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título: buffet infantil
data de publicação: 02/11/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #buffet
personagens: rogerinho e familia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Rogerinho. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]


O Rogerinho ele é gerente de banco… — Ele disse que ele não ganha mal… — E ele tem um irmão que trabalhando aí, ficou rico… Então, o irmão dele tem uma condição de vida muito melhor que ele. E esse irmão tem duas filhas, a Rebeca e a Bruna. E o Rogerinho ele é padrinho da Rebeca. Então, a Rebeca agora está com quatro aninhos e o irmão dele sugeriu que ele desse de presente pra Rebeca — agora, no começo do ano — uma festa de aniversário. Rogerinho falou: “Nossa, minha afilhada, lógico que eu dou”. Só que ele pensou que fosse uma coisa mais suave, né? [risos] E aí ele deixou na mão do irmão pra resolver as coisas. — Por que o que ele entende de festa infantil? Rogerinho não entende nada. — E aí Rogerinho, que namora Anderson, comentou com Anderson, né? Falou: [efeito de voz fina] “Eu vou fazer uma festa de aniversário pra Rebeca e tal”, e o Anderson falou: “Ah, que legal, mas toma cuidado, porque se for em buffet você vai gastar quase igual a um casamento”.


E Rogerinho falou: [efeito de voz fina] “Magina, ela tem quatro aninhos… Quatro aninhos não vai gastar tudo isso” e ficou suave. Só que aí os preparativos foram correndo ali e o irmão dele entrou em contato com um orçamento e, gente… — Era um orçamento muito caro. O Rogerinho não quer que eu entre aqui em valores, mas eu vou dizer pra vocês como foi a festa. — A festa foi num buffet, esse buffet tinha monitores infantis, então, Rogerinho me explicou que você paga o buffet separado, tipo, o lugar. [efeito sonoro de caixa registradora] Aí você paga pelos monitores, separado. [efeito sonoro de caixa registradora] Aí você paga pelas comidinhas e, como são crianças muito pequenas, é uma comidinha ainda mais especial,. [efeito sonoro de caixa registradora] Você paga separado o bolo… [efeito sonoro de caixa registradora] E, além de tudo isso, o irmão de Rogerinho também incluiu no orçamento ali uns personagens. [efeito sonoro de caixa registradora] Então, umas pessoas vestidas de personagens e que Rogerinho teve que pagar aí cada personagem.


E aí Rogerinho ficou muito sem jeito de dizer: “Mano, essa festa aqui está absurda de cara” e ele falou: [efeito de voz fina] “Bom, é minha afilhada, Rebequinha que eu amo e nã nã nã. Tá bom… Vou botar aí no meu cartão, parcelar… Vou fazer”. Foi lá e fez a festa pra Rebeca, de quatro anos, que a criança nem vai lembrar daqui um tempo, né? Do jeitinho que os pais quiseram… Ele bancou absolutamente tudo e foi um sucesso a festa, né? Tinha tudo do bom e do melhor, a criançada se divertiu lá no buffet… Até um valor de valet ele teve que pagar, pra, tipo, para que as pessoas tivessem que pagar pra deixar o carro, né? Então tudo saiu aí do bolso de Rogerinho. E o Anderson lá no dia da festa só rindo, né? Falando: “Eu avisei que você ia gastar, tipo, como se fosse um casamento”. Beleza…  Festa de Rebeca passou, foi maravilhosa.


Chegamos agora a abril desse ano. O irmão chegou de novo no Rogerinho e falou: [efeito de voz grossa] “Foi linda a festa que você fez pra Rebeca e tal”…  São só os dois irmãos, tá? Os pais já faleceram, então um tem o outro. “Foi linda a festa que você fez da Rebeca, ela ficou muito feliz… Só que agora está chegando o aniversário da Bruna, e a Bruna perguntou se você ia fazer uma festa pra ele igual”. — Gente, a Bruna é a outra filha do cara, outra sobrinha do Rogerinho, que não é afilhada, né? Que tem outros padrinhos aí por aí. — E aí o Rogerio falou: “Olha, mano, eu não tenho nem como”… E o irmão é rico, o irmão pode bancar uma festa igual pra Bruna, só que ele ficou chateado. Ele disse que o Rogerinho está fazendo diferença entre as irmãs, que ele está magoando a família desse jeito. — Porque a Bruna vai ficar muito chateada. —


E o Rogerinho falou: “Mas nem se eu quisesse… Eu vou pagar essa festa da Rebeca praticamente durante um ano. Eu não vou me encher de dívida porque você quer que eu faça outra festa igual pra Bruna. Eu não vou fazer… Você tem condição de fazer, faça você”. E aí saiu uma discussão e eles brigaram por causa disso. O irmão de Rogerinho não está falando com ele, só aceita falar com ele se ele bancar a festa da Bruna. E Rogerinho disse que não vai bancar, nem se ele quisesse ele poderia bancar, porque ele não tem a grana. Mas mesmo se ele tivesse, ele não ia bancar. Porque ele não é o pai das crianças, né? — Festa de aniversário é caro, ele fez porque a Rebeca é afilhada dele. E também já avisou o irmão que não vai fazer mais, porque ele não é rico como o irmão e não pode bancar uma festa assim. — E ele falou que nem se ele tivesse dinheiro ele ia fazer. 


