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título: primo
data de publicação: 20/12/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #primo
personagens: virgínia

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para um Luz Acesa, e hoje eu vou contar para vocês a história da Virgínia. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Virgínia foi criada numa família muito grande, com muitos primos, muitos tios, muitas tias e ela só com um irmão… E eles cresceram nesse ambiente assim, de muita gente da idade deles, assim, né? A criançada cresceu todo mundo junto. E quando ela estava ali com seus 20 anos, ela saiu de casa, foi trabalhar, foi estudar, enfim, viver a vida. Virgínia foi lá viver a vida… De alguns primos e primas ela tinha mais contato, outros menos e a vida foi passando. Virgínia, num determinado tempo da vida, com seus 28 anos, foi morar sozinha numa kitnet, trabalhando e estudando, uma vida corrida, lascada e pouco tempo em casa, enfim… Mas de final de semana ela ficava em casa… Então, de sexta à noite que ela chegava ali da faculdade, ela já relaxava e só ia sair de novo na segunda de manhã. — Virgínia não era da balada, não era dos bares… Ela gostava de ficar em casa. —

Virgínia nunca acreditou em nada sobrenatural. — Nada. Sempre foi cética, nunca acreditou em nada, sempre achou uma bobagem. — E, num desses finais de semana que ela estava em casa, era um sábado à noite, então ela tinha preparado as coisinhas que ela ia comer, tava lá na casa dela de boa. E, como eu disse, uma kitnet, então ali a sala com a cozinha junto e um quarto com o banheiro. — Era isso, assim, tudo muito pequeno. — Então, qualquer barulho que tivesse dentro daquele micro apartamento a Virgínia ouviria. E a Virgínia estava preparando as coisas na cozinha quando ela ouviu um barulho de água no banheiro… Virgínia foi até o banheiro, falou: “Nossa, estourou um cano, né?”, tipo: “Nossa, no meu final de semana que eu tenho pra descansar acontece isso”, já foi indo pro banheiro nessa vibe. Quando ela chegou no banheiro, a torneira da pia do banheiro estava aberta… [efeito sonoro de tensão]

E pensa só: É uma torneira de rosquear… — Então você teria que rosquear pra abrir. — Ela falou: “Pronto, estourou a borrachinha, não vou conseguir fechar” e antes de fechar o registro do banheiro, ela foi fechar a torneira e percebeu que a torneira estava toda aberta. — Toda aberta… — E aí lá foi Virgínia e fechou a torneira. Conforme ela fechou a torneira, o banheiro dela, o espelho… — Sabe espelho que tem um armarinho junto atrás? Aqui na casa da minha prima é assim, na Janaína. — Tem um armário junto… A porta do armário abriu quase na cara dela, porque o armário e espelho fica ali em frente à pia. Sozinho. — E era um armário que tem tipo aquela travinha, então você tem que fazer uma forcinha para abrir… — E aí ela assustou… Conforme Virgínia foi para trás, ela viu com os olhos dela a torneira girando devagar e abrindo. — Nessa eu já tinha pulado pela janela… —

Virgínia em choque, foi com a mão para fechar a torneira e não conseguiu chegar na torneira… Ela foi atirada longe… Numa casa, num micro apartamento, que nada sobrenatural tinha acontecido até então. Virgínia assustadíssima, saiu do banheiro com as costas machucadas porque ela foi jogada longe dentro do banheiro e largou a torneira lá. E aí chamou pelo interfone ali o porteiro do prédio, o porteiro veio e fechou para ela… — Sem entender nada, fechou a torneira ali e ela pediu para fechar o registro e ele fechou o registro do banheiro. Então, se a torneira abrisse, pelo menos não ia ficar vazando água a noite toda. — E Virgínia, assustadíssima… Os pais e o irmão moravam em outra cidade, então ela não ia sair à noite. Ela nem tinha carro pra ir pra casa de alguém, enfim, ela ficou por ali, não comeu as coisinhas que ela estava preparando, falou: “Bom, eu vou tomar um remédio, vou deitar e vou dormir” e assim ela foi… 

Pegou um remédio que ela tinha — que nem era remédio para dormir, nada, mas assim pra ficar mais relaxada, tomou e deitou — e, conforme Virgínia deitou, ela teve um sonho… Virgínia sonhou com um primo que ela não via há muitos anos, muitos anos… E nesse sonho eles estavam como crianças ali com seus nove, dez anos, brincando de pique esconde. E aí era a vez da Virgínia procurar esse primo e ela procurava, procurava, procurava e não achava. Aí uma hora ele voltava perto dela, bem assim, sujo, parecia que tinha lodo na roupa dele — alguma coisa assim — e falava pra ela assim: “Você nunca vai me achar… Você nunca vai me achar” e ela falava: “Vou achar sim”, aí ele falava: “Então, por favor”, ele mudava o tom… Ele estava falando de brincadeira, e aí ele mudava o tom e ficava choroso e falava: “Por favor, vai me procurar. Por favor, vai me procurar”. E aí Virgínia acordou num sobressalto… Era um primo que ela realmente tinha perdido o contato, né? E ela não sabia nem mais telefone dele, nada. 

