título: blau blau
data de publicação: 25/10/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #blaublau
personagens: sylvinho
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje de novo é a Deezer e o seu novo podcast Depois Daquele Hit. Eu já falei do podcast Depois Daquele Hit aqui, ele é um original da Deezer, só tem lá, é de graça e basta você baixar aí o aplicativo e ouvir. — É muito, muito, muito bom, gente, de verdade… — Quem apresenta é o Zeca Camargo. — Eu sou apaixonado no trabalho do Zeca. — E o podcast investiga 16 histórias de 16 músicas que fizeram muito sucesso nos anos 80, 90 e 2000, mas que aí, por alguma razão, os seus autores não conseguiram permanecer no topo depois daquele hit específico.
O podcast tem toda quarta—feira um episódio novo. Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. E hoje o Picolé de Limão é temático. É sobre a história da banda Absyntho e o seu vocalista, o Sylvinho, com a música Ursinho Blau—Blau. [risos] Gente, eu amava essa música, amo até hoje e não imaginava as tretas, os picolés de limão que tinha por trás aí desse hit. Bom, dizer que é muito engraçado ouvir o Sylvinho conversando com o Zeca e, assim, você sente o ranço dele falando do começo dessa música, né? Do Ursinho Blau—Blau. É muito engraçado. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]Bom, início dos anos 80 ali, uma banda de rock autoral chamada Absyntho tinha gravado umas músicas e estava procurando gravadora e tal, aquela batalha das bandas e dos músicos que acontece até hoje. E aí, naquela batalha, a fita da banda Absyntho foi parar na mão aí de um produtor musical chamado Miguel. E ele falou: “Pô, acho que aqui tem alguma coisa”. E aí o Miguel junto ali com o Michael Sullivan e o Paulo Massadas… — Gente, eu lembro muito desses nomes, porque assim, eles eram os compositores da época, os produtores, enfim… —E esse Miguel, conversando ali com o Michael Sullivan, falou: “Poxa, dá uma olhada nesses caras aqui, acho que dá pra fazer alguma coisa e nã nã nã” e chamaram o Paulo pra botar uma letra numa música autoral do Absyntho, que era uma música que falava de uma praia, de uma ilha… Era tipo um rockzinho.
E, em determinado trecho da música, o Sylvinho fazia: “Ai, Blau—Blau” e aí eles queriam aproveitar aquela música, mas queriam uma outra letra e deram na mão do Paulo. E aí o Paulo ficou pensando: “Poxa, Blau—Blau Blau—Blau”, aí na época tinha uns ursinhos que você gravava… — Isso não era do meu acesso, isso era para crianças ricas. — Ursinhos que você conseguia gravar frases, que você contava segredos… E aí ele pensou nesse ursinho e fez a letra. Então, ele pegou uma música autoral do Absyntho — que estava ali na batalha, tentando alguma coisa — e transformou na música Ursinho Blau-Blau pra eles cantarem. Só que a banda era uma banda de rock… E quando eles receberam a música Ursinho Blau-Blau… O Sylvinho fala muito durante o episódio, conversando com o Zeca, que poxa, era uma época que eles estavam ali cheiradões de pó, muito rock’n roll… Poxa, era tudo o que eles não queriam mostrar de música, assim, não era eles ali, né?
Só que aí o Sylvinho: [efeito de voz fina] “Não, galera, vamos… Vamos fazer. Depois que a gente acontecer, a gente volta para a nossa origem do rock n roll e nã nã nã”. Aí foram lá e gravaram Ursinho Blau—Blau. — Assim, todo mundo meio a contragosto porque não era a vibe deles, né? — E aí a música estourou… E a banda Absyntho era uma banda muito boa, assim, né? Porque eu lembro que era uma época que a gente tinha muita banda, muito… Poxa, época de Menudo… Então, assim, tinha a coisa que era fake e tinha coisa que era real e Absyntho era uma banda real, eles eram músicos de verdade… E aquilo estourou, eles foram em todos os programas de auditório que vocês puderem imaginar. No Chacrinha, eles foram, tipo, cinco semanas seguidas, sucesso absoluto. E aí eles estouraram, 600 mil cópias vendidas do single deles, o disquinho… A banda fazia show no Brasil todo e a banda começou a se desgastar.
