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título: genoveva
data de publicação: 10/07/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #genoveva
personagens: dona genoveva

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje história de Zona Cinza. [risos] Vamos ver aí o que vocês acham. — Hoje eu vou contar para vocês a história da Dona Genoveva. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Dona Genoveva ela conheceu aí o seu marido há mais de 50 anos… Então ela era ali jovenzinha, ele também um jovenzinho, eles se conheceram e começaram a namorar… Ela foi pedida em namoro ali — era um namoro mais formal, namorava em casa e tal — e as coisas foram acontecendo assim… Naquela época era natural você namorar um pouco, — também não podia ser um namoro muito longo — noivar e casar. E Dona Genoveva casou ali [efeito sonoro de sino tocando] com aquele jovem e já, assim, de cara, o casamento não foi o que Dona Genoveva achava que seria. Mas era uma época que a maioria das mulheres também achava isso, né? Que, poxa, sei lá, esperava mais, esperava que o cara fosse mais romântico ou até menos bruto na cama. — A maioria das mulheres casavam virgem… Enfim, né? —

E assim o tempo foi passando, Dona Genoveva aí teve três filhos e o marido trabalhava fora e ela não trabalhava… Quando esses filhos estavam ali com seus 20 anos, — já saindo de casa e tal — ela resolveu trabalhar fora e esse marido de Dona Genoveva, ele era um cara muito estúpido, muito chato com ela, restringia ela em muitas coisas, assim… E o tempo foi passando… Dona Genoveva disse que ela poderia pedir o divórcio? Até poderia, sim, pedir o divórcio, mas era ali, sei lá, anos 90, assim, era tudo muito nebuloso de que o que ficaria para ela, o que ficaria para ele, enfim, podia ser que ela não conseguisse um bom acordo de divórcio, segundo o que ela sabia da época, né? — O que chegava até ela de informação e ela não quis arriscar.  —

E o tempo foi passando, aquele homem cada vez mais insuportável, agora os filhos já fora de casa, uns casaram, o outro estava na faculdade, mas não morava mais lá, enfim, só os dois naquela casa. Até que depois mais um tempo, este senhor aí, o marido de dona Genoveva, se aposentou… E aí o inferno na terra começou… — Porque assim, dona Genoveva ela trabalhava, mas como é que ela trabalhava? Ela vendia produtos por catálogo, né? Então, Pôneivon, sabe? [risos] Pôneitura… 0 Ela vendia produtos por catálogo, né? Então ela ficava a maioria do tempo em casa também. Ela saía para vender os produtos e tal, mas você vai na casa de uma amiga, faz um encontro, não é muita coisa, né? E esse senhor dentro de casa o dia todo… Primeiro que ele não saía do sofá… Então, se ele acordava sete horas, ele ficava de pijama até mais ou menos umas onze horas, aí ele ia tomar banho, aí ele botava um novo pijama e aí ele ficava ali sentado no sofá, pedindo as coisas, reclamando… A vida de Dona Genoveva virou um inferno. 

E ela não pensava mais em se separar, ela descobriu que ela casou numa época ali que se ela separasse, eles teriam que dividir tudo. E eles só tinham uma casa, enfim, a vida dela ia piorar se separasse, né? Mas estava muito ruim… E aí, mesmo sabendo que a vida dela pioraria financeiramente, digamos, ela estava até cogitando separar, mas ela não queria, porque ela não queria deixar ele bem… — Sabe assim que você está com ódio já? Com ranço? Enfim… — Até que um dia, um irmão desse marido de dona Genoveva foi fazer uma visita pra eles ali, passar 15 dias com eles e lá pelo terceiro dia esse irmão falou: “Não, não, não, Fulano, vamos botar uma roupa aí que a gente vai sair”. E aí levou não se sabe pra onde o marido de dona Genoveva e marido de Dona Genoveva voltou meio renovado. — Voltou renovadão. —

E aí, durante esses 15 dias que o irmão dele ficou hospedado na casa de dona Genoveva e marido, o marido de Dona Genoveva saiu todos os dias… Todos os dias. Então eles saíam ali por volta das cinco horas da tarde e voltavam lá pelas onze, meia noite, todo dia. E dona Genoveva foi percebendo que o marido dela foi ficando, assim… Prestando menos atenção nela. — Ele estava em casa ali, mas ele não ficava chamando ela de cinco e cinco muitos, não ficava mais, sabe? Atormentando… — O que será que tinha acontecido? 30 anos de casamento já, um casamento que dura 50 anos e já estava nos 30 anos de casamento, esse cara insuportável…. De repente, ele estava menos insuportável. E aí dona Genoveva percebeu também que ali no final, um pouco antes do do irmão dele ir embora, ele comprou um presente para Dona Genoveva… — Nunca tinha dado presente, como que deu presente? —