E quando foi de manhã, ela contou o sonho para a mãe dela e a mãe dela falou: “Nossa, vou…” — vou falar um nome qualquer — “vou ligar pra tia Mirtes pra saber dele e te falo”. E aí, depois de umas duas horas, a mãe dela ligou pra Virgínia e falou: “Olha, o primo tá morando não sei onde… A sua tia Mirtes disse que não falou com ele tem uns dois dias, mas que é normal, assim… Que ela vai mandar uma mensagem pra ele e toma aqui, esse aqui é o telefone dele, se quiser mandar uma mensagem também e tal”. E aí a Vírginia foi e mandou: “Oi, primo tal” — sei lá, a gente pode chamar esse primo de Leandro — “Oi, Leandro, aqui é a sua prima Virgínia e tal, como é que você tá e nã nã nã?” e mandou aquela mensagem e esqueceu, tipo sei lá, sonhou com o primo, X, passou. Quando foi umas 18h da tarde, a mãe da Virgínia ligou novamente [efeito sonoro de telefone tocando] já desesperada para contar para Virgínia o que tinha acontecido… 

Esse primo Leandro também morava sozinho, só que ele morava numa cidade, assim, quase roça, e ele tinha feito agronomia, enfim, ele trabalhava num lugar aí que ele não ia todo dia, ele prestava uma consultoria e morava tipo num sítio. E aí como ele não dava sinal de vida, a tia pediu pra um outro tio que estava numa cidade perto ir lá e esse tio só conseguiu ir lá pelas três da tarde. Chegou lá três, quase quatro horas da tarde, chamou, chamou, chamou… Ninguém saiu e ele resolveu entrar e encontrou esse primo Leandro, da Virgínia, caído num lugar que ele estava fazendo… Compostagem? De coisa orgânica, assim, para colocar na horta. Ele estava todo sujo de musgo, assim, meio verde, meio coisa e ele estava caído lá… E aí chamaram uma ambulância, mas aí tudo demora, né? E alguém chegou lá perto e falaram: “Ele tá morto já… Morto há, sei lá, uns dois, três dias… Uns dois dias”. Se ninguém tivesse ido lá, ele só ia ter consultoria de novo — naquela fazenda que ele estava trabalhando — dali cinco dias. — Então, sei lá, ele não ia aparecer… — E ele podia ficar uns dez dias lá, porque ele não era de dar notícia assim, de falar com a família todo dia, nem com os próprios pais. 

E ele provavelmente que apareceu na casa da Virgínia… Depois a Virgínia ligando os fatos, ele era o primo que gostava de dar susto em todo mundo. Ele se escondia em banheiro, ele dava susto, ele abria a porta do armário e falava que tinha sido assombração, entendeu? Então, a Virgínia acha que era ele avisando ela que ele estava morto e pedindo pra ela ir procurar ele. — Meu Deus… — Olha, que ninguém faça isso comigo, porque eu não vou procurar ninguém, eu não vou… Eu vou cair dura, vai morrer mais uma pessoa. A hora que eu visse a torneira girando… O que que é isso? E como que ele conseguiu girar a torneira? Porque, sei lá, morreu tem dois dias, não tá fraco, gente? — Não rola uma fraqueza espiritual? Sei lá. —

Como que ele conseguiu girar a torneira e abrir a porta do armário do banheiro? O que é isso? Ai, já me dá uma revolta… Mas, Virgínia, indiretamente e com avisos, foi quem encontrou o primo. Ele pediu na brincadeira de pique esconde e ela encontrou… E infelizmente ele estava morto. Eu ando recebendo muitas histórias desse tipo de aviso e de pessoas mortas que voltam para comunicar as coisas e estou um pouco chocada. Dá até pra gente fazer um especial só disso, de tanto tipo de história assim… 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Gabi, do Rio de Janeiro. Há um ano atrás a minha mãe estava muito doente e como ela é bem idosa, a infecção fez ela ficar delirando muito. Um determinado dia, ela passou o dia inteiro me chamando pelo nome da minha prima. No começo eu corrigia ela, mas depois eu aceitei e toda vez que ela me chamava pelo nome da minha prima, eu atendia. No dia seguinte, a gente soube que a minha prima ela tinha morrido no dia anterior. Isso serviu para abrir os meus olhos assim um pouco em relação ao sobrenatural, nem sempre é uma coisa ruim, às vezes a gente só tem alguém que a gente ama muito que está querendo falar com a gente. E ali, naquele dia, eu vi que a minha prima tinha ido se despedir da minha mãe, que era uma pessoa que ela amava muito e que estava passando por uma situação bastante delicada também. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Raissa de São Paulo. Virgínia disse que o primo dela gostava de fazer brincadeiras, dar susto e tudo mais, mas ela foi empurrada no banheiro, né? De forma agressiva… Será mesmo que era o primo? Mas que bom que no sonho ela conseguiu lembrar do primo e conseguiu encontrar o primo que demoraria alguns dias para ser encontrado. Então que bom que deu tudo certo, mas fiquei com essa dúvida, com essa pulga atrás da orelha, viu? Será que no banheiro de fato era o primo de Virgínia? 

[trilha]

Déia Freitas: Então é isso, essa é a história da Virgínia… Se vocês quiserem um especial só de avisos de pessoas mortas, a gente pode fazer. Tem uns aterrorizantes, esse aqui é mais levinho. Se vocês quiserem aí um especial “avisos de gente morta”, a gente faz. Então é isso, gente, um beijo — Deus me livre — e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.