Porque eles, originalmente, eram do rock n’ roll… Eles gravaram mais duas ou três faixas assim nessa área do Ursinho Blau—Blau, dos hits ali do momento, e depois eles queriam realmente partir pra um LP com músicas deles.. Só que isso não tinha abertura nas gravadoras, eles não conseguiam se entender mais. Eles ganhavam muito dinheiro, mas também usavam muita droga. — Não tinha ninguém orientando, né? — E aí a banda foi meio que acabando assim, meio que não dando certo mais. E aí a gravadora na época queria transformar o Sylvinho tipo num Fábio Júnior… — E, gente, [risos] eu era uma das crianças… Eu tinha nove anos, oito, nove anos nessa época, apaixonada pelo Sylvinho, assim… Ele era maravilhoso, aparecia cantando às vezes com o ursinho na mão. Mal sabia eu que ele odiava. [risos] —
Depois dessas tretas com a banda e da gravadora tentando transformar o Sylvinho num Fábio Júnior, ele conheceu uma moça e casou. [efeito sonoro de sino batendo] E essa moça queria que ele voltasse para o rock, que era a origem dele. Aquilo deu uma ferrada na cabeça dele… Ele não sabia se ele ia pela gravadora e se transformava num popstar ou se ele voltava para as origens do rock e ele ficou empatado ali naquele meio, gravou uma música rock n’ roll que deu certo e aí a cabeça dele pirou. — Tipo: “O que que eu faço agora, né?”. — E ainda nessa época ele usando muita droga…. Ele estava muito, muito, muito próximo do Chacrinha, muito apegado… E aí o Chacrinha morreu. E aí a cabeça do Sylvinho ficou mal de vez.
E ele não sabia que rumo tomar e acabou se separando dessa primeira esposa. Saiu realmente do Absyntho, a banda terminou e aí ele ficou naquelas, né? “O que fazer agora?”. Ele ficou um tempo assim até que, em 95, ele conheceu a designer Ana Paula de Lima. E aí a vida dele mudou novamente… Ele casou, aí estava super apaixonado, ele saiu das drogas e eles tiveram dois filhos e tal… E aí a vida do Sylvinho meio que deu uma ajeitada. Uns cinco anos depois ali, no Rock in Rio de 2001, o Sylvinho foi convidado para participar. E o que ele pensou? [efeito de voz fina] “Poxa, é o meu momento. Agora eu vou exorcizar esse filho da puta desse Ursinho Blau—Blau da minha vida, sabe? [risos] Eu quero fazer um ato simbólico pra matar esse urso”. [risos] Gente, é muito bom… [risos]
E aí o Sylvinho fez? Ele convidou o Serguei. — Gente, o Serguei, criatura que foi maravilhosa… Deem um Google em Serguei. — Convidou o Serguei pra se vestir de ursinho. Então, pensa: Um ursão humano ali, Ursinho Blau—Blau de pelúcia, um urso grande. E a ideia do Sylvinho era rasgar esse urso no palco e aí sair o Serguei performático de dentro do urso e cantar ali Satisfaction do Rolling Stones pra matar esse Ursinho Blau—Blau. — Tipo: Jamais será, chega de Ursinho Blau-Blau. Essa era a ideia. — Ele pagou do bolso dele a fantasia de urso… [risos] Essa história é maravilhosa. E aí ele foi buscar o Serguei na rodoviária do Rio… — Serguei estava com o namorado dele que era um famosíssimo ator pornô da época, aí eles ficaram hospedados na casa do Sylvinho, né? O Serguei aquela figura… [risos] — E aí no dia lá no palco não saiu do jeito que o Sylvinho achava…