Aí um dos filhos de Dona Genoveva cantou a letra para ela, mas assim, muito indignado, falou: “Mãe, que absurdo… Eu vou te contar, você não sabe o que aconteceu… O pai tá indo num puteiro, que isso, que aquilo, tá saindo com um monte de mulher, que não sei o quê lá…”. E aí a dona Genoveva ela não tinha, sinceramente, ela não tinha pensado nessa possibilidade daquele velho inútil — Tá? Tô repetindo aqui o que ela disse — “daquele velho inútil que ficava deitado no sofá o dia inteiro sair pra catar mulher”, assim, ela esperou qualquer coisa, sei lá, estava bebendo, estava usando drogas, [risos] usando “tóchico”, mas não imaginou que ele estava traindo ela. Só que nesses 15 dias a vida dela melhorou muito… E aí ela falou pro filho assim: “Olha…”, vamos botar nome no filho… “Olha, Bernardo, cuida da sua vida, deixa que a minha vida com o seu pai cuido eu”. E aí o irmão dele foi embora e o marido de dona Genoveva pegou gosto pela coisa. — Por ter amantes, por ter aí casos… —

Só que toda vez que ele estava com caso, a vida de Dona Genoveva melhorava muito, porque acho que o irmão dele ensinou que, assim, pra ela não desconfiar, ele tinha que dar presente, ele tem que tratar ela bem… — E ele começou a tratar ela bem. — E outra coisa que ela nunca gostou com ele foi de sexo, e aí como ele tava aí com outras mulheres, 1.000, ele parou de encher o saco da Dona Genoveva sobre isso, o que foi ótimo pra ela. — Foi ótimo pra ela… — E assim, gente, mais aí 20 anos se passaram… A vida de Dona Genoveva melhorou bastante nesses 20 anos de traições. Então ela disse pra mim: “Andréia, eu sou uma corna feliz”, [risos] “sou uma corna feliz”. De uns oito anos para cá, numa festa entre amigas, dona Genoveva ganhou um vibrador e foi a primeira vez que ela descobriu que ela podia ter prazer… — E ela teve prazer sozinha ali com o vibrador. — A gente está falando aqui de um casal que está junto há 50 anos e ela tá com 70 anos, tá firmona, tá ótima… Até plástica dona Genoveva já fez nesses últimos cinco anos. — Por que fez plástica? — Porque Dona Genoveva também arrumou um amantezinho. 

Nada fixo… Foi uma oportunidade que surgiu. [risos] Eu vou detalhar porque essa história é muito boa… Dona Genoveva ganhou um vibrador… Conforme ela sentiu prazer, dona Genoveva resolveu fazer umas plásticas. O marido estava pouco se importando: “Quer fazer plástica? Faz plástica”, ele não tinha mais interesse em Dona Genoveva. Só que a convivência do casal naquela casa ficou muito boa, então eles eram parceiros. Ela fingia que não sabia das traições e ele fingia que era o marido fiel, que agora era amoroso e dava presentes. Se ela queria plástica pra ficar feliz, vai lá, faz plástica. Ela foi e fez as plásticas que ela quis. E como ela se recuperou e tal das plásticas, ela começou a pensar: “Eu queria, pelo menos…”, como é que se diz? [risos] “Pôr em prática essa plástica”. [risos] Então, assim, que nem ela falou pra mim: “Andréia, meu peito ficou durinho, meu peito ficou mais duro do que quando eu tive meus filhos assim, né? Então eu estava… Eu botava a mão no meu peito durinho e ficava “só eu pegando nesse peito durinho? Meu marido não tem mais interesse no meu peito, nem duro e nem mole. Não quis nem ver a plástica… Eu preciso jogar um pouquinho pelo menos”. 

