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título: sumiço
data de publicação: 07/11/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #sumiço
personagens: ana e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Ana. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


A Ana conheceu um cara aí — tem alguns anos — e eles começaram a namorar e nã nã nã, ficaram noivos, casaram… Tudo corria muito bem ali no casamento da Ana. Eles gostavam muito aí de frequentar umas baladinha e tal, os dois, só que tinha uma vez ou outra, assim, que esse cara sumia nas baladas. E sumia coisa de duas, três horas e a Ana ficava P da vida. E, quando ele voltava, ele falava: “Ah, fui beber, tava espairecendo e nã nã nã”, dava uma desculpa aí qualquer. E a Ana ficava muito, muito, muito brava com isso. Aí esses começaram a aumentar… Tinha vez que esse cara sumia… — Eles estavam no mercado ali fazendo compras, que é um negócio que demora… Compra do mês é um saco, né? Eu detesto fazer compras do mês, mas é necessário. —


E aí, às vezes ela tava ali com o carrinho, com a lista, fazendo as coisas, o cara sumia… Voltava, tipo, sei lá, 40, 50 minutos depois… Um dia eles estavam na missa e esse cara sumiu. Ele falava tipo: “Ah, vou lá fora, vou tomar um ar e tal” e sumia um tempo e voltava. E a Ana, assim, ela não conseguia entender qual era desses sumiços, assim. Ele estava sempre no celular e dava umas sumidas. Até que uma amiga dela falou: “Amiga, será que ele não tem outra? E aí ele aproveita esses momentos que você está presa em algum lugar, tipo, no mercado, na igreja pra sair fora e, sei lá, encontrar alguma mulher, sei lá?”. A Ana, que nunca tinha pensado nessa possibilidade, passou a pensar nessa possibilidade, né? Dele estar saindo pra trair.


E, assim, o jeito era: A hora que ele saísse, ela, sei lá, saía correndo atrás, assim? Mas não tinha muito como fazer isso, né? Até que um dia, num final de semana, a Ana tava ali em casa, almoçou, fez as coisinhas dela e daqui a pouco começou a passar mal, começou a passar muito mal, assim, uma dor, um mal—estar… Aí vomitou e ficou mal, mal, mal… E aí ela falou pra marido, falou: “Me leva pro PS que eu tô mal”. — Isso foi bem antes da pandemia, né? — “Me leva pro PS que eu tô mal”, e aí lá foram eles pro PS. Ela chegou, já entrou de urgência porque ela estava realmente mal, faz um exame daqui, faz outro exame dali… Apendicite. — O negócio já tava, assim, zoado… — E aí ela tinha que se preparar pra operar e ela tinha comido, enfim… Ela tinha que ficar um tempo ali, aquela coisa… Internou.


E aí na internação ali ele podia ficar no quarto… Pelo convênio que ela tinha, ele podia ficar no quarto ali esperando ela voltar, enfim, né? Porque ela ficou tipo numa UTIzinha lá pra operar e depois voltar pro quarto. E tudo, assim, de uma hora pra outra, do nada. E aí ela tá lá com as coisinhas dela de apendicite, mal, foi, operou e estava realmente zoada, demorou e tal… Voltou pro quarto. E, assim, ela voltou da anestesia, assim, grogue, sabe? Quando você volta meio mal… E quando ela estava indo para o PS, ela tinha avisado a mãe dela e tal — que mora ali na mesma cidade — só que só podia ficar um acompanhante, então o marido dela que ia ficar ali com ela. E, quando ela voltou, era a mãe dela que estava no quarto. Só que ela estava muito zonza, assim, muito grogue… E aí ela viu a mãe, achou que estava alucinado… Aí dormiu, acordou, dormiu, acordou… Meio que passou mal da anestesia também, mas foi se recuperando ali. 


E, quando ela estava mais ou menos ainda, mas já estava melhor, ela viu que realmente era a mãe dela que estava no quarto e não era o cara. O que ela pensou? “Esse maldito já sumiu, né? Me largou aqui, e aí, sei lá, ligou pra minha mãe pra minha mãe vir e tal”. E aí realmente tinham ligado pra mãe dela, mas não tinha sido ele… Quando ela preencheu o negócio… Chegou no hospital e preencheu a ficha, ela botou o telefone da mãe dela, porque ele estava ali com ela, né? Então ela botou o telefone da mãe. — E, gente, o que aconteceu enquanto a Ana estava operando? E aí agora vem…. Porque, assim, a mãe da Ana, quando ela chegou no hospital, ela quis saber de tudo… E ela foi atrás de tudo e ficou sabendo de tudo. — E aí o que aconteceu? Enquanto a Ana estava operando, o marido dela ficou ali no quarto e o sumiço dele meio que foi resolvido nesse tempo. — Por que esse cara era o sumido do rolê? — 


Enquanto a Ana estava operando, — este cara, marido de Ana — ele tinha um aplicativo no celular dele… Um aplicativo de relacionamento que funcionava ali por aproximação e ele colocava, tipo, pra saber quem estava muito perto dele e pra encontrar essa pessoa já com o intuito de transar. — Fato. — Não era assim para conhecer alguém, namorar e nã nã nã, não, era pegação real. E aí no hospital — Frisando: no hospital… — ele tinha encontrado um cara e ele estava transando no hospital lá no quarto da Ana e pegaram ele. Por que pegaram ele? Porque a pessoa que saiu pra transar com ele abandonou o posto, e aí começaram a procurar essa pessoa e, enfim, acharam ele lá… E essa pessoa era o segurança do hospital. Então, o marido da Ana foi pego no quarto ali transando, nus, o segurança e ele… E aí, sei lá, o segurança deve ter sido mandado embora, não sabemos e o marido da Ana foi convidado a se retirar do hospital, e aí ligaram pra mãe da Ana. — E quando chegou ao hospital, tava uma fofocaiada, assim, fofoca, fofoca… — 


