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título: jazigo
data de publicação: 08/06/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #jazigo
personagens: dona arminda e família

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. — Gente, eu tô na cabine. [risos] Dá pra perceber aí a diferença de som? Agora eu tô aqui na minha cabinezinha, finalmente ela tá aí, ó, toda toda e é isso, tô na cabine… Então agora eu vou começar de novo, mas eu tinha que falar que eu tava na cabine. [efeito sonoro de fita rebobinando] — Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a Hidrabene, a nossa amiga cor de rosinha que eu amo… O Dia dos Namorados tá chegando e com ele a Hidrabene trouxe uma promo maravilhosa do nosso Kit Pônei Bene. — Vocês conhecem o Kit Pônei Bene? Eu mesma que montei. — E ele tá com 22% de desconto e eu pedi pra Hidrabene colocar a máscara rosa e ela botou a máscara rosa no kit [efeito sonoro de crianças contentes], então tem um produto aí a mais. 

Você ganha ainda uma faixinha de cabelo de brinde. — A faixinha de cabelo da Bene, que é uma fofura. — Você ganha tudo isso, esses 22% de desconto, usando o cupom “AMOR”. — Olha que lindo… — E, gente, o meu Kit Pônei Bene ele é ótimo aí pra você presentear o seu amor, pra vocês fazerem aí a skincare juntos… E também se você estiver solteira como eu, amiga, amigo, compra seu kit. Faz aí sua pelezinha, boa… Vai ficar, ó, uma graça. E, além da máscara rosa, o meu Kit Pônei Bene vem com a espuma de limpeza facial. Eu já falei, né? Que parece que você tá passando uma nuvem no rosto? É isso… Tem ainda o Sérum Hyaluronic Filler, tem também o Vit C Facial… — Fator de proteção solar 50, porque é isso, a gente precisa se proteger. — Tem o Resveratrol e, né? Como o inverno tá aí e tal e nossa pele precisa de mais proteção, tem também o Hyaluronic Sleeping Mask. Fala aí, é ou não é um kit completo? — Eu tinha uma chefe… Deise Dotto, um beijo… [efeito sonoro de beijo estalado] Ela falava que quando a coisa era muito chique assim, “cheio de chiru-biru”, então esse é o meu Kit Pônei Bene cheio de chiru-biru. Amo. [risos] — 

Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio e essa promoção aí tem tempo limitado, vou deixar também aqui tudo escritinho direitinho pra vocês. E hoje eu vou contar para vocês a história da dona Arminda. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha] 

A dona Arminda vem de uma família de seis irmãos. Alguns já faleceram e alguns ainda estão vivos. Nessa família, tudo que é feito ali é feito em conjunto. Então, ah, vai ter uma festa, nem que seja de uma sobrinha, que não é tão chegada assim no grupo da família? Mas todo mundo vai, todo mundo participa, todo mundo faz tudo junto. E há uns 20 anos, a família, os irmãos — que são em seis — compraram um jazigo… E esse jazigo tinha só três vagas. [risos] — Gente, eu adoro história de jazigo, desculpa. [risos] — Esse jazigo tinha só três vagas, e aí eles compraram um do lado do outro para fazer um grande jazigo de seis vagas. — Que a intenção é: Os irmãos vão morrendo e vão ficando juntos. — Então, nesse jazigo, já tem ali três irmãos. — Falecidos. —

Acontece que as outras três vagas, uma vaga é da Dona Arminda e as outras duas vagas são de outros dois irmãos de Dona Arminda. Esses dois irmãos ficaram viúvos e resolveram botar as esposas falecidas nas vagas deles. Como… Depois de um tempo… — Deixa eu explicar aqui pra vocês o que acontece nos cemitérios. [risos] — Depois de uns três anos, às vezes quatro e tal, o corpo é exumado e você pode deixar os ossos ali numa caixinha dentro do seu jazigo e, aquela vaga, fica ali para um outro familiar, né? Você deixa a plaquinha, ali está os ossos da pessoa que morreu e fica a outra vaga. Então, se a gente parar para pensar, esse jazigo que tinha já três irmãos de dona Arminda, já estava com vaga, com mais vaga… — Porque põe a caixa, os ossos ali numa caixa, não ocupa o espaço de um caixão, dá pra dá para botar mais gente. — Só que dona Arminda acha que não. Que, assim, era pra ser só dos irmãos ali enterrados, né? — Esse era o combinado, que os irmãos fossem ficar juntos e tal. —

