título: pratos
data de publicação: 22/11/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #pratos
personagens: gisele e uma moça
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história da Gisele. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]
A Gisele mora sozinha numa kitnet, e ela já mora assim tem mais de dez anos. Então, às vezes alguns amigos precisam ficar alguns dias ali na casa dela e tudo certo, né? — Eu costumo dizer que visita depois de três dias [risos] começa a cheirar mal, mas enfim… Cada um, cada um. — Entre essas visitas, a Gisele tem uma amiga que é uma amiga já de alguns anos que, de vez em quando, ficam alguns dias na casa dela. E sempre que essa moça, essa amiga da Gisele tá na casa dela é uma questão, assim, é um problema. Porque, por exemplo, a Gisele acorda cedo pra trabalhar… — Então você concorda que se você também sai cedo pra trabalhar, mas você está na casa de alguém, você tem que respeitar os horários dessa pessoa, né? —
Então, se você sabe que a Gisele, usa o banheiro às seis, você não vai entrar no banheiro às seis e lavar o seu cabelo e ficar no banheiro até às sete. Então, essa moça tem esse costume e outros também… Já perdeu chave, enfim… Ela não é uma pessoa que traz uma paz [risos] quando está na casa de Gisele, mas Gisele nunca disse que ela não podia ficar lá. E várias coisas foram acontecendo, Gisele foi tolerando e tal, até que chegamos à última visita dessa moça. — Gente, pensa assim: Você tá na casa de alguém, você vai ficar uma semana na casa de alguém… Você comeu, você tem que levar o seu pratinho… Porque ele vai ficar lá na pia, ele não vai pegar… Ele não tem bracinhos pra pegar ali uma esponjinha e se esfregar o pratinho, depois abrir a torneirinha, entrar embaixo da águinha e pular no escorredor. O pratinho não vai fazer isso… —
Então, são duas pessoas na casa, se você comeu e não lavou o seu pratinho, adivinha quem lavou o seu pratinho? A outra pessoa. E a outra pessoa é a Gisele. Então, a Gisele chegou num ponto que ela estava, assim, já desgastada com isso… E ela não lavou os pratos da amiga. E essa amiga teve a capacidade de usar todos os pratos… — Assim, a Gisele tem seis pratos… Usar os seis pratos da Gisele e não lavar, deixar na pia. — E aí isso foi a gota para a Gisele. A Gisele chamou a amiga e apontou, falou: “Ó, você está vendo aqui toda essa louça? Essa louça é sua. Você acha que eu vou lavar a louça? Você está ficando aqui, você está comendo aqui, você está tomando banho aqui e agora eu vou lavar a sua louça?”. — E, assim, nesse tom… Porque, gente, a pia estava lotada de coisas, tudo da moça. E, ah, duas trabalham? As duas trabalham, mas a Gisele lava as coisinhas, né? Gisele foi, inclusive, fazendo comida e lavando só as coisas dela, deixando os pratos lá e os copos e os talheres que a moça usou pra ver se ela se tocava, e ela não se tocou. Precisou a Gisele chamar e falar… —
E aí ela olhou e, tipo, virou… Tipo, pra ir sentar no sofá. A Gisele falou: “Não, você vai lavar esses pratos. Agora. Porque eu quero fazer as coisas aqui na cozinha e a minha cozinha está imunda por sua causa, então você vai lavar agora”. E aí a moça ficou puta porque ela mandou lavar os pratos, a Gisele foi para o quarto porque senão a treta ia aumentar. E, de repente, a Gisele ouviu um barulho… A moça tinha quebrado três dos seis pratos e disse que foi sem querer… — Mas a Gisele tem certeza que foi de propósito. — [efeito sonoro de pessoas discutindo] E aí a Gisele foi até a cozinha, rolou uma discussão e a Gisele falou: “Você vai lavar toda essa louça, você vai recolher esses cacos e você vai me pagar esses pratos”. Terminada a treta, a moça pegou as coisas ali à noite mesmo e foi para a casa de uma outra amiga… — Outra amiga também que só aguentou ela um dia e botou ela pra fora. Então, pra ver que a moça não era fácil. —
