Skip to main content

título: abajur
data de publicação: 01/11/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #abajur
personagens: dalila

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para um Luz Acesa. E hoje eu vou contar pra vocês a história da Dalila… A Dalila tem aí uns 40 e poucos anos e essa história aconteceu quando ela tinha 13 anos. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


Dalila, sua mãe, seu pai e seu irmão mudaram de casa. — Vou dar um exemplo: Eles moravam em Santo André, mudaram para São Bernardo, então assim, pertinho. — Dalila com 13 anos ia pra escola de ônibus, então ela ia continuar na mesma escola que ela estudava e agora ela ia ter que pegar uma condução para ir até a escola. E a Dalila estava muito feliz, porque a casa que eles moravam antes tinham dois quartos, então um quarto era do casal e um quarto dos dois irmãos, né? E essa casa tinha três quartos, e a Dalila teria ali o seu próprio quarto e ela estava muito feliz com isso. — De deixar de dividir o quarto com o irmão, ela ia continuar na mesma escola, então não ia perder as amigas, enfim… Era um mundo perfeito. —


Dalila arrumou as coisinhas dela ali no quarto, não tinha muita coisa, né? Porque antes ela dormia no mesmo quarto que o irmão, então eles separaram as coisas e cada um ali ficou com um pouco, a escrivaninha ficou no quarto de Dalila e a TV ficou no quarto do irmão da Dalila. E assim foi feita a divisão… E, nessa divisão, a Dalila arrumou a escrivaninha dela, colocou os cadernos… — Dalila, uma garota muito estudiosa… — E ela colocou um abajur que ela ganhou da mãe e que ficava lá no outro quarto dela, no cantinho dela. E aí arrumou tudo direitinho — deixou ali bonitinho, quarto de menina e nã nã nã — e começou a vida nessa casa nova. Na primeira semana, foi tudo muito bem, assim, nada de diferente aconteceu. A partir do décimo dia que eles estavam naquela casa, primeiro o irmão da Dalila ficou muito doente. Muito doente…. E ninguém sabia o que que era.


Ele tinha uma febre que ia e voltava, ele ficava fraco, e aí a mãe da Dalila começou a correr atrás das coisas para levar o menino no médico, enfim… Paralelo a isso, uma noite, Dalila tinha estudado, tinha guardado as coisinhas, apagou o abajur e deitou na cama… — No quarto dela não tinha TV, a TV ficava no quarto do irmão. — Dalila ali quase pegando no sono, o quarto todo escuro, de repente, uma luz… O abajur da Dalila acendeu sozinho. O que você pensaria nesse momento? Eu pensaria, sei lá, “ah, tá dando curto”, “mau contato”, eu pensaria esse tipo de coisa e foi o que Dalila pensou. “Poxa, não desliguei o abajur direito”, foi lá, levantou, apagou o abajur, ficou tudo escuro, voltou e deitou na cama. Dalila adormeceu e passado ali mais ou menos umas duas horas, ela acordou com um barulho. — Sabe quando o seu abajur tem aquele… Você aperta um lado, liga, você aperta o outro lado, desliga? Uma tomadinha. Não sei o nome daquilo, um botão que vem e vai. E ela ouviu aquele “clack”. — Clack… E ali o abajur ligou… 


Então, assim, o barulho que ela ouviu foi de alguém que apertou e ligou o abajur. E aí, ela virou achando que era a mãe dela, ou o pai dela… Enquanto isso, o irmão continuava doente, acamado, enfim. Aí ela olhou e era só o abajur, não tinha ninguém… A porta do quarto de Dalila ficava aberta, mas não dava tempo de alguém sair correndo ali, né? E aí, Dalila de novo levantou, resmungando, sem pensar muito e desligou o abajur. Pegou no sono de novo, dormiu, acordou, foi pra escola, voltou, ajudou a mãe, fez lição, o dia passou, Dalila estudou, apagou o abajur e deitou… Dalila deitou e, passada meia hora, ela não tinha conseguido dormir ainda, “clack”, o abajur ligou. Só que dessa vez, a Dalila foi rápida e virou… Ela estava de costas para o abajur, ela virou… — A cama dela ficava numa parede e a escrivaninha na parede oposta, então ela tinha que levantar, andar e ia até o abajur para desligar, né? — E, quando ela virou e ela olhou, ela viu um vulto saindo do quarto. E como o abajur estava aceso, deu pra ela ver nitidamente que era uma sombra, um vulto saindo… E saiu do quarto dela. 