E aí tinha um senhor ali também no bairro dela que antes já dava uns mole e aí ela acabou dando mole para esse senhor aí e rolou… — Foi bom? Foi mais ou menos, disse Dona Genoveva. É melhor com um vibrador. Ela está muito feliz com o vibrador dela, só ela curtindo aí o corpo dela que tá ótimo… — E essa é a história de Dona Genoveva, assim… Ela saiu com esse cara, eles foram na casa dele, né? Um senhor também… Então ela falou: “Talvez seja isso também que demorou muito assim”, também era um idoso e que, talvez, se ela tiver oportunidade de sair com um cara mais jovem, ela vai sair. E agora uma das netas dela, que ela acabou contando as coisas da vida e tal, porque detalhe, gente, foi dona Genoveva mesmo que me escreveu, não foi a neta dela, não, foi ela… Bem uma senhora de 70 anos, muito ativa, totalmente lúcida. — Hoje os 70 é o novo 50, né? — E a neta dela sugeriu que ela contratasse um rapazote — Paga o rapazote, vem, faz aí um bom serviço. — e ela pode ter essa experiência com um cara jovem. 

Então ela está cogitando essa possibilidade… Ela não pensa em se separar… Então não é uma história para saber o que que ela tem que fazer, ela vai continuar aí até o marido dela… Ela acha que agora ele tá meio mal assim, capaz que morra daqui um tempo. [risos] — Foi assim que ela me falou, falou: “Olha, Déia, ele tá meio mal, talvez morra… E aí, aí também, né? Aí é a vida”. — Então ela tá agora cogitando essa possibilidade aí de talvez contratar um rapaz. A neta dela mora sozinha, ela falou: “Vó, pode trazer aqui”. [risos] Então, gente, é uma história meio torta, né? E aí, nesse caminho tortuoso de Dona Genoveva, ela descobriu o prazer ali com seus sessenta e poucos anos e descobriu mais sobre o seu corpo, fez plástica e tá se sentindo bem, está se sentindo feliz agora… Mais feliz do que foi antes. — E é sobre isso. [risos] —

Sabe sim que o marido dela sai com um monte de mulher, mas tá nem aí porque a vida dela melhorou 200%. Ela falou isso: “Se tem uma porcentagem, não é 100%, minha vida melhorou 200%, que ele era um insuportável e agora tá bom de conviver com ele. Ele sente muita culpa. porque ele acha que eu não sei, ele me dá presente… A convivência em casa ficou boa, ele sai, some… Não tô nem aí também, não pergunto nada. Fico aqui em paz e faço minhas coisas. E ele também está bem menos mão de vaca, tá mão aberta, o que eu quiser ele me dá, me deu as plásticas… Então tô bem”. [risos] Não é uma história pra gente debater o casamento de Dona Genoveva, os arranjos que ela fez pra si mesma estão ótimos, né? É mais para a gente ver como às vezes você vê um casal idoso aí, palavras de dona Genoveva: “Você acha que eles são felizes há cinquenta anos e, de repente, agora que eles estão mais separados ainda dentro do casamento e que ambos estão mais felizes…”. — De uma maneira torta? De uma maneira torta, mas aí é a vida, né? —

[trilha]

Assinante 1: Meu nome é Judith, tenho 77 anos de idade, muito bem vivido e feliz pra cacete. Eu estava ontem e eu me diverti muito, porque eu gosto da pessoa que tem decisão e essa mulher teve, não importa se seja velha ou nova. Pô, o marido não ligava para ela, com as dondoquinha na rua… Ela foi procurar um consolo gostoso para ela. Agora pensa bem, se ela ia ficar chorando e o marido dizendo… Ela ia morrer e o marido ia continuar vivendo? Ah não, então faz o seguinte: vou matar de raiva. Pena que ela não quebrou a cara daquele “chei” de gaia… 

Assinante 2: Oi, gente, bom dia, aqui é a Sandra de Santa Catarina. Dona Genoveva, gente, que mulher poderosa… Ela conseguiu, assim, realmente transformar a vida dela para melhor, coisa que mulheres, principalmente da fase dela, da idade dela, dificilmente conseguiriam viver tão bem por conta das amarras que a sociedade tem. Dona Genoveva, a senhora tá de parabéns, merece todo meu apoio e o apoio de muitas mulheres que, de repente, precisam de uma história como a da senhora para se libertar. A sua história é libertadora, a sua história traz ânimo para a gente, principalmente em relação à longevidade que é tão bela. Parabéns, Dona Genoveva, parabéns a senhora pela sua longevidade. Um beijo. 

[trilha] 

Déia Freitas: Então, essa é a história de Dona Genoveva, uma senhora de setenta anos, hilária, muito divertida. Sejam gentis com dona Genoveva. Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.