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título: concurseiro
data de publicação: 24/08/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #concurseiro
personagens: elaine e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii… — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem está aqui comigo hoje é a Printi. A Print está mais uma vez com a gente e, pra quem não conhece, a Printi é mais do que uma gráfica online. A Printi usa a tecnologia para descomplicar o acesso a materiais gráficos de qualidade. Na Printi você faz adesivos, bottons, canecas, rótulos, envelopes, embalagens para delivery… Você que tem aí o seu negócio, pode fazer ainda sacolas ecobags e diversos outros materiais. E esse mês de agosto é mais do que especial, porque a Printi está fazendo aniversário. — Isso mesmo… — São 11 anos de existência e Printi já atendeu mais de 625 mil clientes. São quase 4 milhões de pedidos… — Gente, é muito pedido… — 

E sabendo aí que uma boa celebração deve ser compartilhada, a Printi está convidando todo mundo a indicar uma amiga, um amigo pra ganhar o desconto de 30% — esse desconto vai até 75 reais, tá? — na primeira compra e você ganha Printi Money. [efeito de caixa registradora] Amo… [risos] É cumulativo. Esse é o programa “Indique a Printi”. Corre lá no link que eu vou deixar aqui na descrição do episódio. Não deixe de compartilhar aí o seu código e fica ligadinho que no final do episódio tem cupom de desconto. Printi — o T não é mudo, tá? É Printi com “T e I” no final. — .com.br. O link está aqui na descrição do episódio. E hoje eu vou contar para vocês a história da Elaine. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Elaine quando ela tava ali com seus 28 para 29 anos, ela conheceu um cara e, nossa, foi amor a primeira vista assim… Um cara maravilhoso, super carinhoso com ela e nã nã nã… E o cara ele era o que a Elaine me falou que chamam de “concurseiro”. Então, ele era focado, dedicado a prestar concurso aí e ele tinha passado em alguns que não tinha assumido porque, sei lá, o salário era baixo, enfim… E ele estudava… — Eu não vou falar aqui qual é o concurso de ouro que ele estudava, mas vamos falar aqui que, sei lá, fosse para Juiz Federal. — O sonho dele e ele trabalhava para isso, era passar nesse concurso para juiz federal. — Lembrando que não é essa profissão, esse cargo, só estou falando aqui para a gente ilustrar. — Porque o salário inicial era em torno de 30 mil reais. [efeito sonoro de caixa registradora] — Inicial. — Então, ele estudava, estudava, estudava, focando aí neste concurso para juiz federal. 

E não é que tinha a vaga já aberta, concurso aberto, não… Ele e outras pessoas, aparentemente, estudavam para um concurso que não tinha nem sido aberto ainda, que não existia ainda, mas que ele achava aí que futuramente, por informações do próprio lugar que ele estudava, ia ter esse concurso. O namoro foi correndo, ficando mais sério e cada vez que o namoro ficava mais sério, esse cara ia reclamando da vida que ele tinha. — O que era? — Ele precisava trabalhar pra poder se manter, ele morava com dois amigos, então ele tinha que pagar a parte dele do aluguel, comer, enfim, a parte das contas de casa, do condomínio… Então ele tinha um trabalho regular e ele estudava à noite e sábado e domingo pra concurso. E ele foi reclamando, reclamando, reclamando… Nossa amiga Elaine morando sozinha… 

Até que um dia, esse cara começou a se instalar na casa dela. Elaine muito apaixonada, ela viu aquilo como uma coisa boa. Não é uma coisa boa, gente… — O cara que vai morando aos poucos na sua casa sem você convidar, é tipo um gafanhoto, ele vai começar a plantação, vai destruir tudo, enfim… — E aí esse gafanhoto foi se instalando na casa de Elaine, até que um dia ele comunicou, apenas comunicou a Elaine que agora ele morava lá. E por que que morava lá? Ele disse que ele tinha sido demitido. Elaine ficou em choque, mas ao mesmo tempo muito feliz, porque agora o pequeno gafanhoto estava morando com ela… — Praticamente ali casadinhos. — E aí esse cara passou a estudar manhã, tarde e noite para concurso, porque aí agora ele tinha como se dedicar. Mas pera aí, meu amigo, você está desempregado, você se mudou para casa da sua namorada e você não vai mais procurar emprego? [risos] E a Elaine queria falar isso pra ele, tipo: “Olha, você vai morar aqui, mas você precisa também me ajudar, né?”.