E aí a mãe da Ana contou tudo para Ana, porque a Ana, assim, voltou da cirurgia e nã nã nã e, na hora que ficou bem da anestesia, ela falou: “Agora vem o baque”. E aí Ana investigando melhor e até conversando com o próprio cara, descobriu que era isso mesmo, que ele transava com outros caras enquanto estava com ela. Então, toda vez que esse cara ficava sumido, ele estava com outro cara que ele não conhecia, que, tipo, achou ali pelo aplicativo naquele momento e foi lá e transou com o cara e só… E depois também não voltava a ver a pessoa e tal. E aí a Ana ficou muito mal, porque ela não esperava que ela estava sendo traída… Por mais que ela tivesse uma desconfiança… Vai, ela achava que ela estava sendo traída, ele tinha um caso com alguém, algo afetivo, sei lá, mas não assim, tipo, sexo casual, né? E toda hora… — Ele sumia em todos os lugares. — E aí depois que ela ficou sabendo de tudo que ela sacou algumas coisas, assim, percebeu algumas coisas que ela já notava, mas não entendia muito bem, assim, né?


E, enfim, foi muito duro, né? Foi muito dolorido pra Ana saber de tudo, como era e tal. E aí eles acabaram divorciando. — Óbvio. — E depois de um tempo, sei lá, dois, três anos eles conseguiram até meio que ser amigos, né? Só que aí esse cara casou de novo e continuou fazendo isso, tipo, com a outra moça. E aí a Ana ficou muito puta, eles eram amigos e o que a Ana fez? A Ana contou pra essa moça, e aí o cara ficou muito puto com ela, porque ele achou que ela não devia se intrometer na vida dele. — Mas a Ana contou. — E aí esse segundo o casamento dele durou dois meses, porque a Ana foi lá e contou mesmo… Falou: “Ó, ele fazia comigo e eu achei que ele tivesse mudado… Então ele nem precisava casar, ele podia ficar fazendo isso de sair com caras de aplicativo o tempo todo sem casar, sem enganar uma pessoa… Só que ele escolheu casar com você. Eu achei que ele tivesse mudado e ele não mudou, então eu tô te contando tudo”. E aí a moça saiu fora. — Moça esperta. — Porque, mano, ele pode ter a vida que ele quiser, mas não precisa enganar, colocar uma outra pessoa aí pra fazer de otária, né?


Então eu acho que a Ana fez certo sim de contar pra essa outra moça. Tá tudo bem com a Ana agora, ela escreveu mais, assim, pra contar a história dela pra gente… Que era uma coisa que ela jamais imaginou passar e, que depois ela jamais imaginou que ela faria isso, que ela teria coragem de chegar numa desconhecida total e contar o que o ex—marido dela fez. E ela foi lá e contou, ela falou: “Não, não vou deixar essa moça ser enganada”. — Porque ele era muito bom enganar… — E ainda bem que a moça acreditou nela e saiu fora. Então, eu não acho que ela errou, não, de contar pra essa segunda moça. Eu sei que não era problema dela o relacionamento deles, mas ela alertou ali uma mulher que estava passando pela mesma coisa que ela. Então não acho que ela errou.

E essa é a pergunta da Ana, vocês acham que ela errou nisso? 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Ana, oi, pessoal, tudo bem? Aqui é Silvia de Campinas. Eu acho que você fez certo em contar, sim. Eu acho que quem está errado nessa história é o seu ex—marido, porque o problema é ele querer manter uma vida paralela, enganar outras mulheres… Isso aí eu acho que é até uma questão de empatia da sua parte, de evitar que outras mulheres sofrem com isso, né? Ele que assuma a forma como ele quer viver e vá viver, vá se divertir, vá gozar com quantos caras ele quiser, mas não enganando outras mulheres. A não ser que a esposa esteja de acordo, o que também não tem problema nenhum… Se a esposa estiver de acordo, tá tudo certo, não é verdade? O que tem que rolar é a clareza. Um abraço pra todo mundo.

Assinante 2: Oi, gente… Alef aqui de Natal. E, Ana, é sempre uma área muito cinza essa questão de contar ou não contar a traição no relacionamento de alguém, porque tem gente que queria saber, outras pessoas gostariam de não… Outras pessoas surtam porque não acreditam que essa traição está acontecendo… Eu acredito que você fez muito certo em contar tudo o que estava acontecendo, porque, sabe, traição não dá. E, assim, se você não consegue manter fidelidade, por que você não já entra em um relacionamento definindo ele como aberto, né? É uma opção, de repente, pra esse cara. Se ele tem interesse, ele poderia tentar relacionamento aberto com as pessoas pra que a traição não aconteça, né? Você fez correto, eu faria da mesma forma. Um beijo.

[trilha] 

Déia Freitas: Então, gente, comenta lá no nosso grupo do Telegram. Se você não tá ainda no nosso grupo, é só jogar na busca lá do Telegram “Não Inviabilize” que nosso grupo aparece, tá bom? Um beijo e eu volto em breve

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.