Dalila na hora gritou, a mãe veio e falou: “Ah, você sonhou… Bobagem” e desligou o abajur da tomada. — Bom, abajur da tomada desligado, não tinha como ligar, né? — Dalila pegou no sono e, por volta de umas quatro da manhã… — Ela acha que é esse horário porque o pai dela saía mais ou menos quinze pra cinco para trabalhar e foi um pouco antes, né? — Dalila escutou “clack”, mas o abajur estava fora da tomada… E aí ela escutou de novo clack, clack, clack, clack… Quando Dalila virou — naquela escuridão — porque o abajur não acendeu, ele estava fora da tomada, do lado do abajur ela viu uma mulher… E essa mulher ela era alta, muito magra, com mãos muito grandes, a pele acinzentada e um cabelo comprido, assim… — Passado do quadril, assim, um cabelo ralo, comprido, cheio de falhas. E, assim, meio loiro. — E aí, conforme Dalila olhou aquela mulher, ela percebeu que essa mulher não estava pisando no chão, ela estava meio que flutuando assim…  Ela estava flutuando, mas parecia que não eram pés, assim, pareciam que eram garras, assim… Era muito estranho.


Dalila viu aquilo e ela não conseguia gritar, não conseguia fazer nada… E essa mulher tentava ligar o abajur. Dalila ficou paralisada e essa mulher não olhou para Dalila. Até que Dalila conseguiu — muito corajosa, porque eu fingiria que estava dormindo —, Dalila conseguir sentar na cama. Quando ela conseguiu sentar na cama, essa mulher virou e, quando ela virou, ela deu um [efeito sonoro de grunhido] e foi na direção da Dalila e sumiu. E aí Dalila tem a impressão ali que desmaiou, porque ela só acordou de novo com o barulho do pai saindo para trabalhar. E aí, nesse dia, Dalila levantou e conversou com a mãe e falou: “Olha, eu vi uma mulher no meu quarto, assim, assim, assado… Ela veio pra cima de mim…” e só aí a mãe da Dalila resolveu investigar algo paranormal, porque o irmão de Dalila estava ruim. E Dalila lembra que, nessa época, algumas pessoas começaram a visitar a casa dela, que ela acredita que fossem religiosas assim, né? —Então, começou uma saga ali da família da Dalila pra tentar expulsar essa mulher da casa. —


Conforme o tempo passava, essa mulher ela foi interagindo mais na casa. Então, antes ela só ligava e desligava o abajur do quarto da Dalila e depois ela passou a interferir nas luzes da casa e dava a impressão que ela queria que as luzes ficassem acesas. E aí a mãe da Dalila resolveu tirar o filho da casa, levar para ficar na casa da avó e, conforme ele foi ficando uns dias na casa da avó, ele foi melhorando de saúde, sem tomar remédio, sem nada. Então, ali eles entenderam que aquele espírito que estava ali naquela casa estava adoecendo o menino. E aí a mãe da Dalila começou um movimento ali com marido para mudar de casa e acabou que eles tinham alugado a casa deles, aquela casa de dois quartos, acabou que eles voltaram para casa antiga e Dalila voltou mais que feliz a dividir o quarto com o irmão. Essa mulher não foi junto, graças a Deus, não apareceu. — Então, era alguma coisa que era da casa… — Só que a Dalila levou todas as coisas dela, menos o abajur. Dalila deixou o abajur para aquela mulher na casa. — Alguma coisa dizia para Dalila que aquela mulher estava procurando luz, assim, né? E aí a Dalila resolveu deixar o abajur para a mulher. Eu também não levaria o abajur, não… Deus me livre. A mulher pegou no negocinho de ligar. [risos] Tô fora. —


Dalila nunca mais esqueceu e, hoje, na compreensão dela hoje, de adulta, ela acha que era sim alguém que estava perdido ali, procurando alguma coisa. Porque mesmo quando a mulher olhou para ela brava, não parecia que ela queria matar a Dalila, parecia que ela estava brava por não ter luz, né? Porque tinha tirado da tomada, enfim… Mas ela deixou lá o abajur para essa assombração aí. — Misericórdia… Deus me livre. — E é isso.

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, oi, Déia, aqui é a Jéssica do Rio. É, Dalila… Você era corajosa, hein? Ver uma assombração no meu quarto, acendendo o meu abajur, me faria juntar as minhas malas e iniciar uma vida em outro endereço. Deixava a casa para ela, como, certamente, vocês fizeram. Provavelmente essa pessoa estava procurando luz e infelizmente encontrou o seu abajur. Beijo, gente. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, meu nome é Brígida, falo de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O espírito dessa mulher estava provavelmente em grande sofrimento… Pode ter acontecido alguma coisa com ela naquela casa, ela pode ter falecido ali, ela pode ter morado muitos anos ali, morreu e não conseguia sair e ela está precisando realmente de luz, de achar o caminho dela. Talvez por isso que ela acenda, né? Mas tem a questão do menino, do irmão da Mariana que ficou doente… Então pode ser que essa mulher também, uma pessoa mais sensível, ela acaba sugando a energia da pessoa ou algo assim. Fizeram bem de mudar da casa, tomara que essa mulher tenha encontrado a luz. Abraços. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com Dalila. Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.