

Pensando que talvez ele, sei lá, perdesse essa passagem, mas ia ficar com ela, enfim… Ele foi pensando nesse romance aí dos dois. E aí, chegou lá, encontrou a namorada dele grávida, casada, — no papel — mãe de uma criança de dois anos com o marido e com o trabalho. — Então ele fica pensando quantas vezes ela fez chamada de vídeo com ele, assim, de rosto só e ela tava grávida. — Eu falei: “Mas e aí, Tarcísio, quando ela teve o neném ela falou com você todos os dias, assim? Fazendo meio que as contas”. Ele falou: “Andréia, tinha dia que a gente não conseguia conversar, não dava certo. A gente não falava todo dia, né? Então pode ser que uns três dias ela não falou comigo, mas não era assim… Era uma coisa normal. E aí devo ser quando ela foi ter bebezinho e tal”, mas geralmente eles conversavam todo dia, gente… — E aí vocês acham que isso é o pior? Isso ainda não é o pior.  — 

O Tarcísio não tinha pra onde ir e ele teve que ficar os sete dias lá na casa, vendo a moça com o marido, com o filho, grávida… Naquele dia que ele chegou ela não conseguiu explicar nada, mas ela falou, tipo: “é um primo meu que chegou e tal”. E aí no dia seguinte quando o cara saiu pra trabalhar que eles foram conversar, e aí o Tarcísio já tinha passado aquela noite chorando… — Chorou muito ali conversando com ela, porque, poxa, né? Ela foi sacana demais. — E aí ela falou que não sabia como contar… — Tinha que ter contado quando ela voltou pro Brasil. “Olha, eu vou voltar para os Estados Unidos e quero voltar solteira”. Por que ela fez isso? Porque ela pegou dinheiro dele ainda? E aí ele se ligou que, quando ela falou que não precisava mais, provavelmente foi quando ela casou, né? Só que aí ela viu que ele ia juntar dinheiro, e aí ela começou a pegar de novo o dinheiro dele. — E aí ela devolveu uma parte desse dinheiro, não aquele tanto que ele ajudou ela quando ela era AuPair, mas depois que ela voltou, todo o dinheiro que ela pegou ela não usou realmente, porque ela já estava casada com um cara que tem grana e tal, mas era só pra ele não ir, pra ele não ter dinheiro para ir. 

E aí eu falei: “Por que você não pegou esse dinheiro então e foi pra um hotel?”, aí ele falou: “Eu já tava lá… [risos] Eu já tava lá e também eu não ia gastar mais”. Tarcísio do céu… — Ê, Tarcísio… — E aí o Tarcísio ficou lá na casa esses sete dias… O marido dela que foi levar o Tarcísio no aeroporto. O cara também achando que era o primo, né? — Primo que ele nunca mais vai ver na vida, né? Dos parentes da moça. — E aí ele voltou para cá arrasado, todo mundo achando que voltou com planos de casar… A hora que ele contou, foi um escândalo assim na família dele. — Detalhe… — A família dela sabia. — Sabia… — E sabia que ele estava aqui no Brasil enganado e ninguém teve a decência de contar pra ele. — Eu conto, gente, se é na minha família um negócio desse eu conto. — Ninguém contou pra ele, deixou ele iludido… Ele ia lá almoçar na casa da mãe, do pai dessa moça e eles faziam chamada de vídeo e ela já estava casada, já estava um filho, depois já estava grávida de novo… E ele indo na casa da família dela pra, tipo, matar a saudade, pra contar planos que ele tinha de casar. — Olha essa, gente… —

Olha essa, gente… — Acha tudo mau caráter também, gente… — O pessoal todo sabendo, ninguém pra falar pra ele nada. — Eu achei, nossa, assim, surreal essa família… — E aí o Tarcísio ainda não superou direito assim… Não é que ele se arrepende de ter ficado lá, ele não tinha pra onde ir… Mas as pessoas não conseguem entender por que ele ficou lá. — Sabe assim? Esses 7 dias com a família dela e tal… — Ele ficou muito traumatizado, né? Então ele ainda não superou e ele queria contar a história dele pra gente, de como ele foi enganado, assim, totalmente por anos… E a namorada dele estava casada, já praticamente com dois filhos e ele só descobriu por causa da surpresinha. Aí no caso, então, a surpresinha foi boa porque já livrou ele disso, né?

[trilha]

Assinante 1: Oi, Tarcísio, aqui é a Carol de São Paulo. Eu queria dizer pro Tarcísio que eu sinto muito por tudo que você passou, não é culpa sua… Eu não sei em que universo essa moça deve ter achado que seria mais aceitável ela te poupar da verdade do que contar para você e deixar tudo isso acontecer e te deixar traumatizado. Mas eu espero que agora você esteja aberto a conhecer novas pessoas e esteja aberto a ter uma nova vida. Agora você vai estar mais esperto pra ver essas coisas, né? Não seja ONG de ninguém, como diz a Déia. Então é isso, um beijo. 

Assinante 2: Oi, gente, eu sou a Bis, de Curitiba. Tô muito chocada com essa história, Tarcísio. Te desejo muita força, muita mesmo… Espero que você supere tudo isso que aconteceu, que você encontre um bom amor, que, enfim, sabe? Porque realmente foi algo que é um choque, né? E eu acho que, apesar de tudo ficar bem, você tem que pedir reembolso de todo o dinheiro que você deu pra ela nesse período, porque ela te enganou e ela te extorquiu. Se enganar já é ruim, pelo menos o dinheiro você tem que ter de volta. É isso, muita força. Beijos, tchau. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem a história do nosso amigo Tarcísio lá no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não está no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo vem. E força aí, Tarcísio… Dor de amor passa, uma hora você vai ficar bem, você é um cara bacana e força aí.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.