Só que não tinha clima, segundo a Elaine… E eu acho que o clima a gente faz… O clima é: Quando ele já estava vindo com a malinha, você falar “epa, epa, epa, epa”, mas não rolou um “epa, epa, epa”. E aí o tempo foi passando… Um mês, dois, três, seis, oito, nove, dez meses e Elaine pagava tudo… Inclusive, pagava o curso para concurso, porque agora ele não tinha mais como pagar. Inclusive, pagava as inscrições dos concursos que ele prestava. Até que depois de 10, 11 meses, o famoso concurso para juiz federal saiu. E aí aquela coisa, né? O cara surtou… Porque ali era o momento, ali a Elaine sabia que não dava para cobrar um emprego, nada dele, porque agora o foco era passar nesse concurso de juiz federal. E o que esse cara falava? “Elaine, assim que eu passar nesse concurso e for aprovado, eu tomo posse num dia e no dia seguinte a gente vai no cartório e já deixa os documentos lá, faz aquela coisa pra correr a documentação para a gente casar”. Ela queria casar com esse cara que ficou ali na casa dela praticamente um ano, só sugando a energia, o dinheiro, tudo dela… Queria. 

Então a Elaine falou: “Nossa, agora sim… Ele vai virar um juiz federal e vai casar comigo, é tudo…”. O tempo foi passando, concurso chegando… Chegou data de concurso… Era, vai, eu vou chutar aqui… Não vou falar o número certo de vagas, mas digamos que fossem oito vagas. E aí lá foi o bonito… Prestou concurso e ele passou em sétimo lugar. Então, depois que você presta o concurso, passa um tempo pra, sei lá, avaliar X e aí eles publicam, isso tem que ser publicado, né? Em Diário Oficial, enfim, tudo… E aí foi publicado, saiu o resultado do concurso e tava lá o nome dele. Nossa… Alegria, festa… O cara não cabia em si. Então, vamos dizer assim, ó: Saiu na quinta—feira o resultado, quinta—feira esse cara comemorou com a Elaine, na sexta—feira ela saiu para trabalhar… Quando ela voltou, as coisas desse cara não estavam mais no apartamento dela. Ele tinha ido embora. Sim, ele foi embora… 

E o detalhe é que: Nesse um ano praticamente, já tinha passado um pouco, porque teve tempo do concurso e tal… Nesse um ano e pouco até o chip de celular que ele usava quem pagava era a Elaine. Então ela chegou e chamou ele no WhatsApp ali, que o chip era dela, né? — Quer dizer, ela estava pagando ainda. — E aí, gente, ele mandou um textão, disse, ó, reparem bem, tá? “Que durante esse período que ele ficou sem trabalhar para estudar, ele se sentiu humilhado de ter que depender da Elaine para as coisas”, sendo que ela nunca jogou nada na cara dele, nem nunca… A única coisa que ela cobrava às vezes era um emprego, né? “E que ela ficava cobrando e que ela foi uma parte…”, reparem: “uma parte da pressão psicológica que ele sofreu e ficou abalado e que agora ele queria distância dela”.  — Óbvio que ele queria distância, porque agora ele teria um salário de 30 mil reais. — Ele continuou usando o chip dela e ela ligou na operadora e cancelou aquela linha, óbvio. Então ali eles perderam contato, totalmente, porque quem pagava aquela linha de celular era a Elaine. 

Ela ficou muito mal, muito mal… Ficou de cama, inclusive, ficou mal. O tempo passou e depois de uns seis meses, um número aleatório [efeito sonoro de mensagem no Whatsapp] entrou em contato com ela. Chamou ali no WhatsApp e, quando ela foi ler, era o cara, o concurseiro que estava mandando mensagem pra pedir perdão pra ela, que “poxa, ele se equivocou”, a palavra que ele usou foi essa… “Ele se equivocou, porque ele estava muito pressionado, com o psicológico abalado e ele sabia o quanto a Elaine tinha ajudado ele e nã nã nã” e a Elaine pensando: “É, agora ele é juiz federal, né? Ele não está feliz, não está bem com as coisas e tal?” e ela leu e não respondeu. E ele mandou mensagem mais uns três, quatro dias, assim… E aí ela começou a achar estranho, porque ele tava meloso nas mensagens, ele tava paquerando a Elaine novamente? Que estranho… Ele que falou que jamais ficaria com ela novamente, que era pra esquecer ele, que isso, que aquilo… Ele foi bem grosseiro nas mensagens e agora tava todo meloso? 

E aí a Elaine falou: “Eu vou dar uma investigada nisso”. Quando ela entrou nas redes sociais desse cara, que não tinham cadeado, porque ela não seguia mais ele em nada e tinha bloqueado e aí precisou desbloquear para poder ver, ele estava… Tinha tipo, sei lá, umas 50 postagens no feed dele… [risos] O concurso que ele passou, ele passou… Tinha sido anulado, por suspeita de fraude. Suspeita, não, por fraude… Por que o que aconteceu? Depois que passou o concurso e os nomes todos foram divulgados, ele pegou uma das últimas vagas ali, o concurso foi suspenso para tentar identificar um vazamento de gabarito. — Ela me contando o que tinha ali no feed dele, né? — Então, aparentemente, se conseguissem descobrir que não era gabarito vazado, mas que era outra coisa de um só candidato, existe o cancelamento parcial, tipo individual, só daquele candidato, mas foi constatado que sim, o gabarito vazou, mesmo que não tenha vazado para este cara, não importa, o concurso é anulado e não tem o que fazer, não tem para onde correr. 