E aí já foi, assim, uma primeira briga dos irmãos quando faleceu… Primeiro faleceu a esposa de um e botaram lá, o outro não achou ruim e dona Arminda achou ruim… E depois morreu a esposa do outro, também botaram lá. Agora, esse segundo irmão da dona Arminda, já está com uma outra esposa. Então, na cabeça de dona Arminda, tem uma vaga lá, concorda? Esse irmão dela casou com essa outra mulher e agora, recentemente, a mãe dessa mulher faleceu e eles quiseram botar no jazigo. E aí foi uma briga, porque na cabeça de dona Arminda, a única vaga que tem lá é dela. E mesmo se tivesse mais vaga, esta mãe da segunda esposa do irmão é uma agregada, nem é familiar. E ali ela já teve que engolir as esposas dos irmãos e não queria essa mãe da esposa do irmão dela lá no jazigo. E aí foi uma briga, e ela conseguiu que não colocassem a mãe dessa esposa do irmão dela no jazigo. E aí ficou um clima, né? Pesou o clima entre dona Arminda e esse irmão… 

E esse irmão resolveu financiar um novo jazigo pra ele poder botar aí os familiares dessa nova mulher dele. Ele disse que não quer mais ser enterrado no jazigo dos irmãos e que, depois que der os três anos, ele vai tirar a esposa dele de lá. — A primeira esposa, né? Que está enterrada lá. — Vai tirar os ossos dela de lá e vai botar no jazigo que é dele. — E, gente, isso virou uma briga na família, uma briga séria. — Daí um primo de dona Arminda, chamado Deoclécio, ficou sabendo que o irmão de dona Arminda que está causando aí com o jazigo, [risos] É sempre ele… Ele ia sair do jazigo e Deoclécio falou: “Olha, então eu quero comprar sua parte, porque aí eu tenho um lugar para ficar quando eu morrer e tal”. — E a gente está falando, todas essas pessoas, estão aí na casa dos 60, 70 anos… — Gente, tem chão ainda, né? Mas, como diz a dona Arminda: “E se eu morro amanhã e minha vaga não está lá?”. 

Então aí agora o Deoclécio quer a vaga desse irmão. Por dona Arminda tudo bem, porque ele é da família, então aí fica um primo lá e tudo bem. E o irmão da dona Arminda fica falando que ela é uma ressentida, que ela tem inveja da família dele… E Dona Arminda acha que ele rogou uma praga, porque ele falou assim… A dona Arminda tem dois filhos, né? “Eu quero ver se seus filhos morrerem antes de você, onde você vai enterrar eles? Já que você não deixa botar ninguém no jazigo”. — Então ele foi cruel, né? Ele foi bem cruel. — Então tá uma briga agora e ele quer comprar o jazigo nesse cemitério aí, que a gente pode chamar de Pônei do Sol. E tem que ser no Pônei do Sol, só que, assim, o Pônei do Sol é meio concorrido e é caro ter jazigo no Pônei do Sol, entendeu? Então ele tá p da vida, porque primeiro que ele vai ter que gastar uma grana… — Porque ele quer, né, gente? — Porque ele quer botar a família da nova esposa dele no jazigo da família deles… — Tá errado. Eu concordo com dona Arminda, sabe? — 

Já aceitou botar as esposas, tudo bem, agora vai botar a família da segunda esposa toda lá no jazigo? Porque vai um, daqui a pouco morre outro povo e o povo quer botar tudo. “Ah, minha mãe tem que ficar junto com não sei quem”, aí vai lotando. Tá errada, dona Arminda? Não tá errada, sabe? E aí ele foi cruel dizendo, rogando o que dona Arminda acha que é uma praga, de que os filhos dela podem morrer antes que ela e ela não vai ter onde pôr no jazigo, porque ela só tem uma vaga. Agora, uma parte da família, a maior parte da família está do lado da dona Arminda, mas uma parte da família está do lado desse irmão. Então, aí as coisas que eles faziam todo mundo junto sempre, já não está rolando mais, por causa do jazigo… Por causa do jazigo. 

E aí agora… [risos] Entra a filha de dona Arminda, que é a Evelyn. E ela é uma das pessoas que o tio rogou praga, né? Tipo, ou ela ou o irmão dela se morressem não ia ter lugar. Ela quer juntar a família toda de novo para ver se eles fazem as pazes e ela quer fazer um bolo, desses bolos novos que tem formato aí, em formato lá do jazigo. [risos] — Eu não achei uma boa, gente… [risos] — Eu acho que você pode tentar, Evelyn, uma reconciliação aí dos irmãos e da família pra voltar a ser o que era antes sem um bolo de jazigo. [risos] Sem um bolo do Pônei do Sol, do “Cemitério Pônei do Sol. Eu acho que o bolo vai um pouco além, pode dar briga, sei lá…  Junta a galera, inventa outra coisa… Sei lá, né? Porque também ela falou que ela já tentou uma vez e uma parte não foi, por causa da briga e tal, né? Então, sei lá, inventa uma coisa mais legal, assim. Por que fazer um bolo de jazigo… [risos] Acho que vai pesar o clima…

