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título: picolé
data de publicação: 23/03/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #picole
personagens: hudson, diana e picolé

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Hudson. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


O Hudson conheceu a Diana no Instagram por meio de uma amiga. — Ele viu ali que eles tinham uma amiga em comum, né? Com a Diana. — E ele resolveu chamar a Diana ali no direct, eles começaram a conversar, a Diana gostou dele também e, de cara, o Hudson já falou pra Diana: “Olha, eu sou uma pessoa com deficiência… Eu perdi parte da perna num acidente. Eu mantenho a articulação do joelho. Então, do joelho pra baixo, eu perdi essa parte da perna num acidente e nã nã nã” e contou ali como foi o acidente. Foi um acidente de carro, enfim, x… E a Diana falou: “Olha, não vejo problema nenhum nisso. Vamos continuar conversando…”. — O Hudson me falou que ele sempre avisa, porque ele falou que sim, tem pessoas que assim que ele fala que ele é uma pessoa com deficiência, a mina, tipo, para de falar com ele. Então, pra não perder tempo, ele já faz isso e eu acho que ele está mais é certo mesmo. —


Hudson e Diana marcaram ali o primeiro encontro… — E foi muito legal, gente… — Eles se deram super bem, rolou ali um beijo. — Foi muito legal. — E eles continuaram conversando, a conversa esquentou e eles resolveram que iam dar ali o próximo passo, né? — Os dois ali muito fogosos e nã nã nã… — “E como é que vamos fazer?”, porque o Hudson ele mora ainda com os pais… — O Hudson tem 25 anos, tá ainda estudando e tal, normal ainda morar com os pais… — E a Diana já mora sozinha. Só que ela mora com o cachorrinho dela, que chama “Picolé”. E aí o Picolé, ele é um cachorro bem arteiro, assim, cachorro que gosta de roer coisa… — Picolé é ativo. E como é a casa da Diana? — A Diana mora numa kitnet, então é cozinha, sala e quarto, tudo integrado. E o banheiro é o único lugar que tem porta.


A Diana, comentando ali com o Hudson… — O Picolé tá lá, o Picolé mora na casa, é a casa do picolé, concorda? — Então, assim, ela não prende o Picolé… — Se ela leva algum cara pra lá, se ela vai transar… — Mas o Picolé ele é obediente nessa parte, ele fica lá pro lado do sofá e da cozinha, ele não vai pra onde tem a cama e tal, nada… E aí eles marcaram na casa da Diana, já era mesmo pro vamos ver ali, o rala e rola… E a coisa começou, nã nã nã… Foi esquentando… E o Hudson comentou com a Diana, falou: “Olha, eu me sinto mais confortável se eu puder tirar a minha prótese”, porque ele usa uma prótese na perna, né? Que encaixa ali um pouco abaixo do joelho e tem a articulação do pé e o pé na prótese e tal, que ele bota o sapato na prótese. Normal. E aí a Diana falou: “Fica à vontade, né?” e, quando ele tirou a prótese, ele botou a prótese ali perto da cama. Ele sentou, tirou e tal e a Diana falou: “Olha, deixa eu colocar aqui dentro do guarda roupa, porque o picolé pode pegar”. 


E aí a Diana foi pra pegar na prótese dele… E o Hudson avisou a Diana… — E eu acho que isso é uma coisa importante também, que isso vale pra todos nós… Quando você encontrar uma pessoa com deficiência e você quiser ajudar de alguma forma, pergunte como você pode ajudar. Nesse caso, a Diana foi pegar na prótese dele e ele falou: “Olha, por favor, eu não gosto que pegue na minha prótese. Pode deixar que eu mesmo pego”. — E aí ele já tem uma certa facilidade para andar com uma perna só, assim, alguns passos e ele fez isso… Botou dentro do armário da Diana e o sexo rolou maravilhosamente bem. — Foi lindo… — Numa segunda vez, ele foi lá, o Picolé ficou na dele e tal, o Picolé muito fofo, só que rói tudo. E aí a Diana de novo falou pra ele: “Olha, não deixa aqui sua prótese aqui no chão, bota lá” e ela não pôs a mão mais… — Porque ele já tinha dado uma bronca nela. —


E aí ele pegou a prótese e botou no armário. Então, foi lindo também. — E eles se davam super bem, com muito tesão um no outro e tal… E aí eles ficaram quase um mês sem poder se encontrar, trabalhando, estudando, enfim, não deu. Quando rolou o encontro, — porque os encontros eram sempre na casa da Diana, ela morando sozinha — o clima já foi esquentando no elevador… E aí, na hora que eles chegaram dentro do apartamento, da kitnet da Diana, eles começaram o rala e rola ali no sofá e ali o Hudson tirou a prótese. — É o Hudson que me escreve, então a gente sabe aqui o lado que ele está contando da história. — [efeito sonoro de suspiros ao fundo] E aí ele tirou a prótese e a Diana já falou pra ele: “Olha, já bota ali… Bota ali no armário”. E ele falou: “Não, vem cá e nã nã nã” e continuou. E ela avisou de novo: “Hudson, bota ali no armário” e ele falou: “Ah, deixa de ser boba, o Picolé tá dormindo e nã nã nã” e ficaram ali beijando no sofá e dali eles foram pra cama. — E ele não colocou a prótese no armário… —