Então, o irmão tá super ofendido, tá achando que Rogerinho faz diferença aí entre as filhas dele e ele falou: “Ah, mexeu com uma filha minha, mexeu comigo. Então a gente não precisa se falar mais”, tá nesse pé…. E, tipo, a esposa do irmão, a cunhada do Rogerinho, tá igual assim. Os dois viraram a cara… O Rogerinho ainda manda mensagem pra saber da Rebeca, às vezes eles respondem, às vezes não. E esses tempos atrás… A Bruna está com quase sete, a Bruna mandou uma mensagem que ele falou que a menina nem tem repertório pra escrever daquele jeito, cobrando a festa. — Tipo, a criança cobrando a festa pelo celular da mãe. — Então, ele acha que foi ou a própria mãe que escreveu ou o irmão dele. E ele respondeu, explicou, falou: “O tio não tem dinheiro pra fazer outra festa igual… Quem sabe daqui uns anos, quando o tio terminar de pagar”, ainda falou isso, né? E falou: “Eu não vou fechar a possibilidade de fazer uma festa pra minha outra sobrinha também, mas agora eu não tenho como”. 


E aí eles estão nessa briga… O Rogerinho não sabe como conciliar. O Anderson acha que ele tem que ir lá na casa do irmão, reunir todo mundo e falar, explicar pra Bruna na frente deles porque ele não consegue pagar. Rogerinho não quer ir, porque falou que o irmão dele sabe ser um pé no saco quando quer e que, com certeza, ele vai ser maltratado, e aí pode ser que eles rompam de vez. E aí está nesse pé, gente… E ele está na dúvida se ele fez a coisa certa ou se ele devia se endividar mais, assim, numa coisa que ele nem… Tudo bem, ele trabalha num banco, ele pode pegar outro empréstimo talvez pra fazer essa festa pra Bruna. Será que ele está errado? Então, o Rogerinho, assim, nessa altura do campeonato, já não está sabendo se ele está certo ou se ele está errado, se ele devia ou não fazer a festa da menina Bruna. Eu acho que não… Ainda mais que ele não tem o dinheiro. Não tem, não tem. Os pais são ricos, né? Os pais podem fazer. 


E Rogerinho, sei lá, se realmente quer dar uma festa pra Bruna pode combinar de fazer outro ano. “Ah, quando ela fizer dez anos eu faço a festa” e já vai guardando. [risos] Talvez com dez anos ela não queira personagens, mas ela pode, sei lá, querer, sei lá, uns games… — Eu não sei o que tem uma festa infantil de uma criança de dez anos, mas, sei lá… — Pode ser num parque de diversões, alguma coisa assim, né? — Porque gente rica a gente nunca sabe. — Então o Rogerinho enquanto ele amarga aí as parcelas do empréstimo pra pagar essa conta da festa de Rebeca, ele está na dúvida se ele deveria ou não financiar a festa de Bruna. Eu acho que não, mas jogo pra vocês. 


[trilha]


Assinante 1: Oi, Rogerinho, tudo bem? Aqui é a Amanda, de Porto Alegre. Questões de família são complicadas e me parece que, nesse caso, o buffet em si, a festa em si, está só externalizando alguma coisa que é mais profundo e que talvez venha até do passado da sua família. Isso é: a gente não tem como saber isso, isso é uma sugestão de que: façam terapia. Principalmente teu irmão… Talvez tenha alguma coisa aí que tenha ficado mal resolvido no passado, porque a única coisa que me parece que poderia justificar que alguém com muito mais condição financeira faça tanta pressão emocional para um irmão se endividar por uma festa infantil desse jeito assim, e depois uma segunda festa infantil, é porque ele tem alguma insegurança, algum medo de abandono, alguma coisa assim, que me parece se resolve com conversa. Então, o que eu sugeriria é uma conversa numa boa e que vocês três, o casal e tu, vocês possam dividir essas duas festas e ficarem as duas festas tudo igual para as duas sobrinhas, como sendo dos pais e do tio e assim fica todo mundo contente. Que tal?

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui quem fala é o Thales de Porto Alegre. E, Rogerinho, você está super certo, você está nas suas condições. Você bancou uma festa muito maravilhosa pra sua afilhada e não diminui o amor que você tem pela sua outra sobrinha… Mas esse caso só endossa a questão de que rico é muito mão de vaca. Se o cara tem condição de pagar uma festa para a filha igual a que você fez, que pagasse. Podia até falar para ela que foi o tio que deu também… Mas eles estão muito errados aí, querendo que você faça uma coisa que você não tem condições por puro luxo, né? Sendo que eles têm a condição de pagar. Então fica com a consciência tranquila. Se eles voltarem a conversar com você, bem, senão você está de consciência tranquila, porque você não tem condições, não é uma questão de não querer, é uma questão de não poder. Um beijo. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com Rogerinho. Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.