Eu venho de uma família que a parte que tem um pouquinho mais dinheiro e que tem um jazigo nunca nem ofereceu pra gente botar aí as nossas… Aqui em Santo André tem um Cemitério Municipal, que é o Cemitério do Curuçá, e a minha família foi toda pra lá. Então, depois de três anos que eles exumam o corpo lá, você pode estar presente, né? Nesse momento. Eles jogam os ossos num ossuário geral, assim, é isso, é o procedimento do cemitério municipal. Nem passou pela nossa cabeça usar esse jazigo de quem tem mais dinheiro, porque a gente sabe que que é caro. Por exemplo, aqui em Santo André tem o cemitério da Vila Pires, o cemitério da Vila Assunção, que são jazigos que são caríssimos, assim, o preço de uma casa. E eu, como eu quero ser cremada, se Janaína me cremar, né? Porque diz ela que não aceita. Eu quero, eu falei pra ela que eu volto pra assombrar. 

Eu quero ser cremada, então não vou ser enterrada em lugar nenhum, né? Pode cremar, jogar minhas cinzas no lixo mesmo. Não precisa nem poluir nenhum lugar, nada com as minhas cinzas, pode jogar fora. E aí então não tem esse problema aí de ter um jazigo no Pônei do Sol, que é um cemitério, um pessoal mais assim que tem… E esse tio aí, esse tio da Evelyn, irmão de dona Arminda, vai realmente financiar um novo jazigo assim que tiver oportunidade, porque é muito concorrido lá. Até para morrer a gente vê aí essa questão da classe social, né? [risos] Pra onde você vai, qual o seu tipo de caixão e como vai ser feito tudo… 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Virgínia, falo de Curitiba. Dona Arminda, primeiro, eu sinto muito pelo que seu irmão falou, acho que foi bem injusto da parte dele, mas queria trazer aqui alguém que passou por uma morte recente na família: Acho que não vale a pena brigar, ficar brigado num momento tão triste como esse, já que foram unidos a vida inteira. Então, de repente, dar uma ponderada se realmente ficar só a família, só manter o pessoal, seus irmãos no jazigo é mais importante pra senhora do que passar a vida bem com eles e no momento da morte estar presente ali também e saber que foi companheira, que foram irmãos realmente parceiros durante toda a vida. Acho que talvez valha a pena essa ponderação aí do que importa mais, ser irmão em vida ou ser enterrado todos juntos. De qualquer forma, espero que tudo se resolva e, de repente, ele comprando esse novo jazigo é uma ótima oportunidade de vocês resolverem isso. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, gente, sou Carol Rodrigues de Fortaleza, Ceará. O primeiro ponto é a cremação, porque você não deixa a sua família se estressando depois, pagando mensalidade, sabe? Morreu já resolve ali. Mas eu super entendo, eu acredito que a senhora seja de uma família talvez religiosa, com certas condições, queira manter ali um histórico da família, um lugarzinho… Cria um altar na sua casa. Eu acredito que o problema aconteceu todo aí por conta da falta de contrato, eu acredito que vocês estavam pagando proporcional nesse jazigo e ele já estava usando mais de um espaço lá. Então ele tá pagando o mesmo que vocês e está usando mais…. Eu acharia ruim só pelo dinheiro. Eu faria a sugestão que eu trouxe aqui da cremação e ter um altarzinho na sua casa, pra contar a história da sua família. Ou então paga o seu e o dos seus filhos. Eu pensei assim: “Ó, eles não tão aí, hein? No jazigo e Deus o livre rolar alguma coisa”, vai dar super bom, fica tranquila… E aproveita a sua família enquanto eles estão vivos, não olha muito com essas coisas de morte, não, tá? Cheirinho. 

[trilha] 

Déia Freitas: Eu montei junto com a Hidrabene esse Kit Pônei Bene com seis produtos perfeitos para você cuidar aí da sua pele. São produtos para acompanhar você durante o dia e a noite também, mantendo a sua pele sempre limpa, protegida, rejuvenescida e hidratadíssima. USA o cupom “AMOR” pra você ganhar 22% de desconto no nosso Kit Pônei Bene. E você ainda vai ganhar a faixinha de cabelo da Bene de brinde. Hidrabene.com.br. — Valeu, Hidrabene, te amo… E, assim, né? Minha parceira de vida. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.