Mais uma vez, a hora que eles deitaram na cama, a Diana disse: “Hudson, bota sua prótese no armário, por favor”. E ele falou: “Deixa de ser boba, o Picolé nem vai acordar, vem cá e nã nã nã”. No meio do ato a Diana disse de novo: “Hudson, tô achando Picolé muito quieto… Sua prótese”. E o Hudson falou: “Ele tá quieto porque ele tá dormindo, deixa de ser boba e nã nã nã”. Enfim, transaram… Quando eles terminaram e tal, que o Hudson foi até o sofá onde ele tinha deixado a prótese, adivinha? [efeito sonoro de tensão] O Picolé que estava dormindo na outra ponta do sofá já tinha acordado, já tinha arrastado a prótese do Hudson lá pra perto do balcão da cozinha e tinha roído ali o sapato, né? Que estava preso na prótese e articulação do pé ali, da prótese… — Roeu bem… — Picolé roeu… Ele teve tempo… Ele roeu, roeu, roeu com carinho, roeu… E aí o Hudson ficou desesperado e bravo. — Bravo com o Picolé, bravo com Diana… —


E a Diana falou: “Eu te avisei, eu te avisei”, aí o Hudson muito p da vida… — Porque uma coisa e você se equilibrar pouco tempo e outra coisa é você tem que ir embora com a sua prótese danificada, sem conseguir botar na perna, né? — Então ele ficou muito bravo e ele se virou, enfim, para chegar até o saguão e pedir um carro de aplicativo e foi embora. Só que ele ficou tão bravo que ele resolveu cobrar essa prótese da Diana. E ele acha que ele tem razão, [efeito sonoro de voz grossa] “porque por mais que ela tenha avisado, o cachorro é dela e aconteceu dentro da casa dela, então ela é responsável”. E ele acha que ela tem que pagar uma prótese nova pra ele. A Diana não tem dinheiro, mora numa kitnet, é assalariada, não tem como pagar. E é por isso que ele me escreveu, porque ele acha que: [efeito de voz grossa] “a Diana tem que assumir a responsabilidade pelo estrago que o Picolé fez”. 


E eu falei pra ele que eu ia contar a história, mas que eu estava do lado da Diana, que eu acho que ela avisou… — E avisou bastante, né? — E a prótese, na minha opinião, é responsabilidade dele. Então ele que devia ter cuidado melhor, enfim… — Ela avisou que o cachorro poderia roer. — Só que, legalmente, o Hudson se informou e ele tem sim chances de ganhar um processo contra a Diana, que não tem como pagar uma nova prótese. E aí ele me escreveu por isso, porque ele queria saber o que as pessoas acham… Se ele deve entrar com esse processo ou não. Para ter uma ideia, os próprios pais do Hudson acham que ele não deve processar a Diana, mas ele está meio irredutível, tá aborrecido porque é um item caro e tal a prótese. — Então não sei, gente… — Eu, assim, eu tô do lado da Diana. Eu acho que se ela tiver que pagar, é muito injusto, mas aí também é a lei, né? Moralmente eu não acho certo que ela tenha que pagar, mas pela lei, se ela tiver que pagar ela, ela vai ter que se virar. 


Enfim, o Hudson queria saber o que vocês acham. Eu acho que, além de todas as questões da responsabilidade que eu acho que era do do Hudson, tem o fato dele levar isso para o âmbito judicial e, de repente, ter que falar ali… Ele vai expor a Diana de alguma forma, falar que, vai, eles estavam transando, enfim, ela vai ter que passar por isso ainda, né? Por essa exposição, sei lá… — Numa mesa de conciliação, eu não sei como que rola isso, né? — Ele tem uma condição financeira bem melhor… Os pais já falaram que podem ajudar nessa questão da prótese, mas ele está meio que irredutível, querendo que a Diana assuma essa responsabilidade. 


[trilha]


Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Jéss, falo de Itajaí, Santa Catarina. Sou advogada e vim expor a minha opinião jurídica sobre o caso do Picolé. Então, Hudson, realmente existe a possibilidade jurídica de cobrar do tutor de um animalzinho os danos que esse bichinho causar a um determinado bem, isso consta no artigo 936 do Código Civil, porém, na própria redação do artigo consta umas exceções a essa responsabilidade do tutor do animal, essas exceções são: Quando os danos tenham sido causados por força maior ou por culpa exclusiva da vítima, que é exatamente onde eu acredito que você se encaixa. A Diana foi extremamente dirigente no sentido de proteger a prótese, não só avisando reiteradas vezes do perigo de dano, como também ativamente tentando guardar a prótese. O bem ficou exposto exclusivamente por uma negligência sua, o que faz com que a Diana não tenha responsabilidade de te indenizar nesse caso. Espero que você tenha uma orientação jurídica adequada e consiga adquirir uma nova prótese em breve. Um grande abraço.

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é Lauro de Rondonópolis, Mato Grosso. Então, Hudson, a moça te avisou, não foi uma, não foi duas… Foram várias vezes, né? E, assim, eu já passei por uma situação onde eu fui ajudar uma amiga na mudança dela e quebramos a TV… Era uma TV bem cara e eu fiquei bem nervoso na época, eu não tinha como pagar uma TV nova pra ela, mas enfim, depois de muita conversa e tal, ela ficou bem puta, bem brava, não quis colocar a culpa 100% em mim, ela acabou comprando outra TV quando ela teve condições… Mas assim, coloque a mão na consciência e veja que a moça tinha te avisado… Então agora você tá bravo e você quer não ficar com esse prejuízo, mas o prejuízo é seu, a moça avisou.  

[trilha]

Déia Freitas: E é isso, gente, essa é a história do Hudson. Sejam gentis lá no grupo. Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.