Aí passou, elas não se falaram mais… Só que essa moça, por que ela vem pra casa da Gisele? — Por que ela vinha? — Porque quando ela tem que trabalhar na cidade onde está a Gisele, ela ficava com a grana do hotel que a empresa pagava pra ela — tipo, ela tinha esse acordo com a empresa que ela podia pegar ali em dinheiro — e ficava hospedada na Gisele. Então agora ela teria que gastar com hotel, né? E ficar sem aquele dinheiro que a empresa dava pra custear ali a estadia dela. — Só que ela está pagando o carro e ela precisa desse dinheiro dessas viagens. — Então, ficar na casa da Gisele para ela era ótimo, né? Porque ela não pagava nada… — Nem água, nem luz, nem comida, nem louça lavava, então, para ela era só vantagem. — E aí a moça vendo que ia perder a mamata, começou a puxar o saco ali da Gisele de novo, né? Querer alisar a Gisele. E a Gisele falou: “Primeira coisa: tá aqui o link dos pratos que você quebrou. Você compre aí esses três pratos e mande entregar aqui… Antes de qualquer coisa”. E aí a moça foi lá, comprou os pratos e mandou entregar.
Quando os pratos chegaram, Gisele pegou os pratos e tal, e aí ela falou: “Agora tá tudo bem? Agora eu posso ficar na sua casa?”. Aí Gisele falou: “Não, agora tá tudo bem. Agora, ficar na minha casa? Nunca mais você vai ficar aqui”. E aí agora essa moça está falando ali para as amigas em comum que a Gisele, tipo, ah, enganou ela pra ela comprar os pratos e agora não quer receber ela na casa dela. — Pratos que ela quebrou, tá? Pratos que ela quebrou e não queria pagar. — Então agora que ela pagou os pratos, ela acha que a Gisele tem alguma [risos] obrigação com ela de deixar ela ficar lá. E a Gisele já falou que não… Essa outra moça, que seria a única outra que poderia hospedar também já aguentou ela só um dia e falou: “Aqui nunca mais”. Então, agora ela está se fazendo de vítima nos grupos aí onde elas são amigas, elas têm amigas em comum, dizendo que “ai, ela vai perder o carro se ela usar o dinheiro que é do hotel”. — Porque o dinheiro é do hotel, a empresa não devia nem dar esse dinheiro na mão dela, devia pagar direto o hotel lá, que é capaz dela dar um calote no hotel também. —
E que, “ai, por causa da Gisele ele vai perder o carro”? — Ô, gente… Sabe? — A Gisele não pensa em ceder, né? Nunca mais. Gisele falou: “Nunca mais ela pisa na minha casa. Nunca mais… Depois da desfeita que ela me fez… Ela quebrou os pratos de propósito, sim e não adianta”. Só que ela está sendo meio que atormentada por essa mina nos grupos, assim, fica se fazendo de vítima e fica toda hora pedindo. — Gente, eu vou falar uma coisa aqui minha para vocês… Se tem uma coisa que me deixa com um ódio mortal da pessoa pra sempre é assim: Você me pede uma coisa ou me convida pra uma coisa e eu falo: “Não”, “não posso”, “não vou” e você fica insistindo… Gente, isso pra mim é a morte. É a morte, a morte, a morte… Às vezes eu recebo convite aqui e eu não consigo participar, então às vezes eu falo: “Poxa, não vai dar e tal”, e a pessoa insiste… Eu quero morrer. Porque a pessoa vai te colocando numa situação que você vai ficando como vilã. Mano, em nenhum momento passou pela sua cabeça que a pessoa não quer ir? Sabe? Então isso me deixa P da vida. O que essa mina está fazendo com a Gisele é isso, tipo, ela fica toda hora perguntando: “Ah, mas deixa eu ir”, “ah, eu posso ir?”. —
A Gisele já falou não, a Gisele já falou não… E aí agora toda vez que ela tem que falar não de novo, ela fica mais parecendo uma vilã, porque a outra está ali, ai, toda fofinha, fazendo mil concessões e mesmo assim você tá falando não, saca? Eu abomino, abomino essa mina que está fazendo isso com a Gisele, porque pra mim é o pior tipo de pessoa. — E eu odeio que insista comigo em coisas que eu falo “não”. Porque se eu falei “não” é não, não quero, não vou, sabe? E se eu não quero hospedar alguém, eu não quero hospedar, não vou hospedar. — E a Gisele agora tá nisso, ela não quer hospedar, ela não vai hospedar, só que nós grupos, toda vez que essa moça aí agora fala, toda fofinha “ai, Gisinha, deixa eu ir?”, sabe assim? E ela tem que falar “não” de novo, ela vai ficando mais como vilã. E aí ela queria saber um jeito de sair disso. Eu acho que não tem, acho que você pode parar de responder, ignorar, que é uma coisa que eu faço também.