Tipo, tem hora que o Serguei, vestido de urso, começou a encoxar o Sylvinho por trás, abraçou o Sylvinho e ele começou a cantar Ursinho Blau—Blau e aquilo foi um sucesso… A galera gritava e ele saiu na capa do GLOBO com o Serguei vestido de ursinho abraçado nele. [risos E aí o Sylvinho falou: “Quer saber? Eu não vou me livrar desse urso nunca” e adotou o nome “Sylvinho Blau-Blau”. [risos] — Essa história é muito boa. [risos] — Ali sendo entrevistado pelo Zeca, tem uma hora que o Sylvio fala assim: “Porra, eu criei esta porra desse monstro desse Ursinho Blau—Blau e agora esse ursinho vai comigo até o fim”. [risos] É muito bom…
E aí o Sylvinho adotou esse nome, né? Ursinho Blau—Blau, Sylvinho Blau-Blau e é assim até hoje. Faz vários shows… Inclusive, quando eu puder eu quero ir num show do Sylvinho. [risos] — Ele é muito engraçado. — E essa entrevista, gente, está muito boa assim… O Sylvinho é muito franco, sabe? De falar tanto das coisas boas quanto das coisas ruins que aconteceram e tal, como ele está agora… Gente, você não vê o tempo passar… A hora que você viu já está no final e você fala: “Poxa, ficaria aqui ouvindo o Zeca e o Sylvinho mais duas horas”. O Zeca entrevista até a fã número um do Sylvinho, que vai, tipo, a todos os shows desde os anos 80. [risos] Maravilhosa. O nome da fã é Sandra Maria. Um beijo, Sandra Maria. [risos]
Gente, esse episódio tá muito bom, recomendo demais. Ouçam, é de graça, é na Deezer, é só baixar o aplicativo e ouvir.
[trilha]Assinante 1: Fala, galera do Não Inviabilize, aqui é Jaque, Jaqueline Costa, falando de Bogotá. Essa história ela é maravilhosa por dois pontos: o primeiro é que ela mostra que não adianta você ter uma boa estratégia se você não seleciona bem a sua equipe. Quando falou que a estratégia dele envolvia o Serguei, eu já imaginei ele contando toda a história pro Serguei: “Você vai entrar fantasiado de urso, eu vou matar o urso, a gente vai cantar Satisfaction”, eu imaginei o Serguei falando sim pra tudo e, no momento em que o Sylvinho se virou, o Serguei já tinha esquecido, já não lembrava mais o que era. Quando ele viu a fantasia do Ursinho ele só pensou em cantar Blau-Blau. E tá errado? Serguei não está errado, errado tá o Sylvinho que escolheu ele. A segunda coisa é a curiosidade, a coincidência da escolha, né? Porque ele escolheu cantar Satisfaction do Rolling Stones e o Mick Jagger falou há muito tempo já que ele preferia estar morto do que continuar cantando Satisfaction aos 45 anos de idade. E tá aí, né? Mick Jagger, com, sei lá, 60, 70 anos de idade cantando Satisfaction e o Sylvinho cantando Ursinho Blau-Blau. Então é isso, minha gente, abracem o Ursinho Blau—Blau da sua vida, cantem até os 90 anos de idade, que a vida é isso. E saudade do Serguei.
Assinante 2: Oi, Déia, é o Álvaro Leme. Amei a dica, sou muito fã dos anos 80. Assim como você, fui criança na época e nem imaginava que tinha rolado tanto babado com esse grupo. Só lembro de Sylvinho Blau-Blau… Sylvinho Blau-Blau para tudo que é lado. E adorei a história do Serguei também. Ótima dica, também gosto muito de Zeca e do trabalho dele mais ainda, então vou com certeza ouvir esse e outros episódios. Beijo.
[trilha]Déia Freitas: Depois Daquele Hit é um podcast original da Deezer, eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio. Deezer, amei o convite, amei o podcast com o Zeca, ficou maravilhoso. Eu espero que tenha outras temporadas. Um beijo, gente, e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]