E aí, num dos posts, ele estava revoltado porque a única possibilidade que ele tinha era de entrar na justiça para pedir danos morais. E o que aconteceu? O que tinha de jurisprudência? — Que significa que casos parecidos já tinham acontecido e tinham sido reparados de tal forma… — Ele ganharia no máximo 5 mil reais e mais o dinheiro que ele gastou ali na inscrição do concurso, que quem pagou foi a Elaine. [risos] Então, ele estava revoltado porque o concurso dos sonhos que ele passou foi cancelado… — Eu não sabia que existia essa possibilidade de um concurso ser cancelado e, sei lá, né? As pessoas que passaram… Pensa, porque deve ser um choque… Emocional principalmente. Aí você acaba estruturando a sua vida em cima daquele salário que você ia ganhar, né? Só que se você entrar na justiça, provavelmente a indenização é essa, 5 a 7 mil e mais o valor da inscrição e do seu deslocamento. Então, ah, se você mora em São Paulo e foi fazer um concurso em Aracaju e gastou passagem, hospedagem, inscrição, alimentação? Tem que ser ressarcido desses valores. Mas perto do salário eterno que você ia ganhar inicial de 30 mil, [risos] isso não é nada… —

Então aí a Elaine percebeu que ele estava ali de volta provavelmente porque ele devia estar passando necessidade. [risos] Ai, que ódio… E aí ela sacou e continuou ignorando ele e tal e depois de um tempo ele sumiu, parou de entrar em contato com ela. Às vezes a Elaine entra nas redes dele para ver se ele já passou em algum concurso e ele está sempre lá… — E isso tem anos, gente, muitos anos… Sei lá, agora a Elaine já está casada, já tem uma filha, já tem uns dez anos, um pouco mais até dessa história… — E ele continua prestando concurso, publica lá as vagas, os concursos que tem e agora trabalha numa autopeças como vendedor ali de peças e tal e, paralelo a isso, vai estudando. — Então, quer dizer, o concurso que ele passou, que era o concurso da vida dele, foi cancelado, anulado… Eu achei que foi pouco, bem feito… [risos] — Mas também fiquei muito surpresa com essa possibilidade de você se preparar uma vida para um concurso e depois ele ser cancelado assim, parece que é um negócio meio frágil.  E aí a Elaine disse que não, que é raro isso acontecer, mas acontece. — Às vezes acontece, né? — Então, aí nesse caso, aconteceu e não lamentei. [risos] 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, pessoal, aqui é a Letícia de Belo Horizonte. É impressionante como a gente cai nesse tipo de situação porque a gente é muito socializada para ficar deslumbrada com a ideia do casamento, né? A gente fica mexida, a gente fica achando que está vivendo a experiência, chegou a nossa vez… E isso é muito duro, porque quando você vê, você está aí sendo ong de macho, sustentando os sonhos de uma outra pessoa e sem necessariamente receber algo assim maravilhoso em troca. E a gente não percebe que não está recebendo nenhuma coisa incrível em troca… Fico muito feliz que a senhora nem respondeu. Que mais manas possam escutar essa história e possam largar esses homens que querem realizar os sonhos com o trabalho e com o dinheiro dos outros. Um beijo. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é Diego do Rio de Janeiro. O karma ele sempre volta, mas dessa vez voltou bem rápido, né? [risos] Elaine, ainda bem que as coisas se desenharam dessa forma, porque eu imagino o quanto deve ser ruim você suportar e auxiliar uma pessoa num processo de concurso que é sempre muito difícil e essa pessoa se demonstra tão ingrata e escroto como ele foi. Mas a gente colhe o que a gente planta e ele veio com a colheita bem rápida e bem, bem graúda, né? Às vezes a gente é ONG e não tem o que fazer, gente… A gente vai ser ONG uma vez na vida ou já foi… Cuidado para a gente não se acostumar a ser ONG de macho, né? Grande beijo, pessoal. 

[trilha] 

Déia Freitas: Pra você que ficou aqui comigo nesse episódio e para você conhecer a Printi, tem o nosso cupom de desconto — amo… —, usando o cupom: PONEIPRINTI — “pônei” como I e Printi também com I no final, o cupom tá aqui na descrição do episódio. — Você garante 25% de desconto, lembrando que o desconto vai até 75 reais, tá? Na primeira compra. E pra quem já é cliente, utilizando o nosso cupom PONEIPRINT10 — o 10 é em número, tá? E o PONEIPRINTI tudo maiúsculas, tudo juntinho —, você ganha 10% de desconto. — Até aí 50 reais de desconto, tá? — Corre lá no site printi.com.br que os cupom são válidos somente para os próximos 30 dias. — Valeu, Printi, pela parceria e valeu também pelo kit fofo que vocês me mandaram. A Printi me mandou um kit com adesivo com caneca, com tudo, assim, uma coisa maravilhosa… Amo… Valeu mesmo. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.