Quando eu já falei duas vezes que não e a pessoa que continua insistindo, eu ignoro, porque, assim, já dei minha resposta. — Já falei que não vou, que não dá, que estou ocupada, que isso, que não posso receber. — Já falei “não”… Dali pra frente eu ignoro, não tem mais o que fazer, né? Então, eu acho que você pode, Gisele, ignorar. Conversa sobre outras coisas no grupo e, tudo que ela postar que for sobre isso, ignora solenemente. Não fala nem nada mais sobre, porque você já deu sua resposta, sua resposta é não. Nossa, essa história me tirou do sério.
[trilha]
Assinante 1: Olá, pessoal, aqui é Larissa de Itaquaquecetuba, São Paulo. E faz tempo que eu não fico tão revoltada com o episódio que nem eu fiquei com Pratos pela maneira desonesta que essa mulher quer convencer a Gisele recebe-la, hospedá-la, né? E eu concordo totalmente com a Andréia. Vai se fazer de louca? Vai agir que nem criança? Então tem que ser tratada dessa maneira, né? Então, eu acho que não tem que responder e tem que dar um corte assim. E, se ela quer te fazer de vilã, seja a vilã, entendeu? Fala: “É o seguinte: Eu te respondi, não é não, pode me perguntar 1000 vezes, pode chorar, espernear, implorar, eu vou continuar dizendo não”. E sobre a questão do carro, meu, cada um é responsável pelo seu planejamento financeiro, né? E como é uma pessoa que pisou na bola de quem estava ajudando ela, eu acho que ninguém tem que responsabilizar a Gisele de maneira nenhuma por isso.
Assinante 2: Oi, gente, aqui quem fala é Samantha de Bauru. E tô mandando esse áudio pra dizer como essa história me deixou puta… Como pode ter tanta gente folgado nessa vida? Que invade sua casa, o seu espaço de privacidade, ou seu sossegos, sua paz, destrói as suas coisas e acha que tá tudo bem, ache que ainda elas estão no direito dela de fazer isso. Gisele, obrigada por você saber dizer não e obrigado por existirem pessoas como você. É o que falta nesse mundo, pessoas que saibam parar as pessoas folgados. E acho que você já fez tudo o que você podia fazer, por mais que ela tente te pintar de vilã, não acho que as pessoas te vejam assim. Eu acho que o melhor mesmo, como a Déia disse, é deixar ela no silêncio. E, véi, uma pergunta: O que ela faz com o salário dela? Ela não pode cortar gastos e pagar esse carro? Por que ela perder o carro vai ser sua culpa? Não faz sentido. Deixa ela se virar pra lá.
[trilha]Déia Freitas: É isso, gente… Então, um beijo, sejam gentis com a Gisele no nosso grupo do Telegram. Deixem lá suas mensagens pra ela e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]